segunda-feira, 28 de novembro de 2011

“O GLOBO” MENTIU: CHEVRON VAZA O DOBRO DA PETROBRAS

COMO SEMPRE, “O GLOBO” MENTIU PARA DEFENDER INTERESSES NORTE-AMERICANOS


Por Brizola Neto

“O GLOBO” MENTIU: CHEVRON VAZA O DOBRO DA PETROBRAS

O ódio de ‘O Globo’ à Petrobras é um péssimo conselheiro para seus profissionais.

Porque, na ânsia de cumprir a pauta que recebem, acabam fazendo um mau jornalismo.

É o que fizeram ontem, domingo, quando publicaram que os acidentes ocorridos com a Petrobras representam, em quantidade de petróleo derramado, o dobro do acidente da Chevron no Campo do Frade. Foram 4.201 barris em 2010, contra o que seriam 2.400 barris desse acidente.

Ora, além do fato de aceitar passivamente o número fornecido pela Chevron, quando todos sabem que a empresa fez (e faz) o que pôde para “dourar a pílula” desse derrame, ignorou um fato essencial

[OBS deste blog 'democracia&política': como já dissemos neste blog e é, há muito, sabido por todos, a Globo e a 'grande' mídia brasileira em geral, juntamente com os partidos da direita (PSDB, DEM, PPS e alguns outros menores), acima dos interesses brasileiros, são defensores dos interesses norte-americanos e os dos grandes grupos econômicos e financeiros estrangeiros. Por isso, a omissão de informações sobre o vazamento da Chevron e a sua minimização e os ataques e críticas ao governo federal, à ANP, à Petrobras].

É que a Chevron, no Brasil, tem apenas uma dezena de poços e produz 79 mil barris diários. E a Petrobras produz 2,60 milhões barris/dia, tem milhares de poços, doze refinarias, milhares de quilômetros de oleodutos, dezenas de terminais de embarque e desembarque de petróleo e derivados, em terra e no mar, e frota enorme de navios petroleiros.

É, portanto, uma comparação estapafúrdia. Igual a dizer, apenas como exemplo, que uma empresa enorme como a Volkswagen teve o dobro de acidentes de trabalho, porque duas pessoas se machucaram lá no ano passado, do que a Oficina do Zezinho, onde ele trabalha com um ajudante, porque o dito Zezinho se feriu ali em 2010.

Se o jornal quisesse ser honesto, faria o que este modesto blog [Tijolaço], com o Google apenas, fez.

Leria (no mesmo relatório de sustentabilidade de onde tirou os dados, lá está escrito) que estava sendo mantida a tendência de níveis de vazamento na Petrobras ”inferiores a um metro cúbico por milhão de barris de petróleo produzidos, um referencial de excelência na indústria mundial de óleo e gás”.

E se perguntaria: isso é referência de excelência? Então, quanto será o de outras grandes petroleiras, como a Chevron?

E acharia o último número tornado disponível pela empresa, o de 2007. Para uma produção então de 2.620 mil barris/dia (praticamente igual à da Petrobras), os vazamentos de petróleo, segundo os números oficiais da própria Chevron, somaram 9.245 barris, muito mais que o dobro da petroleira brasileira [ver quadro acima]. Estatisticamente, o volume dos acidentes com a Petrobras, em 2010, é 55% menor que o da gigante americana.

Mas a cegueira [?] provocada pelo ódio leva [‘O Globo’] àquela comparação desonesta. Desonesta com a Petrobras e, sobretudo, desonesta com o leitor.

E é desonesta porque é sabido que, se há deficiências, os sistemas de segurança da Petrobras são reconhecidos como excelentes por todos, como registrou, semana passada, até mesmo Miriam Leitão, totalmente insuspeita de simpatias [ao contrário, sempre propala sua antipatia] pela empresa:
“A Petrobras trabalha com políticas de redundância na operação, tem equipes para situações de emergência. É preciso saber se esse protocolo está sendo usado por outras empresas que operam no Brasil.”

Ou será que nem ‘O Globo’ leva a sério o que diz a Miriam Leitão?”

FONTE: escrito por Brizola Neto e publicado em seu blog “Tijolaço”  (http://www.tijolaco.com/o-globo-mentiu-chevron-vaza-o-dobro-da-petrobras/) [imagem do google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’]

"A CIA quer acabar com o samba"

Beth Carvalho: "A CIA quer acabar com o samba"

Cantora lança CD e, em entrevista ao iG, acusa a Agência Central de Inteligência dos EUA.

