sábado, 25 de dezembro de 2010

Complexo de Vira-latas e o Prêmio Nobel

O Complexo de Vira-latas e o Prêmio Nobel*

Complexo de vira-latas é uma expressão criada por Nelson Rodrigues, quando a seleção brasileira de futebol perdeu para o Uruguai em pleno Maracanã em 1950. Dizia o grande dramaturgo : “Por "complexo de vira-latas" entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol”. .
O termo poderia ser empregado como sendo um sentimento de inferioridade que o brasileiro sente em relação aos povos estrangeiros. Para Rodrigues “o brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a auto-estima”.
Como disse também Larry Rohter no The New York Times “dói nos brasileiros que líderes mundiais possam confundir seu país com a Bolivia, como Ronald Reagan fez uma vez, ou que desconsiderem uma nação tão grande - tem 180 milhões de pessoas - como "não sendo um país sério", como Charles de Gaulle fez.”

Ninguém deu importância às biografias em português de Clarice Lispector. Mas quando um autor norte-americano publicou uma biografia da escritora brasileira, por sinal muito elogiada no New York Times, a mídia deu o maior destaque, inclusive a TV. Nosso complexo de vira-lata não faz por menos: entre um produto escrito e editado no Brasil e outro, surgido em país de língua estrangeira, como duvidar do que merece maior reconhecimento?


“No final do ano passado, a revista The Economist brindou-nos com uma matéria de capa cujo título era: “O Brasil decola”. A reportagem chama nosso país de maior história de sucesso da América Latina. Lembra que fomos os últimos a entrar na crise de 2008 e os primeiros a sair e especula que possamos nos tornar a quinta potência econômica do globo dentro de 15 anos.
Não é apenas a revista inglesa que vem falando dos avanços aqui obtidos nos campos institucional, social e econômico nas últimas décadas. Somos hoje referência no mundo e um exemplo para os países em desenvolvimento, vistos como uma boa-nova que surge abaixo da linha do Equador.
Diante disto, pergunta-se se a imprensa brasileira está em sintonia com a mundial – que aponta nossos defeitos, mas reconhece nossos méritos.
Tal dúvida surge porque há um Brasil que dá certo e que aparece pouco nos meios de comunicação. Aparentemente, o destaque é sempre dado ao escândalo do dia.
Isso deixa a sensação de que não estamos conseguindo explicar aos brasileiros o que a imprensa internacional tem explicado aos europeus, norte-americanos e asiáticos.
Tornar públicas as mazelas é obrigação da imprensa em um país livre. Mas falar somente do que há de ruim na vida nacional, dia após dia, alimenta e realimenta a visão negativa que o brasileiro ainda tem de si.
As informações que aqui lê ou ouve contradizem o que lê ou ouve lá fora. No New York Time de 24/05, por exemplo, lê-se: “Os consumidores nos Estados Unidos estão apertando o cinto; os brasileiros estão gastando como se não existisse palavra em português para recessão”. Constatação elogiosa que soa esquisito por aqui.

O jornal dos EUA ainda faz referência a um novo patamar brasileiro de prosperidade econômica, com aumento do emprego e da renda e uma vitalidade “cada vez menos acorrentada à sorte dos Estados Unidos”. Outras mídias, como a revista alemã Der Spiegel, os jornais El País, espanhol, Le Monde, francês, Financial Times, de Londres, vez por outra fazem referências positivas sobre um novo desenho distributivo da riqueza em nosso país. E uma santa previsão de tempos ainda melhores. Mas, a mídia brasileira segundo a máxima rodriguiana, cospe na própria imagem, como um narciso às avessas. E não consegue encontrar nenhum pretexto para a auto-estima.

Porque o Brasil nunca ganhou um prêmio NOBEL ?
O texto de Ozires Silva (Reitor da Unimonte, de Santos; foi ministro da Infraestrutura e presidiu empresas como Embraer, Varig e Petrobras) dá uma boa resposta à esta pergunta: “Em 1994, fui surpreendido com minha eleição como membro da Real Academia Sueca de Engenharia. Durante o formal jantar de posse, em Estocolmo, com a presença do rei Carl XVI Gustaf, debatia com colegas suecos à mesa o motivo pelo qual o Brasil ainda não tinha nenhum cidadão contemplado com o Prêmio Nobel, certamente o mais conhecido e consagrado reconhecimento mundial. Países como Argentina, Chile, Colômbia e Venezuela, para mencionar apenas a América do Sul, tiveram cidadãos agraciados. Vencendo o constrangimento, um dos colegas suecos comentou: “Vocês, brasileiros, são destruidores de heróis”. E acrescentou que brasileiros indicados devem ter sido retirados das listas de candidatos, muito possivelmente, por cartas e manifestações, duras e ácidas, produzidas por outros brasileiros. Ao contrário dos Estados Unidos, onde, disse ele, há um aplauso generalizado aos candidatos ao Nobel.
Fiquei surpreso, mas concordo que, no Brasil, as pessoas usualmente se sentem constrangidas quanto a produzir elogios, mas são extremamente desenvoltas quanto a fazer críticas. E com isso chego a Eike Batista, um empresário brasileiro realmente de sucesso, empreendedor, hábil para encontrar oportunidades e delas tirar resultados. Tenho visto que, em vez de receber aplausos por sua capacidade de empreender, inovar e produzir riquezas, tem sofrido duros e diretos ataques por seu maior defeito, na visão dos críticos: ter enriquecido! Pode ser que muitos leitores não concordem comigo, mas peço que pensem. Elogios fazem muito bem e sempre têm efeito positivo. Não creio que haja nada de errado em reconhecer o sucesso. Sinceramente, acredito que é melhor cultivar e comemorar vitórias do que amargar fracassos.”

Imaginem então se Lula fosse indicado ao Prêmio Nobel da Paz ? Ia chover milhões de cartas “duras e ácidas” originadas de nossa elite branca, colonizada e reacionária (que fazem parte apenas dos 4% dos brasileiros que reprovam o governo Lula, contra 87% que aprovam) destinadas aos integrantes da Real Academia Sueca; condenando a indicação de Lula. Aliás como aconteceu com certeza com os outros brasileiros indicados ao Prêmio Nobel.



Darcy Ribeiro costumava dizer que temos as elites mais reacionárias do mundo e aquelas que mais internalizaram dentro de si o processo de colonização que implica submeter-se ao senhor estrangeiro, considerar-se sempre dependentes dele, e para manter vantagens como sócios subalternos e agregados, nunca se oporem a ele”, analisa o teólogo, filósofo e escritor Leonardo Boff. Ele identifica que esta estratégia ainda está em vigor na mente das elites políticas brasileiras, que sempre se alinharam ao poder do momento. Primeiro a Inglaterra, agora os EUA.

“Grande parte da mídia é o braço estendido das elites econômicas. É uma mídia empresarial e comercial cujos interesses estão diretamente ligados aos interesses do capital seja nacional seja internacional, sabendo-se que ambos se entrelaçam”, explica Leonardo Boff. “Por isso é uma mídia que tem como ponto de referência os EUA como nação hegemônica. Por esta razão estão sempre alinhados à política externa deste pais.”

O êxito da diplomacia brasileira é festejado em toda parte por governos estrangeiros e pela mídia internacional. Mas na mídia nacional só há espaço (nas páginas impressas e na tevê) para opiniões de certos ex-diplomatas que serviram ao Itamaraty no governo FHC e obstinam-se em desacreditar a política externa e o País em artigos, entrevistas e debates. Revistas como Foreign Policy e Time, dos EUA, a alemã Der Spiegel, os jornais franceses Le Monde e Le Figaro, o espanhol El País, o britânico Financial Times e outros são pródigos em elogios ao novo papel do Brasil no mundo. Já as famílias Marinho, Civita, Frias e Mesquita, em O Globo , Veja, Folha e Estadão, abominam o “protagonismo” de Lula. Esse pecado horroriza Celso Lafer, ex-colega de FHC na USP. De família ilustre, ele foi ministro do Exterior de Collor às vésperas da renúncia e voltou ao cargo nos extertores do governo FHC. Ao atacar Lula em artigo recente, acusou a política externa de “busca de prestígio” e “voluntarismo”. Com Collor e FHC optava pela submissão silenciosa à vontade das potências. Só a elas caberia discutir o que fosse relevante. Ensinou Juracy Magalhães: “Se é bom para os EUA, é bom para o Brasil”. Submissa foi ainda a conduta pessoal de Lafer como ministro quando ia aos EUA: tirava os sapatos para policiais no aeroporto.

Der Spiegel, a mais importante revista semanal de informação da Alemanha, destacou em maio de 2010 – num longo artigo sobre nossa diplomacia, “Lula Superstar” – a ação do Brasil no exterior. Deu ainda a explicação do próprio Lula, de que está curando “antigo complexo de vira-lata” dos nossos diplomatas perante os EUA e a Europa. O que os Lafer, Lampreia & cia. parecem não entender, ao pôr em dúvida a atuação do Brasil – e na ilusão de uma marcha a ré para diplomacia igual à deles, do medo e da omissão – é que o mundo vive processo de mudança, acelerado por um reexame à luz da crise financeira global, da qual o País saiu bem, melhor do que a maioria,


No dia 17 de dezembro de 2010, durante uma aula de abertura da Universidade Aberta do Brasil em Moçambique, o Presidente Lula defendeu a necessidade de integração entre os países do Hemisfério Sul, para que deixem de ser submissos aos do Norte ou que se sintam inferiorizados: "Como tivemos nossa cabeça colonizada durante séculos, aprendemos que somos seres inferiores e que qualquer um que enrola a língua é melhor do que nós. O que queremos agora é levantar a cabeça juntos e construir juntos um futuro em que o Sul não seja mais fraco do que o Norte, em que o Sul não seja dependente do Norte. Se nós acreditarmos em nós mesmos, podemos ser tão importantes quanto eles, tão sabidos quanto eles", afirmou.... Por isso, prosseguiu, é preciso que acabe essa mentalidade de que "eles (Norte) tentam nos subvalorizar e nós aceitamos".

*Daniel Miranda Soares
economista e administrador público, mestre pela UFV

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

WIKILEAKS A nova guerra de Brancaleone

WIKILEAKS
A nova guerra de Brancaleone

Do observatório da imprensa
Por Luciano Martins Costa em 9/12/2010

O novo episódio da guerra entre a mais poderosa nação do mundo e um site da internet, descrito nos jornais de quinta-feira (9/12), pode ser visto como o ensaio de futuros conflitos que nos aguardam com o avanço das tecnologias de informação e comunicação, num momento em que os poderes nacionais precisam se abrir cada vez mais para compromissos de alcance global.
A feroz perseguição do governo americano ao australiano Julian Assange, criador do Wikileaks, provocou uma reação em cadeia de hackers profissionais e amadores ao redor do mundo. Como resultado, os sites de empresas e outras organizações que colaboraram no cerco a Assange tiveram que sair do ar.

