quinta-feira, 28 de junho de 2012

Direita brasileira apoia golpe no Paraguai

Em um momento claro e evidente do que acontece no Paraguai, é fácil perceber quem é DIREITA ou quem é ESQUERDA. Fernando Lugo, presidente eleito pelo voto direto, foi destituído do poder por fôrças claramente conservadoras, representantes do poder das oligarquias locais; através de um "golpe branco" ou "golpe constitucional", supostamente dentro das leis democráticas. Na verdade houve uma quebra das regras do jogo democrático, com a destituição sumária do presidente sem direito à defesa - o que representa de fato um "golpe de Estado".  Portanto, é evidente que a DIREITA  assaltou o poder, como costuma fazer quando é contrariada (vide Brasil 1964, Chile 1973).




A reação dos partidos ao golpe

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

O debate sobre as cores ou falta de cores ideológicas nos partidos de esquerda certamente é muito interessante. Mas é quando o bicho pega que vemos de que lado estão as legendas. Eu dei um passeio pelos sites dos principais partidos políticos, para ver como suas executivas nacionais reagiram ao golpe no Paraguai. Eis os resultados:


Condenaram o golpe: PSB, PT, PSOL, PCdoB, PDT (através de sua juventude).

Não falaram nada: DEM e PMDB (com exceção de nota sobre discurso de Simon).

Apoiou o golpe: PSDB.


Os dados mostram que alguns analistas estão certos e errados ao mesmo tempo quando afirmam que não há partido de direita no Brasil. Certos porque, de fato, os partidos supostamente de direita não tem coragem de se assumirem como tal. Errados porque há um partido, mais forte que todos: a mídia. Ela é o verdadeiro partido de direita no Brasil.

Observação: tenho pra mim que não se pronunciar sobre um evento dessa magnitude é ainda mais odioso (porque é também pusilânime) do que ter uma posição conservadora.

PS: PSDB acaba de se pronunciar a favor do golpe. (nota à imprensa nesta quarta-feira). Veja abaixo.
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PSDB apoia o golpe no Paraguai

Por Altamiro Borges
O PSDB transformou-se, de fato, no principal partido da direita brasileira e num aliado incondicional das forças reacionárias mundiais. Diante do golpe desfechado no Paraguai na sexta-feira passada, ele acaba de se aliar à oligarquia fascista. Em nota oficial divulgada ontem, o deputado Sérgio Guerra, presidente nacional da sigla, manifestou total apoio dos tucanos aos golpistas e ainda condenou a postura da presidenta Dilma Rousseff em defesa do restabelecimento da democracia na nação vizinha.

http://altamiroborges.blogspot.com.br/2012/06/psdb-apoia-o-golpe-no-paraguai.html#more

Movimentos sociais repudiam o golpe

Do sítio do jornal Brasil de Fato:

Na manhã desta quarta-feira (27), integrantes de movimentos sociais estiveram reunidos com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, para entregar uma moção de repúdio ao golpe contra o presidente do Paraguai Fernando Lugo, que resultou em sua deposição na última sexta-feira (22). O documento foi assinado por organizações sociais, deputados e senadores brasileiros.


O porta-voz do Itamaraty Tovar Nunes, em entrevista coletiva, afirmou que o apoio político dos movimentos sociais “dá ânimo ao governo brasileiro” diante da "ruptura, quebra, atentado à democracia" no Paraguai. "O Paraguai convive com estruturas fundiárias arcaicas, oligopólios e setores que não concordam com processos políticos mais plurais. Os movimentos sociais podem ajudar no compartilhamento da experiência brasileira de desenvolvimento econômico e social”, disse Patriota.

sábado, 23 de junho de 2012

CEMIG – a privataria tucana em Minas

CEMIG – a privataria tucana em Minas
A empresa, que atua no ramo de geração, transmissão e distribuição de energia, é a décima maior companhia brasileira de capital aberto, segundo ranking da revista estadunidense Forbes. Em abril de 2011, a Cemig foi uma das 37 empresas brasileiras que figuraram na lista, e subiu 11 posições no ranking mundial, alcançando a 671ª posição. É a segunda estatal brasileira no ramo de energia. A empresa “estatal” possuia um capital social de R$4,2 bi em maio de 2012 com 853.018.228 ações, sendo destas 76,64% de livre negociação – o restante capital público. O setor público possui 23,3% do total das ações e 50,98% das ações ordinárias (com direito a voto). Das ações com direito a voto (ordinárias) 32,96% pertence à Andrade Gutierrez (AGC Energia s/a). Das ações preferenciais (de livre negociação) 98,03% pertencem ao setor privado, que detém 76,6% do total das ações (30% ao mercado interno e 46% ao mercado externo, destas 26,51% ADR's).

A Cemig teve parte do seu capital privatizado em 1997, durante o governo tucano de Eduardo Azeredo. O consórcio Southern Electric Participações (Southern Eletric, AES e Banco Opportunity do empresário Daniel Dantas) obteve R$ 600 milhões do BNDES para adquirir 32,9% do controle acionário da Cemig (capital votante), numa operação em 29/05/1997 na Bolsa do Rio que durou apenas um minuto, tempo suficiente para o único consórcio interessado confirmar sua proposta. Ou seja, recebeu dinheiro do povo para adquirir o patrimônio do povo. Os compradores vão participar da gestão da Cemig, num modelo chamado de "privatização branca". O acordo de acionistas previa que os acionistas receberiam dividendos de no mínimo 50% dos lucros, o que retirava da empresa a capacidade de fazer investimentos, mas era muito vantajoso para o consórcio. Com apenas 33% do capital votante ou menos de 14% do capital total, os "parceiros estratégicos" tinham o controle da empresa, pois o acordo de acionistas previa que as decisões da Diretoria e do Conselho de Administração só teriam validade se fossem aprovadas por unanimidade. Com um terço do número de diretores e com quatro dos 11 conselheiros, os sócios minoritários reunidos no consórcio poderiam vetar qualquer decisão. 

O eminente jurista Eros Grau, professor da USP, em seu parecer solicitado pela assembléia legislativa de Minas respondeu que o acordo era ilegal e inconstitucional : o acordo de acionistas é nulo de pleno direito, pois adverso à Constituição do Estado de Minas Gerais e à lei estadual nº 11.968, de 10 de novembro de 1995. Antes do acordo, o Estado de Minas Gerais detinha 84% do capital votante da empresa sem qualquer acordo de acionista, com amplo e irrestrito poder de decisão. O então governador Itamar Franco, apoiado pela maioria da ALMG, cortou os privilégios dos sócios privados e minoritários da CEMIG, a partir de 1999, colocando a AES no seu devido lugar. Essa empresa norte americana, acabou dando calote na instituição financeira (Bndes), em mais de 2 bilhões de Reais. A gigante da construção civil, Andrade Gutierrez – AG -, assume a dívida da AES com o BNDES, ficando com os 32,9% do capital votante da CEMIG.
Mas, não foi bem assim. A dívida de 2,1 bi de Reais não foi paga na totalidade e os papéis lançados pela AG, resgatáveis até 2020, são hoje bancados por um novo acordo de acionistas, que pereniza a distribuição privilegiada de dividendos para a maior sócia minoritária da CEMIG: a AG. Desde 2003 (governo Aécio Neves) sem maiores formalizações e debates públicos, a CEMIG volta a remunerar, com 50% de seu lucro, os ditos sócios minoritários. Ou seja, todo o custo operacional da empresa ficava limitado e espremido por algo atípico: os ganhos dos acionistas pressionavam pela queda na qualidade e na quantidade de investimentos em Minas Gerais, por exemplo, nas redes aéreas e subterrâneas.

Cemig assalta consumidores mineiros. Subsídio para indústrias, altas tarifas para a população; energia elétrica em Minas Gerais é a mais cara do país. No início de 2003, durante o governo Aécio Neves, a tarifa de Minas Gerais era exatamente igual as de Brasília, Rio Grande do Sul e São Paulo (0,23 por kWh - residencial B1). Mas nos anos seguintes, a Cemig implementou uma política de aumentos dos preços de seus serviços, atingindo o inacreditável percentual de 74% (até 2008) - um verdadeiro tarifaço.  Enquanto os consumidores residenciais mineiros pagam R$ 497 por megawatts/hora de energia, além dos impostos, as indústrias, chamadas de "consumidores livres", pagam R$ 81 pela mesma quantidade, ou seja, 5 vezes menos. Em abril de 2007, a tarifa dos consumidores residenciais aumentou 6,5%, enquanto o reajuste para as indústrias foi de 2,89%. O ICMS na conta de luz é de 32% em Minas enquanto que em outras praças (DF, RJ, SP) é de 17%. O tarifaço resultou num aumento arbitrário do lucro da Cemig. Só nos últimos 3 anos, o lucro cresceu 70%. De 1998 a 2002 a média histórica de lucro da empresa era de 10%. Em 2005, esse percentual foi para 17%. Um lucro adicional de mais de R$ 2 bilhões. Numa projeção pessimista, durante o governo tucano em Minas, o lucro da Cemig salta para a casa dos R$ 6 bilhões. E 63% dos dividendos da empresa vão para grupos privados internacionais. (NovoJornal).

Fernando Duarte, técnico do Dieese, aponta que o panorama do controle acionário da Cemig mudou em 1997, no processo de tentativa de privatização da empresa, e que, desde então, a participação de acionistas preferenciais estrangeiros (aqueles que não têm direito a voto, mas têm direito a participação dos lucros) tem crescido gradativamente.

"O que chama atenção é que a Cemig distribui mais do que seus dividendos. Em 2005, a empresa lucrou R$ 2,03 bilhões e distribuiu R$ 2,07 bilhões. Está sendo dada prioridade máxima aos acionistas, enquanto o lucro da empresa poderia ser destinado a investimentos na melhoria da qualidade do serviço e para rever a política tarifária", afirma.