Valmir Moratelli, iG Rio de Janeiro | 25/11/2011  Ainda se recuperando de uma fissura no sacro (osso do final da coluna), aos 65 anos, Beth anda com dificuldades. Ficou dois anos sem pôr os pés no chão. “Estou ótima, salva! Os médicos comentaram com minha filha que eu poderia não andar mais. Mas não me abati. Foi um processo menos doloroso por perceber a prova de amor dos amigos e da família”, relata.Após quinze anos, a sambista lança o CD de inéditas “Nosso samba tá na rua”, dedicado a dona Ivone Lara, com canções sobre a negritude, o amor e o feminismo. Uma das letras, “Arrasta a sandália”, é de autoria de sua filha, Luana Carvalho. Cercada de quadros de Cartola e Nelson Cavaquinho, entre almofadas verdes e rosas (cores de sua escola de samba Mangueira), perante uma estante com dezenas de troféus e outra com bonecos de Che, Fidel Castro e orixás, Beth concede a entrevista a seguir ao iG.No fundo da janela, o mar de São Conrado, bairro vizinho à favela da Rocinha. “A CIA quer acabar com o samba. É uma luta contra a cultura brasileira. Os Estados Unidos querem dominar o mundo através da cultura”, diz a cantora, presidente de honra do PDT. Entre os fartos risos, também não faltaram palavras ríspidas para defender seu ponto de vista.

......... (trechos da entrevista)........
iG: Aqui na sua casa há várias imagens de Che Guevara e de Fidel Castro. Acredita no modelo socialista?
BETH CARVALHO
: Eu só acredito no modelo socialista, é o único que pode salvar a humanidade. Não tem outro (fala de forma enfática). Cuba diz ‘me deixem em paz’. Os Estados Unidos, com o bloqueio econômico, fazem sacanagem com um país pobre que só tem cana de açúcar e tabaco.
iG: Mas e a falta de liberdade de expressão em Cuba?
BETH CARVALHO:
Eu não me sinto com liberdade de expressão no Brasil.
iG: Por quê?
BETH CARVALHO:
Porque existe uma ditadura civil no Brasil. Você não pode falar mal de muita coisa.
iG: Como quais?
BETH CARVALHO:
Não falo. Tem uma mídia aí que acaba com você. Existe uma censura. Não tem quase nenhum programa de TV ao vivo que nos permita ir lá falar o que pensamos. São todos gravados. Você não sabe que vai sair o que você falou, tudo tem edição. A censura está no ar.
iG: Mas em países como Cuba a censura é institucionalizada, não?
BETH CARVALHO:
Não existe isso que você está falando, para começo de conversa. Cuba não precisa ter mais que um partido. É um partido contra todo o imperialismo dos Estados Unidos. Aqui a gente está acostumada a ter vários partidos e acha que isso é democracia.iG: Este não seria um pensamento ultrapassado?
BETH CARVALHO:
Meu Deus do céu! Estados Unidos têm ódio mortal da derrota para oito homens, incluindo Fidel e Che, que expulsaram os americanos usando apenas o idealismo cubano. Os americanos dormem e acordam pensando o dia inteiro em como acabar com Cuba. É muito difícil ter outro Fidel, outro Brizola, outro Lula. A cada cem anos você tem um Pixinguinha, um Cartola, um Vinicius de Moraes... A mesma coisa na liderança política. Não é questão de ditadura, é dificuldade de encontrar outro melhor para ocupar o cargo. É difícil encontrar outro Hugo Chávez.
iG: Chávez é acusado por muitos de ter acabado com a democracia na Venezuela.
BETH CARVALHO:
Acabou com o quê? Com o quê? (indaga com voz alta)
iG: Com a democracia...
BETH CARVALHO
: Chávez é um grande líder, é uma maravilha aquele homem. Ele acabou com a exploração dos Estados Unidos. Onde tem petróleo estão os Estados Unidos. Chávez acabou com o analfabetismo na Venezuela, que é o foco dos Estados Unidos porque surgiu um líder eleito pelo povo. Houve uma tentativa de golpe dos americanos apoiada por uma rede de TV.
iG: A emissora que fazia oposição ao governo e que foi tirada do ar por Chávez...
BETH CARVALHO:
Não tirou do ar (fala em tom áspero). Não deu mais a concessão. É diferente. Aqui no Brasil o governo pode fazer a mesma coisa, televisão aberta é concessão pública. Por que vou dar concessão a quem deu um golpe sujo em mim? Tem todo direito de não dar.

iG: A senhora defende que o governo brasileiro deveria cassar TV que faz oposição?
BETH CARVALHO:
Acho que se estiver devendo, deve cassar sim. Tem que ser o bonzinho eternamente? Isso não é liberdade de expressão, é falta de respeito com o presidente da República. Quem cassava direitos era a ditadura militar, é de direito não dar concessão. Isso eu apoio.

........

domingo, 27 de novembro de 2011

Brasil será maior produtor de petróleo fora da OPEP

BRASIL SERÁ MAIOR PRODUTOR DE PETRÓLEO FORA DA OPEP






Pedro Peduzzi, Daniel Lima e Yara Aquino
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O Brasil será, em dez anos, o maior produtor de petróleo do mundo entre as nações que não integram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), disse nesta terça (22) o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, durante o balanço da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).

"O pré-sal já atinge 2% da média anual da produção de petróleo brasileira. É a produção que mais vai crescer entre 2011 e 2015”, destacou. “Fora a Opep, teremos a maior produção de petróleo do mundo. O Brasil será o país que dará a maior contribuição de petróleo nos próximos dez anos”, disse Gabrielli, ao destacar as previsões de contratação de materiais, equipamentos e serviços, pela estatal petrolífera brasileira.