A tentativa de sufocar financeiramente o negócio de Assange provocou retaliações contra a Amazon, o sistema de pagamentos eletrônicos PayPal, a Mastercard e outras empresas. O cerco judicial pode causar problemas a instituições da Suécia, onde Julian Assange está sendo processado por supostos crimes sexuais.
O novo inimigo, uma horda sem líderes que se move por sua própria conta e vontade, pode crescer exponencialmente e causar prejuízos muito mais graves do que os constrangimentos provocados até agora pelo vazamento de intrigas diplomáticas através do Wikileaks.

Lições de Canetti
Por enquanto, trata-se de um movimento anárquico, porém efetivo. Amanhã, essa armada sem comando pode ganhar adesões poderosas e se transformar em oponente de respeito. A mesma cadeia de interesses que faz com que outros governos se aliem, ainda que discretamente e de forma extraoficial, à ofensiva dos Estados Unidos contra Julian Assange, tentando aniquilar seu empreendimento e tirá-lo de circulação, pode se virar contra o sistema.
Na medida em que novos vazamentos revelarem, por exemplo, os bastidores das negociações sobre as mudanças climáticas e os acertos por baixo do pano em torno das bilionárias operações de socorro a bancos e fundos de investimento a partir da crise de 2008, o exército de Brancaleone que começa a se mobilizar em defesa do Wikileaks pode agregar elementos mais poderosos e eficientes, e uma reação inicialmente difusa acabar se transformando em um conflito de grandes proporções.
Seria como alguns cenários descritos no clássico Massa e Poder, do pensador Elias Canetti.
Como ficaria a imprensa tradicional numa circunstância como essa?

Problema para a imprensa
Elias Canetti, cuja obra é considerada um dos mais reveladores ensaios sobre a humanidade do século 20, pode ser convocado também para ilustrar muitos desafios deste século que já avança para sua segunda década.
O conflito entre a nação mais poderosa do mundo e um negócio despretensioso – cujo único produto é a informação que se pretende ocultar – pode ajudar a desnudar o sistema sobre o qual muito se fala e que de fato pouco se conhece.
No momento em que o futuro do poder americano é colocado em xeque por causa de crises financeiras sucessivas e sua fragilidade exposta na ação do terrorismo, o uso excessivo de força contra o criador do Wikileaks pode ser visto como sinal de fraqueza.
À margem da profusão de vazamentos que todos os dias circulam pela internet, e que tem uma pequena parcela publicada diariamente em jornais de todo o mundo, consolidam-se velhas teorias conspiratórias, e o mundo se dá conta de que a imprensa tradicional nunca foi capaz de informar a humanidade sobre como as coisas realmente funcionam.

Dor de cabeça
Um comentário da jurista Maristela Basso, publicado na Folha de S.Paulo, revela que Julian Assange não está desamparado. Pelo contrário, ele ainda pode reverter a situação e obter uma indenização milionária do governo dos Estados Unidos. Se isso vier a acontecer, e iniciativas como o Wikileaks se tornarem dominantes na preferência dos leitores, qual será o futuro da imprensa tradicional?
Por enquanto, os jornais se deliciam com intrigas e selecionam criteriosamente o material exposto pelo Wikileaks, conforme suas próprias conveniências. Mas quanto tempo ainda vai demorar para que seus leitores percebam que, na verdade, a imprensa tradicional sempre esteve do lado do sistema, omitindo do público certas razões de Estado que na verdade escondem interesses muito particulares?
Aquilo que no princípio parecia muito divertido para algumas redações pode acabar virando uma grande dor de cabeça no futuro.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Mídia, a grande perdedora das eleições

Mídia, a grande perdedora das eleições
Francisco Viana De São Paulo

Leio no Google que um jornalista da TV Brasil Central, mantida pelo governo de Goiás, pediu demissão no ar. Motivo: censura interna. Fiquei com a seguinte questão: e se os jornalistas da mídia privada começarem também a pedir demissão no ar? E se os sindicatos de jornalistas começaram a denunciar a censura interna na mídia? O que hoje, nessa reta final das eleições, está de fato ocorrendo nas redações dada a forma com que os veículos de comunicação vêm tratando a candidata Dilma Rousseff?
Não tenho as respostas para tais questões, mas, ao que tudo indica, não há como duvidar: a mídia tradicional é a grande derrotada nessas eleições. Senão a mídia propriamente dita, mas o conceito de neutralidade. No tiroteio para desqualificar a candidata Dilma e incensar o candidato José Serra, a grande vítima foi a verdade factual e os verdadeiros problemas brasileiros. A cobertura dos grandes jornais, com seus colunistas pouco argutos (por conveniência?) para a realidade, com aversão à ideia de que a política mudou e que a esquerda passa a fazer parte, de maneira inescapável, da vida nacional, com um tratamento nada equitativo dos candidatos, com tudo isso, tornou-se o clichê perfeito de uma época que acabou.

O leitor hoje é bem informado. Conhece a mídia internacional, avalia o noticiário, conhece a realidade do país. Não teme o fantasma do comunismo. Desconfia de pesquisas de opinião. Questiona o que lhe é apresentado como fato. Percebe quando a discurso camufla interesses inconfessáveis. Percebe, por exemplo, quando o discurso sobre a liberdade serve de escudo para negar a prática social da liberdade. Ambiciona soluções reais para realidades concretas, como são os casos da violência, do aborto (que mata milhares de jovens todos os anos por ser ilegal e , assim, inibir políticas públicas). É um leitor que desmascara factóides, que não se deixa iludir por discursos de boas intenções. Essa realidade.
A realidade, também, é que mundo da mídia se transformou uma ilusão. O conceito de verdade ganhou dimensão religiosa. É como se fosse uma dogmática jornada da fé, uma fé que se propõe a ser incontestável. Com esse conceito de "verdade", leia-se isenção, é criado um fantasioso exercício do tratamento dos fatos. Questão: qual o sentido dessa prática? Neutralizar mudanças. Combater toda e qualquer tentativa de construção de uma democracia real.

Quando o presidente Lula definiu a imprensa como um partido político, certamente, estava querendo dizer que há uma crise de objetividade. Uma crise porque a sociedade não deseja mais conviver com velhos padrões de "verdade", com o antigo conceito de democracia sem povo. A mídia hoje não se dispõe a contribuir, essencialmente, na discussão dos grandes problemas da sociedade, mas, sim, espetacularizá-los, tranformá-los em mercadoria de consumo.

A verdade é a verdade dos interesses que a mídia defende? É uma questão a procura de respostas. Mas, o dado novo, é que a mídia encontra-se sob suspeita e questionamento. E esse questionamento é da sociedade. Não se trata de censura institucional, mas de uma crítica prática, que nasceu da sociedade para a mídia, não das instituições públicas para a sociedade. Sempre que se crítica a mídia, o recurso à liberdade de expressão é imediato, mas não existe liberdade de expressão da mídia. Existe, sim, liberdade de expressão da sociedade. Não existe registro na história da existência de imprensa livre numa sociedade amordaçada.

O impasse dessa constatação é que a mídia, a despeito da sua natureza manipuladora, é associada ao que existe de melhor na defesa das liberdades individuais e das liberdades públicas. Esse o paradoxo, esse o núcleo profundo do problema. A decadência da mídia por força das suas contradições - o conflito entre interesses e a propalada neutralidade - põe em risco a indispensável defesa das liberdades individuais e das liberdades públicas? Evidentemente que sim. A esperança, no sentido do devir prático, é que as mídias sociais sejam o embrião de um novo conceito de mídia e que a própria fragmentação seja a matriz de um novo conceito de informação. Ou que venha a surgir uma nova geração de empresários da mídia, sensível à realidade da nova sociedade brasileira.

Seja qual for o futuro, um fato é inescapável. A mídia tradicional está em crise. Será que ela existe para que a verdade, no sentido da realidade autêntica, não seja dita? Será que se tornou mais fonte de contra-informação do que fonte de informação? Por que ao criticar o socialismo, por exemplo, não publica no mesmo espaço uma visão a favor do socialismo? Por que semeia a cultura do medo da mudança, quando deveria semear a cultura do esclarecimento, da informação, do diálogo? Por que as notícias alarmantes não têm fim? A liberdade de imprensa é uma ideia modernizadora, como é modernizadora a democracia real. Por que tudo hoje gira em torno de manchetes alarmistas, em torno da condenação de toda e qualquer reforma da sociedade que implique em participação popular?

Toda análise da cultura do medo que ignorar a ação da imprensa ficaria evidentemente incompleta. Entre as diversas instituições com mais culpa por criar e sustentar o pânico a imprensa ocupa indiscutivelmente um dos primeiros lugares. A frase não é minha: Literalmente, é da lavra do sociólogo Barry Glassner, está no livro Cultura do Medo. Ele trata de temas como crime, drogas, minorias, mães de adolescentes, crianças assassinas, micróbios mutantes, acidentes de avião, fúria no trânsito, temas que na definição de Glassner, deveríamos temer cada vez menos, mas tememos cada vez mais(Editora Francis, 2003, p. 33).

No Brasil, a lista, a constatação é inescapável, incorpora a propagação do medo político, a visão de que tudo que implica em igualdade e expressão das grandes massas implica em risco para a ordem, em ameaça à liberdade de expressão. Se a mídia tem liberdade de expressão, por que o presidente da República, os políticos, os empresários, cidadão comum, enfim, não pode criticá-la? Teriam os donos de jornais o monopólio das Sagradas Escrituras? Esse é um tema que veio para ficar. As eleições que agora chegam ao 2o turno, mostraram o que há por trás das cortinas da neutralidade da chamada grande imprensa. As contradições tornaram-se transparentes. Se houver censura no Brasil, não mais será da parte de governos, será a censura social. Como a notícia vem sendo tratada como produto, é certo que o leitor reagirá como reage na compra de produtos que não lhe inspiram confiança: simplesmente virará as costas - deixará de comprar - a mídia que não forma e informa com consistência. Essa é a realidade: nos nossos tempos o cidadão age, não fica se lamentando. Mais do que as companhias de produtos e serviços, pelo papel que exercem ( ou deveriam exercer) jornais, revistas, rádios e televisões necessitam de confiança do público para existir, se não há confiança, falta oxigênio. Morre-se por asfixia.

Francisco Viana é jornalista, consultor de empresas e autor do livro Hermes, a divina arte da comunicação. É diretor da Consultoria Hermes Comunicação estratégica (e-mail: viana@hermescomunicacao.com.br)

Wikileaks: o imperador está nú

Wikileaks: o imperador está nú
Pepe Escobar - Asia Times Online

Presidente Bush : Frank, estou a criar um cargo, e peço-lhe que considere a possibilidade de trabalhar connosco. Serão dias longos e noites perigosas. E você vai trabalhar cercado pela escória de nossa sociedade.
Frank: Estou a ser convidado para trabalhar no seu Gabinete?[Corra Que a Polícia Vem Aí 2, estrelado por Leslie Nielsen]

Digam o que disserem os jornais e televisões, o facto é que 1,6 gigabytes de arquivos de texto numa pen-drive espalhando 251.287 telegramas diplomáticos do Departamento de Estado dos EUA de mais de 250 embaixadas e consulados não vão provocar “um terremoto político” – como se lê na revista alemã Der Spiegel – na política externa da maior potência decadente do mundo.Por trás das múltiplas hipócritas camadas de um ciclo frenético de notícias, 24 horas por dia todos os dias da semana, a política aparece, sobretudo, como um reality show repugnante.

