sábado, 23 de julho de 2011

Inaceitável o aumento dos juros

Inaceitável o aumento dos juros; imperativo mudar de política

O Banco Central voltou a elevar na última quarta-feira (20) em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros, para 12,5% ao ano. É a quinta elevação sucessiva. Com ela, a autoridade monetária sinaliza que dará continuidade à política de contenção do crescimento econômico, sob o pretexto de diminuir as pressões inflacionárias. O Brasil continua sendo o detentor do nada honroso título de campeão mundial em juros reais ao ano, com nada menos 6,8%, muito distante do segundo colocado, o Uruguai, que figura com 2,4%.

Como é natural, a medida mereceu o repúdio dos trabalhadores e das suas centrais sindicais, assim como de entidades empresariais ligadas à produção e ao comércio.

Ao informar sobre a medida através de comunicado lacônico, o Banco Central substituiu a expressão “ajuste suficientemente prolongado”, para a frase: “(...) decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic para 12,50% ao ano, sem viés”. O enfoque deixou em alguns a impressão de que o ciclo de ajustes para cima da taxa de juros poderá ter sido interrompido e não se repetirá em agosto. Ainda veremos. Em uma semana o Banco Central divulga a ata da sua reunião, em que oferecerá mais detalhes sobre as razões que levaram ao último aumento e sua visão perspectiva. Até lá o “senhor mercado” usará as pressões de sempre para que a autoridade monetária continue capitulando aos seus ditames.

Quando o economista Tombini, de “sólida formação acadêmica” e saído dos quadros “técnicos” da diretoria do Banco Central, foi alçado à condição de presidente da instituição, em substituição a Henrique Meirelles, cuja gestão ao longo dos oito anos do mandato do ex-presidente Lula, correspondeu aos interesses da banca monopolista nacional e internacional, o ministro da fazenda Guido Mantega, comemorou. Na ocasião, declarou que o novo presidente do BC não devia “vassalagem” a esses interesses. É notório que a gestão de Meirelles foi um dos aspectos mais vulneráveis do governo do presidente Lula, aos olhos do movimento democrático, popular e patriótico, que por diversas vezes repudiou a política monetária do Banco Central e denunciou o “rabo preso”, como diz a gíria popular, dessa autoridade com a banca internacional, de cujos quadros (o Banco Boston) saíra seu ex-presidente.

A insistência em uma política sabidamente lesiva aos interesses nacionais e dos trabalhadores, vinculada aos apetites vorazes do mercado financeiro, está a revelar que não basta “solidez acadêmica” e “visão técnica” para se distinguir do ex-banqueiro. O fato é que o Banco Central adquiriu uma autonomia de fato e fechou questão em torno dos dogmas da ortodoxia neoliberal e financista, incompatíveis com uma política de desenvolvimento nacional e progresso social.

Independentemente das especulações quanto ao curto prazo – se em agosto a Selic aumenta ou não outra vez –, muitos estragos já foram feitos.

O aumento da taxa básica de juros é um dos aspectos de um tripé perverso que compromete o desenvolvimento nacional. Os outros dois são o arrocho fiscal e o câmbio sobrevalorizado.

A permanência da política macroeconômica é inaceitável, pois compromete a realização das mudanças ansiadas pelos trabalhadores e o povo brasileiro. Mudar essa política, reorientando suas prioridades para estimular o crescimento econômico e o desenvolvimento nacional com distribuição de renda e valorização do trabalho, é o grande desafio que deve mobilizar as energias do povo brasileiro, através de suas lideranças políticas e organizações sociais, e a vontade política do governo.


Editorial do portal vermelho.  21 de Julho de 2011 

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O governo é refém do sistema financeiro


A dominância financeira

A mídia depende de verbas publicitárias, que vêm do mercado financeiro e os bancos são importantes financiadores de políticos nas campanhas eleitorais, obtendo força nas decisões políticas de seus interesses. Eles têm equipes de economistas em seus quadros e de consultorias para defenderem posições que lhes interessam. O resultado é que são raras as oportunidades de expressão de posições divergentes em relação ao que poderia chamar de pensamento único na economia. 

Amir Khair

Se existe um problema grave na economia brasileira, ela se chama taxa de juros. Existem duas taxas de juros distintas no Brasil. A Selic, que é a taxa básica de juros definida pelo governo, e a taxa de juros cobrada pelos bancos aos seus clientes (empresas e pessoas).

A diferença entre elas é denominada de spread bancário, considerado o Brasil, em vários estudos internacionais, como tendo o spread mais elevado do mundo há muitos anos. É a principal fonte do lucro dos bancos, sem a interferência do governo, que têm os instrumentos legais para regular esses exageros, o que evidencia a gravidade do problema e sua subserviência ao mercado financeiro.

A Selic é a mais alta do mundo, também há vários anos. Assim, essas duas taxas apresentam a maior aberração e trava macroeconômica, que tem impedido que o Brasil avance na economia de forma saudável, pois as taxas de juros elevam em excesso as despesas do governo, das empresas e dos consumidores e, o que é mais grave, com o apoio da maioria dos economistas, que têm espaço na mídia, defendendo que as taxas de juros têm que ser elevadas para controlar a inflação.

Não é de se estranhar isso, pois a mídia depende de verbas publicitárias, que vêm do mercado financeiro e os bancos são importantes financiadores de políticos nas campanhas eleitorais, obtendo força nas decisões políticas de seus interesses. Eles têm equipes de economistas em seus quadros e de consultorias para defenderem posições que lhes interessam. O resultado é que são raras as oportunidades de expressão de posições divergentes em relação ao que poderia chamar de pensamento único na economia.

O fato é que o Brasil convive com essas taxas de juros, quando países de economia semelhante à nossa têm taxas muito inferiores e com inflação igual ou menor que a nossa.