Segundo ele, isso beneficiará, direta e indiretamente, mais de 250 mil empresas no país. “Dentro do PAC, estamos com papel importante. Porém, a atividade vai além, e beneficia a indústria brasileira em diversas frentes.” Gabrielli destacou também a geração de empregos em decorrência dessa expansão prevista para ocorrer no país até 2020.

“Serão mais de 1 milhão de empregos gerados, o que vai requerer treinamento de mão de obra. O país é um canteiro de obras com mercado de trabalho cada vez mais aquecido. Quase 290 mil pessoas [serão preparadas] até 2014. Já treinamos mais de 70 mil para 180 diferentes ocupações”, ressaltou o presidente da estatal.

Ele acrescentou que há a previsão de investimentos em pesquisas sobre diferentes temas, por meio de convênios com diversas universidades, visando ao avanço tecnológico do setor.
A Petrobras pretende contratar 28 navios-sonda e plataformas semissubmersíveis, construídos no Brasil, com pelo menos 55% de conteúdo nacional. Além disso, está prevista a renovação da frota, com 146 embarcações de médio e grande portes, a serem recebidas entre 2012 e 2018. Destas, 40 já foram contratadas.

O presidente da estatal apresentou ainda uma lista com a demanda de materiais e equipamentos que devem ser adquiridos entre 2011 e 2020. Entre os 22 itens apresentados há grande quantidade de compressores, guinchos, guindastes, motores a combustão, turbinas, bombas, geradores, filtros, reatores, revestimentos e tubos, entre outros.
Texto: / Postado em 22/11/2011 ás 22:42

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

As velhas mídias e as novas mídias

Mídia tradicional tenta censurar novas mídias; reformar leis é urgente

Em debate na Câmara dos Deputados sobre liberdade de expressão, militantes de novas mídias criticam autoritarismo de veículos tradicionais de imprensa, que reagiriam apelando para censura de que se sentem ameaçados. Aprovação de marco civil da internet e de novo marco regulatório para radiodifusão é considerada fundamental para garantir pluralidade.

BRASÍLIA - No Brasil, os veículos tradicionais da imprensa, comandados por uma meia dúzia de famílias, se armam de todos os meios possíveis para manter o controle exclusivo e absoluto da agenda pública. E, para isso, cometem os mais variados excessos, incluindo aí alguns crimes, como destruir a reputação de pessoas sem provas ou sequer indícios.

....

Há uma luta política em andamento entre as velhas mídias e as novas mídias. As velhas mídias, que também se utilizam das novas e estabelecem a propriedade cruzada em tudo, estão profundamente incomodadas com essas últimas”, disse o membro da coordenação da Frente Parlamentar em Defesa da Liberdade de Expressão e Democratização da Comunicação, o jornalista e deputado Emiliano José (PT-BA).

As velhas mídias são os meios tradicionais, como os jornais, revistas, TVs e rádios. As novas são as que nasceram no bojo da internet: sites, blogs e microblogs, dentre outras.


A jornalista e secretária-geral do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Renata Vicentini Mielli, afirmou que as novas tecnologias de comunicação criaram um novo paradigma na sociedade atual. “Até bem pouco tempo atrás, o agente social responsável por fazer a mediação da agenda pública eram os grandes meios de comunicação. Agora, um novo agente entrou em jogo. As novas mídias permitiram mais pluralidade, mais diversidade na discussão da esfera pública”, diz.

São blogs, microblogs, redes sociais, pequenos sites e uma série de atores que atuam na internet permitindo a distribuição e organização da informação de forma mais ágil e democrática. “Isso, de alguma maneira, diminuiu o monopólio das grandes empresas de comunicação como mediadores da agenda pública. O poder dos grandes veículos não foi sepultado, mas foi diluído. E eles não querem perder esse poder. Por isso, desqualificam esse pólo alternativo de comunicação ou exercem pressão econômica sobre eles, através da judicialização”, afirma.

Segundo ela, o fenômeno é mundial. Nos EUA, só em 2007, processos contra blogueiros movimentaram US$ 17,4 milhões. No Brasil, os valores também assutam. No caso do site “Falha de S. Paulo”, a justiça estipulou multa diária de R$ 5 mil. “Como dois jornalistas, assalariados, vão pagar uma multa dessas? O objetivo é calar as vozes dissonantes”, questiona ela.

A jornalista afirma que processos civis e criminais contra blogueiros estão pipocando em todo o Brasil. Só o jornalista Paulo Henrique Amorim é alvo de 37 processos.É preciso cuidado para não virarmos sociedade do patrulhamento, do policiamento. Devemos ser uma sociedade da liberdade. E a comunicação é um direito humano”, acrescenta.

Para ela, é urgente que se aprove o marco civil da internet. O projeto de lei está parado justamente na Câmara dos Deputados, esperando a constituição de comissão especial para avaliar o tema. A jornalista avalia que é urgente também a definição de um novo marco regulatório para a radiofusão.

“Não é possível que se discuta as questões da comunicação de forma fatiada. Isso permite que as empresas coloquem no movimento social, que sempre defendeu a liberdade de expressão, a pecha de serem novos censores da sociedade. Regra não é censura. A sociedade precisa entender isso."