Isso é o que as últimas WikiFugas mostram, em forma escrita, nua e crua. Um Muammar Kaddafi que usou botox e não seria muito activo com a sua sexy enfermeira ucraniana é personagem de “Big Brother”.Embora seja excelente para a televisão, não se pode dizer que seja novidade que, para os diplomatas norte-americanos, o presidente do Irão Mahmud Ahmadinejad é "Hitler", que o presidente do Afeganistão Hamid Karzai é “paranóico”, que o presidente da França Nicolas Sarkozy é “imperador sem o traje”, que o “tolo e incompetente” primeiro-ministro da Itália é doido por “orgias”, que a chanceler alemã Angela Merkel “raramente produz alguma ideia criativa”, que o presidente da Rússia Dmitri Medvedev “é o Robin do Batman Vladimir Putin [primeiro-ministro russo]”, ou que o Amado Líder da Coreia do Norte Kim Jong-il é “velhote flácido”, vítima de “trauma físico e psicológico”.

Mas crer, como a secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton, que as fugas seriam “ataque não só aos interesses da política externa norte-americana, mas de toda a comunidade internacional”; ou que o WikiLeaks, como disse o presidente Barack Obama, cometeu crime grave, é nada além de manifestação de repugnante arrogância imperial. Como se o mundo não tivesse o direito de também fartar-se da mesma comida política podre servida em abundância aos selectos comensais dos palácios do poder em Washington.Clinton deve ter farejado que o sentimento dominante depois de ler os telegramas seria de uma Washington à beira de um ataque de nervos digno de personagem de Almodovar.
Por exemplo, um aliado-chave dos EUA, como Berlusconi, descrito como “ridículo, patético”, “indiferente ao destino da Europa” e perigosamente íntimo de Putin, do qual parece “o porta-voz”, visto como ameaça equivalente a Ahmadinejad. Até que ponto chega a paranóia? A embaixada dos EUA em Moscou, por falar nisso, descreve Putin como um “cão alfa” que comanda a Rússia, virtualmente “um Estado-máfia”; alguém mais cínico lembrará que a mesma definição aplica-se ao ex-vice-presidente Dick Cheney durante a era George W. Bush.

Em todo o mundo, quem tenha QI acima de 75 já desconfia que os diplomatas dos EUA espionam os próprios colegas na ONU (por ordem de Clinton); que Washington comandou um bazar de liquidação para obrigar pequenos países a aceitar prisioneiros de Guantánamo; que o establishment militar/de informações do Paquistão está articulado com os Taliban; e que o rei saudita Abdullah bin Abdul Aziz, esse defensor paradigmático da democracia e dos direitos humanos, exigiu que os EUA ataquem o Irã.

O espectáculo tem de continuar. Possibilidade muito mais sumarenta é lembrar que, doravante, nenhum dos cidadãos mais ativos do mundo jamais voltará a crer no que lhes seja empurrado como “fato” ou como “verdade” naquelas cosmicamente tediosas sessões de “conferência diplomática/governamental/militar com a imprensa e fotógrafos”.Merece especial atenção o telegrama em que se lê que o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu é “elegante e sedutor, mas nunca cumpre o que promete” (promessas como continuar a construir colonatos na Cisjordânia e bombas, bombas, bombas sobre o Irão.)O reality show das WikiFugas prosseguirá, com novidades online aos borbotões.

Pelo menos o espectáculo demonstra, mais uma vez, que a boa informação está na Internet – não nos média-empresariais globais; e que os cidadãos globais devem fazer dela o melhor uso possível para desmascarar, e rir, do poder. É salutar aprender que o imperador, em segredo, fala mal dos amigos e sicofantas, tanto quanto dos inimigos. Também é salutar aprender que o imperador é inimigo da democratização da informação. Mas agora, que já se sabe que o imperador está mesmo nu, devemos agradecer muito aos autores dos telegramas, seus amigos, inimigos e sicofantas, por nos oferecerem esse impagável reality show – espécie de continuação de “Corra que a Polícia vem aí”. Pena que o grande Leslie Nielsen, que morreu no domingo, não esteja aqui, para rir connosco.

(*) Tradução do coletivo da Vila Vudu.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Noam Chomsky: As 10 estratégias de manipulação midiática

Noam Chomsky: As 10 estratégias de manipulação midiática
O professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachussetts, Noam Chomsky, elaborou uma lista das "10 Estratégias de Manipulação" usados pela mídia tradicional e conservadora.

A estratégia da distração. O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado; sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja com outros animais (citação do texto "Armas silenciosas para guerras tranquilas").

Criar problemas e depois oferecer soluções Esse método também é denominado "problema-ração-solução". Cria-se um problema, uma "situação" previsa para causar certa reação no público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceitas. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços púbicos.

A estratégia da gradualidade Para fazer com que uma medida inaceitável passe a ser aceita basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira, condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

A estratégia de diferir Outra maneira de forçar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como "dolorosa e desnecessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrificio imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isso dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

Dirigir-se ao público como se fossem menores de idade A maior parte da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade mental, como se o espectador fosse uma pessoa menor de idade ou portador de distúrbios mentais. Quanto mais tentem enganar o espectador, mais tendem a adotar um tom infantilizante. Por quê? "Se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, em razão da sugestionabilidade, então, provavelmente, ela terá uma resposta ou ração também desprovida de um sentido crítico (ver "Armas silenciosas para guerras tranquilas")".

Utilizar o aspecto emocional mais do que a reflexão Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional e, finalmente, ao sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de aceeso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos...

Manter o público na ignorância e na mediocridade Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais menos favorecidas deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que planeja entre as classes menos favorecidas e as classes mais favorecidas seja e permaneça impossível de alcançar (ver "Armas silenciosas para guerras tranquilas").

Estimular o público a ser complacente com a mediocridade Levar o público a crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

Reforçar a autoculpabilidade Fazer as pessoas acreditarem que são culpadas por sua própria desgraça, devido à pouca inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo se autodesvalida e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação. E sem ação, não há revolução!

Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem No transcurso dos últimos 50 anos, os avançosacelerados da ciência gerou uma brecha crescente entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem disfrutado de um conhecimento e avançado do ser humano, tanto no aspecto físico quanto no psicológico. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele a si mesmo. Isso significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior do que o dos indivíduos sobre si mesmos.

Fonte: Argenpress, reproduzido por dital

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mídia, golpes e tortura

Mídia, golpes e tortura
Emiliano José*

Talvez pudéssemos inverter um pouco a ordem das coisas: que tal, ao invés de divulgar o relato de processos do STM sobre pessoas covardemente torturadas, como o faz agora o secretariado da mídia golpista brasileira, perguntássemos sobre qual o papel dessa mesma mídia na implantação da ditadura militar? Não seria algo elucidativo, educativo para as novas gerações? Que tal compreender a verdadeira natureza de nossa mídia hegemônica para, então, entender por que, nesse momento, usando processos inteiramente submetidos à ordem castrense, ao terror ditatorial, tenta atingir a presidente da República, recentemente eleita, numa espécie de vingança pela derrota que sofreu? Perguntar por que ela não se conforma com essa nova derrota, a terceira derrota da mídia nas últimas eleições, derrotada pela opinião pública brasileira.

Com que direito quer um terceiro turno, ilegítimo, revelador apenas de seus ressentimentos?Eu insisto: no Brasil a Casa Grande não descansa. E a principal voz da Casa Grande no Brasil é a mídia hegemônica, aquele grupo de poucas famílias que se pretende o intérprete da realidade brasileira, apesar de há muito ter deixado de sê-lo. Não vou retroceder muito no tempo. Não vou esmiuçar o papel destacado de nossa mídia na tentativa de golpe contra o presidente Getúlio Vargas. O quartel-general do golpe era permanentemente orientado pela mídia. A mídia hegemônica de então e o golpe já quase consumado foram derrotados pelo suicídio do presidente. O que pretendo mesmo é refrescar a memória ou informar um pouco que seja sobre o papel de nossa mídia no golpe de 1964. Não se trata apenas de ela ter elaborado todo o discurso que deu sustentação ao golpe contra o presidente Jango Goulart. Não se trata disso somente. Trata-se do fato, por demais evidente, e há vasto repertório bibliográfico a respeito, de que a mídia participou diretamente das articulações golpistas. Ela derrubou Goulart lado a lado com os militares golpistas. Reuniu-se com eles para preparar o golpe. Não tem como se defender disso. É algo que hoje já pertence à história.Com isso se quer dizer, e creio que é preciso insistir nisso, que a mídia hegemônica brasileira foi um ator fundamental na construção de uma ditadura sanguinária, terrorista no Brasil, a mesma que vai torturar covardemente homens, mulheres, crianças, que vai desaparecer com pessoas depois de desfigurá-las, provocar suicídios, que será capaz de todas as crueldades, perversidades para garantir a sua continuidade no poder por 21 anos.

A Rede Globo, criada lá pelos finais de 1969, não foi uma simples iniciativa empresarial. Foi um empreendimento político. Com a Rede Globo pretendeu-se unificar o discurso da ditadura, justificar tudo ela pretendesse, inclusive os assassinatos, o terrorismo que ela praticava cotidianamente. Inúmeras vezes assistíamos, no Jornal Nacional, notícias dando conta do atropelamento de companheiros, da morte de um militante por outro, versões montadas pela repressão para justificar a morte nas masmorras da ditadura. A Rede Globo encarnava e ecoava a voz do terror, foi criada para tanto. E o grupo Globo é apenas parte de toda uma estrutura midiática que deu sustentação à ditadura, embora talvez, então, a parte mais importante. Não é difícil lembrar do terrível, do terrorista general Garrastazu Médici, ditador, que dizia que bastava assistir ao Jornal Nacional para perceber como tudo caminhava às mil maravilhas no Brasil.

O Jornal Nacional era o diário oficial da ditadura. Por isso, não há como nos surpreendermos com a tentativa, canhestra, de tentar desqualificar a presidente Dilma, pinçando aspectos do vasto processo buscado nos arquivos do STM, como a matéria de 19 de novembro, de O Globo. Não nos surpreendemos, mas não há como não nos indignarmos. É a voz da ditadura que volta, são os mesmos métodos que voltam, embora, agora, por impossibilidade, a tortura física não possa voltar.A um jornalismo sério, que tivesse compromisso com a história, a um jornalismo que tivesse alguma ligação, tênue que fosse, com a idéia de democracia, que se preocupasse com a educação das novas gerações, caberia discutir a monstruosidade da tortura, mostrar o que ela tem de lesa-humanidade, mostrar a necessidade de evitar que ela exista, inclusive nas cadeias brasileiras de hoje. Mostrar que qualquer processo que envolva tortura não merece qualquer crédito. Mas, não. O jornalismo realmente existente vai pinçar aspectos no processo que eventualmente desgastem a presidente da República. Nos próximos dias, a mídia golpista vai se debruçar sobre isso, podem anotar. É a tentativa do terceiro turno, evidência do ressentimento pela terceira derrota – a mídia perdeu em 2002 e 2006, quando Lula venceu, e perdeu agora, com a vitória de Dilma. Não se conforma, A Casa Grande não descansa. Nem sei, nem vou procurar saber sobre todo o processo que envolveu a presidente.