A principal explicação para essas anomalias é a submissão do governo ao mercado financeiro. A presidente Dilma começou bem, dando a diretriz de redução da Selic até 2014, para 2%, excluída a inflação. É uma meta tímida e demorada, que não vai ajudar a resolver logo essa questão. A meta de 2% é elevada em relação aos níveis dos países emergentes que estão negativas em 0,5% atualmente. Sobre o spread o governo não se pronunciou determinando limites, tendo poder para isso.

O Brasil tem taxa básica de juros real de 6,8%, mais de quatro vezes (!) o segundo colocado em pior posição, que é o Chile com 1,5%. A média dos 40 países da amostra deu negativa de 0,9%.

A Selic é definida pelos diretores do Banco Central, em reuniões a cada seis semanas, no Comitê de Política Monetária (Copom). O Banco Central (BC) consulta semanalmente as instituições do mercado financeiro, divulgando-as no boletim Focus, para saber que estimativas fazem essas instituições sobre a inflação para o ano em curso, os próximos doze meses e para o ano seguinte.

Essas instituições informam a decisão que esperam seja tomada pelo Copom em relação à Selic nas próximas reuniões até o final do ano seguinte.

O Focus é apresentado pela mídia como sendo as previsões do mercado para a inflação, Selic, crescimento econômico, taxa de câmbio e produção industrial. Tem a finalidade de orientar as expectativas dos agentes econômicos. Mas orientar expectativas é de suma importância e, para isso, pressupõe a escolha de uma amostra representativa do mercado. No caso o mercado financeiro representa apenas 7% (!) do mercado, e tem interesse na elevação da Selic.

O problema é que a mídia divulga essas expectativas como sendo do mercado, e com isso acaba orientando os agentes econômicos (empresas e pessoas) em suas decisões sobre inflação, crescimento, etc.

Várias vezes o BC foi questionado por usar uma amostra não representativa das previsões do mercado, mas não mudou, o que é estranho e danoso. Faz o contrário do que é feito internacionalmente pelos bancos centrais e governos que se preocupam com a credibilidade e orientação adequada das expectativas dos agentes econômicos.

Fato mais grave é que o Copom acaba definindo a Selic, que é indicada pelo mercado financeiro em praticamente 100% das vezes, ou seja, só serve para referendar uma Selic elevada. Quanto mais elevada, melhor, pois sai daí parcela importante dos lucros obtidos com prejuízos equivalentes do único devedor da Selic, o governo federal. Esse prejuízo em última instância sai do bolso do contribuinte através dos tributos que paga.

Esse prejuízo atingiu nos últimos doze meses até maio, R$ 220 bilhões ou 5,7% do PIB, quando no mundo esse custo é de 1,8% do PIB. A perda de 3,9% do PIB (5,7 menos 1,8) é injustificável, pois é possível controlar a inflação nos demais países com taxas básicas de juros bem inferiores às aqui aplicadas.

Esse prejuízo será ainda maior até o final deste e do próximo ano, caso o Copom continue seguindo as previsões da Selic do mercado financeiro em suas reuniões. A dívida do setor público irá continuar subindo pelos juros crescentes e pelas injustificadas transferências por parte do Tesouro de novos R$ 55 bilhões ao BNDES. Esse valor foi obtido com a emissão de novos títulos que pagam juros Selic.

Assim, não sobram recursos para o governo expandir suas atividades nas áreas estratégicas da saúde, educação, assistência social, previdência, segurança pública, habitação, investimentos em equipamentos para a expansão dessas atividades e para a infraestrutura do País.

A gravidade dessa situação é que ela vem de longa data, e já foi pior, pois após o Plano Real, as despesas com juros atingiram a média de 8,6% do PIB no governo FHC (1995 a 2002) e de 6,2% no governo Lula (2003 a 2010). A média dos 16 anos (1995 a 2010) foi de 7,8% (!) Em valores atualizados pelo IPCA os juros atingiram nesses 16 anos R$ 3,7 trilhões (!) Caso não tivesse trilhado esse caminho suicida, o País seria outro, com situação fiscal equilibrada, e recursos suficientes para reduzir o elevado déficit social e de infraestrutura existente.

A consequência dessa política monetária, com a benção do governo, é que ele fica obrigado a obter resultados primários (receitas menos despesas, exclusive juros) elevados para pagar apenas parte dos juros, resultando em déficits fiscais, que obrigam a emitir mais títulos de dívida. É uma bola de neve crescente para as finanças públicas, que continuará a rolar ladeira abaixo caso não caia rapidamente a Selic.

Agravantes da Selic com a crise de 2008
Com a crise de 2008, os países desenvolvidos emitiram vários trilhões de dólares, euros e ienes para socorrer seus bancos que estavam em situação falimentar e a maior parte dessas emissões com taxas de juros próximas a zero foram em busca de aplicações em outros países que ofertavam taxas de juros mais elevadas, e o Brasil é o preferido dessa dinheirama que vem para cá, lucrando e repatriando esses lucros, que saem do Tesouro Nacional, ou seja, dos contribuintes brasileiros que pagam tributos ao governo federal.

Assim, o BC dá de presente aos capitais internacionais quantias elevadas de recursos, que irão faltar para serem usados no País.

Existem outros danos causados pelo BC, pois é ele que detém as reservas internacionais em dólares do País, que já ultrapassaram a US$ 333 bilhões em maio e continuam subindo com velocidade. Essas reservas custam aos cofres públicos juros equivalentes à Selic e são aplicadas, especialmente, em títulos do Tesouro americano que não rendem praticamente nada e são penalizadas pela queda do dólar face ao real durante todo o período de existência das reservas.

Em 2010 o BC causou um rombo de R$ 50 bilhões com essa política suicida e, neste ano como as reservas cresceram muito mais do que em 2010, e a Selic média será mais elevada do que em 2010, estima-se que o rombo causado pelo carregamento dessas reservas poderá ultrapassar R$ 70 bilhões (!). Se continuar elevando essas reservas, sem reduzir a Selic no próximo ano, como prevê o mercado financeiro, esse rombo em 2012 poderá chegar a R$ 90 bilhões (!)