O deputado Emiliano José acrescentou que a distinção entre fatos e opiniões não é algo muito simples: não há jornalismo sem interpretação em nenhum momento. “A organização do fato comporta opinião, mas há alguma diferenciação entre as duas coisas, e o jornalismo brasileiro tem caminhado numa direção."

Ele lembrou que as novas mídias, ao mesmo tempo que permitem maior democratização na produção de conteúdos, também ajudam a trazer à tona velhos preconceitos que resistem nas entranhas da sociedade brasileira, com ocorreu no episódio do câncer do ex-presidente Lula. Ele acha que a velha mídia brasileira é um partido político que conspira contra os governos petistas, de caráter popular e democrático.

Segundo o deputado, a velha mídia demite jornalistas que usam as novas mídias para manifestar suas opiniões, como aconteceu, por exemplo com Maria Rita Khel, que elogiou o impacto do bolsa família na vida das famílias pobres brasileiras e acabou demitida do jornal O Estado de S. Paulo. “Isto sim é censura”, afirma.

Ele defendeu a regulamentação da mídia, incluindo novas e velhas. “As novas mídias têm uma responsabilidade social e política muito grande porque representam novas vozes, novos atores políticos. Ninguém faz o que quer. Precisamos ter direito de resposta. A sociedade também precisa ser protegida dos erros dos jornalistas, sejam elas das novas e velhas mídias.”

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O dia em que a USP reviveu a ditadura

DE  NOVO, UM GOVERNO  TUCANO  TEM  APOIO DA  MÍDIA

9 de Novembro de 2011 - 1h46

Estudantes da USP entram em greve contra presença da PM

Pelo menos 2 mil estudantes da Universidade de São Paulo (USP), presentes em assembleia na noite de terça-feira (8), no prédio do curso de História, aprovaram uma greve para protestar contra a presença da Polícia Militar (PM) no campus Butantã e a prisão de 73 pessoas durante a ação de reintegração de posse na manhã do mesmo dia, feita pela Tropa de Choque.

Durante a assembleia de ontem, convocada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), que representa todos os universitários do campus, os jovens denunciaram as condições a que os presos foram submetidos: confinados dentro dos ônibus que os transportaram até o 91º DP, onde prestaram depoimentos, sem banheiro, sob sol forte, desde o começo da manhã.

“Liberdade aos presos políticos da USP”, ecoavam gritos dos estudantes nos corredores da FFLCH. Outros falavam em universidade sitiada: “Nesta manhã, a USP acordou em estado de sítio. Logo pela manhã, os moradores do Crusp foram acordados com bombas de gás lacrimogêneo. Além dos estudantes, tem mulheres e crianças que moram lá e sofreram da mesma forma com essa ação policial”.
Nos solidarizamos com a causa. Uma invasão da polícia no campus dessa forma só foi visto na ditadura militar. Por isso, disponibilizamos uma equipe de advogados e organizações de todo o país se manifestaram a favor dos estudantes e doaram recursos”, contou ao Vermelho Luiz Carlos Prates Mancha, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, presente na assembleia, e integrante da Coordenação Nacional de Lutas (ConLutas), que encabeçou o rateio dos valores para os presos.Os universitários presos podem ser acusados de dano ao patrimônio público, crime ambiental e desobediência civil. A reitoria acusa o grupo de ter depredado o espaço da reitoria, ocupado desde o dia 1º de novembro. Para reforçar essa tese, a grande mídia tem exibido imagens da reitoria com móveis amontoados, restos de comida na cozinha e paredes pichadas. Nas paredes, palavras pedem a saída do reitor João Grandino Rodas. Além disso, a polícia apresentou bombas caseiras que teriam sido encontradas no local. Os estudantes negam ter danificado o prédio da reitoria e de fabricarem as bombas. “Foi plantado, assim como o mobiliário quebrado”, disse em entrevista a um portal, o estudante de letras, Rafael Alves.Durante o dia, pais dos alunos que estiveram na 91º DP criticaram a prisão dos filhos. Para não prejudicarem os jovens, pais e mães não se identificaram. Numa folha de papel escrita por um deles, mandaram a seguinte mensagem:

“Nós, pais de alunos da USP, repudiamos o modo como foi conduzido pela reitoria o processo envolvendo o movimento dos estudantes. Repudiamos a ação repressiva e truculenta das forças policiais no campus da universidade nessa madrugada de terça-feira. Estamos indignados com o fato de que uma instituição educativa utiliza como principal instrumento de solução de conflito social o uso da força policial. Nossos filhos são estudantes e não bandidos e estão em defesa de uma universidade onde existam debates democráticos”, diz o texto.

O que deflagrou a ocupação da reitoria foi a prisão de três universitários, na quinta-feira (27), depois de serem abordados por policiais. Eles estavam portando maconha no estacionamento da faculdade de História e Geografia. O fato causou confronto entre estudantes e policiais que culminou com a ocupação da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e, posteriormente, da reitoria.

Mas, antes disso, muitos estudantes, professores e trabalhadores do campus já vinham denunciando que a presença da PM na USP faz parte de uma ação da reitoria e do governo do estado para restringir o movimento estudantil, além de ferir a autonomia da universidade.