Escrevi vários livros sobre a ditadura, inclusive sobre Carlos Lamarca e Carlos Marighella, que tangenciam organizações revolucionárias pelas quais a presidente Dilma passou – e que orgulho ter militado em organizações revolucionárias. Não me detive, no entanto, na trajetória específica da presidente Dilma Roussef, nem caberia. Mas será que os jornalistas que têm feito o papel de pescadores de leads e subleads negativos, de títulos desqualificadores da presidente têm alguma noção do que seja a tortura? Imagino que não, até porque só obedecem ordens, a pauta é previamente pensada, ordenada, e depois se faz a matéria. Repito aqui o que escrevi em um dos meus livros, valendo-me das contribuições do psicanalista Hélio Pellegrino. A tortura nunca é mero procedimento técnico destinado à coleta rápida de informações. É também isso, mas nunca apenas isso. Ela é a expressão tenebrosa da patologia de todo um sistema social e político, expressão da ditadura militar de então. Ela visa à destruição do ser humano. À custa de um sofrimento corporal inimaginável, teoricamente insuportável, a tortura pretende separar corpo e mente, instalar a guerra entre um e outro, semear a discórdia entre ambos. O corpo torna-se um inimigo – com sua dor, atormenta o torturado, persegue o torturado. A mente vai para um lado, o corpo sofrido para outro. O torturado fica exposto ao sol e à chuva, ao desabrigo absoluto, sem chão, entregue às ansiedades inconscientes mais primitivas. E apesar disso, tantas vezes, tantos de nós, quando não fomos trucidados e mortos na tortura, resistimos a esse terror, e saímos inteiros, ou quase inteiros, dessa situação-limite.O que vale um processo feito sob a ditadura? O que valem declarações tiradas sob tortura? Responderia que valem apenas para revelar o que foi o terror, para revelar o que fizeram com as vítimas desse terror. Por que nos impressionamos e nos indignamos tanto com as vítimas do nazi-fascismo, inclusive nossa mídia, impressão e indignação justas, e somos, lá eles como costumam dizer os baianos, tão condescendentes com o terror da ditadura, com as torturas dos assassinos do período 1964-1985?

Eu compreendendo por que a mídia age assim com a nossa memória histórica, e já o disse antes: age assim pela simples razão de que ela tem tudo a ver com a gênese da ditadura, porque dela não pode se apartar, lamentavelmente. Por isso, nos preparemos para a luta dos próximos dias: ela vai buscar nos porões da ditadura o que possa servir aos seus propósitos de lutar contra o governo democrático, republicano e popular da presidente Dilma. E nos encontrará onde sempre estivemos: na luta intransigente, isso mesmo, intransigente, a favor da democracia, dos direitos humanos, e contra toda sorte de crimes contra a humanidade.

(*) Jornalista, escritor.

sábado, 20 de novembro de 2010

ERA LULA CRIOU MAIS EMPREGOS QUE GOVERNOS FHC, ITAMAR, COLLOR E SARNEY JUNTOS

ERA LULA CRIOU MAIS EMPREGOS QUE GOVERNOS FHC, ITAMAR, COLLOR E SARNEY JUNTOS

“Há oito anos, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito para seu primeiro mandato, as pesquisas de opinião mostraram que o desemprego e a fome eram as maiores preocupações dos brasileiros. Chegando ao fim do governo mais popular da história recente, um novo levantamento, feito em setembro pelo instituto Datafolha, mostrou que os dois maiores tormentos agora são a saúde e a segurança.Sinal dos tempos, a campanha presidencial de 2010 quase deixou o tema emprego passar em branco.

Enquanto o Lula candidato prometia a geração de 10 milhões de vagas formais, a presidente eleita, Dilma Rousseff, fez questão de não fixar qualquer meta.

Segundo o ministro Carlos Lupi, do Trabalho, que participou do programa de governo de Dilma na área, a ausência foi proposital. ”Ela não precisou e nem precisa prometer porque já está fazendo. O governo da Dilma é o da continuidade”.De acordo com a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), que registra todas as contratações e demissões de empregados regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), pelo regime estatutário, dos servidores públicos, além dos trabalhadores temporários e avulsos, a expansão durante o governo Lula é incontestável. De 2003 até setembro de 2010 foram criados 14.725.039 empregos. Isso dá a Lula uma média de 1,8 milhão de postos de trabalho por ano de seu governo. A comparação com os governos anteriores é quase injusta. Fernando Henrique Cardoso criou 5.016.672 empregos em seus oito anos de mandato, uma média de 627 mil. Itamar Franco, que governou de 1993 a 1994, gerou 1.394.398 postos – média de 697 mil. José Sarney, em seus cinco anos como presidente, criou 3.994.437 empregos, marcando a segunda melhor média (998 mil) dos últimos 30 anos. Fernando Collor, por sua vez, deixou o governo com a extinção de mais de 2,2 milhões de postos de trabalho.

Os 14,7 milhões de empregos gerados nos oito anos do governo Lula até setembro deste ano, portanto, superam a soma dos empregos gerados nos governos FHC, Itamar, e Sarney, que juntos são 10,4 milhões em 15 anos.

Isso sem contar com o fechamento de 2,2 milhões de vagas durante os três anos do governo Collor, o que daria um saldo de 8,2 milhões de empregos em 18 anos.

PROPOSTAS DE DILMA Em seu programa de governo, a presidente eleita afirma que vai trabalhar a questão do emprego em três frentes. A primeira, calcada na continuidade da geração, vem do seu próprio perfil de quem vê o Estado como grande indutor do crescimento econômico.Para isso, como argumenta Lupi, vai investir ainda mais em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do programa Minha Casa, Minha Vida, e, principalmente, em projetos da Petrobras estimados em R$ 250 bilhões até 2014 – outros R$ 462 bilhões estão previstos pós-2014.

“As ações estatais são a locomotiva do crescimento econômico e da geração de emprego. Há projetos gigantescos envolvendo o COMPERJ [Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro] que vão demandar investimentos em hotelaria, restaurantes e outros serviços. Isso tudo é emprego que não acaba mais”.

A segunda frente de Dilma é a ampliação de cursos técnicos para todos os municípios com mais de 50 mil habitantes. Nesse ponto, os números estão a seu favor. Desde 2003, foram abertas 214 novas escolas profissionalizantes, com a oferta de 500 mil matrículas. Ainda nessa frente, há o programa Próximo Passo, que pretende qualificar, entre os beneficiários do Bolsa Família, 145 mil trabalhadores na área da construção civil e 25 mil na área de turismo e hotelaria.

O terceiro nicho de geração de empregos talvez seja o mais importante. De acordo com projeção do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), os pequenos empresários serão responsáveis por quase 80% de todas as vagas criadas em 2010. Dilma afirma, em seu programa de governo, que fará políticas especiais tributárias, de crédito, qualificação profissional e suporte tecnológico para ampliar o setor.Para o presidente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Márcio Pochmann, tudo leva a crer que o caminho seja realmente esse. Apostar em milagres, como já foi comprovado pela história recente brasileira, não é saudável. ”Muito já foi feito no sentido de criar falsos processos de geração sustentável de emprego. Investir nas micro e pequenas empresas e, ao mesmo tempo, estimular o restante da economia por meio de ações estatais é uma saída viável. Mas não há melhor indicativo de sustentabilidade do que 28 milhões de brasileiros saindo da pobreza e tendo apoio do Estado para buscar um emprego digno”.

FONTE: portal do PT (http://www.pt.org.br/portalpt/noticias/governo-lula-10/era-lula-cria-mais-empregos-que-governos-fhc-itamar-collor-e-sarney-juntos-30301.html).

QUEM SERVE A QUEM NA DIREITA?

QUEM SERVE A QUEM NA DIREITA?

Eduardo Guimarães

“Você já se perguntou se é a mídia que serve à oposição de direita ou se é esta que serve àquela? Durante os últimos anos, como a mídia se dedicou a produzir factóides que servissem ao discurso oposicionista, prevaleceu a sensação de que Serra e sua turma a tinham nas mãos. Mas e se a for a mídia que usa os Serras, Alckmins e FHCs da vida?

Pensemos juntos. Por que a mídia bilionária serviria a um grupo político que dela depende para sobreviver? Todos viram o estrago que algumas míseras denúncias que saíram na mídia durante o processo eleitoral – quando esta deu a fatura por liquidada em favor de Dilma – fizeram na candidatura tucana à Presidência.

Ao contrário do grupo político lulo-petista, o grupo demo-tucano demonstrou não ter a menor resistência à investigação e ao questionamento de uma só das dezenas de denúncias não divulgadas que pesam contra os partidos de direita. Sem o apoio da mídia, PSDB, DEM e PPS talvez nem sobrevivessem a estas eleições.

A mídia parece ter um poder de barganha com os partidos de direita que os deixa muito distantes de poderem se servir dela. É mais provável, por esta linha de pensamento, que as famílias midiáticas é que escolham políticos que julguem com “potencial” para lograrem vitórias políticas, as quais serão usadas para atenderem a demandas de classe social.

Ou seja, a mídia tampouco é general de nada. No máximo, é tenente a serviço de um setor muito pequeno da sociedade que, através de empresários de comunicação, vinha conseguindo fazer com que os seus interesses nada representativos parecessem os interesses de todos.

Tal poder, porém, começou a minguar. Da virada do milênio para cá, essa mídia passou a perder doses maciças desse poder de eleger e/ou de derrubar políticos.

Note-se que a ida da eleição presidencial para o segundo turno mais uma vez – depois de ter sido logrado o mesmo em 2006 – evitou que os meios de comunicação se tornassem atores irrelevantes ou de somenos importância em processos eleitorais futuros.

Todavia, não se pode esquecer de que a direita brasileira perdeu a terceira eleição presidencial consecutiva apesar de todo o aparato de comunicação de que dispõe. É importantíssimo notar que uma consistente maioria do eleitorado brasileiro disse um enorme não aos factóides tucano-midiáticos, aos seus propagadores e ao candidato deles.

Não vamos nos esquecer de que quem ficou ao lado de Dilma e de Lula mesmo com a avalanche de denúncias que se viu, certamente acredita que os adversários deles – tanto na mídia quanto na classe política – mentiram.

O fato é que, se esta linha de pensamento estiver certa, a cadeia de comando correta é elite branca, mídia e, por último, os partidos que se dispõem a representar os interesses de um estrato social extremamente rico e diminuto que põe à disposição dos seus soldados políticos um aparato de propaganda bilionário.”