Mas os danos causados por essa Selic não param por aí. Como dissemos, a dinheirama espalhada pelo mundo pelos países desenvolvidos são atraídos para o Brasil devido à Selic elevada, sem correr riscos e podendo repatriar os lucros rapidamente (alta liquidez). O ganho desses capitais é ainda maior do que só com os juros. Em junho de 2010, cada dólar valia R$ 1,81 e agora R$ 1,55 (dia 4/7). Ganham, pois duplamente: nos juros e na valorização do real.

Com a valorização do real, que não para, as importações ficaram mais baratas e substituíram produtos fabricados no País, gerando desempregos aqui e criando empregos lá fora. Os consumidores saem ganhando nessa situação por terem mais escolhas nos produtos, que apresentam qualidade similar ao produzido aqui e com preços inferiores.

As exportações foram, também, prejudicadas, pois ficaram mais caros os produtos fabricados aqui no confronto com os produtos similares de outros países. Mas é importante considerar se o desemprego gerado não irá causar redução do consumo. Já criou rombos nas contas externas desde 2008.

Diante dessas realidades não resta ao governo alternativa se não enfrentar a dominância financeira, que vem travando o desenvolvimento econômico e social do País. Não se trata de problema técnico ou econômico, mas de decisão política e, para isso, é necessário afrontar os interesses impostos pelo mercado financeiro. O governo até agora não demonstrou disposição nesse sentido.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Sistema Financeiro manda no Banco Central


Variáveis inflacionárias controlaram-se, menos previsão do 'mercado'

Para o coordenador do Grupo de Análises e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Roberto Messenberg, atividade econômica, mercado de trabalho, crédito e preço de commodities estão sob controle, deram trégua à inflação e não justificam mais aumento de juros pelo Banco Central. Só há um elemento fora de controle, as expectativas do 'mercado', que tem produzido avaliações descoladas do mundo real para manter o juro alto. "Talvez seja hora de o BC jogar mais duro", disse Messenberg.

André Barrocal
BRASÍLIA – A atividade econômica está menos veloz, o mercado de trabalho segue aquecido mas em ritmo moderado, o avanço do crédito desacelerou, o preço dos alimentos e dos combustíveis parou de subir. Não por acaso, os últimos índices de inflação mostram perda de força. Por tudo isso, o Banco Central (BC) não tem motivo para elevar a taxa de juros na noite desta quarta-feira (20/07). Só um elemento justificaria o conservadorismo. A visão do “mercado”, que ignora dados reais e mantém expectativas de inflação mais pessimistas.

A avaliação é do economista Roberto Messenberg, coordenador do Grupo de Análises e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Ele é responsável por um boletim trimestral do Ipea que analisa a conjuntura econômica cuja edição mais recente foi divulgada nesta quarta-feira, poucas horas antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.

“Do ponto de vista das variáveis reais, não há motivo para aumentar a taxa de juros”, afirmou Messenberg. “Só há um senão: o Banco Central não opera de forma completamente isolada do mercado financeiro, que consegue exercer força e pressão com suas expectativas. Esta é a única variável que não foi controlada ainda.”

O “mercado” a que se refere o economista se expressa toda semana por meio de uma pesquisa feita pelo BC sobre juros e inflação com cerca de 100 instituições, a maioria ligada ao sistema financeiro. O levantamento divulgado segunda-feira (18/07) mostra que o “mercado” continua mantendo para o ano que vem uma previsão de inflação superior à meta que o BC diz perseguir.

O debate sobre a inflação de 2012 tornou-se importante desde que o BC avisou que não trabalharia para atingir a meta de 4,5% em 2011, mas só em 2012. Depois dessa decisão, o “mercado”, que antes projetava uma inflação até 4,5% no ano que vem, passou a prever mais – a última estimativa é de 5,2%.

Para Messenberg, a inflação sob controle em 2011 mostra que o Banco Central acertou todos os diagnósticos feitos este ano sobre o controle da inflação, construiu credibilidade com isso e, agora, deveria “ir contra o mercado financeiro”. “Talvez seja hora de o Banco Central jogar mais duro. Poderia ter uma estratégia de mostrar mais auto-confiança. O BC acertou tudo até agora”, afirmou.

Segundo o economista, o mercado continua enfrentando o BC e produzindo prognósticos diferentes por vício e interesse. “O mercado se acostumou a uma administração de política monetária que está completamente obsoleta no mundo inteiro. A realidade mudou, o mundo se complicou, não existe mais só o instrumento da taxa de juros contra a inflação”, disse. “Mas quando a taxa se eleva, o mercado ganha dinheiro e quem sofre são outros atores.”


BC admite que seria melhor mudar perfil de pesquisa de 'mercado'

Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reconhece no Senado que há peso excessivo do sistema financeiro na pesquisa semanal do BC com o "mercado" sobre inflação. Para ele, seria "melhor" que houvesse mais "diversidade" de entrevistados, mas mudança não dependeria só do banco. Levantamento, conhecido como Focus e dominado pelas finanças, influencia decisões do BC sobre taxas de juros. "Pessimismo" maior hoje não é dos bancos, mas de fundos administradores de dinheiro alheio.

André Barrocal
BRASÍLIA – O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, admitiu nesta terça-feira (05/07) que seria “melhor” mudar o perfil da pesquisa semanal do BC sobre inflação e juros feita com entidades tidas como representativas do “mercado”. O levantamento, conhecido como Focus, é dominado pelo sistema financeiro e tem grande poder de influenciar as decisões do BC sobre juros. “Mais diversidade seria melhor”, disse Tombini, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Na pesquisa Focus, o BC entrevista de 90 a 100 instituições uma vez por semana. Dois terços pertencem ao sistema financeiro. São bancos e fundos administradores de dinheiro alheio. A economia real – entidades industriais ou comerciais, por exemplo – responde pelo outro terço. O resultado é divulgado toda segunda-feira, na internet.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), representantes da “economia real”, estão unidas na crítica à pesquisa e na defesa de uma reformulação dela.


