quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A CRISE E AS RECEITAS DO PSDB PARA O BRASIL

A CRISE E AS RECEITAS DO PSDB PARA O BRASIL 

 

Por Diogo Costa
ABRAÇO DE AFOGADOS
“O mundo presencia, em tempo real, ao desdobramento da maior crise econômico-financeira desde o ‘Crash’ de 1929. As receitas, com variações e graduações mais ou menos acentuadas, caminham em direções opostas, por exemplo, n'alguns países da América do Sul e na Europa. A receita ordotoxa pró-cíclica ministra os remédios do corte de investimentos estatais, do arrocho salarial e da demissão em massa de funcionários públicos. O outro modelo propugna por mais intervenção do Estado, diretamente ou como indutor e regulador da atividade econômica.
Quais são as receitas do PSDB para o Brasil atual? O governo Dilma Rousseff vem pesando a mão (para os padrões brasileiros dos últimos 20 anos) na intervenção econômica. Interveio nas concessões de geradoras de energia elétrica, nos juros da taxa SELIC e não abre mão do reforço ao PAC. Qual é a política do PSDB para o salário mínimo, para as relações internacionais do país, para as comunicações, para o pré-sal etc? Ao que parece, Aécio Neves resolveu ressuscitar Fernando Henrique Cardoso (e toda a sua antiga equipe econômica), renegado duas vezes por José Serra (2002 e 2010) e renegado por Alckmin em 2006.
Isto representa, na prática, uma ode ao passado neoliberal que ruiu em 15 de setembro de 2008. Será que, trazendo economistas dos 'áureos' tempos de globalização neoliberal, será que resgatando as teses do “Consenso de Washington” o PSDB conseguirá conquistar os corações e mentes do povo brasileiro? Gostem ou não, a América do Sul viveu, em pouco tempo, experiências distintas, diametralmente opostas e que deixou como herança alguns símbolos políticos importantes. Os símbolos da era que ruiu são justamente os ex-presidentes Carlos Menem, Alberto Fujimori e Fernando Henrique Cardoso, para citar apenas os mais conhecidos.
Os símbolos da era pós neoliberal são os presidentes Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e Dilma Rousseff. Por mais esforço que um analista político queira fazer nos dias atuais para negar determinados fatos, pelo menos um ele não conseguirá negar. Qual seja, o fato de que os presidentes neoliberais dos anos 90 do século passado figuram no imaginário das populações de seus respectivos países como recordações desagradáveis de um tempo de submissão canina ao FMI, ao Clube de Paris, um tempo de 'relações carnais' com os EUA, de desregulamentação financeira, de solapamento de direitos trabalhistas, de aumento das desigualdades sociais, de arrocho salarial e desemprego galopante etc.
Soa incompreensível para o mais principiante cientista político o fato de que Aécio Neves pretenda subir a rampa do Palácio do Planalto no dia primeiro de janeiro de 2015 empunhando bandeiras de triste memória. Se fossem apenas bandeiras de triste memória, tudo bem, mas a questão é que, além da triste memória, são bandeiras que levaram o mundo ao impasse atual, são teses que faliram fragorosamente. Em que pese o tempo da política e das massas não ser o tempo da economia real, não há possibilidade, no Brasil de hoje, de que alguém ganhe musculatura eleitoral negando os 10 anos de governos do PT, ou fazendo-lhe oposição frontal. Isso seria nada mais do que improducente suicídio eleitoral.
O PSDB precisa dizer ao povo brasileiro, de forma convincente, qual é o seu novo credo em matéria de economia política. Precisa dizer se permanece fiel aos dogmas moribundos do passado que ruiu ou se foi capaz de construir uma nova síntese. Até o presente momento, o partido apresenta velhas fórmulas que, se aplicadas como panacéia para os males de Pindorama, em menos de seis meses transformariam o Brasil numa Grécia ou numa Espanha. É isso que pretendem apresentar como solução para o país? Enfim, se alguém ainda tem dúvida de que Dilma Rousseff é favoritíssima para vencer a eleição de 2014, pode 'tirar o cavalinho da chuva'...
Mesmo com eventuais falhas aqui e acolá na condução da política e da economia nacionais, Dilma Rousseff está à frente de um trem que avança no rumo certo para vencer a crise. O povo brasileiro está muito amadurecido políticamente e não trocará um trem que avança (mesmo que lentamente) pelo caminho certo por um trem que pretende avançar (ao que parece rapidamente) rumo ao precipício da volta aos tempos do estado mínimo. A onda moralista, neoudenista, será capaz de suprir a falta de um projeto alternativo (não neoliberal) ao capitaneado hoje pelo PT? Não foi capaz em 2006 e nem em 2010; por que seria em 2014?
Alguma alma caridosa deveria avisar Aécio Neves de que, ao abraçar tão decididamente a figura de Fernando Henrique Cardoso, ele corre o sério risco de acabar sem oxigênio, num autêntico abraço de afogados. A questão que fica é a seguinte: o PSDB tem, atualmente, entre seus quadros capacidade e desejo de superar o seu passado de principal partido neoliberal do Brasil? Se não conseguir virar a página com nova formulação programática, pode sucumbir antes mesmo de um dia ter feito jus ao 'social democracia' que ostenta em seu nome partidário. Enquanto isso, o PT segue nadando de braçadas.”
FONTE: publicado no portal de Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-crise-e-as-receitas-do-psdb-para-o-brasil). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