FONTE: escrito por Eduardo Guimarães e publicado em seu blog “Cidadania.com” (http://www.blogcidadania.com.br/2010/11/quem-serve-a-quem-na-direita/).

sábado, 13 de novembro de 2010

Miséria é o principal "produto" do capitalismo

Miséria é o principal "produto" do capitalismo

O capitalismo tem legiões de defensores. Muitos o fazem de boa vontade, produto de sua ignorância e pelo fato de que, como dizia Marx, o sistema é opaco e sua natureza exploradora e predatória não é evidente ante os olhos de homens e mulheres. Outros o defendem porque são seus grandes beneficiários e amassam enormes fortunas, graças às suas injustiças e iniquidades.

Além do mais há outros ("gurus" financeiros, "opinólogos", jornalistas "especializados", acadêmicos "pensadores" e os diversos expoentes do "pensamento único") que conhecem perfeitamente bem os custos sociais que, em termos de degradação humana e do meio-ambiente, o sistema impõe.No entanto, são muito bem pagos para enganar as pessoas e prosseguem com seu trabalho de forma incansável. Eles sabem muito bem, aprenderam muito bem, que a "batalha de ideias", à qual Fidel Castro nos convocou, é absolutamente estratégica para a preservação do sistema, e não retrocedem em seu empenho.Para resistir à proliferação de versões idílicas acerca do capitalismo e de sua capacidade para promover o bem-estar geral, examinemos alguns dados obtidos de documentos oficiais do sistema pelas Nações Unidas.Isso é sumamente didático quando se escuta, principalmente no contexto da crise atual, que a solução aos problemas do capitalismo se obtém com mais capitalismo; o que o G-20, o FMI, a OMC e o Banco Mundial, arrependidos de seus erros passados, vão poder resolver os problemas que provocam agonia à humanidade. Todas essas instituições são incorrigíveis e irreformáveis, e qualquer esperança de mudança não é nada mais que uma ilusão. Seguem propondo o mesmo, só que com um discurso diferente e uma estratégia de "Relações Públicas", desenhada para ocultar suas verdadeiras intenções. Quem tiver dúvidas que olhe o que está propondo para "solucionar" a crise na Grécia: as mesmas receitas que aplicaram e que seguem aplicando na América Latina e na África desde os anos 1980!
A seguir, alguns dados (com suas respectivas fontes) recentemente sistematizados pelo Programa Internacional de Estudos Comparativos sobre a Pobreza (CROP, na sigla em inglês), da Universidade de Bergen, na Noruega. O CROP está fazendo um grande esforço para, a partir de uma perspectiva crítica, combater o discurso oficial sobre a pobreza elaborado há mais de trinta anos pelo Banco Mundial e reproduzido incansavelmente pelos grandes meios de comunicação, autoridades governamentais, acadêmicos e vários "especialistas".

População mundial: 6,8 bilhões, dos quais:
1,02 bilhão têm desnutrição crônica (FAO, 2009)
2 bilhões não têm acesso a medicamentos (www.fic.nih.gov)
884 milhões não têm acesso a água potável (OMS/UNICEF 2008)
924 milhões de "sem teto" ou que vivem em moradias precárias (UN Habitat 2003)
1, 6 bilhão não tem eletricidade (UN Habitat, “Urban Energy”)
2,5 bilhões não tem acesso a saneamento básico e esgotos (OMS/UNICEF 2008)
774 milhões de adultos são analfabetos (www.uis.unesco.org)
18 milhões de mortes por ano devido à pobreza, a maioria delas de crianças com menos de 5 anos (OMS)
218 milhões de crianças, entre 5 e 17 anos, trabalham em condições de escravidão ou em tarefas perigosas ou humilhantes, como soldados, prostitutas, serventes na agricultura, na construção civil ou na indústria têxtil (OIT: A Eliminação do Trabalho Infantil: Um Objetivo a Nosso Alcance, 2006)
Entre 1988 e 2002, os 25% mais pobres da população mundial reduziram sua participação na riqueza global de 1,16% para 0,92%, enquanto que os 10% mais ricos acrescentaram mais riquezas, passando de 64,7 para 71,1% da riqueza produzida mundialmente. O enriquecimento de poucos tem como reverso o empobrecimento de muitos.
Só esse 6,4 % de aumento da riqueza dos mais ricos seria suficiente para duplicar a renda de 70% da população da Terra, salvando inumeráveis vidas e reduzindo as penúrias e sofrimentos dos mais pobres. Entenda-se bem: tal coisa seria obtida se tão só fosse redistribuído o enriquecimento adicional produzido entre 1988 e 2002, dos 10% dos mais ricos do planeta, deixando intactas suas exorbitantes fortunas. Mas nem sequer algo tão elementar como isso é aceitável para as classes dominantes do capitalismo mundial.


Conclusão: Se não se combate a pobreza (nem fale de erradicá-la sob o capitalismo!) é porque o sistema obedece a uma lógica implacável, centrada na obtenção do lucro, o que concentra a riqueza e aumenta incessantemente a pobreza e a desigualdade econômico-social.Depois de cinco séculos de existência, isto é o que o capitalismo tem para oferecer. Que esperamos para mudar o sistema? Se a humanidade tem futuro, será claramente socialista. Com o capitalismo, em troca, não haverá futuro para ninguém. Nem para os ricos, nem para os pobres. A sentença de Friedrich Engels, e também de Rosa Luxemburgo: "Socialismo ou barbárie", é hoje mais atual e vigente que nunca. Nenhuma sociedade sobrevive quando seu impulso vital reside na busca incessante do lucro, e seu motor é a ganância. Mais cedo que tarde provoca a desintegração da vida social, a destruição do meio ambiente, a decadência política e uma crise moral. Todavia ainda temos tempo, mas não muito.

Fonte: Jornal La República, Espanha


terça-feira, 2 de novembro de 2010

A força da mulher

A força da mulher

E foi a vitória de uma mulher. A vitória da mulher brasileira. O ano de 2002 marcou um fato inédito na história do Brasil: a eleição de um presidente operário. Agora, o povo brasileiro produz outro fato inédito: pela primeira vez elege uma mulher.

Nunca se viu um ataque tão descabido, tão sórdido, tão abaixo da linha de cintura à figura da mulher como foi feito pela campanha do candidato adversário. Nossas ilusões nos levaram a pensar numa campanha de bom nível, face ao passado de Serra. Foi um grave engano.Nunca o nível baixou tanto, e contra uma mulher. E procurando buscar nos recantos obscuros da alma da sociedade brasileira os elementos que suscitassem o ódio, que alimentassem os preconceitos, que suscitassem a raiva contra a mulher, contra todas as mulheres, e especialmente contra aquelas que eventualmente tivessem que recorrer ao aborto.
E a chamaram despreparada, e a chamaram teleguiada, e quiseram-na sem vida política, e a denominaram terrorista, como se terroristas fossem todos os que resistiram à ditadura. E semearam mentiras, e fizeram milhões de telefonemas clandestinos com toda sorte de calúnias contra ela.
E ela ganhou. Ganhou a grande mulher que é Dilma, que soube superar uma doença, que não se abalou com a sordidez que se alevantou contra ela, e se torna assim a nossa primeira presidente mulher. As mulheres do Brasil estão em festa. E os homens também.
Há um caldo de revolução cultural na eleição dessa mulher. Os homens viverão uma experiência nova: a mulher que sempre soube cuidar dos filhos e da casa, e que nunca deixou também de viver intensamente a vida pública, irá agora dirigir os homens e mulheres do Pais, cuidar com imenso carinho de todo o povo brasileiro, acelerando o processo de distribuição de renda iniciado com tanta firmeza pelo presidente Lula.

Emiliano José . Jornalista, escritor, professor

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A DIREITA BRASILEIRA É SUBMISSA AO IMPÉRIO

A DIREITA BRASILEIRA É SUBMISSA AO IMPÉRIO

O atual momento político brasileiro indica uma radicalização quase total da DIREITA. O candidato demo-tucano, JOSÉ SERRA, outrora centro-esquerda, radicaliza para a extrema-direita, mostrando a que veio e demonstrando que não sabe perder. Parece que para a DIREITA é uma questão de vida ou de morte vencer estas eleições. Vale tudo : age como se fosse sua última chance de chegar ao poder, não existe limites, não existe escrúpulos, não existe ética, não existe honestidade, não existe regras. VALE TUDO para ganhar as eleições e tudo pode: pode MENTIR, CALUNIAR, INVENTAR FACTÓIDES, FALSIFICAR DOCUMENTOS, ALTERAR FATOS HISTÓRICOS, DAR INTERPRETAÇÕES TENDENCIOSAS DESTAS FATOS, ETC.

Tudo isso para quê ? Para destruir e demolir a reputação do adversário; neste caso a candidata DILMA ROUSSEFF e seu partido, o PT. Nesse esforço hercúleo, o objetivo é imputar na candidata do PT, uma série de valores altamente rejeitados pela população, tais como: a candidata é a favor do aborto, do casamento homossexual, a candidata é a favor da violência pois já foi terrorista e assassinou pessoas, é lésbica, é autoritária, arrogante, nazista, quer aparelhar o Estado a serviço de sua turma e de seus ideais comunistas, etc, etc,etc.

Este tipo de propaganda e de marketing político dá resultados. No passado deu resultados fulminantes, eliminando vários líderes nacionalistas e de esquerda, entre eles: Getúlio Vargas, João Goulart. Hoje, em dia, o estrago é significativo, mas com impacto bem menor do que no passado, porque temos meios alternativos como a internet e os movimentos e organizações sociais populares e independentes; mas também porque a população já não é tão mal informada como no passado. O povo não é imbecil como eles imaginam.

Para controlar a informação e a formação de opiniões, as classes dominantes sempre usaram os meios de comunicação, que sempre estiveram a serviço deles: rádio, TV, jornais, revistas,etc. No passado estes meios tinham uma influência muito grande, fulminante, Carlos Lacerda, usando-os, conseguiu seu intento de derrubar Getúlio Vargas e João Goulart. Entre outras sandices antidemocráticas, disse: “Getúlio não dever ser candidato à presidência, se for, deve ser derrotado; se ganhar, não deve tomar posse, se tomar posse, deve ser derrubado por um golpe”. Chamava JK de “ladrão” e outras coisas mais dessa ordem, típicas de uma revista semanal, herdeira atual do Lacerda. Contra João Goulart conseguiu derrubá-lo, via golpe de Estado, com apoio dos militares e de seus amigos americanos.

Porque tinham tanto ódio destes dois governos ? Respondendo esta pergunta chegaremos à origem da situação atual. Estes dois governos representavam o NACIONALISMO e em decorrência a transformação do país numa potência global e independente dos EUA, deixando de ser seu satélite submisso. Getúlio Vargas criou várias estatais e quando consolidou a PETROBRÁS em 1953 foi morto em 1954. Havia um grande movimento da mídia contra ele, mas por trás desta mídia, havia os interesses do Império – os americanos não esconderam suas intenções – era contra os interesses das grandes petrolíferas americanas a criação da Petrobrás.