CUT e Fiesp querem fim do poder de pesquisa de 'mercado'; BC nega

Com poder de influenciar decisões do Banco Central sobre taxa de juros, pesquisa semanal com 'mercado' é alvo de críticas de trabalhadores e de empresários do setor real da economia, que pedem mudanças. BC diz que levantamento é importante, não muda e que qualquer um pode aderir. Em dez anos, entrevistados já acertaram 75% das apostas sobre juros.

André Barrocal
BRASÍLIA – O Banco Central (BC) consulta toda semana de 90 a 100 instituições sobre as expectativas delas para inflação, crescimento econômico e taxas de juros, entre outros assuntos. É uma pesquisa que dá poder aos entrevistados. Suas respostas influenciam decisões do BC como, por exemplo, juros. Por isso, trabalhadores e empresários defendem mudanças no levantamento. Mas o BC discorda e diz que o modelo atual é importante e segue padrão internacional.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, afirma que ninguém é mais “mercado” - em tese, o setor de cuja opinião o Banco Central está atrás nas pesquisas semanais – do que a entidade sindical dele. “Eu tenho sete milhões de trabalhadores na CUT, como é que eu não sou mercado?”, questiona Artur, que gostaria de ter seu ponto de vista levado em conta pelo BC.

Além de pedir modificações no levantamento, conhecido como Focus, a CUT reivindica também um novo modelo para o Conselho Monetário Nacional (CMN). Formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do BC, o Conselho define, por exemplo, a meta de inflação que o banco persegue. É uma reivindicação que vem desde o governo Lula, sem sucesso.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, é outro que condena o formato e o poder da pesquisa. “Há muito tempo que o mercado montou uma rede de proteção social que só defende o valor da moeda”, afirma Skaf. “É preciso acabar com essa ditadura do Focus.”

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Por que a população não sai às ruas contra a corrupção?


As respostas que O Globo preferiu não aproveitar

Por que a população não sai às ruas contra a corrupção?



O jornal O Globo publicou uma reportagem no domingo para questionar por que os brasileiros não saem às ruas para protestar contra a corrupção.
Para fazer a matéria, os repórteres Jaqueline Falcão e Marcus Vinicius Gomes entrevistaram os organizadores das manifestações de defesa dos direitos dos homossexuais e da legalização da maconha. E a Coordenação Nacional do MST.
A repórter Jaqueline Falcão enviou as perguntas por correio eletrônico, que foram respondidas pela integrante da coordenação do MST, Marina dos Santos, e enviadas na quinta-feira em torno das 18h, dentro do prazo.
A repórter até então interessada não entrou mais em contato. E a reportagem saiu só no domingo. E as respostas não foram aproveitadas.
Por que será?
Abaixo, leia as respostas da integrante da Coordenação Nacional do MST que não saíram em O Globo.
Por que o Brasil não sai às ruas contra a corrupção?
Arrisco uma tentativa de responder essa pergunta ampliando e diversificando o questionamento: por que o Brasil não sai às ruas para as questões políticas que definem os rumos do nosso país? O povo não saiu às ruas para protestar contra as privatizações — privataria — e a corrupção existente no governo FHC. Os casos foram numerosos — tanto é que substituiu-se o Procurador Geral da Republica pela figura do “Engavetador Geral da República”.
Não saiu às ruas quando o governo Lula liberou o plantio de sementes transgênicas, criou facilidades para o comércio de agrotóxicos e deu continuidade a uma política econômica que assegura lucros milionários ao sistema financeiro.
Os que querem que o povo vá as ruas para protestar contra o atual governo federal — ignorando a corrupção que viceja nos ninhos do tucanato — também querem ver o povo nas ruas, praças e campo fazendo política? Estão dispostos a chamar o povo para ir às ruas para exigir Reforma Agrária e Urbana, democratização dos meios de comunicação e a estatização do sistema financeiro?
O povo não é bobo. Não irá às ruas para atender ao chamado de alguns setores das elites porque sabe que a corrupção está entranhada na burguesia brasileira. Basta pedir a apuração e punição dos corruptores do setor privado junto ao estatal para que as vozes que se dizem combater a corrupção diminua, sensivelmente, em quantidade e intensidade.
Por que não vemos indignação contra a corrupção?
Há indignação sim. Mas essa indignação está, praticamente restrita à esfera individual, pessoal, de cada brasileiro. O poderio dos aparatos ideológicos do sistema e as políticas governamentais de cooptação, perseguição e repressão aos movimentos sociais, intensificadas nos governos neoliberais, fragilizaram os setores organizados da sociedade que tinham a capacidade de aglutinar a canalizar para as mobilizações populares as insatisfações que residem na esfera individual.
Esse cenário mudará. E povo voltará a fazer política nas ruas e, inclusive, para combater todas as práticas de corrupção, seja de que governo for. Quando isso ocorrer, alguns que querem ver o povo nas ruas agora assustados usarão seus azedos blogs para exigir que o povo seja tirado das ruas.
As multidões vão às ruas pela marcha da maconha, MST, Parada Gay…e por que não contra a corrupção?
Porque é preciso ter credibilidade junto ao povo para se fazer um chamamento popular. Ter o monopólio da mídia não é suficiente para determinar a vontade e ação do povo. Se fosse assim, os tucanos não perderiam uma eleição, o presidente Hugo Chávez não conseguiria mobilizar a multidão dos pobres em seu país e o governo Lula não terminaria seus dois mandatos com índices superiores a 80% de aprovação popular.
Os conluios de grupos partidários-políticos com a mídia, marcantes na legislação passada de estados importantes — como o de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul — mostraram-se eficazes para sufocar as denúncias de corrupção naqueles governos. Mas foram ineficazes na tentativa de que o povo não tomasse conhecimento da existência da corrupção. Logo, a credibilidade de ambos, mídia e políticos, ficou abalada.
A sensação é de impunidade?
Sim, há uma sensação de impunidade. Alguns bancos já foram condenados devolver milhões de reais porque cobraram ilegalmente taxas dos seus usuários. Isso não é uma espécie de roubo? Além da devolução do dinheiro, os responsáveis não deveriam responder criminalmente? Já pensou se a moda pegar: o assaltante é preso já na saída do banco, e tudo resolve com a devolução do dinheiro roubado…
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em recente entrevista à Revista Piauí, disse abertamente: “em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Por que eu saio em 2015. E aí, acabou.(…) Só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional.”
Nada sintetiza melhor o sentimento de impunidade que sentem as elites brasileiras. Não temem e sentem um profundo desrespeito pelas instituições públicas. Teme apenas o poder de outro grupo privado com o qual mantêm estreitos vínculos, necessários para manter o controle sobre o futebol brasileiro.
São fatos como estes, dos bancos e do presidente da CBF –- por coincidência, um dos bancos condenados a devolver o dinheiro dos usuários também financia a CBF — que acabam naturalizando a impunidade junto a população.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Os mitos da economia conservadora