A Cemig possui 8.859 empregados mas o que não consta nos dados oficiais é o número de trabalhadores terceirizados: 18 mil; como afirma Jairo Nogueira Filho, coordenador do Sindieletro. A cada 45 dias, um trabalhador precarizado da Cemig morre no trabalho.“Esse trabalhador tem baixos salários, um treinamento que não é o adequado, e trabalha por produtividade, ou seja, quanto mais serviço ele fizer, mais vai ganhar. Isso vai contra a lógica do setor elétrico, que é um setor de alto risco. Não dá pra brincar com energia elétrica. Aí começou a carnificina”, ressalta Jairo.
Ainda segundo Jairo Nogueira Filho, coordenador do Sindieletro, houve uma tentativa clara de privatização da Cemig em 1995, durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso e sob o governo de Eduardo Azeredo, ambos do PSDB. “As concessões foram renovadas em 95, com o adendo de autorização de terceirização do setor elétrico, já pensando na privatização do setor”, aponta.
No entanto, ele denuncia que o ex-governador Aécio Neves (PSDB) fez uma manobra para realizar o que chama de “privatização branca”. “O que o governador Aécio fez? Incluiu a Andrade Gutierrez, através da compra da Light no Rio, e estabeleceu um novo acordo de acionistas, consolidado pelo atual governador Antonio Anastasia, com os pontos que Itamar tinha conseguido desfazer. A Cemig passa hoje 50% dos dividendos para empresas minoritárias, através de um acordo aprovado por acionistas. No meu entender, isso é contrário ao que a Justiça determinou”, aponta.

O desrespeito ao trabalhador vai além da falta de treinamento. A médica do trabalho Ana Lúcia Murta, com 17 anos de experiência na área e cinco especificamente no setor elétrico, aponta que há alojamentos em péssimas condições de acomodação, de conforto, de higiene; uniformes e equipamentos inadequados, falta de cumprimento da legislação trabalhista e jornadas que ultrapassam o limite legal, devido à pressão de produtividade.

Líderes do MSC(Minas Sem Censura) querem saber o porquê da precária manutenção em redes subterrâneas e aéreas da CEMIG. Mas, intui que o sucateamento operacional que leva a acidentes como o de Bandeira do Sul, a explosões de bueiros e a acidentes graves com trabalhadores terceirizados, tem a ver com os privilégios de sócios minoritários da CEMIG. Aliás, minoritários apenas na formalidade, mas -de fato- mandam na estatal. Afinal, pagar dividendos que levam quase todo o lucro da empresa implica queda de investimentos em manutenção. Se tudo no universo se relaciona, as transações da CEMIG, AES, AG e Light se relacionam de forma bem mais promíscua. Aliás, quedas de energia, diminuição de podas de árvores, falta de manutenção da rede aérea, da subterrânea, aumento dos acidentes com a terceirização, são manifestações de um processo perverso de privatização das Centrais Elétricas de Minas Gerais.

Daniel Miranda Soares é economista e administrador público aposentado.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

O pacto contra Serra

O pacto contra Serra  

Obs: ou (como dizia Churchill: se você quer derrubar Hitler faça acordo com o Demônio)

Enviado por luisnassif, qua, 20/06/2012 - 09:27
Por Vânia
De Crônicas do Motta

Os idealistas trabalham de graça

Quando eu tinha meus 20 anos e era chefe de reportagem do "Jornal de Jundiaí", certa vez fiquei pelo menos umas três horas trancado na sala do dono da empresa, tentando arrancar dele um aumento para alguns companheiros de redação, ainda mais novos que eu.
Naquele tempo ainda acreditava que o jornalismo era mais que um simples trabalho, era um ofício com poder transformador - como muitos, sinceramente achava que as palavras tinham força.
Não me lembro bem do fim da nossa conversa, acho que não consegui nada para os meus colegas, mas me recordo exatamente de uma frase dita pelo tal patrão, com certeza o pior de todos que já conheci. A frase, porém, tal o seu grau de cinismo, era muito boa:
- Adoro os idealistas, pois eles trabalham por pouco, não preciso pagar quase nada para eles.
E assim passei grande parte de minha vida vendo os idealistas morrerem paupérrimos por seus ideais e os maus patrões ficarem cada vez mais ricos.
Ou então assistindo os idealistas entrarem em batalhas de mãos limpas, desarmados, cheios de boas intenções, os corações puros e as mentes em êxtase - e serem trucidados com a facilidade com que a gente esmaga os insetos.
Lula foi um idealista. Como idealista perdeu a eleição em 1982 para o governo do Estado, concorreu à presidência e foi derrotado em 1989, perdeu novamente em 1994 e mais uma vez em 1998. Lula perdeu todas as eleições majoritárias que disputou enquanto foi um idealista e subia nos palanques tendo como companhia apenas a sua fúria de idealista.
E enquanto vociferava slogans revolucionários de idealista o país afundava.
Um belo dia, Lula resolveu que se quisesse ser um vencedor não bastava ser um idealista. Entendeu que sozinho o PT não iria nunca ser vitorioso, que precisava fazer alianças com gente de fora para ter alguma chance eleitoral.
Compreendeu que só os idiotas ou suicidas entram numa guerra desarmados. A partir daí, a história do Brasil mudou, queiram ou não seus inimigos de variados matizes ideológicos.
A sua foto com Maluf, celebrando o apoio do PP à candidatura de Fernando Haddad, sei bem, chocou os idealistas. Não vou perder tempo tentando convencê-los de nada: cada um pensa o que quiser, julga os outros como bem entender, vota em quem achar que merece o seu voto, ou simplesmente o anula.
Como já estou numa idade que me impede de buscar o ouro no fim do arco-íris ou de me aprofundar em discussões sobre o sexo dos anjos, achei que a foto de Lula com Maluf é apenas parte de um jogo muito difícil de ser jogado e entendido por quem não é do ramo, mas que se resume no seguinte: é melhor ganhar um aliado que um inimigo, é melhor somar que dividir, é melhor ter mais tempo de propaganda que o adversário, é melhor se mostrar flexível que intransigente, é melhor ser inteligente que estúpido.
Penso assim: cada idealista com o seu ideal.
O meu, nesta eleição municipal, é o mais singelo do mundo: derrotar José Serra. Se for sem Maluf, melhor, se tiver de ser com ele, tudo bem; se for com Erundina, ótimo, se ela quiser pular do barco e levar junto o seu idealismo, problema dela, que vá ser feliz em outra freguesia.

Serra demagogo, que já cortejou Maluf, agora critica PT

O candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra,criticou o ex ministro da educação e pré candidato a prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, afirmando que não vale tudo para aumentar o tempo de TV:

Serra disse que a população e a imprensa-- que faz campanha para ele-- e que devem julgar a política de alianças . Serra não disse que tanto ele como seu partido PSDB também vinham cortejando o PP de Maluf

Quem não lembra da bronca pública que José Serra deu no governador Geraldo Alckmin? o José Serra culpou Alckmin por ter, "deixado Maluf escapar".

No Terra

Segundo aliados,  Serra está "muito irritado" com o governador, que havia garantido o apoio do PP à candidatura tucana. "Serra acha que Alckmin acertou com Maluf para 2014 e não se esforçou muito, digamos assim, para este ano", explica um dirigente do PSDB paulistano. "Ele (Serra) acredita que Alckmin deixou Maluf escapar, não segurou o PSB, e ainda teve a história do PR… o PR foi Kassab que trouxe", completa.

O grupo paulista do PP estava muito próximo de fechar com Serra, já que integra a base de Alckmin. Essas negociações, porém, começaram a azedar nas últimas semanas, depois que o governador se recusou a ceder a Secretaria de Habitação do Estado ao PP. Por outro lado, Maluf conseguiu emplacar um de seus aliados na Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, cargo negociado com a presidente Dilma pelo ministro da pasta, Aguinaldo Ribeiro (PP)

E para quem não sabe...

Maluf  já controla a CDHU, a companhia de Habitação do Estado de São Paulo... 


Erundina recua do recuo do recuo - e deixa Haddad

Ex-prefeita topou, depois desistiu, em seguida se arrependeu e quis ficar; finalmente, perdida de si mesma, recusou a indicação de candidata a vice-prefeita de Fernando Haddad; imagem do aperto de mão entre Lula e Maluf foi mais forte

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Diferenças de gestão na Petrobrás e Cemig


Petrobrás  (gestão Lula/Dilma)

O que faz uma estatal na crise

A Petrobrás elevou em US$ 12 bilhões de dólares seu programa de investimentos para o período 2012/2016 em comparação com o planejado anteriormente (2011/2015). No total, a empresa brasileira investirá nesse quadriênio US$ 236,5 bilhões de dólares, a contrapelo da retração econômica mundial. Trata-se do maior plano de investimentos do mundo ancorado em uma única companhia, envolvendo uma massa de recursos bem maior do que os EUA gastaram para enviar o homem à lua.

O nome disso é política contracíclica. Desse total, quase US$ 142 bilhões (60%) serão destinados à exploração e produção, o que significa uma fabulosa injeção de demanda por máquinas, serviços e equipamentos da cadeia petrolífera, que já representa 12% do PIB nacional. A confraria dos acionistas reagiu mal. Ações da empresa caíram na Bolsa. O 'mercado' preferia que a estatal brasileira investisse menos e bombeasse mais óleo para o exterior de modo a regar os bolsos dos acionistas com dividendos mais suculentos.

O ideal dessa confraria era a administração garimpeira do tucano Roger Agnelli, na Vale, baseada num tripé devastador: embarques crescentes de minério bruto ao exterior; dividendos polpudos aos acionistas e um legado de crateras às futuras gerações.

O que a Petrobrás anunciou nesta 5ª feira afronta essa lógica. Um dado resume todos os demais: só as encomendas previstas de 65 sondas de exploração em águas profundas --com progressivo índice de nacionalização-- equivale a quase dobrar a frota mundial desse equipamento, formada de 70 unidades hoje. Em meados de fevereiro, a Petrobrás aprovou a encomenda de 26 sondas de perfuração para o pré-sal. É apenas um aperitivo do impulso industrializante embutido no ciclo de exploração das maiores reservas do planeta descobertas nos últimos 30 anos.