Noam Chomsky em seu livro “O que o Tio Sam realmente quer?” (Editora UNB, 1999) deixa muito claro as intenções do Tio Sam, ao analisar documentos estratégicos de alto nível do governo americano, no pós-guerra: “..os estrategistas norte-americanos expunham a visão de que a principal ameaça à nova ordem mundial, liderada pelos EUA, era o nacionalismo do Terceiro Mundo, algumas vezes chamado de ultranacionalismo : os “regimes nacionalistas” que atendem às “exigências populares de elevação imediata dos baixos padrões de vida das massas” e produção de bens que satisfaçam às suas necessidades básicas.” (p.24).
As metas dos estrategistas era evitar que os nacionalistas tomassem o poder, se conseguissem tomar, retirá-los e instalar governos pró-americanos que favorecessem os investimentos privados, a produção para exportação e o direito a remessa de lucros de suas empresas. Contavam com a força e a aliança com os militares “o grupo menos anti-americano na América Latina”. Neste sentido, eles invadiram vários países com os seus “marines”, seu exército, usando a CIA, etc. enfim nunca titubearam de usar a força para implantar ditaduras militares, como a do Chile em 1973, derrubando um governo democrático, eleito pelo povo; desse modo interferiram em quase todos os países latino-americanos. No Brasil, como no Chile, também usaram a fôrça, mas de forma indireta; ou seja cooptando os militares tupiniquins.

Mas, os tempos mudaram, acabou a guerra fria. A fase da intervenção bruta, usando a fôrça mudou, mas de forma mais sofisticada. Agora não se pode mais derrubar governos democráticos, nem proceder a invasões militares brutais (Nicarágua, Guatemala), embora continuem fazendo guerra pelos mesmos motivos (Iraque, petróleo). Com o término da guerra fria, acabou a divisão do mundo em dois pólos (EUA X URSS) mas o poder econômico continua brigando por seus interesses, usando métodos sutis, respeitando as “democracias” do Terceiro Mundo, que para os americanos são imaturas e podem ser influenciáveis.

Dois livros sobre FHC : 1) “Fernando Henrique Cardoso – o Brasil do possível”, da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni, traduzido para o português pela Editora Nova Fronteira, 1997; e 2) “Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura” da jornalista inglesa Frances Stonor Saunders, Editora Record, 2008; retratam bem esta nova fase, como diz claramente o subtítulo do segundo: a CIA agora atua na guerra fria da cultura, mas sem deixar de usar os métodos antigos. Em 1969, FHC recebe um cheque da Fundação Ford (CIA) de US$140 mil dólares para abrir um instituto de pesquisa, o CEBRAP. O governo americano passa a atuar na AL, no terreno da cultura, financiando projetos, bolsas de estudos, convênios com governos, subsidiando cursos, treinando policiais e militares, apoiando o Estado Maior das Fôrças Armadas, disseminando a cultura americana e seus valores e aumentando o peso de Hollywood na mídia local, reforçando certos valores americanos (individualismo, super-heróis, iniciativa privada, liberalismo, etc.). Mas, na verdade, eles vão muito além desta expansão cultural pura e simplesmente. Eles tem poder sobre a mídia local: rádio, TV, jornais e revistas.

Neste ponto, o artigo de Nikandrov Nil, do STRATEGIC CULTURE FOUNDATION online Journal (http://www.strategic-culture.org/news/2010/10/07/elections-in-brazil-and-the-us-intelligence-community.html), “Eleições no Brasil e a comunidade americana de inteligência” é revelador. Ele diz com todas as letras: “A mídia do Brasil – a rede Globo, a Abril editora, jornais influentes como a Folha de São Paulo e a revista VEJA – estão trabalhando com esforço na lavagem cerebral do eleitorado brasileiro.”
Ele destaca o trabalho que a CIA vem fazendo no Brasil: “ex-policiais brasileiros demitidos de seus cargos por várias razões estão sendo empregados pela CIA para fazerem trabalho de campo como informantes, invasores de domicílios e escritórios, roubo de arquivo de computador e chantagem. “ Na maioria dos casos, esses indivíduos são extremamente tendenciosos à direita e apóiam Serra.
E tem mais : “os ministérios brasileiros, comunidade de inteligência e o complexo industrial das forças armadas, estão densamente infiltrados por agentes norte-americanos. A embaixada dos EUA e funcionários do consulado no Brasil, possuem mais ou menos cerca de 40 agentes da CIA, DEA, FBI e agentes da inteligência das forças armadas norte-americanas; e Washington planeja abrir 10 novos consulados nas maiores cidades do Brasil, como: Manaus na Amazônia.”
O autor dá destaque ao Partido Verde, já que esse partido foi usado pelos tucanos para provocar o segundo turno: “... neste ponto, um ótimo jogador é o partido verde, onde agentes da CIA ocuparam posições de destaque, pois os EUA estão tradicionalmente interessados nos problemas ecológicos da bacia amazônica. No momento a CIA está cortejando os líderes e ativistas do PV” para favorecer Serra nestas eleições. Prossegue, sobre o PV : “Washington deve estar fazendo um trabalho apressado considerando que Marina e adeptos planejam decidir qual lado deverão apoiar no segundo turno.” (no original em negrito). Mas reconhece a força de Dilma : “Rousseff por outro lado, também tem potencial para atrair os que apóiam o PV, considerando que Marina era membro do governo do Presidente Da Silva.”

O autor reconhece que a CIA ajudou a mídia brasileira a sujar o nome de Dilma Rousseff, vasculhando o seu passado “terrorista”.

No final o autor revela outros objetivos de Washington : “O país tem potencial para se estabelecer como uma contra-força geopolítica aos EUA aqui no hemisfério ocidental daqui a 15-20 anos.” (negrito). “E a administração americana – republicanos e democratas – estão preocupados, e trabalham para não permitir que o Brasil consiga ocupar esta posição”.

Na verdade, o artigo de Nikandrov apenas confirmam as a posições do eminente pesquisador brasileiro, que atualmente mora na Alemanha, Moniz Bandeira. Em entrevista à Carta Maior, em 20/10/2010, o historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira (autor de vários livros sobre as relações entre Brasil e EUA) responde à pergunta : Como o sr. caracterizaria os dois projetos em disputa(nestas eleições)?:
“O atual processo eleitoral está infectado por uma intensa campanha terrorista, uma guerra psicológica, promovida não apenas direita, mas pela extrema-direita, como a TFP, OPUS DEI e núcleos nazistas do Sul, e sustentada por interesses estrangeiros, que financiam a campanha contra a política exterior do presidente Lula , pois não querem que o Brasil se projete mais e mais como potência política global. Os dois projetos em disputam são definidos: o Brasil como potência econômica e política global, socialmente justo, militarmente forte, defendido pela candidata do PT, Dilma Roussef; o outro, representado por José Serra candidato do PSDB-DEM, é o do Brasil submisso às diretrizes dos Estados Unidos, com sua economia privatizada e alienada aos interesses dos estrangeiros.”
“Evidentemente, os Estados Unidos, quaisquer que seja seu governo, não querem que o Brasil se consolide como potência econômica e política global, integrando toda a América do Sul como um espaço geopolítico com maior autonomia internacional.”

Daniel Miranda Soares é economista, administrador público e mestre pela UFV.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Manifesto “Dilma é do nosso time”

Manifesto “Dilma é do nosso time”
*Novas adesões, envie e-mail para: esportecomdilma@gmail.com.

Entre neste time! Encaminhe o manifesto para sua rede de amigos.Nós, atletas, dirigentes, profissionais de educação física, e amantes do esporte nos unimos para apoiar Dilma Roussef. Este apoio é fruto do reconhecimento que o esporte vive um momento especial.Acordamos todos os dias movidos pela paixão. Ocupamos praças públicas, piscinas, quadras, praias, ginásios, campos de futebol, pistas de corrida e tatames por todo Brasil. Para nós, esporte é transformação social, formação educacional, é a construção da imagem de um país alegre e vitorioso. O esporte é lazer, é prazer, é emoção, é comunhão de credos, raças, idades, é expressão da cultura de um povo.O Brasil realizou o Pan e se emocionou com a conquista das Olimpíadas. O país será sede da Copa do Mundo. O programa Bolsa Atleta e a Lei de Incentivo ao Esporte foram grandes conquistas. Programas sociais esportivos criam oportunidades para nossas crianças. O esporte paraolímpico nacional passou a ser tratado em condições de igualdade. O futebol brasileiro cresce fora das quatro linhas.O Brasil tem desafios. Precisamos consolidar o esporte nas escolas e nas universidades, ampliar o financiamento, melhorar a gestão, realizar com eficiência e transparência os grandes eventos com legados para o país.Assinamos este manifesto convencidos de que não podemos voltar ao tempo em que o esporte era departamento de outro Ministério, tratado como política pública de segunda categoria.

O nosso apoio a Dilma tem um sentido claro: fortalecer as vitórias conquistadas pelo time chamado Brasil.
- Acelino Popó de Freitas – Campeão Mundial de Boxe
- Adriana Behar – Medalhista Olímpica
- Adriana Samuel – Medalhista Olímpica
- Alan Adler – Campeão Mundial de Vela
- Alaor Azevedo – Presidente da Confederação de Tênis de Mesa
- André Campos – Presidente do Conselho Deliberativo do Náutico
- Andrés Sanchez – Presidente do Corinthians
- Bebeto – Tetra Campeão de Futebol
- Bobô – Campeão Brasileiro pelo Bahia
- Ciro Delgado – Medalhista Olímpico
- Coaracy Nunes – Presidente da Confederação de Desportos Aquáticos
- Djan Madruga – Medalhista Olímpico
- Fernando Bezerra Coelho – Presidente do Santa Cruz
- George Braga – Presidente do Fórum de Secretários Estaduais de Esporte e Lazer
- João Tomasini – Presidente da Confederação de Canoagem
- Jorge Lacerda – Presidente da Confederação de Tênis
- Jorge Steinhilber – Professor de Educação Física
- Kouros Monadjemi – Presidente da Liga Nacional de Basquete
- Manuela D’avila – Presidente da Frente Parlamentar de Esporte
- Márcia Lins – Secretaria de Esporte do Estado do Rio de Janeiro
- Marcio Braga – Ex-Presidente do Flamengo
- Orlando Silva – Ministro do Esporte
- Paulo Wanderley – Presidente da Confederação de Judô
- Rico de Souza – Vice Campeão Mundial de Surf
- Roberto Horcades – Presidente do Fluminense
- Romário – Tetra Campeão de Futebol
- Silvio Guimarães – Presidente do Sport Clube Recife
- Virna – Medalhista Olímpica

Novas adesões, envie e-mail para: esportecomdilma@gmail.com.
Entre neste time! Encaminhe o manifesto para sua rede de amigos.