Os mitos da economia conservadora

As teorias dos economistas conservadores foram totalmente desmentidas pela crise. Eles deveriam estar escondidos cheios de vergonha. Mas não é isso que acontece. Muito pelo contrário. Os economistas conservadores ganharam mais força. Por quê? A razão é que os mitos em que fundamentam as suas posições são profundamente enraizados numa cosmovisão básica, de uma grande quantidade de pessoas, para não dizer da maioria das pessoas. Os mitos sobre a economia que se foram perpetuando nas escolas de economia, fundiram-se com as crenças mais ingênuas e perigosas dos nossos tempos. 

Alejandro Nadal - La Jornada

Os economistas conservadores saíram desacreditados pela crise. Ao fim e ao cabo eles prometeram igualdade, prosperidade e até um mundo menos doente do ponto de vista ambiental. A única coisa que nos deram foi um colapso econômico gigantesco, com desemprego e pobreza. Deveriam estar escondidos cheios de vergonha.

Mas não é isso que acontece. Muito pelo contrário. Os economistas conservadores ganharam mais força. Por quê? A razão é que os mitos em que fundamentam as suas posições são profundamente enraizados numa cosmovisão básica, de uma grande quantidade de pessoas, para não dizer da maioria das pessoas.

Na arca de mitos em que se fundamenta a economia conservadora ou neo-clássica, existem três particularmente importantes. Não importa quanta evidência empírica de sentido contrário você possa encontrar, nunca poderá convencer os fiéis desses dogmas. De qualquer forma, aqui lhes oferecemos algumas pedras para atirar às brilhantes vitrinas em que têm essas crenças.

O primeiro mito está baseado na ideia de que o mundo da economia forma um sistema autônomo que regula a si mesmo. A metáfora mais bem sucedida (e perigosa) é que a economia é uma espécie de máquina. E como se regula, há que deixá-la trabalhar sem perturbar a sua dinâmica.

A teoria econômica passou mais de 200 anos a tentar provar que de fato o sistema econômico se auto-regula e que, portanto, não necessita de intervenção do governo nem da esfera da política. A evidência de crises recorrentes poderia ter sido suficiente para provar o contrário. Mas, confrontados com histórias de crise, os neoclássicos podiam sempre argumentar que foram causadas ​justamente por intervenções irresponsáveis dos governos.

O debate deslocou-se para o mundo dos modelos matemáticos. O programa de investigação dos economistas era simples: construir um modelo matemático capaz de reproduzir as condições em que as forças de mercado conduzem ao equilíbrio. Mas o modelo mais sofisticado e refinado da teoria econômica neoclássica demonstrou que, em geral (salvo exceções aberrantes) o sistema de mercado é instável. Então, para onde quer que se olhe: ou história econômica ou modelos matemáticos puros, a verdade é que a ideia de mercados auto-regulados que conduzem ao equilíbrio não tem nenhuma base racional.

O segundo mito é que a economia de um governo é como uma casa. E tal como uma família tem de medir o seu consumo, o governo também tem que restringir o gasto para baixar o montante dos seus rendimentos. Desta visão vem a ideia de que em tempos de crise, tal como o faria uma família, há que apertar o cinto. É o que recomendam constantemente os chamados falcões da austeridade fiscal no debate sobre a política fiscal em todo o mundo.

A realidade é diferente. Para começar, as famílias não podem estabelecer carga fiscais e colectar receitas através de impostos. Nem vi famílias que vivam centenas de anos, que incorram num déficit constante e que acumulem dívida, como fazem os governos. Normalmente as dívidas domésticas têm de ser resolvidas de uma forma ou de outra.

No limite, os governos podem emitir moeda, algo que os particulares também não podem fazer. Alguns dirão que precisamente para evitar abusos se deu autonomia ao Banco Central. Mas se você observar com cuidado o comportamento da Reserva Federal dos EUA pode constatar que a política monetária não se assemelha nada ao comportamento de uma família.

O terceiro mito é que cada classe social ou grupo recebe como remuneração aquilo com que contribui para a economia. Essa crença é a que está mais profundamente enraizada nas pessoas e atravessa o espectro de todas as classes sociais. Parece que em algum lugar no imaginário coletivo habita a lenda de que o rendimento das pessoas é proporcional à sua contribuição para o produto nacional. O corolário é que a ordem econômica é justa, mas a realidade é que nada na teoria econômica dá sustento a esta ideia. A distribuição de rendimento não está determinada por qualquer lei ou outro mecanismo econômico.