Estudantes detidos na USP passam dia em ônibus e acusam PM de fabricar cena de destruição


Por: João Peres, Rede Brasil Atual
Publicado em 08/11/2011, 19:50O governador Geraldo Alckmin criticou a atitude dos alunos. “Os estudantes precisam ter aula de democracia, precisam ter aula de respeito ao dinheiro público, respeito ao patrimônio público. Não é possível depredar instituições que foram construídas com o dinheiro da população que paga impostos. Eles precisam ter aula de respeito a ordem judicial”, afirmou.
Os alunos fazem questão de negar que tenham depredado as instalações da Reitoria. Após o cumprimento da ordem de desocupação, cinegrafistas de algumas emissoras de televisão foram chamados para fazer imagens do prédio, e registraram aquilo que, na versão policial, seria a destruição de máquinas e equipamentos promovida pelos jovens.
“Com certeza o ambiente em que fomos abordados não foi o ambiente que deixamos”, argumenta um rapaz detido. “Durante as revistas e tudo o que estava acontecendo, ouvimos por diversas vezes barulho de quebradeira. Agora vieram dizer que tem um monte de coisa danificada. Objetos que colocamos em salas separadas sumiram.”
“Um retrocesso histórico toda essa força bruta na universidade”, queixou-se, pelo Facebook, o jovem de perfil PaulinhoIn Fluxusz, também detido. “Impressionante ver a PM apresentando falsos coquetéis molotov ao lado do meu cachecol”.

“Rodas provou que merece o título (inédito) de persona non grata da Faculdade de Direito”. A ocupação da Reitoria foi um movimento pacífico, apresentado pela mídia de forma totalmente distorcida para a sociedade, e que reivindicava algo que deveria fazer parte da normalidade: participação nas decisões. Se a USP fosse uma universidade democrática, se o Reitor fosse eleito com o voto direto da comunidade universitária, se no Conselho Universitário houvesse uma representação adequada de estudantes, funcionários e professores, não haveria ocupação. As questões seriam discutidas e encaminhadas normalmente, no diálogo. Ocorre que a USP é um feudo, onde um pequeno círculo de poder manda e desmanda. O Reitor nomeia a maioria dos eleitores do Reitor que o sucederá. E assim um pequeno grupo, um círculo de poder, ligado ao Governo do Estado, perpetua-se como proprietário da USP. (Posição do coletivo Universidade em Movimento sobre a ação da Tropa de Choque e a ocupação do campus pela Polícia Militar)


Celso Lungaretti: Escalada autoritária na USP é início de golpismo?

por Celso Lungaretti, em Náufrago da Utopia
Previsivelmente, a ditadura mal extirpada em 1985 insinua-se pelas frestas da democracia.
A presença e a ação da Polícia Militar no campus da USP, como um túnel do tempo, nos remete diretamente aos  anos de chumbo, quando tais demonstrações de força, de uma truculência e de um ridículo atroz, eram amiúde utilizadas para intimidar estudantes e cidadãos.
Pareceu estarmos assisitndo de novo a prisões em massa de universitários como as do congresso da UNE em Ibiúna e ataques a campi como o deflagrado por Erasmo Dias contra a PUC.
Foi o máximo de perda que poderia causar um episódio de absoluta insignificância. E, agora, a exigência de fiança para libertar quem jamais deveria ter sido preso é outra grotesca aberração — para não dizer evidente provocação.
Este caminho só leva ao acirramento dos ânimos, até se chegar ao que ninguém deveria querer: universitários mortos ou feridos por aqueles a quem compete defender a coletividade de bandidos, não tumultuar ambientes acadêmicos, com a conivência de um reitor sem legitimidade e sob as ordens de um governador que segue as piores cartilhas direitistas.
NÃO vale a pena ver de novo

O dia em que a USP reviveu a ditadura,  Texto : Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá, do MediaQuatro

A detenção dos estudantes que fazem parte um movimento contra a repressão política e pela saída da Polícia Militar do campus representa uma escalada na criminalização das manifestações populares dentro da, talvez, mais importante universidade o Brasil. Dezenas de alunos e funcionários já respondem a processos administrativos baseados em um regulamento interno de 1972, criado em plena ditadura militar, por terem participado de outras manifestações no campus da USP nos últimos anos, algumas, inclusive, reprimidas fortemente pela polícia com o uso de cassetetes, balas de borracha, gás lacrimogêneo e spray de pimenta.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

imprensa só investiga petistas e blinda governos tucanos

CORRUPÇÃO EM SP

".....É possível concluir, então, que a única forma de os governos federal, estadual e municipal serem fiscalizados pela imprensa é sendo governos petistas, pois só esses são alvos de investigação da imprensa. Essas campanhas “jornalísticas” contra ministros, com manchetes de capa e de primeira página tomando os telejornais todos os dias, e com a Justiça sendo célere, só ocorrem desse jeito. Votar no PSDB, portanto, significa conceder a políticos uma espécie de licença para roubar sob as barbas da imprensa e da Justiça.” .....