Não Somos Partidários da Violência

Não Somos Partidários da Violência
Abaixo-assinado

Para: Povo Brasileiro

Lamentamos que nossos pretensos adversários, a título de campanha, tenham rebaixado tudo ao nível das acusações infundadas, fraudes, difamação e calúnias. Trouxeram gratuitamente a pauta da violência entre partidários opostos, como forma de vitimizar quem não tem comando, projeto, programa, liderança ou caráter.Por defenderem posições alheias ao nosso povo, não tiveram escrúpulos ao divulgar difamações e calúnias contra nossa candidata, Dilma Vana Rousseff, nosso Partido dos Trabalhadores, sua base, nosso líder Luiz Inácio Lula da Silva, nossos militantes e dirigentes.Por não terem escrúpulos na direção da destruição do nosso trabalho honesto e incansável na construção de uma nação orgulhosa de suas conquistas sociais, econômicas e políticas, provocam situações falsas de confronto físico para reforçarem suas denúncias criminosas pela falsidade.

Não compartilhamos da baixaria por termos o que mostrar!Temos a nosso favor, o melhor governo da história da república, capaz de superar crises, proporcionando desenvolvimento social e econômico, na contramão das cartilhas liberais ditadas pelos organismos de sustentação do universo capitalista.Temos como trunfos o desenvolvimento industrial, comercial, diplomático e a valorização das nossas posições internacionais, ganhando respeito das nações de todas as cores e tendências por sermos claros e termos lado. O lado da paz, da tolerância, do bem comum, do respeito à autodeterminação de cada nação.Temos no alto das nossas prioridades o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, para tirarmos do atraso a parcela da população que nunca antes tinha recebido nada além de assistencialismo fugaz e humilhante. Temos a melhor política de valorização do Salário Mínimo, a mais responsável e capaz de beneficiar toda a sociedade, que deu ganhos bem acima da inflação à massa de trabalhadores sem quebrar a Previdência ou sacrificar empresas.Temos o Bolsa Família proporcionando o crescimento digno da capacidade de se desenvolver para milhões de pessoas que antes estavam à margem da sociedade, à margem do consumo de elementos básicos para a sobrevivência. Temos no centro das ações em direção do desenvolvimento da nossa juventude os programas como o ProUni, que deu a mais de 700.000 jovens o direito de cursar uma universidade.Temos a criação de 14 novas Universidades Públicas aumentando em proporção exponencial as vagas existentes.

Temos isto e muito mais, como podemos ver nos olhares satisfeitos dos brasileiros em todos os cantos do país.Temos isto e muito mais, como demonstram as mudanças de tratamento dos brasileiros no exterior.Afinal, temos muito a mostrar e ainda temos quem possa dar continuidade. Com competência, firmeza e lealdade.Temos candidato, compromisso, projeto e programa.Temos Lula e sua sucessora, Dilma.

Diante disto eu pergunto:Qual motivo teríamos para instigar a violência?Qual pobreza moral teríamos ao instigar a intolerância religiosa num país marcado pela tolerância e a convivência pacífica de todas as crenças??Este papel sórdido cabe aos derrotados, aos maus caráteres, aos infames despeitados pela perda do poder.Este papel sórdido cabe aos traidores covardes que querem nos manter colonizados e submissos aos desejos dos donos de impérios.Por isso eu conclamo meus amigos, companheiros e companheiras de comunidade a se unirem pela vitória de Dilma no dia 31/10, com todas as nossas energias canalizadas para construir o bem comum.Construir a nossa nação orgulhosa, nossa casa e abrigo sem submissões ou covardias.Vamos fazer campanha com alegria, sem cair nas armadilhas dos criminosos.Vamos fazer campanha sem nenhuma violência física, sem nos acovardarmos no nível que os inimigos nos querem. Até a vitória com Dilma!!

Os signatários http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=APO13

domingo, 24 de outubro de 2010

O PROUNI VEM SENDO COMBATIDO NO STF PELA OPOSIÇÃO

O PROUNI VEM SENDO COMBATIDO NO STF PELA OPOSIÇÃO

FERNANDO HADDAD
“Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, é uma contradição que o candidato tucano à Presidência, José Serra, prometa manter e expandir o ProUni para o ensino técnico, enquanto o DEM de seu vice, Indio da Costa, tenta derrubar o programa na Justiça.
Demétrio Weber – O GLOBO

O GLOBO: O candidato Serra critica o MEC por falhas na organização do Enem, que foi adiado em 2009, após o roubo de provas…
FERNANDO HADDAD: Para mim, parece uma afirmação oportunista se valer de um crime que foi devidamente apurado, cujos responsáveis estão sendo processados e podem pegar até 14 anos de prisão
O GLOBO: Serra fala em reformular o Enem.
HADDAD: Eu não consigo entender o que significaria acabar com o novo Enem, reformulá-lo, uma vez que ele foi pactuado com 59 universidades federais e 38 institutos federais.
O GLOBO: Serra falou em reformular e não acabar com o exame.
HADDAD: O Enem só ganhou a importância que ganhou a partir do ProUni. As inscrições quadruplicaram a partir do momento em que o Enem foi entendido como porta de entrada nas instituições que participam do ProUni.
O GLOBO: A partir de 2004?
HADDAD: Sim. Desde então, o ProUni vem sendo combatido no STF pela oposição.Uma Ação Direta de Inconstitucionalidade foi proposta pelo DEM para que o Supremo declare a inconstitucionalidade da lei que criou o programa.
O GLOBO: A ação no Supremo é contra todo o programa ou só contra a reserva de vagas por critério racial?
HADDAD: Ela mira todo o programa. Se for aceita, o ProUni ficará reduzido a 15%, porque as entidades sem fins lucrativos ou filantrópicas, que representam 85% das matrículas, ficariam desoneradas de oferecer a contrapartida pelas isenções constitucionais de que gozam.
O GLOBO: Serra fala em manter o ProUni.
HADDAD: Ele fala (em manter o ProUni), mas o partido do vice dele não retirou a ação até hoje. A esta altura, seis anos depois, há uma contradição entre o que é feito no Judiciário e o que é proposto no Executivo (campanha de Serra). Uma contradição que poderia ser resolvida se o DEM fizesse um gesto, encaminhando ao Supremo uma ponderação de que não considera o ProUni inconstitucional.
O GLOBO: Isso é possível?
HADDAD: A qualquer momento. Essa contradição poderia ser resolvida com uma petição, reconhecendo o erro que quase pôs abaixo o programa. Porque bastava uma liminar, e eles pediram uma liminar. Se essa liminar fosse concedida, teríamos 700 mil universitários a menos no país hoje.”
FONTE: Postado por Luis Favre em seu blog (http://blogdofavre.ig.com.br/2010/10/o-prouni-vem-sendo-combatido-no-stf-pela-oposicao/).

Paulo Preto, ex-assessor de Serra, preso com dinheiro na meia

PAULO PRETO TINHA DINHEIRO NA MEIA QUANDO FOI PRESO
ABCD MAIOR tem acesso a BO Júlio Gardesani, no "ABCD Maior"

"Quase quatro meses após a prisão em flagrante do ex-assessor do candidato José Serra (PSDB), Paulo Viera de Souza, conhecido como Paulo Preto, o BO (Boletim de Ocorrência) da ação da Polícia Militar na prisão do ex-diretor do Dersa com uma jóia roubada foi obtido pelo ABCD MAIOR. Com Paulo Preto, além da jóia, a revista policial encontrou mais de R$ 11 mil. O ex-assessor de Serra foi preso no dia 12 de junho deste ano, na joalheria Gucci, dentro do shopping Iguatemi.Preso, Paulo Preto foi encaminhado ao 15° DP, no Itaim Bibi. Testemunha ocasional da prisão, Celso Russomano (PP), então pré-candidato ao governo do Estado de São Paulo, garante que Paulo Preto “portava dinheiro nas meias”.“Eu vi a prisão. Vi que a delegada estava sofrendo pressão para não mantê-lo preso. Parte do dinheiro apreendido com Paulo Preto estava em suas meias e no casaco, me apontaram os policiais”. O progressista afirma que encontrou Paulo Preto no DP por acaso.“Pelo destino, acabei conduzindo um segurança particular de um condomínio que estava determinando quem podia e não podia estacionar em um espaço público. Quando cheguei ao 15° DP acompanhei a prisão de Paulo Preto”, relembra.”

FONTE: Do "Viomundo", do jornalista Azenha, publicado no portal “Conversa Afiada”, do jornalista Paulo Henrique Amorim (www.conversaafiada.com.br/politica/2010/10/19/paulo-preto-tinha-dinheiro-na-meia-quando-foi-preso/).



Engenheiro e ex-diretor do Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, personagem revelado em agosto por ISTOÉ que tem trazido constrangimento para a campanha do candidato tucano à Presidência, José Serra. Até agora, era sabido que Paulo Preto, além de ex-diretor da estatal responsável pelas principais obras viárias de São Paulo, virou alvo de acusações de líderes do PSDB porque teria dado sumiço em R$ 4 milhões arrecadados de forma desconhecida para a campanha tucana.

“Ele tinha dinheiro na meia”
Policiais encontram mais de R$ 11 mil nas roupas do engenheiro
“Ela (a delegada) recebeu ligação do Aloysio, do delegado-geral e do delegado do Decap”
ISTOÉ – O sr. testemunhou a prisão do Paulo Preto?
Celso Russomano – Foi uma coincidência. Eu tinha ido ao 15° Distrito para resolver um outro problema envolvendo um segurança particular de um condomínio, que estava determinando quem podia e não podia estacionar em um espaço público. Quando eu cheguei à delegacia, a delegada titular do distrito me contou o que estava acontecendo. Ela me disse que o Paulo Preto estava lá e vi que ela estava sofrendo uma pressão grande.
ISTOÉ – Pressão de quem?
Celso Russomano – Ela recebeu ligação do Aloysio (Nunes Ferreira), recebeu ligação do delegado-geral, do delegado do Decap, isso tudo na minha frente, para aliviar o Paulo Preto. A pressão era para não prendê-lo em flagrante delito. E aí eu até a aconselhei, dizendo para ela agir da forma correta. Disse até que ela não poderia prevaricar, senão seria crime. Ainda perguntei para ela: “Como a senhora vai explicar para o segurança e o gerente da loja que estão aqui?”
ISTOÉ – E o que ela disse?
Russomano – Ela disse, na frente do batalhão de advogados que estava lá, que realmente não poderia fazer nada errado e que se o Paulo Preto tinha sido encontrado com joia roubada ele era mesmo receptador. Ela então me relatou que quando o Paulo Preto foi preso e conduzido para o distrito havia sido encontrado dinheiro nas meias, na calça e na jaqueta. Ou seja, em todo lugar da roupa dele tinha dinheiro.
ISTOÉ – O que aconteceu depois?
Russomano – Depois dessa história várias pessoas me procuraram dizendo “É, você estava na delegacia, tal, esse cara é um cara que você precisava conhecer…” Respondi que não precisava conhecer, não. Conhecer por quê? Aí me disseram que hoje ele tem muita força.

sábado, 23 de outubro de 2010

Serra e as bolinhas de Ali Kamel no “JN”

Serra e as bolinhas de Ali Kamel no “JN”
publicada sexta-feira, 22/10/2010,por Mauro Carrara
no blog do Rodrigo Vianna.