Por que a Petrobrás é capaz de fazer, enquanto outras instancias do governo patinam? Um caso é o do setor de transporte. Levantamentos do Ipea mostram que, dos R$ 13,661 bi destinados a construir rodovias em 2012, apenas R$ 2,543 bilhões (18,6%) foram gastos até maio. Pior: somente 7% desse desembolso - R$ 197,4 milhões - diz respeito a despesas do orçamento deste ano. Os demais 93% são restos a pagar.A diferença entre essa contabilidade imobilizante e a Petrobras é que a estatal preservou sua capacidade de planejamento, manteve quadros de alto nível de engenharia e aprimorou sua capacidade de gestão. Ou seja, fez tudo o que foi esfarelado no interior do Estado brasileiro nas últimas décadas, para abrir espaço à autossuficiencia dos mercados. O resultado é a brutal dificuldade enfrentada pelo país para destravar investiments em infra-estrutura. Os ditos 'mercados' não fazem; o Estado foi programado para não fazer.

Para quem acha que destacar a singlaridade da estatal brasileira afronta o espírito da 'Rio+20' é importante lembrar: graças à Petrobrás a soberania no pré-sal é efetiva; por ser efetiva, em vez da exploração predatória dessa riqueza pelos 'mercados', o país pode ncorporá-la a uma estratégia de futuro, que inclui a instalação de um Parque Tecnológico de ponta na Ilha do Fundão, no Rio -- justamente para pensar os desafios da energia e do meio ambiente no século XXI.
Postado por Saul Leblon

CEMIG (gestão Aécio Neves/Anastasia)
A estatal CEMIG, governada pelos tucanos há uma década, tem apenas 23,3% do seu capital sob controle do governo do Estado de Minas Gerais e 76,6% privatizado (destes 46% são capitais estrangeiros). Veja abaixo artigo dos trabalhadores da empresa.
CEMIG – Uma empresa pública a serviço do capital financeiro

*Marcos Túlio Silva

A Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG está prestes a completar 60 anos e depois de servir como indutora do desenvolvimento econômico e social no Estado, nos últimos anos, precisamente nos 09 anos de governo tucano, a empresa redefiniu seu planejamento estratégico. Atualmente, a companhia de energia tem como objetivo principal garantir o retorno financeiro para seus acionistas. Conseqüência disso é a distribuição de cerca de 80% na forma de dividendos, enfim, a maior parte do lucro que a empresa aufere anualmente é repassada para os aplicadores, investidores, acionistas, minoritários ou não. Dinheiro do povo mineiro que deveria ser aplicado em melhor atendimento para população que é detentora da empresa.

O Governo do Estado irá pagar a dívida que tem com a empresa, que gira em torno de 5 bilhões de reais, à vista, cujo valor chegaria a 3 bilhões de reais. Desse dinheiro recebido, 17% a Cemig já anunciou o repasse extraordinário de 800 milhões de reais para os acionistas. Esse ano já são 1,8 bilhões de reais e no ano passado, 2 bilhões de reais. Quase 4 bilhões de reais distribuídos para os acionistas. O restante do recebimento da dívida, a empresa anuncia que irá às compras de outras empresas do setor. Nada de concurso público ou valorização dos trabalhadores e trabalhadoras.

Os empregados da Cemig também penam com a lógica de uma gestão voltada para o lucro acima de tudo, para manter o moto-contínuo do capital especulativo. Já fomos 19.000 empregados da maior empresa “pública” de Minas Gerais, hoje o quadro de empregados é de pouco mais de 8.000. A empresa retirou direitos históricos da categoria como o anuênio e o 14º salário, também chamado de Maria Rosa. Reduziu o quadro de dirigentes sindicais com estabilidade e no ano passado, retirou a cláusula de nosso Acordo Coletivo que limitava o poder de demissão da empresa. Além do mais, ela mais que dobrou o quadro de trabalhadores terceirizados que já são perto de 17.000, trazendo como conseqüência um quadro de precarização inédita na história da empresa, com elevados índices de acidentes fatais. Só esse ano são 07 e todos com os companheiros terceirizados e perfazendo o triste quadro de um acidente fatal a cada 45 dias. Um dos índices de acidentes fatais mais altos do Brasil.

Além da precarização nas relações de trabalho com a intensificação da terceirização, há uma precariedade absurda no atendimento à população. A frase que mais escuto pelas ruas é, “choveu, vai cair a luz.” Isso não é uma pesquisa de campo empírica, mas constatação. Basta observar os índices que medem a qualidade do serviço prestado pela Cemig na ANEEL, infelizmente, demonstram o quanto a população tem sido penalizada pelo serviço prestado pela empresa.

E os acidentes com a população? Esse ano aconteceu o triste acidente de Bandeira do Sul onde 16 pessoas morreram após a queda de um cabo de energia sobre elas. Bueiros estouraram no centro de Belo Horizonte e um motociclista ao passar com a moto sobre o cabo energizado no chão também faleceu. E a conta de energia? O Estado de Minas Gerais cobra o ICMS sobre a conta de energia elétrica mais caro do país. Enquanto que aqui em Minas se cobra 32% sobre a tarifa, estados como o Distrito Federal e São Paulo cobram 17%. Ou seja, alimentamos a roda da fortuna dos investidores com tarifa de energia alta, precariedade no atendimento a população e redução dos custos com a folha de pagamento.

Mas essa denúncia já fazemos há anos. A novidade nesse ano é que a CEMIG quer premiar seus empregados de salários mais altos como gerentes e superintendentes, com uma bolada na distribuição da PLR. Um superintendente da empresa, com a proposta de remuneração diferenciada feita pela empresa aos sindicatos que negociam com a mesma, irá receber uma bonificação de quase 200.000,00 enquanto, um trabalhador de salário menor receberia em torno de 10.000,00. Por essas e outras é que a Cemig tenta por anos a fio, ser classsificada entre as 500 melhores empresas para se trabalhar e não consegue. O pior disso tudo é que a Cemig para justificar essa absurda diferença entre o menor salário e o maior, parte da teoria de qual atividade agrega valor para empresa ou qual atividade tem mais talento que outra. Sempre lutamos pela distribuição da participação nos lucros de forma linear.

Na proposta apresentada também, não oferece nada de aumento real, na contramão de diversas categoria que conquistaram aumento real. Mas a principal bandeira dos eletricitários e eletricitárias é a contratação de novos empregados para empresa. A nossa reivindicação é a abertura de concurso público para 2.000 trabalhadores em 2012 e 2013, sendo 50% de eletricistas, para tentar diminuir os malefícios da terceirização desenfreada na companhia.



Mas a categoria eletricitária é de uma história de lutas, resistências, mobilizações incontestáveis. Já passamos por momentos grandiosos na história dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros, como as grandes greves da década de 80, a greve de fome de 95, a luta contra a privatização da empresa nos anos 90 do século passado. A nossa luta atual é por emprego decente, por melhoria na prestação de serviço à população, enfim, para que a CEMIG retome seu importante papel de empresa pública, promotora do desenvolvimento, defensora da vida.


*Coordenador Regional do Sindieletro no Vale do Aço

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Agnelo põe Perillo e mídia sob suspeita

Agnelo põe Perillo e mídia sob suspeita

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Os depoimentos à CPI do Cachoeira dados pelos governadores de Goiás, Marconi Perillo, e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, materializaram a percepção que se tinha neste blog e que tantas vezes foi externada, isto é, a de que o primeiro governador ainda tem muito a explicar e de que o segundo talvez nem devesse ter sido convocado por absoluta falta de motivos.


A diferença de desempenho dos dois governadores foi gritante. Perillo se esquivou de perguntas, não soube explicar sua relação com Carlos Cachoeira e, mais importante, além de não ter oferecido a quebra de seus sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático (e-mails, SMS’s) como fez Agnelo, recusou o pedido do relator da Comissão, Odair Cunha, nesse sentido.

O resultado da suspeitíssima recusa de Perillo em permitir, por moto próprio, que a CPI pudesse aferir em seus sigilos se é verdadeiro o pouco que afirmou peremptoriamente em um depoimento marcado pela dubiedade, foi o de que o relator anunciou requerimento de votação para quebra de sigilo dos dois governadores à revelia do que desejem.

Para Agnelo, não haverá diferença. Antes mesmo da votação sobre quebra de seu sigilo e do de Perillo já aceitou que fosse quebrado em qualquer período que se deseje. Para Perillo, porém, será um constrangimento. E será, porque ficará extremamente suspeito se a bancada da oposição na CPI votar contra.

Além de Perillo, a mídia também ficou mal na foto. Agnelo revelou um fato que só os muito informados sobre o caso sabiam e que Globo, Folha, Estadão, Veja e companhia limitada esconderam: só há um contrato entre o governo do Distrito Federal e a empreiteira Delta e esse contrato foi firmado na administração anterior da capital brasileira.

Mais além ainda, Agnelo citou escutas da Polícia Federal que jamais saíram na imprensa e que mostram que a quadrilha reclamava de si, que fazia ameaças de derrubá-lo por combatê-la e que chegava a insultá-lo pesadamente por atrapalhar seus planos. Além disso, Agnelo revelou que as mesmas escutas mostram a mesma quadrilha comemorando reportagens da Veja que o atacavam.

Por fim, Agnelo apresentou uma pilha de documentos incontestáveis, emitidos por órgãos oficiais, que o isentam de acusações da mídia sobre “aumento inexplicável” de seu patrimônio e de ações de seu governo em favor da Delta, que restou caracterizada como alvo de uma verdadeira ofensiva do governo de Brasília contra si, com medidas que lhe causaram prejuízo.

Um detalhe: o senador Randolfe Rodrigues, do PSOL, um oposicionista renhido, reconheceu o bom desempenho de Agnelo e, no dia anterior, mostrou enorme descontentamento com o desempenho de Perillo.