FOLHA, ESTADO, VEJA E TELEVISÕES MINIMIZAM CORRUPÇÃO EM SP

Por Eduardo Guimarães

“No último dia 12 de outubro, este blog [Cidadania.com] cobriu ato público “contra a corrupção” que começou no Museu de Arte de São Paulo (MASP), na avenida Paulista, e terminou no “Centro Velho” da cidade, na praça Ramos de Azevedo, diante do Teatro Municipal de São Paulo. A matéria reproduziu respostas a um questionário que esta página apresentou aos manifestantes. Aquele questionário foi elaborado de forma a identificar possível viés político-partidário e ideológico nos integrantes da manifestação.
Das 27 entrevistas feitas com os manifestantes, 26 apontaram forte viés político-partidário, deixando ver que o que ocorria ali era produto de campanha de partidos e entidades de oposição ao governo federal. Dessas 26 entrevistas que apuraram esse fato, sete se estenderam em breves conversas entre o entrevistador e os entrevistados. Só não foram relatadas antes porque o blog esperou pelo contato com fonte da Assembléia Legislativa que só ocorreu na semana passada.

Naquelas conversas com os manifestantes “contra a corrupção”, eles foram perguntados sobre se também estavam protestando contra o escândalo das emendas parlamentares na Assembléia Legislativa de São Paulo. Apesar de o entrevistador ter percebido que um dos entrevistados se fez de desentendido, os outros seis pareceram sinceros ao declararem que não sabiam de nada sobre esse escândalo, o que pode ser explicado pela discretíssima e rara cobertura do assunto pela imprensa.


Por conta disso, a base de apoio do governo Alckmin na AL-SP está conseguindo enterrar mais esse escândalo. Na última quinta-feira, os deputados governistas conseguiram derrubar, por seis votos a dois, o funcionamento do Conselho de Ética. Segundo um funcionário da AL (que preferiu não se identificar) ouvido pelo blog no último sábado, sem uma divulgação da imprensa igual à que é feita em relação a ministros do governo Dilma, investigação alguma relevante e profunda ocorrerá, como nenhuma ocorre há muito tempo em São Paulo.

A explicação que esses veículos dão ‘em off’ (através de alguns de seus jornalistas que frequentam redes sociais como Twitter ou Facebook e entram em debates com quem questiona a omissão da imprensa nos escândalos tucanos) é a de que são escândalos “regionais” e que, por isso, receberiam cobertura tão “diferenciada”, um claro eufemismo para cobertura omissa porque, a bem dos fatos, não há, em relação ao PSDB, o jornalismo “investigativo” que chega a tentar invadir domicílios em busca de “provas” contra pessoas ligadas ao governo federal.

A cobertura e fiscalização pífias da imprensa em relação ao comportamento da oposição ao governo Dilma nos Estados em que essa oposição é governo – como em São Paulo ou em Minas Gerais – se dá sob o argumento de que seriam assuntos “regionais”. Todavia, tal falácia pode ser facilmente desmontada meramente lembrando o que era feito pela imprensa quando a petista Marta Suplicy ou a ex-petista Luiza Erundina governaram a capital paulista. Então, críticas e denúncias ganhavam manchetes quase diárias nos jornais supracitados e nos telejornais de alcance nacional.

A imprensa, por essa razão, não investiga o escândalo das emendas parlamentares em São Paulo, um escândalo que lança suspeitas sobre os governos tucanos que se encastelaram no poder desse Estado há quase vinte anos, suspeitas comparáveis às que desencadearam o escândalo do mensalão federal porque insinuam que os governos tucanos paulistas subornam deputados para obterem deles favores em votações na Assembléia Legislativa.

À diferença das matérias investigativas que veículos como ‘Folha de São Paulo’, ‘O Estado de São Paulo’ e a revista ‘Veja’ passaram a fazer todos os meses contra o governo federal desde o começo do governo Lula e que neste ano ganharam intensidade nunca vista em anos anteriores, com trabalhos de investigação se sobrepondo em várias frentes simultâneas, nenhuma das matérias sobre o governo de São Paulo, na última década, partiu da imprensa brasileira, mas, sim, da repercussão de denúncias antigas que circulam entre os aliados do governo federal ou da repercussão de investigações no exterior.

O caso Alstom é um exemplo. Contém denúncias sobre propina que teria sido paga pela empresa francesa Alstom a vários políticos do PSDB, entre eles o ex-governador Mario Covas, já falecido, e o atual governador de São Paulo, Geraldo Alkmin. As raras matérias que saíram na imprensa brasileira foram “chupadas” da mídia internacional, de veículos como “Wall Street Journal” e “Der Spiegel”, entre outros. A imprensa brasileira mesma, não investiga nada sobre esse caso.

Todavia, é um caso gravíssimo. Trata-se de escândalo que envolve muitos milhões de dólares e que tem alcance internacional. Fora do Brasil, as notícias correm soltas. O assunto é tão sério que está sendo investigado pelo ministério público da Suíça, onde estão arrolados os nomes dos políticos tucanos aqui citados e de outros brasileiros envolvidos.

De acordo com o que consta em documentos enviados ao Ministério da Justiça do Brasil pelo ministério público da Suíça, no período que vai de 1998 a 2001 pelo menos 34 milhões de francos franceses teriam sido pagos em propinas a autoridades do governo do Estado de São Paulo através de empresas offshore (empresas criadas em paraísos fiscais, onde gozam de sigilo de suas contas bancárias que dificultam investigações).