Nas ruas, nas praças, nas construções: a Rede Globo de Televisão causa estarrecimento, repulsa e vergonha alheia.
Nesta eleição presidencial, seguindo o exemplo dos jornais Folha de S. Paulo e Estadão, bem como dos veículos midiáticos da editora Abril, a empresa da família Marinho transformou sua programação em complemento desesperado e mal disfarçado da propaganda de José Chirico Serra e do PSDB.
Ao perceber o crescimento de Dilma Rousseff na preferência do eleitorado, o comando tucano resolveu tentar soluções “heterodoxas”, isto é, gerar fato novo que desviasse a atenção das vulnerabilidades da campanha serrista, como o caso Paulo Preto e a entrega anunciada de Itaipu, Banco do Brasil e Petrobrás a piratas de agência de pilhagem como a Warburg Pincus.


1) Obviamente, a encenação foi realizada no Rio de Janeiro, com o apoio tático e logístico de Cesar Maia, especialista na criação de factoides dessa natureza. Em 2007, apresentei na rede inúmeros testemunhos de que o ex-prefeito do Rio havia tramado o episódio das vaias a Lula na abertura do Pan.

2) Qualquer analista político sabe que Serra nada tinha que fazer no calçadão de Campo Grande, exceto atrair a ira de setores da população abandonados e humilhados durante o governo de FHC.

3) O caso dos “mosquiteiros” é motivo de revolta até hoje no Rio de Janeiro, onde Mr. Burns é também conhecido como Mr. Dengue.

4) Todos os jornalistas presentes ao local perceberam uma quantidade excessiva de seguranças contratados pela máquina tucana. Agiram, desde o início de forma ostensiva, violenta e provocativa.

5) O ridículo episódio da bolinha de papel, cristalinamente gravado pelas câmeras do SBT, atesta que o suposto agressor não tinha interesse em ferir o candidato. Interessante que nenhum dos dezenas de seguranças do PSDB o tenha capturado.

6) Boa parte dos jornalistas presentes, inclusive aqueles do próprio SBT, sustentam que Serra não foi alvejado uma segunda vez.

7) Tanto a bolinha de papel quanto o objeto transparente (e invisível) criado pelo consórcio Folha-Globo para enganar o eleitor teriam colidido com uma região da cabeça diferente daquela que Serra aponta em seu teatro de coitadismo bufo.

8) Ainda que tivesse existido um segundo objeto, não é possível acreditar que tivesse dois quilos ou mesmo meio quilo, conforme divulgou o comando da campanha tucana da Globo e da Folha de S. Paulo.

9) Ainda que um suposto rolinho de fita adesiva tenha resvalado em Serra, o brasileiro mais inteligente pergunta: onde está o hematoma na cabeça do candidato? Sumiu de um dia para o outro? Justificaria uma tomografia?

O suposto atentado a Serra-Rojas constituiu-se na peça mais patética da campanha midiática. E expôs também todo o desespero e a desonestidade que marcam a participação de Folha de S. Paulo e Globo na eleição presidencial.
Tentam, tentam e tentam fazer o cidadão de otário. Procuram zombar de sua inteligência e bom senso.
Mais estarrecedora, no entanto, é a passividade TSE, completamente cego aos atentados eleitorais cometidos pelo grupo Globo-Abril-Folha-Estado.
Ali Kamel, o cérebro destrutivo que coordena William Bonner e Fátima Bernardes, tenta suas últimas cartadas.


Ele tem outras bolinhas nas mãos, estas ocas e vermelhas. Tenta colá-las no seu nariz.

TIRIRICA, A VINGANÇA DO POVO!

TIRIRICA, A VINGANÇA DO POVO!

No último dia 3 de outubro, o Brasil conheceu alguns dos seus novos mandatários. Governadores, senadores, deputados federais e estaduais, restando para ser decidida em segundo turno a eleição presidencial e de outros tantos governadores. Muitos foram os assuntos que fomentaram a campanha eleitoral, debates, corrupção, aborto, religião, “ficha limpa”... Entretanto, um assunto em especial roubou a cena nos noticiários, a eleição de Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido como Tiririca, apelido recebido da mãe, por achá-lo muito sisudo. Tiririca nasceu em Itapipoca, cidade de 114 mil habitantes no sertão cearense. Tem sete irmãos. Começou a trabalhar aos oito anos. Foi vendedor de algodão-doce e picolé. A carreira como palhaço iniciou no circo. Também foi equilibrista, malabarista e mágico. Nos anos 1990, ganhou projeção com o sucesso da música Florentina.

O famoso humorista, palhaço, agora deputado federal, foi eleito pelo PR paulista com expressivos 1.353.820 votos. Para se ter uma idéia, o segundo colocado, Gabriel Chalita do PSB, obteve 559.118 votos, Luiza Erundina, do mesmo partido, ex-prefeita da capital, recebeu 213.900 votos, sendo 178.003 votos dos paulistanos. Acontece que Tiririca, só na cidade de São Paulo, teve mais do dobro dos votos de Erundina, exatos 436.014 eleitores escolheram o palhaço como seu representante. Tiririca recebeu a segunda maior votação da história para o cargo de deputado federal no Brasil, título ostentado até então pelo falecido Dr. Enéas, que obteve mais de 1,5 milhões de votos em 2002, também no estado de São Paulo. A votação é tão absurda que, em quinze estados da federação, seria suficiente para Tiririca ser eleito governador.

A eleição do comediante não foi notícia apenas no Brasil, alguns jornais e revistas internacionais deram destaque ao fato. O blog "Americas", da revista britânica "The Economist", afirmou ser "deprimente e estranho", um país que tem a "tecnologia maravilhosa" das urnas eletrônicas, eleger Tiririca com mais de um milhão e meio de votos. Afirma ainda que a lei eleitoral brasileira induz à corrupção, já que os candidatos com grande votação ajudam a eleger outros do mesmo partido ou coligação. Esse sistema, diz o blog, cria "olheiros" em busca de candidatos "puxadores" de votos. A rede televisiva americana "CBS", afirmou em seu site que, "os americanos podem achar que a nação é conduzida por um grupo de palhaços em Washington (EUA), porém milhares de cidadãos brasileiros foram às urnas no domingo para eleger um verdadeiro palhaço para o Congresso”. O site do jornal britânico, "Financial Times", diz que Tiririca é um "sarcástico protesto do sistema político atual". O texto lembrou que atores e comediantes frequentemente se tornam políticos, como Arnold Schwarzenegger, que foi eleito governador da Califórnia em 2003. A BBC diz que analistas explicam a popularidade de Tiririca como reflexo da desilusão com escândalos políticos. O texto do site da rede britânica diz que, além de Tiririca, outras celebridades foram eleitas, como os ex-jogadores de futebol Romário e Bebeto. O argentino Clarín, chamou a candidatura de Tiririca de "manobra marqueteira". "Sua campanha se baseia na ignorância, no desconhecimento do que fazem os deputados, na honestidade brutal, ("Quero ser deputado para ajudar minha família!"), e em slogans que vão ficar na história". “Tiririca, pior que ta, não fica” e "Você sabe o que um deputado federal faz? Também não sei, mas vote em mim que eu te conto depois".

Penso que outro aspecto mereça ainda uma reflexão. Analistas políticos, jornalistas e políticos de outros estados, inclusive de Minas Gerais, vangloriavam-se por Tiririca ter sido eleito em um estado que não o seu. Não sei o que se passa na mente destes cidadãos, todavia tal afirmação me causa verdadeiro torpor, afinal, Tiririca, se empossado, (o TSE intimou Tiririca a provar não ser analfabeto), não assumirá seu cargo na Assembléia Legislativa Paulista, e sim no Congresso Nacional, ou seja, será mais um dos 513 deputados federais do Brasil, representante de todos os brasileiros. Alguns creditam a eleição de Tiririca ao descontentamento da população com os atuais políticos, outros dizem ser um voto de protesto, alguns afirmam ter ele recebido o voto dos mais humildes ou dos ignorantes. São muitas as teses, talvez todos estejam certos. Ou errados? Haverá semelhança no voto dado ao palhaço, aos votos do Dr. Enéas, Clodovil, Frank Aguiar, ou Maluf? Trazendo esta reflexão para Minas Gerais. Elegemos no último pleito personagens como Newton Cardoso, Marques e Gustavo Perrella. Os dois primeiros são conhecidos do grande público, Newton já foi até governador do estado, Marques, o último grande ídolo da torcida atleticana, porém, Gustavo Perrella, tem apenas o sobrenome do pai, o presidente do Cruzeiro. O que estes três mineiros teriam em comum com Tiririca, penso que nada, entretanto, a eleição deles pode ter muita semelhança. Não posso dizer que Marques e Gustavo Perrella serão maus políticos, mas quais são os motivos que os fizeram eleitos? O primeiro deve ter obtido a maioria dos votos de torcedores apaixonados, o segundo votos conquistados pelo sobrenome e dinheiro do pai. Haverá alguma consciência política nestes eleitores? Será que vislumbraram nestes cidadãos propostas para o estado e o país? E quanto a Newton Cardoso? Um dos políticos mais controversos do estado, acusado frequentemente de corrupção e tantos outros atos nada nobres. De onde viriam seus votos? Dos cidadãos de Contagem ou do interior do Estado? Não sei, entretanto também desconfio que seja um voto consciente.

Mais uma pergunta: Quem fará maior mal ao país? Um cidadão ignorante, analfabeto, se é que Tiririca o é, ou os doutores? Não apenas por terem formação superior, mas por serem doutores em “maracutaias” e corrupção, como Newton Cardoso, Paulo Maluf, Jader Barbalho, José Sarney, e tantos outros que infestam a câmara dos deputados e o senado federal. Quanto aos estadunidenses que zombam de nós por ter no congresso nacional um palhaço, me envergonharia mais se, depois de uma confusa eleição, descobrisse que o eleito fosse o Bush, um dos maiores facínoras da história.

Enfim, lembram-se do começo? Tiririca, a vingança do povo! Continuo acreditando que a maior vítima será esse mesmo povo brasileiro, pois votos de protesto foram aqueles endereçados ao Macaco Tião no Rio de Janeiro, ao Mosquito da Dengue no Espírito Santo e ao Idi Amin aqui em Minas Gerais, quando as cédulas ainda eram de papel. Eleger Tiririca e ainda levar alguns colegas de partido, não é protesto. Todavia, durante muitos anos os maus políticos nos fazem de palhaços, agora 1.353.820 BRASILEIROS resolveram eleger um palhaço para fazer companhia aos políticos no congresso. Só espero que Tiririca, ao final do mandato, possa voltar para os programas de TV e nos fazer rir, mostrar os mesmo dentes que a ele faltam, pois o palhaço corre o risco de aprender algumas lições com seus novos pares e sair de Brasília de camburão, direto para a PRISÃO.

Flávio Borges - estudante de Direito da PUC-MG.