Economia brasileira cresce acima das expectativas

Da série  "a economia brasileira acelera" ! Que horror.  PIG não gosta, pois torce contra - pra eles quanto pior melhor.

Reação da economia dificulta ataques da oposição a Dilma

Números macro e setoriais apontam para mais dinheiro no caixa do governo e retomada do crescimento da indústria e do comércio; crescem licenciamentos de veículos, comercialização de cimento e vendas de máquinas e equipamentos; entre arrecadação e despesas, governo teve superávit de R$ 7,60 bilhões no mês passado; recorde histórico; "É um absurdo dizer que não mantemos todos os nossos compromissos com os pilares da sustentabilidade", disse Dilma aos empresários no ressuscitar do Conselhão, na quarta-feira 27.


28 de Fevereiro de 2013 às 05:08
247 – Não será tão fácil como previam nove entre dez analistas com espaço na mídia tradicional atacar o governo pela via da economia. As apostas na desaceleração da atividade estão sendo superadas pela exibição de resultados que vão indicando robustez para a conjuntura de 2013. Até mesmo as projeções do PIB feitas por agentes do mercado já convergem para uma elevação acima dos 3% até dezembro, com redução da taxa de inflação inicialmente prevista.
"É um absurdo dizer que não mantemos todos os nossos compromissos com os pilares da sustentabilidade", disse a presidente Dilma Rousseff, nesta quarta-feira 27, na retomada do chamado Conselhão, o plenário de empresários criado no governo Lula que havia sido deixado de lado na atual administração. "Mantemos a inflação sobre controle, e achamos que a inflação é um valor na medida em que ela garante não só os ganhos de salário, mas garante também a capacidade de previsão do governo e dos empresários e os ganhos dos empresários e dos trabalhadores", completou ela.
Na mesma reunião, o ministro interino da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que os atuais indicadores de janeiro confirmam a perspectiva de recuperação da economia brasileira. Entre eles, citou o aumento da produção e do licenciamento de veículos, da comercialização de cimento e da consulta para vendas no varejo.
"Todos concordam que teremos mais crescimento, menos inflação, baixa taxa de desemprego e continuação da expansão da massa salarial", disse Nelson Barbosa. De acordo com os dados apresentados, a taxa de desocupação nos últimos dez anos caiu de aproximadamente 11% para em torno de 5,5%. A queda do desemprego veio acompanhada do crescimento da massa salarial, que teve aumento médio de 3,5%.

Num setor fundamental para a leitura do crescimento ou da economia, a Associação dos Fabricantes de Máquinas e Equipamentos reportou também nesta quarta 27 que o faturamento bruto do setor encerrou janeiro com um dos melhores resultados para o período desde 2009.  Segundo a Abimaq, a carteira de pedidos da indústria de máquinas e equipamentos cresceu 7 por cento em janeiro, enquanto o faturamento bruto avançou ligeiros 0,2 por cento na comparação com o mesmo período de 2012, para 5,79 bilhões de reais. O consumo aparente, que inclui venda de máquinas nacionais e importadas no mercado interno, avançou 16,3 por cento sobre janeiro de 2012 e 6,7 por cento sobre dezembro, o que "indica que há demanda neste início de ano", disse a entidade. A expectativa da Abimaq para 2013 é de crescimento de 5 a 7 por cento no faturamento bruto do setor, após uma queda de 3 por cento no ano passado, para 80 bilhões de reais.