Segundo o ministério público suíço, os pagamentos teriam sido feitos utilizando-se do esquema de contratos de “consultoria de fachada”. O valor das “comissões” supostamente pagas pela Alstom em troca da assinatura de contratos pelo governo de São Paulo chegaria a aproximadamente R$ 13,5 milhões. Segundo o Ministério Público da Suíça, pelo cruzamento de informações, esses trabalhos de “consultoria” foram considerados como sendo fictícios.

No período de negociação e da assinatura dos contratos de consultoria, estava à frente da Secretaria de Energia de São Paulo o então genro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, David Zylbersztajn, que deixou o cargo em janeiro de 1998 ao assumir a direção geral da Agência Nacional do Petróleo. O atual secretário de Coordenação das Subprefeituras da cidade de São Paulo, Andrea Matarazzo, que ocupou a secretaria por alguns meses, e o atual secretário estadual dos Transportes, Mauro Arce, também estão envolvidos.

Para que se tenha uma idéia da enormidade do caso e para que se possa mensurar a enormidade da minimização que a imprensa brasileira faz dele, o TCE (Tribunal de Contas do Estado) julgou irregular uma compra de 12 trens da Alstom no valor de R$ 223,5 milhões feita sem licitação pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), empresa do governo de São Paulo. O contrato foi assinado em 28 de dezembro de 2005, no governo de Geraldo Alckmin.

Pergunta: você se lembra, leitor, de quando foi a última vez que recebeu uma única notícia sobre esse caso?


A imprensa daria ajuda inestimável ao ministério público suíço usando contra o PSDB esse “jornalismo investigativo” que descobre “provas” contra petistas e aliados toda semana. Contudo, é escandaloso o total desinteresse da imprensa brasileira sobre qualquer pedido de CPI entre as dezenas deles que hibernam nas gavetas da Assembléia Legislativa de São Paulo, que, agora se sabe, vem sendo banhada pelos impostos dos paulistas que acabam escorrendo para o setor privado através de nada mais, nada menos do que… ONGs.
É possível concluir, então, que a única forma de os governos federal, estadual e municipal serem fiscalizados pela imprensa é sendo governos petistas, pois só esses são alvos de investigação da imprensa. Essas campanhas “jornalísticas” contra ministros, com manchetes de capa e de primeira página tomando os telejornais todos os dias, e com a Justiça sendo célere, só ocorrem desse jeito. Votar no PSDB, portanto, significa conceder a políticos uma espécie de licença para roubar sob as barbas da imprensa e da Justiça.”

FONTE: escrito por Eduardo Guimarães em seu blog “Cidadania.com”  (http://www.blogcidadania.com.br/2011/11/folha-estado-veja-e-televisoes-minimizam-corrupcao-em-sp/).
Postado por Política às 08:21 em 7/11/2011

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

"Lula, faça o tratamento pelo SUS"

"Lula, faça o tratamento pelo SUS" 
(piada de mau gosto nas redes sociais)

O câncer de Lula e o preconceito

por Elizângela Araújo 
(trechos de seu artigo em www.viomundo.com.br)

‘De acordo com a agência de notícias IDGNow, especializada em tecnologia, houve 120 mil compartilhamentos da foto do ex-presidente com a mensagem ‘Lula, faça o tratamento pelo SUS’, no Facebook, desde sábado à tarde até esta segunda. Ainda não há números sobre a repercussão no Twitter’. Se o número é pequeno diante do total de usuários – 31 milhões de brasileiros utilizam o Facebook, segundo pesquisa do Ibope realizada em agosto – não deixa de assustar pelo nível dos comentários.
Outros políticos brasileiros enfrentaram a mesma doença – alguns morreram e outros a superaram – sem que houvesse semelhante “campanha”. A presidenta Dilma Rousseff, por exemplo, também tratou-se no Sírio-Libanês. Mário Covas, morto em 2001 depois de perder a luta contra um câncer na bexiga, também não foi alvo de semelhante galhofa.Roseana Sarney, Paulo Maluf, e se comoveram tanto com a morte do empresário Steve Jobs, morto no dia 5 de outubro também vítima de câncer. Enfim, há outros inúmeros casos de políticos menos ilustres que tiveram câncer e comoveram mais ou menos brasileiros. No entanto, em nenhum desses casos houve tamanha falta de sensibilidade e oportunismo como no caso do ex-presidente-metalúrgico.  Não se trata de uma campanha pelo fortalecimento do sistema, mas de uma campanha anti-Lula. E se tantas pessoas passam a reproduzir uma brincadeira inconsequente como essa sem se importar de tripudiar  uma pessoa que acaba de receber um diagnóstico inquietante como esse, seja quem for, é sinal de que estamos consolidando uma sociedade com valores bem equivocados.