Simplesmente e apenas depende das relações de poder.

Isso não significa que as variáveis econômicas não sejam importantes. Pelo contrário. São muito mais importantes do que se pensa quando se coloca uma das lentes deste mito pernicioso que tudo distorce. O saldo fiscal, a inflação, a criação de moeda e nível salarial, tudo isso merece uma atenção cuidadosa, sem mitologias e crenças mais relacionados com a bruxaria do que com o pensamento racional.

Os mitos sobre a economia que se foram perpetuando nas escolas e faculdades de economia, fundiram-se com as crenças mais ingênuas e perigosas dos nossos tempos. Talvez essas crenças tenham mais a ver com aquelas Forze elementari sobre as quais escreveu Gramsci na sua análise sobre o fascismo.

(*) Traduzido por Paula Sequeiros para o Esquerda.net

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Movimento pela demissão de Ricardo Teixeira da CBF


Movimento pela demissão de Ricardo Teixeira da CBF

Ricardo Teixeira constrói vasto patrimônio
após assumir presidência da CBF

Dirigente é acusado de receber propina por meio de empresa em paraíso fiscal
Do Jornal da Record
Ale Vianna / News Free/Gazeta Press

Em mais de 20 anos à frente da CBF, Ricardo Teixeira acumulou um vasto patrimônio particular
Mais de 20 anos no poder. Denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito, um repertório variado nos tribunais do Brasil e do exterior. Duas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) no currículo. Esse é Ricardo Teixeira, o grande chefe do futebol brasileiro e responsável por organizar a Copa do Mundo de 2014.

Cosme: Por que a Globo não investiga Ricardo Teixeira?
O presidente da CBF revela um gosto refinado. Uma casa na praia do canto, em Búzios, no litoral do Rio de Janeiro. Uma mansão de 600 m² num condomínio de Delray Beach, na Flórida (EUA). Ou ainda a propriedade no condomínio fechado de Itanhangá, na zona oeste do Rio.
Ricardo Teixeira é acusado de receber propina

Para o jornalista Juca Kfouri, que acompanhou a carreira de Teixeira, e contra quem o presidente da CBF move mais de uma centena de ações na Justiça, há algo de estranho nisso.
- Obviamente, o patrimônio dele não é compatível com o quanto ele ganha.

BBC denuncia Ricardo Teixeira

Uma rara aparição pública de Teixeira aconteceu no Pacaembu, no jogo em que o atacante Ronaldo se despediu da seleção, no último dia 7 de junho.

Mas, até agora, ele não respondeu às acusações, feitas em um programa da rede britânica BBC, de que ele e o sogro, João Havelange, teriam recebido propina de R$ 15,1 milhões (US$ 9,5 milhões).

O dinheiro teria sido pago à Sanud, empresa baseada no principado de Liechtenstein, um paraíso fiscal usado para sonegar impostos ou esconder dinheiro sujo.

Quem pagou a propina foi a ISL, empresa de marketing, em troca de vantagens em contratos com a Fifa.

A Sanud, que recebeu a propina, é sócia de Ricardo Teixeira em uma empresa, de nome RLJ, que tem sede em um edifício na avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro, mesmo endereço dos escritórios de João Havelange.

Um dos procuradores da Sanud no Brasil é Guilherme Terra Teixeira, irmão de Ricardo Teixeira. E a lista com as datas dos pagamentos de propina revela outras coincidências:

O primeiro milhão de dólares da propina teria sido pago à Sanud no dia 10 de agosto de 1992. No mês seguinte, em 28 de setembro, a Sanud se tornou sócia de Ricardo Teixeira no Brasil. E a nova sociedade passou a injetar dinheiro nos negócios do dirigente. Um deles, a Fazenda que o presidente da CBF comprou logo depois de assumir o cargo.

Em janeiro de 1993, outro investimento em Piraí (RJ). Os vizinhos se lembram. Era uma transportadora, que pelo menos no papel consumiu R$ 1 milhão.

Em outubro de 1994, ao mesmo tempo em que a Sanud continuava recebendo dinheiro de propina no paraíso fiscal, a empresa de Teixeira, sócia dela no Brasil, continuava investindo. 
Um documento registrado em um cartório no Rio mostra que, entre 94 e 96, a sociedade entre Sanud e Teixeira investiu R$ 1,8 milhão no restaurante El Turf, no Jóquei Clube do Rio de Janeiro, controlado por Teixeira.O dinheiro também engordou o patrimônio do presidente da CBF.
Em 1996, a sociedade Sanud/Teixeira comprou a mansão onde Ricardo Teixeira mora num dos condomínios mais luxuosos do Rio.

Curiosamente, hoje o presidente da CBF aluga a casa da qual é dono. O contrato foi firmado em 2000. Nele, a RLJ participações, que é de Teixeira, aluga a casa ao presidente da CBF por R$ 7 mil.

Quem representa a empresa é o sobrinho de Teixeira, Nilton Teixeira Crosnac. Mas quem assina o contrato por ele é o filho de Teixeira, Ricardo Teixeira Havelange.

Nilton negou ter participado do negócio.

Quando foi investigado pelo congresso, há mais de dez anos, Ricardo Teixeira disse que ganhou dinheiro no mercado financeiro, negou ter empresas no exterior e afirmou nada saber sobre lavagem de dinheiro.

Atualmente deputado federal, o ex-jogador Romário (PSB-RJ) tem se empenhado em investigar a corrupção no futebol brasileiro.
Fora de campo, existe uma espécie de quadrilha que se aproveita do futebol. E as coisas que acontecem no futebol não são claras.
Agora, como presidente do Comitê Organizador da próxima Copa do Mundo, cabe a Ricardo Teixeira tomar as principais decisões sobre o evento que será realizado no Brasil.