A ocultação de fatos e informações por parte de Perillo e da mídia, portanto, reforçam a percepção de que esses agentes têm o que esconder. O caso de Perillo, porém, é mais grave. Sua recusa em oferecer seus sigilos à investigação sugere que teme o que possam revelar.

A estratégia de Perillo, aliás, foi feita com base nos discursos de seus aliados na CPI que trataram de tentar encerrar o assunto fazendo-lhe ovações por um desempenho dúbio, até suspeito. E mostra que ele e seus aliados não contavam com a atitude de Agnelo de oferecer o que negou.

Está claro que Perillo teme o que possa advir da quebra de seus sigilos. Sua recusa em colocá-los à disposição da CPI, portanto, foi uma jogada de risco. Achava que após o noticiário falso da mídia sobre seu “bom” desempenho no depoimento que prestou, não se tocaria mais no assunto. Foi surpreendido pela transparência de Agnelo.

Por fim, apesar da dubiedade do depoimento de Perillo, algumas afirmações ele não conseguiu escapar de fazer. E é aí que mora o perigo, pois tudo o que os dois governadores fizeram em termos de afirmação poderá vir a comprometê-los conforme caminhem os trabalhos da CPI. Se um diz que nunca conversou com este ou aquele, se tal conversa surgir estará frito.

É só um exemplo para explicar que todos os depoentes poderão ser vitimados pelas próprias palavras. Até mesmo as afirmações dúbias poderão encrencá-los. Bastará que surjam elementos que comprovem que o depoente omitiu, mentiu ou fugiu de dizer o que pode vir a ser comprovado.

A oposição demo-tucana e a mídia a ela aliada apostam alto na condenação de petistas pelo julgamento do mensalão e na premissa de que a CPI do Cachoeira não chegará a nada. Tratam-se de apostas de risco tão alto quanto o que correu Perillo ao recusar a quebra do próprio sigilo. Pode haver absolvições no julgamento e a CPI pode avançar mais do que pensam.

O clichê, portanto, torna-se inevitável: a esperteza, quando é muito grande, acaba engolindo o espertalhão.

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Atualização

No meio da tarde desta quarta-feira, após a CPI ter aprovado a quebra dos sigilos de Perillo, ele mandou avisar que abriria mão desse sigilos.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Comissão de Ética absolve Orlando Silva

Comissão de Ética absolve Orlando Silva

Por Kerison Lopes, no sítio Vermelho:

A Comissão de Ética da Presidência da República absolveu nesta segunda-feira (11) o ex-ministro do Esporte, Orlando Silva, da denúncia sobre supostas irregularidades no Programa Segundo Tempo. O processo foi aberto em 17 de outubro, baseado em notícias publicadas na revista Veja. Em entrevista dada após a reunião que tomou a decisão, o presidente Sepúlveda Pertence informou que “a Comissão arquivou a denúncia contra Silva por absoluta falta de provas”.


Orlando Silva, em entrevista ao Vermelho, disse que essa foi a “primeira vitória na cruzada em defesa da justiça e da verdade”. O ex-ministro conta que sabe como é longo o caminho da justiça brasileira e que está percorrendo todos os passos para provar a verdade contra as calúnias que foram divulgadas. Ele lembrou que a denúncia analisada na Comissão de Ética foi iniciada em um processo “a partir de mentiras publicadas na revista Veja”.

“É importante essa decisão da Comissão de Ética, pois depois de longo processo de análise, conclui-se que não existe absolutamente nenhuma prova contra mim”, analisa Orlando, que comentou estar tomando todas as medidas para que a verdade seja restabelecida. “Continuo, por exemplo, com os processos que movo contra os delinquentes que me caluniaram”.

Orlando agradeceu o carinho e a solidariedade de tantos amigos e companheiros que se manifestaram no Facebook e no Twitter. Comentou também como é injusta a cobertura da imprensa, pois quando foi aberto o processo na Comissão foi feito muito alarde com manchetes garrafais. Já a sua absolvição sai publicada apenas em poucas linhas de um ou outro jornal.

As voltas que o mundo dá

Oito meses separam a data em que foi aberto o processo na Comissão de Ética até o dia da absolvição de Orlando Silva. Neste período, a verdade vem cada vez mais à tona. E não se trata apenas da decisão tomada pela Comissão nesta segunda-feira.

A revista Veja, que foi a ponta de lança das calúnias contra Orlando e o PCdoB, passou de acusadora a ré. As gravações obtidas pela Polícia Federal provaram que a revista faz parte da máfia comandada pelo bandido Carlinhos Cachoeira, que se encontra preso. O editor da Veja, Policarpo Júnior, agia como funcionário de Cachoeira, que era o verdadeiro editor da revista. Suspeita-se inclusive, que o bandido pode ter plantado nas suas páginas também as mentiras contra Orlando.

Outro que trocou de cadeira no tribunal foi o senador Demóstenes TorresEle era a voz que mais gritava mentiras no plenário do Senado e nos microfones do PIG na crise deflagrada no Ministério do Esporte (ex-DEM-GO). . Hoje, é um morto vivo que mal aparece no Senado, ou dá as caras apenas em dias de depoimentos em processos que terminarão com a cassação do seu mandato. Também ele é membro da quadrilha do bandido Cachoeira. Só não sai preso do Senado, porque estamos no Brasil.
E quem se lembra do policial bandido João Dias, que serviu como caluniador contra o PCdoB. Poucos meses depois, protagonizou uma série de atos criminosos, sendo preso por mais de uma vez. Uma de tantas que aprontou, foi esparramar 200 mil reais dentro do Palácio dos Buritis, sede do Governo do Distrito Federal. Contido pelos seguranças, bateu em funcionárias, quebrou um dedo de um policial e saiu preso. Sabe-se lá porque, hoje está recluso graças a algum “Cala Boca”.

Quanto aos parlamentares da oposição, que desfilavam calúnias no período, estão bastante ocupados na manhã desta terça-feira. Devem estar inventando argumentos para tentar defender o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, que se encontra sentado como depoente na CPI do Cachoeira. O goiano é acusado de ser sócio, parceiro, subserviente ao bandido Cachoeira, que inclusive foi preso dentro de uma casa que foi do governador. 
 

terça-feira, 12 de junho de 2012

Mensalão tucano e o silêncio da mídia

Mensalão tucano e o silêncio da mídia

Por Altamiro Borges
Na quarta-feira passada (6), finalmente o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu incluir na pauta o debate sobre o “mensalão tucano”, o esquema utilizado para alimentar a campanha pela reeleição do governador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) em 1998. A mídia, porém, não deu qualquer destaque ao assunto. Algumas notinhas informaram apenas que o “mensalão mineiro” também deverá ser julgado em breve – a imprensa demotucana evita, por razões óbvias, falar em “mensalão tucano”.

O caso é bastante emblemático. Ele serve para comprovar a seletividade da chamada grande imprensa. O escândalo surgiu bem antes das denúncias contra o PT. A própria Procuradoria-Geral da República, ao encaminhar o caso ao STF em novembro de 2007, afirmou que o esquema foi “a origem e o laboratório” do “mensalão do PT”. Ele teria sido armado pelo mesmo publicitário Marcos Valério, que montou o famoso “valerioduto” para financiar campanhas eleitorais com recursos públicos e doações de empresas privadas.
"Problemas na prestação de contas"
Segundo o Ministério Público Federal, o esquema usado na campanha frustrada pela reeleição de Eduardo Azeredo, derrotado na época por Itamar Franco, foi financiado com recursos da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), Comig (Companhia Mineradora de Minas Gerais) e Bemge (Banco do Estado de Minas Gerais). Cerca de R$ 3,5 milhões foram repassados à agência de publicidade de Marcos Valério, a SMP&B, e depois serviram para irrigar o caixa dois da campanha do tucano mineiro.
Numa entrevista à Folha, em setembro de 2007, o próprio Eduardo Azeredo, hoje deputado federal do PSDB, confirmou que teve “problemas na prestação de contas da campanha”. Mas, diante das denúncias, ele fez questão de dizer que os recursos “não contabilizados” não eram apenas para a sua campanha, “mas dos partidos coligados e que envolvia outros cargos, até mesmo de presidente da República”. E confirmou que “parte dos custos” da campanha pela reeleição de FHC foi bancada por seu comitê eleitoral.
Os corredores lúgubres do Judiciário
Apesar das inúmeras provas documentais sobre a existência do esquema ilegal, até hoje o STF protelava o seu julgamento e a mídia fazia de conta que ele não existia. A “faca no pescoço”, utilizada para acelerar o julgamento do “mensalão do PT”, nunca foi usada para apressar o julgamento do “mensalão tucano”, bem mais antigo. Será que agora os ministros do STF vão finalmente julgar o caso? Ou ele permanecerá “passeando pelos corredores lúgubres do Judiciário”, como indaga o blogueiro Antônio Mello.

PGJ de Minas impede investigação sobre Aécio

Procurador-geral de Minas impede investigação sobre Aécio 

Os deputados Rogério Correa (PT) e Sávio Souza Cruz (PMDB) pediram à Promotoria a apuração dos repasses do governo mineiro a empresas de comunicação que têm integrantes da família do ex-governador e senador como sócios

12 de Junho de 2012 às 05:05
 
247 – A Procuradoria-Geral de Justiça de Minas Gerais decidiu chamar para si a decisão de impedir que Aécio Neves fosse investigado. Os deputados Rogério Correa (PT) e Sávio Souza Cruz (PMDB) pediram à Promotoria a apuração dos repasses do governo mineiro a empresas de comunicação que têm integrantes da família do ex-governador e senador como sócios. O caso causou a indignação do promotor João Medeiros.