O Banco Central, igualmente na quarta 27, anunciou um superávit primário recorde de R$ 30 bi, 251 bilhões em janeiro, alimentado pela forte arrecadação no período. Segundo informou a autoridade econômica, o resultado veio da economia fiscal de 26,088 bilhões de reais do governo central, diante da arrecadação também recorde vista no período, de R$ 116 bilhões. O superávit cobriu com folga a despesa com juros no mês, de 22,649 bilhões de reais. Com isso, o setor público consolidado registrou superávit nominal --despesa menos receita, incluindo pagamento de juros-- de 7,602 bilhões de reais no mês passado.


DÍVIDA EM QUEDA
A relação entre dívida pública e Produto Interno Bruto (PIB) fechou janeiro em 35,2 por cento e, para fevereiro, o BC estima estabilidade, informa a Agência Reuters. Em dezembro, a variável havia ficado em 35,1 por cento e, no final de 2011, em 36,4 por cento.
Apesar de acreditar que o governo não vai conseguir cumprir a meta de superávit primário neste ano, que equivale a cerca de 3,1 por cento do PIB, o economista-chefe do Goldman Sachs, Alberto Ramos, apontou à Reuters que a relação dívida/PIB vai continuar com trajetória descendente.
"O superávit menor não deve, contudo, comprometer a trajetória de queda moderada da relação dívida líquida/PIB", escreveu ele em nota, acrescentando que, para 2013, o primário deve ficar entre 2 e 2,5 por cento do PIB.
No acumulado em 12 meses até janeiro, o superávit alcançou 109,2 bilhões de reais, equivalente a 2,46 por cento do PIB.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Economia brasileira acelera

Aceleração atomizada da economia impulsiona Dilma

"Acalmem-se", disse a presidente Dilma Rousseff, num sorriso; faz sentido; aos que apostam no eclipse do crescimento, resposta da economia real é ensolarada; vendas de aço, alumínio, eletro-eletrônicos, ônibus e tratores disparam neste início do ano; arrecadação de impostos sobe; dívida mobiliária federal recua; projeção aponta para inflação em queda e crescimento em alta; apostas no pessimismo começam a pagar menos.

26 de Fevereiro de 2013 

247 – Apostar no pessimismo, dentro de um cenário global de incertezas, sempre parece menos arriscado. Vai dar errado, dizem os céticos e derrubadores, cercados de conjecturas. O problema, como apontam os primeiros números da economia brasileira em 2013, é que, neste ano, jogar contra já está dando pinta de ser muito mais um torcida política do que uma análise fria e científica. Em lugar de eclipse, o que está surgindo no horizonte é um sol tipicamento tropical.
Nos últimos dias, uma série de dados econômicos confluem para um desempenho, em 2013, muito superior ao verificado no ano passado. Líderes empresariais de diferentes setores do meio da economia – aqueles que usam insumos da indústria de transformadora de matérias primas para aplicar em produtos finais ao consumidor – estão otimistas sobre mais produção e mais vendas este ano, com base nos primeiros resultados já alcançados.

É assim que os setores que compram aço, como as montadoras de veiculos e a construção civil, fizeram aquisições em janeiro nada menos que 18% acima do comprado em dezembro, segundo dados do Instituto Nacional das Distribuidoras de Aço (Inda). "O mercado está começando a crescer novamente", disse o presidente Carlos Loureira ao jornal Valor Econômico. Com alta de 3,4% em vendas em janeiro em relação ao mesmo período do ano passado, o setor projeta um crescimento de 6% no mercado doméstico sobre o ano passado até dezembro.

No alumínio, outro elemento presente em ínumeros setores industriais, o melhor termômetro de crescimento é a venda de chapas, folhas e extrudados. Neste campo, as vendas em janeiro, de acordo com a Associação Brasileira de Alumínio (Abal), já foram 5,9% maiores do que no primeiro mês de ano passado. "Acreditamos num crescimento do setor de até 5 por centro para este ano", diz o presidente da entidade, Luiz Carlos Loureiro Filho. "Estamos otimistas".