Mas ele vai fazer isso sob suspeita: na Suíça, nos próximos meses, a Justiça vai decidir se divulga ou não os detalhes do acordo pelo qual a Fifa teria devolvido o dinheiro da propina paga a dirigentes da entidade. Uma decisão que pode selar o destino do presidente da CBF.
Juca Kfouri diz que Teixeira não tem condições de ser o manda-chuva da Copa do Mundo de 2014.
- Não se pode ter como presidente do comitê organizador alguém que é réu na Suíça por ter recebido propina.
Procurado, Ricardo Teixeira não quis se defender das denúncias.

Ex-dirigente inglês acusa Ricardo Teixeira de pedir propina por voto

Da BBC
Por Daniel Gallas
O ex-presidente da Associação Inglesa de Futebol David Triesman acusou o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e outros três dirigentes da Fifa de pedirem propina em troca de apoio à candidatura da Inglaterra para sediar a Copa de 2018. A Inglaterra recebeu apenas dois dos 22 votos no processo de seleção, que acabou escolhendo a Rússia para sediar o Mundial.

Inquérito

Triesman disse que o comportamento dos dirigentes foi "abaixo do que seria eticamente aceitável". Ele depôs nesta terça-feira na Casa dos Comuns do Parlamento britânico, em um inquérito do comitê do departamento de Cultura, Mídia e Esporte do governo. O comitê quer entender por que a Inglaterra perdeu a disputa para sediar a Copa de 2018.
O dirigente inglês disse que deveria ter se manifestado sobre os pedidos de propina imediatamente. Mas ele insistiu que suas acusações não seriam ouvidas na época. O cartola disse que temia que as revelações pudessem prejudicar a candidatura inglesa.
A Fifa manifestou-se imediatamente sobre as declarações. O presidente da entidade máxima do futebol, Sepp Blatter, prometeu que agirá imediatamente se houver qualquer indício de má conduta dos integrantes do seu comitê executivo.

Presidente nacional da OAB diz que ameaças de Ricardo Teixeira contra a imprensa são “lamentáveis”

Ophir Cavalcante considera retaliação do presidente da CBF na Copa de 2014 como ditadura
Do Domingo Espetacular, com R7
Sergio Barzaghi/Gazeta Press
Ricardo Teixeira ameaçou jornalistas que o denunciam

Nesta semana, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, recheou as páginas da revista Pauí com palavrões e insultos dirigidos à imprensa. Em longa entrevista, disse que não se importa com notícias sobre enriquecimento ilícito e debochou dos meios de comunicação, como a Rede Record, entre outros, que insistem em levar a público as denúncias que são feitas contra o dirigente: “A imprensa brasileira é muito vagabunda”, disse Teixeira.
Em retaliação, o homem que está na presidência da CBF há 23 anos falou que na Copa de 2014, no Brasil, pode fazer a maldade que quiser. Ameaçou. Disse que pode, inclusive, proibir a entrada de jornalistas nos jogos, mudar partidas de horário. Tudo para prejudicar aqueles que “ousam” denunciar os esquemas em que Teixeira está envolvido.
Na opinião do presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante, o fato de a CBF ser uma empresa privada não dá o direito a Teixeira de fazer o que quiser. Se fosse assim, estaríamos voltando aos tempos da ditadura, que permitia a censura.
- Eu sou o rei. Eu posso. Eu faço. Eu aconteço. Ora, isso é lamentável. Isso é voltar aos tempos da tirania. É voltar a uma ditadura que não existe. Ninguém numa democracia pode ter esse tipo de postura. A imprensa no nosso país é livre. A Record faz um grande trabalho. Eu acho que ele não pensou no absurdo que ele disse.
Além de ameaçar a imprensa que o denuncia, Teixeira também deixa claro que joga no time da Globo. Como é responsável pela marcação das partidas da seleção brasileira, do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil, o cartola falou que obedece ao desejos da emissora para não arrumar confusão com sua parceira.
- Só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional.

Só que em vez de denunciar, a Globo ajuda o presidente da CBF. Só foi atacado pela emissora quando marcou uma partida da seleção brasileira no horário que pegava duas novelas e o Jornal Nacional. A jornalista que o entrevistou para a Piauí disse que apesar das denúncias de corrupção e suborno na Fifa, a Globo não fez nenhuma pergunta sobre o assunto na entrevista com o cartola na época do escândalo.
Quando vê seu nome em matérias na Rede Record, Teixeira disse que fica até satisfeito. Se ele cumprir as ameaças, apenas a parceira Globo vai ter o direito de transmitir informações sobre a seleção brasileira e a Copa do Mundo de 2014. Em retaliação às denúncias da emissora, já adiantou que levará o time sub-17 do Brasil para o Pan de Guadalajara, que é exclusividade da Record. A competição servirá de preparação para a Olimpíada de 2012, único título que a seleção ainda não possui .
- Quanto mais tomo pau da Record, fico com mais crédito na Globo.
Apesar de todas as denúncias, Ricardo Teixeira parece não se importar com nada. Vai contra as previsões e continua no poder mesmo depois de ver seu nome envolvido em notícias de corrupção, suborno e enriquecimento ilícito. Recentemente, foi acusado de ter vendido seu voto para escolher o Qatar como sede da Copa de 2022. Apesar de ostentar um estilo de vida digno de um rei, ganha apenas R$ 70 mil mensais para presidir a CBF.
Segundo o jornalista Juca Kfouri, os vencimentos como presidente da entidade não são os responsáveis pelo império mobiliário que o cartola montou ao longo dos anos.
- Ricardo Teixeira tem um salário de cerca de R$ 70 mil, R$ 80 mil como presidente da CBF. Mas o estilo de vida dele é de muito mais do que isso.
Não é para menos. O cartola é investigado até na Suíça por supostamente receber quase R$ 16 milhões de propina de uma empresa de marketing. Entre outros bens, possui uma casa de 600 metros quadrados em um condomínio fechado em Delray Bach, na Flórida, nos Estados Unidos, uma propriedade no condomínio fechado de Itanhangá, no Rio de Janeiro, uma mansão rural dentro de uma fazenda, onde passa os finais de semana, e seria dono de uma casa na praia do Canto, em Búzios, no litoral carioca.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Enfim a Rede Globo se pronunciou a respeito das denuncias de corrupção contra Ricardo Teixeira. De maneira lamentável, é verdade. Tratou apenas de informar que o Imperador da CBF foi “absolvido” pelo comitê de ética da FIFA, sem ao menos contextualizar a história. Soou como uma notinha de assessoria de imprensa, daquelas contratadas por uma empresa para dizer o que for paga para falar. O telespectador da Globo, que não tem acesso a outras mídias, saiu da frente do televisor acreditando na inocência de  Teixeira.  in - amoscaazul.blogspot.com