Nina Crintzs: Eu, o SUS, a ironia e o mau gosto

por Nina Crintzs, no blog do Luis Nassif, por sugestão de Lu Witovisk (trechos de seu artigo).
Há seis anos atrás eu tive uma dor no olho. Só que a dor no olho era, na verdade, no nervo ótico, que faz parte do sistema nervoso. O meu nervo ótico estava inflamado, e era uma inflamação característica de um processo desmielinizante. ..... Em poucas palavras: eu descobri, em detalhes, como se dá uma doença-auto imune no sistema nervoso central. Esta, específica, chama-se Esclerose Múltipla. É o que eu tenho. Há seis anos.Os médicos sabem tudo sobre o coração e quase nada sobre o cérebro – na minha humilde opinião. Ninguém sabe dizer porque a Esclerose Múltipla se manifesta. Não é uma doença genética.....
Mil médicos diferentes passaram pela minha vida desde então. Uma via crucis de perguntas sem respostas. O plano de saúde, caro, pago religiosamente desde sempre, não cobria os especialistas mais especialistas que os outros. Fui em todos – TODOS – os neurologistas famosos – sim, porque tem disso, médico famoso – e, um por um, eles viam meus exames, confirmavam o diagnóstico, discutiam os mesmos tratamentos e confirmavam que cura, não tem.

....
O diagnóstico de uma doença grave e incurável é um abismo no qual você é empurrado sem aviso. E sem pára-quedas. .... Porque já é suficientemente difícil estar vivo sem esta sentença de morte lenta e degradante....
O problema é que uma raiva desse tamanho cansa, e o tempo passa....

O meu tratamento custaria algo em torno de R$12.000,00 por mês. Isso mesmo: 12 mil reais. “Custaria” porque eu recebo os remédios pelo SUS. Sabe o SUS?! O Sistema Único de Saúde? Aquele lugar nefasto para onde as pessoas econômica e socialmente privilegiadas estão fazendo piada e mandando o ex-presidente Lula ir se tratar do recém descoberto câncer?

Pois é, o Brasil é o único país do mundo que distribui gratuitamente o tratamento que eu faço para Esclerose Múltipla. Atenção: o ÚNICO. Se isso implica em uma carga tributária pesada, eu pago o imposto. Eu e as outras 30.000 pessoas que têm o mesmo problema que eu. É pouca gente? Não vale a pena? Todos os remédios para doenças incuráveis no Brasil são distribuídos pelo SUS. E não, corrupção não é exclusividade do Brasil.

O maior especialista em Esclerose Múltipla do Brasil atende no HC, que é do SUS, num ambulatório especial para a doença. De graça, ou melhor, pago pelos impostos que a gente reclama em pagar. Uma vez a cada seis meses, eu me consulto com ele. É no HC que eu pego minhas receitas – para o tratamento propriamente dito e para os remédios que uso para lidar com os efeitos colaterais desse tratamento, que também me são entregues pelo SUS. O que me custaria fácil uns outros R$2.000,00.

Eu acredito em poucas coisas nessa vida. Tenho certeza de que o mundo não é justo, mas é irônico. E também sei que só o humor salva. Mas a única pessoa que pode fazer piada com a minha desgraça sou eu – e faço com regularidade. Afinal, uma doença auto-imune é o cúmulo da auto-sabotagem.
Mas attention shoppers: fazer piada com a tragédia alheia não é humor, é mau gosto. É, talvez, falha de caráter. E falar do que não se conhece é coisa de gente burra. Se você nunca pisou no SUS – se a TV Globo é a referência mais próxima que você tem da saúde pública nacional, talvez esse não seja exatamente o melhor assunto para o seu, digamos, “humor”.
Quem me conhece sabe que eu não voto – não voto nem justifico. Pago lá minha multa de três reais e tals depois de cada eleição porque me nego a ser obrigada a votar. O sistema público de saúde está longe de ser o ideal. E eu adoraria não saber tanto dele quanto sei. O mundo, meus amigos, é mesmo uma merda. Mas nós estamos todos juntos nele, não tem jeito. E é bom lembrar: a ironia é uma certeza. Não comemora a desgraça do amiguinho, não.


As reportagens seletivas sobre o SUS

Comentário do post "O SUS, a ironia e o mau gosto"
Por Carlos Sales

MInha esposa teve Doença de Crohn.
Hoje a doença está em remissão devido a um remédio chamado Azatioprina que é distribuído gratuitamente pelo SUS. Todo mês ela vai pegar o remédio na Farmácia de Alto Custo em Brasília-DF.
Este mês, quando ela estava pegando o remédio, percebeu uma equipe da TV Globo Local (DFTV) fazendo reportagem a respeito da distribuição desse tipo de remédio. Ela ficou observando de longe e, para algumas pessoas, eles ligavam as luzes e equipamentos, para outras não.
Quando ele estava de saída, a equipe a procurou (com os equipamentos ainda desligados) e perguntou se ela tinha recebido o medicamento que veio buscar. Ela disse que sim. O repórter perguntou se tinha recebido todos. Ela disse que sim. O repórter então desmobilizou a equipe e partiram pra outra pessoa.

Ao meio dia fomos ver a reportagem editada. O Alexandre Garcia mostrava o 'caos' na administração do Agnelo. Só mostraram as pessoas que não conseguiram o remédio e se reclamavam.
Meus amigos, esse é apenas um caso vivido. Imaginem o que acontece pelo mundo afora.
Esta é a imprensa no Brasil.
Vergonha !!!