Leia na matéria de Thiago Herdy, do Globo:
A Procuradoria-Geral de Justiça de Minas Gerais decidiu avocar a representação levada pelos deputados Rogério Correa (PT) e Sávio Souza Cruz (PMDB) à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público com pedido de investigação dos repasses do governo mineiro a empresas de comunicação que têm integrantes da família do ex-governador e senador Aécio Neves (PSDB) como sócios.
Os deputados haviam feito a representação na promotoria em protesto contra a investigação conduzida no ano passado pelo Procurador-Geral de Justiça, Alceu Tadeu Marques — indicado para o cargo pela primeira vez por Aécio —, considerada por eles insuficiente.

A avocação ocorreu sob a argumentação de que os fatos denunciados teriam tido continuidade no atual governo e, por isso, deveriam estar sob a guarda do procurador-geral. O ato impede que o caso seja investigado pela promotoria e causou indignação no promotor do Patrimônio Público João Medeiros, que já havia iniciado suas apurações.
— O fato trazido ao conhecimento da promotoria é preciso no tempo e espaço e se refere ao período em que Aécio era o governador. A PGJ fez uma ginástica argumentativa absurda para justificar este ato de força — criticou o promotor, que estuda medidas para trazer a investigação de volta para sua alçada.

 

domingo, 10 de junho de 2012

Três equívocos da “grande imprensa”

Os três equívocos da “grande imprensa”

publicado em 9 de junho de 2012 às 11:22
por Marcos Coimbra, em CartaCapital,  

A cobertura de nossa “grande imprensa” da atualidade política gira em torno de três equívocos. Por isso, mais confunde que esclarece.
Os três decorrem da implicância com que olha o governo Dilma Rousseff, o PT e seus dirigentes. A mesma que tinha em relação a Lula quando era presidente.
Há, nessa mídia, quem ache bonito – e até heróico – ser contra o governo. E quem o hostilize apenas por simpatizar com outros partidos. Imagina-se uma espécie de cruzada para combater o “lulopetismo”, o inimigo que inventaram. Alguns até sinceramente acreditam que têm a missão de erradicá-lo.
Não é estranho que exista em jornais, revistas, emissoras de televisão e rádio, e nos portais de internet, quem pense assim, pois o mundo está cheio deles. E seria improvável que os empresários que os controlam fossem procurar funcionários entre quem discorda de suas ideias.
Até aí, nada demais. Jornalismo ideológico continua a ser jornalismo. Desde que bem-feito e enquanto preserve a capacidade de compreender o que acontece e informar o público. O problema da “grande imprensa” é que suas antipatias costumam levá-la a equívocos. Como os três de agora. Vejamos:

O Desespero de Lula
Pode haver suposição mais sem sentido do que a de que Lula esteja “desesperado” com o julgamento do mensalão?
Ele venceu as três últimas eleições presidenciais, tendo tido na última uma vitória extraordinária. Só ele se proporia um desafio do tamanho de eleger Dilma Rousseff.
Hoje, em qualquer pesquisa sobre a eleição de 2014, atinge mais de 70% das intenções de voto, independentemente dos adversários.
Seu governo é considerado o melhor que o Brasil já teve por quase três quartos do eleitorado, em todos os quesitos: economia, atuação social, política externa, ecologia etc. (sem excluir o combate à corrupção).
O mensalão já aconteceu e foi antes que galvanizasse a imagem que possui. Lula tem, portanto, esse conceito depois de passar pelo escândalo. O ex-presidente não tem nenhuma razão para se importar pessoalmente com o julgamento do mensalão. Muito menos para estar “desesperado”.
O que ele parece estar é preocupado com alguns companheiros, pois sabe que existe o risco de que sejam punidos, especialmente se o Supremo Tribunal Federal for pressionado a condená-los. Solidarizar-se com eles – e fazer o possível para evitar injustiças – não revela qualquer “desespero”.

A Batalha Paulista
Não haverá um “enfrentamento decisivo” na eleição para prefeito de São Paulo. Nada vai mudar, a não ser se a gestão local, se José Serra, ou Fernando Haddad, ou Gabriel Chalita sair vitorioso.
Como a “grande imprensa” está convencida de que José Serra vai ganhar – o que pode ser tudo, menos certo -, a eleição está sendo transformada em um “teste” para Lula, o PT e o governo Dilma. Ou seja, quem “nacionaliza”a disputa é a mídia. Apenas porque acha que Haddad vai perder. Se Serra vencer, o PSDB não aumenta as chances de derrotar Dilma (ou Lula) em 2014. Caso contrário, terá sua merecida aposentadoria. O melhor que os tucanos podem tirar da eleição paulista é a confirmação da candidatura de Aécio Neves.
Quanto ao PT e ao PMDB, vencendo ou perdendo, saem renovados. No médio e no longo prazo, ganham. Por enquanto, a mídia está feliz. Cada pesquisa em que Haddad se sai mal é motivo de júbilo, às vezes escancarado. Quando subir, veremos o que vai dizer.

É a Economia, Estúpido
Sempre que pode, essa mídia repete reverentemente a trivialidade que consagrou James Carville, o marqueteiro que cuidou da campanha à reeleição de Bill Clinton.
Lá, naquele momento, foi uma frase boa.
Aqui, não passa de um mantra usado para desmerecer o apoio popular que Lula teve e Dilma tem. Com ela, pretende-se dizer que “a economia é tudo”. Que, em outras palavras, a população, especialmente os pobres, pensa com o bolso. Que gosta de Lula e Dilma por estar de barriga cheia.
Com base nesse equívoco, torce para que a “crise internacional” ponha tudo a perder. Mas se engana. É só porque não compreende o País que acha que a economia é a origem, única ou mais importante, da popularidade dos governos petistas.
Nos últimos meses, a avaliação de Dilma tem subido, apesar de aumentarem as preocupações com a inflação, o emprego e o consumo. E nada indica que cairá se atravessarmos dificuldade no futuro próximo.
Lula não está desesperado com o julgamento do mensalão. Se Serra for prefeito de São Paulo, nada vai mudar na eleição de 2014. As pessoas gostam de Dilma por muitas e variadas razões, o que permite imaginar que continuarão a admirá-la mesmo se tiverem de adiar a compra de uma televisão.
Pode ser chato para quem não simpatiza com o PT, mas é assim que as coisas são.

sábado, 9 de junho de 2012

STF se rende à mídia

Há que ir à rua protestar contra rendição do STF à mídia

Posted by on 08/06/12

A esta altura, não resta mais dúvida de que o Supremo Tribunal Federal está se desmoralizando em decorrência de condutas e declarações de alguns de seus membros que vêm se mostrando claramente incompatíveis com a sobriedade e a independência que se espera da mais alta instância do Judiciário brasileiro.
A mesma imprensa tem pressionado o ministro José Antonio Dias Toffoli a não participar do julgamento do mensalão, agora marcado para agosto próximo, por ter sido advogado-geral da União no governo Lula, apesar de não fazer o mesmo com Gilmar Mendes, que ocupou o mesmo cargo no governo Fernando Henrique Cardoso e que vem dando declarações contra o PT.

Quem é capaz de pensar sozinho, porém, reflete que, se Tofoli está inabilitado para julgar o mensalão por ter sido advogado-geral da União no governo de Lula, Gilmar também está por ter exercido o mesmo cargo no governo de FHC. Se um juiz que integrou um governo petista é suspeito para julgar um petista, um juiz que integrou governo de adversário do PT também é.

Nesta mesma semana, outro fato surpreendente e demolidor para a imagem do STF. Segundo o jornal Folha de São Paulo, o ministro Marco Aurélio Mello declarou que nenhum membro da Corte que integra teria coragem de pedir mais tempo para analisar o processo do mensalão porque “pagaria um preço alto demais” junto à “opinião pública”.
Quando Mello alude à “opinião pública”, evidentemente que não se refere aos cerca de oitenta por cento dos brasileiros que aprovam o ex-presidente Lula ou ao percentual pouco menor que apóia a presidente Dilma. Mello alude à mídia, a meia dúzia de donos de meios de comunicação que exigem do STF que condene todos os acusados no inquérito do mensalão.

Diante da suspeita de violação de limites constitucionais e éticos por membros do STF, movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos e até mesmo os cidadãos comuns devem se preparar para um grande campanha de protesto contra essa aparente rendição do Judiciário à mídia, pois constitui ameaça a todos.Se esses setores ficarem assistindo o STF se ajoelhar diante da mídia sob os temores manifestados, com sinceridade escandalosa, pelo ministro Marco Aurélio Mello quando este diz que nenhum de seus pares seria “louco” de desafiar pressões, podem estar certos de que ainda serão vitimados.

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8 de Junho de 2012 - 10h16 em    http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=185326&id_secao=1

Petista critica data do julgamento do Mensalão

Secretário nacional de Comunicação do PT, o deputado André Vargas (PR) criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de marcar o início do julgamento do mensalão para agosto, coincidindo com a campanha eleitoral. Os trabalhos começarão no dia 1º de agosto, e a estimativa do presidente do STF, Carlos Ayres Britto, é que até 4 de setembro todo o processo estará terminado.

"Já imaginávamos que ia ter pressão, mas não imaginávamos que segmentos do Supremo seriam tão suscetíveis assim. Infelizmente, as ações do Supremo não são cercadas da austeridade exigida para uma Corte Suprema", disse Vargas.

Ele também criticou a transmissão de sessões do STF pela TV. "Em outros países o STF é muito mais austero", disse. "Aqui no Brasil, não. Tem membros do STF que viraram popstars. Esse formato, de ter julgamentos importantes transmitidos pela televisão, isso não está certo."

A transmissão ao vivo de sessões começou em agosto de 2002. Marco Aurélio, ministro que sancionou a lei de criação da TV Justiça quando ocupou interinamente a Presidência da República, disse que essa prática é um fato "positivo", uma vez que significa transparência, e não espetáculo.