terça-feira, 12 de julho de 2011

Ateus e agnósticos podem desacreditar ou duvidar de Deus?

Ateus e agnósticos podem desacreditar ou duvidar de Deus?

Carlos Pompe *

A pergunta foi feita e respondida por Mariana Ushli Poloni, no seu blog Le Pitanga, o texto abaixo, que reproduzo pela exposição simples, coerente e, a meu ver, correta na sua conclusão.



Eis uma grande questão a ser levantada. Muito mais do que uma questão de cor, de classe social, raça, a religião (ou falta dela) mexe com nossa fé. Você não pode impor fé ou crença à alguém. Ninguém pode obrigar outra pessoa a Acreditar, pode-se obrigá-la a dizer que acredita, agir como se acreditasse, mas o seu fundo espiritual nesse aspecto continuaria vazio.

Agnósticos e ateus têm o direito de acreditar, desacreditar ou duvidar da existência de Deus?

Eu honestamente nunca pensei sobre isso e não me recordo de conhecer algum Ateu ou Agnóstico.

Olhando por uma visão não preconceituosa e de respeito a qualquer ser humano, a resposta é simples: sim. Porém, na história do mundo a Igreja perseguiu e matou milhares de pessoas em nome de um Deus que muitos não compartilhavam a mesma fé.

Ateus e agnósticos passaram suas vidas escondidos e calados. Os poucos que tiveram coragem de expressar seus pensamentos e ideias não estão mais vivos.

A influência da Igreja Católica atualmente está longe de ser desprezível, pois um sexto da população mundial é católica.

Há quem diga que os tempos mudaram e que atualmente “não crer” não é mais uma questão levada a ferro e fogo (vida ou morte) pela Igreja. De fato, a Igreja perdeu muito do seu poder. Na antiguidade a Igreja já foi o poder maior dentro da política de uma sociedade e era ela quem ditava regras e julgava o certo e errado. Atualmente a Igreja em (quase) nada interfere na forma de governar um país.

Recentemente ateus e agnósticos decidiram não se calar mais perante as descriminações. Através da ATEA, a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, retomaram seu poder de fala e suas reinvidicações por respeito.

Em setembro de 2010 a ATEA protocolou uma ação contra o José Luiz Datena. Em um de seus programas na Bandeirantes, no mês de agosto, Datena relata a ação de bandidos que entram num sítio, roubam e ainda estupram uma mulher. Em seu relato ele afirma que esses bandidos “não possuem Deus no coração”. Logicamente que membros da ATEA se enquadram nessa frase e nem por isso são criminosos sem escrúpulos. Datena ainda comenta no ar, afirmando "que se lasque quem não acredita em Deus... quem não acredita em Deus geralmente não tem limites...”

A ATEA esta veiculando uma campanha patrocinada por ateus em ônibus de Porto Alegre e Salvador, com cartazes que nos fazem pelo menos pensar.

A ideia da campanha é clara e não tem como objetivo ganhar seguidores e sim encontrar o seu espaço dentro de uma sociedade majoritariamente católica e nesse aspecto preconceituosa. “Ter um lugar à sociedade significa também que nossos pontos de vista têm o mesmo direito de exposição que todos os demais, atentando sempre para críticas em tom civilizado dirigidas às idéias, e não a pessoas.”

Nesse post falo da Igreja Católica, pois essa é minha religião. Eu sou Católica e fui educada a vida inteira em um colégio religioso. Acredito em Deus e em Jesus Cristo, assim como questiono alguns pontos e condeno alguns comportamentos da Igreja. E isso não me faz melhor ou pior que ninguém.

Porém a minha crítica aqui vale para todas as religiões, lembrando que um dos maiores massacres na moral dos EUA, a queda do WTC, foi assinado por muçulmanos.

Admiro a iniciativa da ATEA e como eles compartilho a ideia de que CARÁTER esta desvinculado de religião. Não precisamos de um Deus pra nos dizer o que é moral, o que é certo. É necessário respeitar a opinião, cultura e religião de cada um.

Num planeta globalizado, mas com tantas diferenças de raças, povos, culturas, formas de governar e viver, é imprescindível o conceito de moralidade para mantermos o equilíbrio da sociedade, respeitando o espaço e a individualidade de cada um. Se cada povo precisa de um Deus pra encontrar a moralidade, que assim seja. E se existe pessoas que a encontram de forma totalmente desvinculada a Deuses e religiões, que assim seja também.

O que é inconcebível é não só ser dependente de um Deus ou doutrina para alcançar a civilidade, como usá-los para transgredir os direitos do outro, matando, aprisionando e discriminando.

Em minha opinião um dos cartazes mais emblemáticos da campanha da ATEA carrega a seguinte frase: "Somos todos ateus com os deuses dos outros".

Então porque condenar aqueles que não acreditam em Deus algum, ou que duvidem da existência e de uma força maior?
* Jornalista e curioso do mundo.