Mesmo criticando as transmissões pela TV, Vargas disse que o PT não será prejudicado: "Já enfrentamos isso em 2005 e muita gente falou que o PT ia acabar. No ano seguinte, elegemos uma expressiva bancada de deputados e reelegemos Lula. Os que apostaram no fim do PT deram com os burros n'água e agora vão dar de novo".
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Bastos critica pressão da imprensa ao julgamento do Mensalão

Mídia oprime STF, diz Márcio Thomaz Bastos

EX-MINISTRO DA JUSTIÇA, QUE, ALÉM DE DEFENDER CARLINHOS CACHOEIRA REPRESENTA UM DOS RÉUS DO MENSALÃO, DIZ QUE JAMAIS VIU TANTA PRESSÃO SOBRE O JUDICIÁRIO QUANTO A QUE ESTARIA APRESSANDO O JULGAMENTO DO MAIOR ESCÂNDALO DO GOVERNO LULA

247 – A imprensa foge de seu papel quando passa a fazer publicidade opressiva. A crítica é do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, representante do ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, um dos réus do mensalão, que começa a ser julgado no dia 1º de agosto pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Thomaz Bastos, que passou a ser alvo de críticas ao topar defender o bicheiro Carlinhos Cachoeira por R$ 15 milhões, disse no programa Ponto a Ponto, da BandNews, que vai ao ar às 24h deste sábado 9, que jamais viu tanta pressão sobre o Judiciário quanto a que estaria apressando o julgamento do maior escândalo do governo Lula.
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Da Carta Capital
Mino Carta: A Marcha dos Marcianos

Recebi de um leitor a imagem que ilustra este editorial. Primeira página de O Globo pós-golpe de 1964, Presidência interina de Ranieri Mazzilli, enquanto os donos do poder e seus gendarmes decidem o que virá. Treze dias depois o então presidente da Câmara volta a seu assento de congressista e a ditadura é oficialmente instalada. Comentário do amável leitor: eis aí os defensores midiáticos da democracia sem povo.
De fato, acabava de ser desferido um golpe de Estado, mas seus escribas, arautos e trompetistas declamam e sinfonizam a história oposta. O marciano que subitamente descesse à Terra, diante da página de O Globo, e de todas as dos jornalões, acreditaria que o Brasil vivera anos a fio uma ditadura e agora assistia à sua derrubada. Em editorial, nosso colega Roberto Marinho celebrava: “Ressurge a Democracia!”

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Indústria cresce. Inflação despenca. Cadê os urubólogos?

Quem apostar na crise vai perder. De novo

Posted by on 07/06/12

 A frase que acima este texto foi proferida recentemente pela presidente Dilma Rousseff. Trata-se de remake de um filme que todos já viram. Entre setembro de 2008 e o primeiro semestre de 2009, as apostas de que o país sucumbiria à crise norte-americana que se espalhou pelo mundo se acotovelaram nos meios de comunicação.Naquele período entre 2008 e 2009, os bancos, o empresariado e até mesmo a população se assustaram com as previsões da imprensa. Mais por conservadorismo do que por razões concretas, os bancos congelaram a oferta de crédito. Aí entra o governo Lula e compra bancos de varejo e coloca os bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES) para suprir o crédito que escasseava.
É desnecessário lembrar o que foi feito das previsões catastrofistas da mídia e da oposição. Mesmo o mais desmemoriado sabe que foram totalmente desmoralizadas e que culminaram com ampla vitória do governo Lula, que elegeu o sucessor e uma bancada muito maior no Legislativo.
A tendência, porém, é muito diversa da que diz a mídia. As medidas do governo de redução de juros, de aumento da oferta de crédito e de aceleração dos investimentos públicos (aos quais a direita demo-tucano-midiática devota a maior rejeição entre todas) surtirão efeito em alguns meses.
Aliás, um dos sinônimos mais eloqüentes do novo estágio da economia brasileira é o de que, à diferença de 2008/2009, emprego e renda não foram afetados por um agravamento da situação econômica internacional hoje muito mais intenso do que naquela época, quando, entre o final de um ano e o começo de outro, quase 800 mil empregos se perderam.

O segundo semestre, assim, será marcado pela retomada da atividade econômica. E o que é melhor: sem que a população tenha sentido minimamente a crise. A produção industrial deve se recuperar, a oferta de crédito e os investimentos privados, idem. Tudo isso produzindo uma reação do PIB que talvez não seja suficiente para fazer 2012 fechar com uma taxa de crescimento mais expressiva, mas que indicará que 2013 será bem melhor.Estamos vendo ocorrer o auge da crise na Europa, que, por óbvio – pelo tamanho da economia da União Européia –, faz o mundo sentir seus efeitos. No Brasil, porém, tais efeitos têm sido surpreendentemente tímidos. Tão tímidos que os brasileiros pouco estão sentindo. Recentemente, participei de uma feira de máquinas de construção e o clima era de euforia.O único risco que o Brasil corre é o do alarmismo demo-tucano-midiático. Funcionou, em alguma medida, em 2008/2009. Contudo, àquela época foi mais fácil porque o país sentiu mais os efeitos da crise. Hoje é bem mais difícil, ainda que não seja impossível. Por isso, análises como esta precisam ser difundidas.

Indústria puxa crescimento da economia brasileira no 1º trimestre

Riquezas do País aumentam 0,2% nos três meses do ano, de acordo com o IBGE
Do R7A economia brasileira se expandiu 0,2% no primeiro trimestre deste ano em relação aos últimos três meses de 2011 e a principal responsável pelo resultado foi a indústria, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (1º).O resultado nos primeiros três meses se deveu ao crescimento de 1,7% da indústria. O destaque dentro do setor foi a indústria de transformação, que se expandiu 1,9%. Também ajudaram os desempenhos da construção civil e de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, que cresceram 1,5% em relação ao último trimestre de 2011. Já indústria extrativa mineral recuou 0,5%.

O setor de serviços também ajudou no desempenho do PIB, ao crescer 0,6% no primeiro trimestre. As atividades que se destacaram foram administração, saúde e educação pública, com expansão de 1,8%, comércio (1,3%) e transporte, armazenagem e correio (0,9%). A agropecuária, por outro lado, foi o destaque negativo e encolheu 7,3% nos primeiros três meses do ano. Em maio, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que o País deveria ter um crescimento maior no segundo semestre, sustentado pela demanda interna e pela flexibilidade das condições monetárias e financeiras.

As razões para esperar uma melhora na segunda metade do ano, segundo Tombini, seriam a taxa de desemprego muito baixa, renda dos trabalhadores brasileiros em contínua ascensão e massa salarial também evoluindo positivamente.

Venda de veículos cresce 11,97% em maio, aponta Fenabrave

SÃO PAULO - No entanto, na comparação com maio do ano passado, houve queda de 10,27%...

Agência Brasil
SÃO PAULO - O número de veículos vendidos no país em maio cresceu 11,97%, com a comercialização de 455.122 unidades ante as 406.479 registradas em abril.  Na comparação com maio do ano passado, quando o comércio de veículos chegou a 507.209 unidades, houve queda de 10,27%.
No acumulado do ano, houve queda de 4,26%, com 2.169.733 unidades vendidas contra 2.266.304 no mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (5) pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), na capital paulista.
Os números foram divulgados depois que o governo lançou no final de maio um pacote de estímulo ao setor de veículos e bens de capitais com redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e medidas de incentivo ao crédito.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, falou nesta quarta-feira sobre o desempenho econômico do país e citou o setor como exemplo. "A economia já está em uma rota de crescimento. As vendas do setor automotivo cresceram muito." 

RETOMADA EM JUNHO
Em maio, as vendas de veículos esboçaram reação, com alta de 11,5% em relação a abril. O resultado, contundo, ainda representa uma queda de 9,7% na comparação com o mesmo período do ano passado.
A expectativa é de uma retomada mais forte nas vendas para o mês de junho, quando as medidas de estímulo anunciadas pelo governo devem começar a aparecer nos números do setor.
"As vendas cresceram antes de entrarem as ações de estímulos", disse o ministro. "Só na ultima semana de maio que houve redução de preços nos automóveis. Isso vai continuar em junho e, portanto, teremos maio e junho com taxas de crescimento muito maiores que em abril e no primeiro trimestre".

Inflação despenca. Cadê os urubólogos?


Por Altamiro Borges
Quando o Banco Central iniciou a trajetória de queda nas taxas básicas de juros, Mirian Leitão, Carlos Alberto Sardenberg e outros “especialistas” em economia alertaram que a inflação iria explodir. O tom apocalíptico recrudesceu ainda mais quando o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal decidiram cortar drasticamente os seus juros. A mídia rentista anteviu o fim do mundo.

Nesta semana, porém, a mesma mídia foi obrigada a noticiar que a inflação anual caiu para 4,99%. Ela, porém, não fez qualquer autocrítica de suas previsões estapafúrdias. A mídia rentista adora criticar os outros, mas não tem qualquer senso autocrítico. Os urubólogos de plantão, muitos deles vinculados ao capital financeiro, não fazem previsões. Na verdade, eles defendem os interesses dos banqueiros!
Novos cortes nos juros 
Segundo o IBGE, o IPCA, índice oficial de inflação, subiu 0,36% em maio. Ficou abaixo das previsões dos agiotas do mercado e foi inferior à taxa de abril (0,64%). A taxa acumulada no ano atingiu 4,99%, a mais baixa desde setembro de 2010. A queda já é efeito da retração da economia nativa, decorrente da crise capitalista mundial, e confirma o acerto do governo ao reduzir a taxa Selic.
A nova queda da inflação abre caminho para o BC reduzir ainda mais os juros – bem ao contrário do que os urubólogos da mídia projetavam. O ideal seria que o governo também tivesse ousadia para enfrentar a maldição do superávit primário – o nome fictício da reserva de caixa dos banqueiros – e a libertinagem na política cambial. Aí é que os urubólogos teriam um enfarto! Leitão e Sardenberg perderiam a pose!
Postado por Miro 

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Gilmar e a liberdade de expressão




Gilmar e a liberdade de expressão



Gilmar Mendes está demonstrando dificuldade em entender a realidade, em aceitar o jogo democrático que exige, como fundamento maior, a liberdade de expressão, que se concretiza na pluralidade da informação e de opinião. Essa dificuldade, se não for logo vencida, dará suspeição às decisões que ele tomar como juiz do STF.

Os meses a vir pedem aos homens públicos responsáveis, de todos os partidos, a combinação da firmeza com a paciência, a fim de conduzir a campanha e o pleito municipal deste ano. A oposição, instigada pelo julgamento do processo conhecido como mensalão, se encontra açulada por alguns de seus líderes menos sensatos. O presidente Lula, acossado pelos inimigos e em convalescença de um tratamento penoso, não se tem contido diante dos ataques que recebe e fez algumas declarações apressadas, como ocorreu em recente programa de televisão. Na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre os negócios de Carlos Cachoeira, parlamentares perdem a compostura, e usam de linguagem chula e repulsiva, provocados pelo soberbo silêncio dos depoentes, entre eles o Senador Demóstenes Torres.

Os diálogos ásperos são normais nas casas parlamentares, desde que elas existem. Os registros do Senado Romano mostram como os debates já se valiam, naquele tempo, da ironia e do insulto – que deviam soar mais ferinos no latim republicano. A Câmara dos Comuns, a partir do confronto com os Stuarts, na primeira metade do século 17, reproduzia a linguagem vulgar dos pubs e das margens do Tamisa. No século seguinte, principalmente durante o reinado de George III, os insultos faziam parte habitual dos debates na Câmara dos plebeus. Entre os lordes, é claro, a coisa era outra: estavam todos de acordo contra o povo.
Em uma comissão parlamentar de inquérito, os ânimos são mais acesos. Mas conviria, tendo em vista a conjuntura política e econômica mundial, que os membros do comitê investigatório se contivessem em sua linguagem, na mesma medida em que se empenhassem, seriamente, na busca da verdade. O momento pede a coesão nacional, mas ela não pode ser construída na tolerância com o crime. 

Estamos diante de uma oportunidade singular, a de separar o que é público do que é privado na sociedade brasileira. Ainda que não consigamos tudo, alguma coisa que se consiga irá contribuir para a evolução positiva da democracia republicana em nosso país. 

O Sr. Gilmar Mendes continua arrostando a paciência nacional. A ligeireza com que acusa e com que retifica suas versões demonstra que o Ministro não está segurando as rédeas do raciocínio – e, em seu caso, não existe a atenuante de um agressivo tratamento de saúde.

Ainda agora ele mesmo revela que interferiu na autonomia do poder executivo, ao solicitar do Ministro da Fazenda que proiba a Caixa Econômica de anunciar em blogs independentes na internet. Como tive a oportunidade de escrever, em minha coluna no JB – reproduzida pelos blogs que ele quer silenciar – o ministro Gilmar Mendes não é uma instituição, não é o STF. E sua visita ao Ministro da Fazenda, com esse objetivo, é, sim, intromissão em outro poder e pode ser vista como intimidação. Todos os grandes veículos de comunicação do país recebem anúncios – e em valor e volume muito maiores do que a totalidade dos blogs – e exercem forte oposição ao governo. 

Tanto é assim que a presidente da Associação Nacional dos Jornais, Judith Brito, disse que a imprensa – os jornais que ela representa – desempenha o papel de um partido de oposição que, em seu juízo, não existe no Brasil. 

Gilmar Mendes está demonstrando dificuldade em entender a realidade, em aceitar o jogo democrático que exige, como fundamento maior, a liberdade de expressão, que se concretiza na pluralidade da informação e de opinião. É claro que essa dificuldade, se não for logo vencida, dará suspeição às decisões que ele tomar como juiz do STF.

domingo, 3 de junho de 2012

Lula e o preconceito de classe no Brasil

O dedo do Lula

A sociedade brasileira teve sempre a discriminação como um dos seus pilares. A escravidão, que desqualificava, ao mesmo tempo, os negros e o trabalho – atividade de uma raça considerada inferior – foi constitutiva do Brasil, como economia, como estratificação social e como ideologia.

Uma sociedade que nunca foi majoritariamente branca, teve sempre como ideologia dominante a da elite branca, Sempre presidiram o país, ocuparam os cargos mais importantes nas FFAA, nos bancos, nos ministérios, na direção das grandes empresas, na mídia, na direção dos clubes – em todos os lugares em que se concentra o poder na sociedade, estiveram sempre os brancos.

A elite paulista representa melhor do que qualquer outro setor, esse ranço racista. Nunca assimilaram a Revoluçao de 30, menos ainda o governo do Getúlio. Foram derrotados sistematicamente pelo Getulio e pelos candidatos que ele apoiou. Atribuíam essa derrota aos “marmiteiros”- expressão depreciativa que a direita tinha para os trabalhadores, uma forma explicita de preconceito de classe.

A ideologia separatista de 1932 – que considerava São Paulo “a locomotiva da nação”, o setor dinâmico e trabalhador, que arrastava os vagões preguiçosos e atrasados dos outros estados – nunca deixou de ser o sentimento dominante da elite paulista em relação ao resto do Brasil. Os trabalhadores imigrantes, que construíram a riqueza de Sao Paulo, eram todos “baianos” ou “cabeças chatas”, trabalhadores que sobreviviam morando nas construções – como o personagem que comia gilete, da música do Vinicius e do Carlos Lira, cantada pelo Ari Toledo, com o sugestivo nome de pau-de-arara, outra denominação para os imigrantes nordestinos em Sao Paulo.

A elite paulista foi protagonista essencial nas marchas das senhoras com a igreja e a mídia, que prepararam o clima para o golpe militar e o apoiaram, incluindo o mesmo tipo de campanha de 1932, com doações de joias e outros bens para a “salvação do Brasil”- de que os militares da ditadura eram os agentes salvadores.

Terminada a ditadura, tiveram que conviver com o Lula como líder popular e o Partido dos Trabalhadores, para o qual canalizaram seu ódio de classe e seu racismo. Lula é o personagem preferencial desses sentimentos, porque sintetiza os aspectos que a elite paulista mais detesta: nordestino, não branco, operário, esquerdista, líder popular.

Não bastasse sua imagem de nordestino, de trabalhador, sua linguagem, seu caráter, está sua mão: Lula perdeu um dedo não em um jet-sky, mas na máquina, como operário metalúrgico, em um dos tantos acidentes de trabalho cotidianos, produto da super exploração dos trabalhadores. O dedo de uma mão de operário, acostumado a produzir, a trabalhar na máquina, a viver do seu próprio trabalho, a lutar, a resistir, a organizar os trabalhadores, a batalhar por seus interesses. Está inscrito no corpo do Lula, nos seus gestos, nas suas mãos, sua origem de classe. É insuportável para o racismo da elite paulista.

Essa elite racista teve que conviver com o sucesso dos governos Lula, depois do fracasso do seu queridinho – FHC, que saiu enxotado da presidência – e da sua sucessora, a Dilma. Tem que conviver com a ascensão social dos trabalhadores, dos nordestinos, dos não brancos, da vitória da esquerda, do PT, do Lula, do povo.

O ódio a Lula é um ódio de classe, vem do profundo da burguesia paulista e de setores de classe média que assumem os valores dessa burguesia. O anti-petismo é expressão disso. Os tucanos são sua representação política.
Da discriminação, do racismo, do pânico diante das ascensão das classes populares, do seu desalojo da direção do Estado, que sempre tinham exercido sem contrapontos. Os Cansei, a mídia paulista, os moradores dos Jardins, os adeptos do FHC, do Serra, do Gilmar, dos otavinhos – derrotados, desesperados, racistas, decadentes.

Postado por Emir Sader em Carta Maior

sábado, 2 de junho de 2012

inimigos públicos nº 1 de Lula

Listão dos inimigos públicos nº 1 de Lula, que querem 'acabar com a raça' dele

Se dependesse desses políticos e partidos abaixo, o lugar de Lula seria aprisionado numa cela e incomunicável com o povo, igual ficou Nelson Mandela na África Sul por 27 anos.

PSDB, DEM, PPS, o PSOL, e o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) usaram a torpeza de moveram ação com a finalidade de "acabar com a raça" de Lula no tapetão do judiciário, usando uma "reporcagem" torpe da revista Veja, alavancada por Gilmar Mendes, para fazer uma espécie de AI-5 contra Lula.

A lista dos inimigos públicos nº 1 de Lula, que querem 'acabar com a raça' dele:

Assinaram a representação torpe para cassar e aprisionar Lula:

Alvaro Dias e o deputado Bruno Araújo e Mendes Thame, assinando por todos do PSDB;
José Agripino Maia, assinando por todos do DEM;
Rubens Bueno,  assinando  por todos do PPS;
Randolfe Rodrigues,  assinando todos do PSOL;
Jarbas Vasconcelos, assinando só por ele mesmo, dissidente do PMDB

Os líderes dos partidos representaram seus caciques, que endossaram a trama:

Aécio Neves (PSDB-MG)
José Serra (PSDB-SP)
ACM Neto (DEM-BA)
Soninha Francine (PPS-SP)
Beto Richa (PSDB-PR)
Simão Jatene (PSDB-PA)
Siqueira Campos (PSDB-TO)
Anchieta Junior (PSDB-RR)
Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL)
Geraldo Alckmin (PSDB-SP)
Anastasia (PSDB-MG)
Marconi Perillo (PSDB-GO)
Duarte Nogueira (PSDB-SP)
Antonio Carlos Leréia (PSDB-GO)
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP)
Sérgio Guerra (PSDB-PE)
etc.
e todos os demais membros do PSDB, DEM, PPS e PSOL que não se manifestaram publicamente contra essa torpeza de golpismo safado e sem-vergonha.

E não adianta quererem negar, porque quem não teve coragem de assinar, também não deu um pio contra o docuento, pelo contrário, o PSDB até emitiu nota oficial falando em nome do partido e da oposição.

Todos políticos destes partidos estão no mesmo barco dos que querem 'acabar com a raça' de Lula de maneira torpe.

Eis o AI-5 demotucano e psolista contra Lula:

http://s.conjur.com.br/dl/representacao-oposicao-ex-presidente1.doc

Se queriam jogar para a platéia, 190 milhões de brasileiros da "platéia" vão ficar sabendo quem quer cassar e aprisionar Lula em conluio com a revista Veja, ligada ao bicheiro Cachoeira.

Vamos espalhar para todo mundo.

Vamos todos registrar na nossa listinha para nunca mais esquecer esses nomes e essas siglas que são inimigos públicos nº 1 de Lula e de lulistas.

Quem gosta de Lula, que digam um NÃO a esses nomes e siglas, na hora que vierem sorrir na TV ou dar tapinha nas costas pedindo voto. Quem não gosta de Lula que sigam esses golpistas e suas tropas da elite arcaica de Veja, Globo, Folha, Estadão, Gilmar.

Quem gosta de Lula, que vote em quem não quer acabar com a raça dele.

E não adianta depois virem pedir "desculpas" como fez ACM Neto quando disse que daria uma "surra" em Lula, pois ele é reincidente, quando o presidente de seu partido assina esse lixo.

Nem adianta vir dizer que não é bem assim, que "é as idéias que brigam", como fala Aécio Neves em público, mas age traiçoeiramente desta forma nos bastidores, como uma cascavel venenosa, pois seus líderes Álvaros Dias e Bruno Araújo assinaram esse lixo, e seu afilhado político Rodrigo de Castro (PSDB-MG) assinou nota à imprensa comunicando esse lixo em nome do partido.

Aécio Neves endossa "acabar com a raça de Lula"

Também não venham fazer propaganda enganosa, durante a campanha eleitoral, dizendo que são amigos de Lula desde criancinha, como a campanha de José Serra quis fazer em 2010.

E nem venham dizer que fazem "oposição responsável" como José Agripino Maia, que nada tem de responsável querer cassar Lula com base em "reporcagens" da revista Veja.

Adversários políticos podem ser respeitáveis, quando travam um debate franco e de peito aberto, por mais duro que seja. Há gente do PSOL, por exemplo, que era assim. Mas a assinatura de Randolfe Rodrigues nesse lixo, desmoraliza todo o partido.

Quando os projetos e ideologias brigam com efervescência, causa até admiração em adversários, mesmo com discordâncias. Até denúncias sérias são respeitáveis, pois a vida republicana precisa de constante depuração. Mas golpismos sem-vergonha só merecem repúdio, e nos fazem descartar até mesmo como segunda opção política, em casos de segundo turno.

Os demotucanos (incluindo os do PSOL) levam surra nas urnas, e querem dar o golpe no tapetão do judiciário, para acabar com a raça do presidente Lula e de seu legado.

Avisem aos demotucanos que a ditadura já acabou

Lula já ficou preso mais de um mês, na ditadura, pela afronta de se rebelar contra o arrocho salarial aos trabalhadores, para engordar os lucros de multinacionais remetidos para o exterior ou de empresários ricaços brasileiros que usavam a máquina repressiva da ditadura para explorar o trabalhador.

Dilma também já ficou presa na ditadura por rebelar-se contra a repressão a qualquer manifestação política nas ruas ou em partidos que desagradasse os ditadores e seus puxa-sacos como José Agripino Maia e o avô de ACM Neto.

Nenhum destes demotucanos e psolistas tem sequer moral para atacar Lula, ainda mais em defesa da revista Veja e do ministro do STF Gilmar Mendes.

Fizeram as suas escolhas e escolheram ficar do lado de Gilmar Mendes, Veja e Cachoeira. Que fiquem com eles.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

"Vítimas" de Gilmar respondem às críticas

Conduta de Gilmar Mendes provoca críticas e representações

As recentes declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria tentado chantageá-lo para que adiasse o julgamento do “mensalão”, provocaram vários questionamentos sobre a conduta do ministro, classificada por alguns como “polêmica”, “questionável” e mesmo “destemperada”. PSOL protocolou representação questionando a conduta do ministro. Secretário-geral da CUT-DF protocolou pedido de impeachment.

Brasília - As recentes declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria tentado chantageá-lo para que adiasse o julgamento do “mensalão”, provocaram vários questionamentos sobre a conduta do ministro, classificada como “polêmica”, “questionável” e mesmo “destemperada”.

O PSOL - que havia se unido ao PSDB, DEM e PPS para solicitar à investigação da conduta de Lula - protocolou ontem, na Procuradoria Geral da República, representação em que questiona a conduta do Mendes, classificada pela sigla como “bastante questionável”. No documento, o partido pede a investigação dos fatos e, se comprovada conduta indevida, que a Procuradoria adote as medidas cabíveis, nos âmbitos administrativo, civil ou penal.

O servidor público Cícero Batista Araújo Rôla protocolou, nesta quarta (30), na presidência do Senado, o pedido de impeachment do ministro do STF, Gilmar Mendes. Cícero, que é filiado ao PT e secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores no Distrito Federal (CUT-DF), disse à Carta Maior que, “como cidadão que cumpre suas obrigações, não pode aceitar que este magistrado desrespeite o ordenamento jurídico, adote posições tão parciais”.

“Esta é uma postura inaceitável da parte de um juiz da mais alta corte. As contradições entre os depoimentos dos dois revelam que ou Lula cometeu uma irregularidade, ou o ministro mente, o que é uma postura inaceitável da parte de um juiz da mais alta corte. E, dado o histórico de mentiras de Gilmar Mendes, solicitei ao Senado que o afaste de suas funções e apure sua conduta”, justifica.

O ex-presidente Lula, em palestra proferida na sede da ONU em Brasília, na noite de quarta (30), afirmou que precisa ter cuidado com uma minoria que não gosta dele. “Você sabe que tem muita gente que gosta de mim, mas tem algumas que não gostam. Eu tenho que tomar cuidado contra essas. São minoria, mas estão aí, no pedaço”, afirmou.

Mais cedo, a presidenta Dilma Rousseff, durante cerimônia de entrega do Prêmio Objetivos do Milênio Brasil, já havia feito uma homenagem ao ex-presidente. "As pessoas nos lugares certos e na hora certa mudam processos e transformam a realidade", afirmou a presidenta, propondo a homenagem. A plateia aplaudiu de pé e cantou, em coro, “Olé, olá... Lula, Lula”.

Na terça (29), a Secretaria de Comunicação da Presidência da República divulgou nota desmentindo a matéria “Para Dilma, há risco de crise institucional”, na qual o jornal O Estado de São Paulo diz que a presidenta, em reunião com o presidente do STF, Ayres Britto, teria dito o episódio envolvendo Mendes e Lula colocava em risco as relações entre Executivo e Judiciário. A nota afirma que o jornal contrariou “a prática do jornalismo” e que “os comentários atribuídos à presidenta da República citados na reportagem são inteiramente falsos”, diz a nota.

O STF, que em nota também negou o teor da reportagem, preferiu não emitir opinião sobre as desavenças entre seu ministro e o ex-presidente. De acordo com a Folha de S.Paulo, o presidente da Corte, Ayres Britto, após consulta aos ministros, teria concluído o encontro entre Lula e Gilmar não foi um episódio institucional, mas pessoal.

As demais "vítimas" de Gilmar

A Embaixada da Venezuela no Brasil divulgou nota oficial repudiando as declarações do ministro, ao jornal O Globo, de que "o Brasil não é a Venezuela de Chávez, onde o mandatário, quando contrariado, mandou até prender juiz". “Recorrer à desinformação para envolver a Venezuela em debates que dizem respeito apenas aos brasileiros é uma atitude indecorosa - ainda mais partindo de um ministro da mais alta corte da nação irmã - e não reflete a parceria histórica entre Brasil e Venezuela”, disse o embaixador no Brasil, Maximilien Arveláiz.

O deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), também atacado por Mendes, atribuiu as declarações do ministro a uma tentativa de inviabilizar os trabalhos da CPMI do Cachoeira. “Desta vez a tentativa de blindar o crime organizado não deu certo. Felizmente, o trabalho da CPMI do Cachoeira já transcendeu o poder de obstrução dos corruptos, corruptores e do Sr. Gilmar Mendes. Não adianta mais tentar ganhar no grito ou querer dispersar o foco objetivo da CPMI por meio de mentiras”, disse o deputado, em nota.

Protógenes lembrou que Mendes, quando presidente do STF, foi responsável por decisões que afetaram a credibilidade da Justiça brasileira, como a concessão de dois habeas corpos, em 48 horas, para o banqueiro condenado Daniel Dantas, em 2008. “Os atos incomuns praticados no STF pelo ex-presidente Gilmar Mendes tinham, então, respaldo de um super poder judicial acima da lei e da Constituição da República. Hoje eles não tem mais. As coisas mudaram no Brasil. E continuarão mudando”.

Na nota, o deputado disse ainda que “talvez o destempero, nervosismo e arrogância de Gilmar Mendes se explique ao longo da CPMI do Cachoeira na ampliação da coleta de dados, documentos e informações que aprofundem as investigações com o objetivo final de revelar as infiltrações nos Poderes da República, que ameaçam o Estado Democrático de Direito”.

O ex-delegado da Agência Brasileira de Inteligência (Abim), Paulo Lacerda, acusado por Gilmar Mendes de “grampear” o STF, em 2008, rebateu as declarações recentes do ministro de que ele continuaria abastecendo Lula com informações sobre a atividade do magistrado. Em entrevista ao site Terra Magazine, o ex-diretor-geral da Polícia Federal afirmou que, se Mendes realmente fez tal afirmação, “ele foi leviano e mente”. Lacerda negou proximidade com o ex-presidente Lula e disse que, hoje, trabalha para a iniciativa privada.

Negou também conhecer o araponga Idalberto Matias Araújo, braço direito de Cachoeira que, segundo Mendes, seria homem de confiança de Lacerda. Para o ex-delgado, o ministro do STF está “exaltado, sem controle”. Ele afirmou ainda que a CPI do Cachoeira será uma “ótima oportunidade” para esclarecer o caso dos grampos ilegais jamais provados que derrubaram a Satiagraha.