Não é diferente entre uma das maiores fabricantes de ônibus e caminhões do País, a MAN Latin America. "Já temos pedidos que indicam vendas 20% maiores do que em 2012, em razão de a necessidade do mercado renovar a sua frota", adianta Roberto Cortes, presidente da companhia. "Nossa atividade no primeiro bimestre está ótima em relação à que tivemos em 2012".

No mesmo setor, a Agrale, tradicional fabricante de máquinas e tratores, registrou um crescimento de vendas simplesmente espetacular em janeiro com relação a dezembro: 126% mais. Os responsáveis pela companhia admitem que tratou-se de um ponto fora da curva, mas, a partir dele, eles projetam um crescimento da companhia, este ano, de mais de 16% sobre o realizado no ano passado. "O forte desempenho está ligado ao fim dos estoques das indústrias do nosso setor", disse o diretor-presidente Hugo Zattera ao Valor.

Pesquisa entre associados feita pela  Abinee (Associação Brasileira da Indústria de Eletro-eletrônicos) constatou que 56% das empresas associadas relataram alta de encomendas em janeiro com relação a dezembro. Isso mostra um aquecimento no setor de ponta tecnológica da economia. "O otimismo aumentou, porque os sinais dados em janeiro, um mês que nunca é excepcionalmente forte em vendas, indicam um grande ano pela frente", conta o presidente Humberto Barbato. Segundo ele, 79% dos associados da Abinee registraram em pesquisa que esperam melhores vendas em 2013 do que em 2012.

Mesmo onde janeiro apontou queda em relação a dezembro, de 3%, no setor de máquinas e equipamentos, o dado foi comemorado. "Esse recuo é sazonal, e sempre acontece nessa época, mas foi muito menor do que em anos anteriores", relatou Marcos Bernardini, consultor econômico da Abimaq.

Nos grandes números macroeconômicos, o governo também já tem o que comemorar. O Boletim Focus, do Banco Cenral, que semanalmente capta os humores de agentes do mercado financeiro sobre dados como inflação e crescimento do PIB indica nesta segunda-feira 25 que a inflação esperada é menor do que na semana anterior – e o crescimento, maior, da ordem de 3% para o ano. Noutro dado, o estoque da dívida mobiliaria do Tesouro (tudo o que o governo deve ao mercado) declinou 4%, equanto a arrecadação de impostos bateu novo recorde.

A continuar nessa marcha, o melhor, para os pessimistas, vai ser iniciar logo um ajuste de discurso, sob pena de ficarem falando sozinhos – os empresários, afinal, de olho no chão de suas fábricas e em seus caixas, sabem que o certo é acreditar em resultados do que se guiar por palavras pré-fabricadas.

Para a presidente Dilma Rousseff, com a reeleição lançada e ainda sem um forte adversário definido, o sol do primeiro semestre traz consigo uma brisa capaz de impulsioná-la com menos atropelos do que muitos gostariam por 2013 em direção a 2014.


 

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Crise nas siderúrgicas brasileiras – a crise mundial e os chineses


Crise nas siderúrgicas brasileiras – a crise mundial e os chineses


A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) registrou prejuízo de R$ 531 milhões em 2012, ante lucro líquido de R$ 404 milhões verificado em 2011, devido, principalmente, à redução no lucro bruto e maiores despesas financeiras, decorrentes da desvalorização do real frente ao dólar e à maior reversão de contingências em 2011, segundo o Brasil Econômico (IG). E isso tudo aconteceu apesar do aumento da produção (7% superior a 2011); do aumento do volume de vendas de aço (16% superior a 2011) ; do aumento da produção de minério de ferro (5% superior ao ano anterior) com volume de vendas 10% maior em 2012, em relação a 2011.
Mas as coisas não são tão simples quanto pode parecer; há mais variáveis em jogo no cenário mundial. O Brasil foi ultrapassado pela Turquia caindo para o 9​° lugar na produção mundial; enquanto que a produção turca cresceu 5% em 2012, a do Brasil recuou 1,5% o ano passado, produzindo 34,7 milhões de toneladas. A China é a maior produtora de aço, com 716 milhões de toneladas (3,1% a mais em 2012, com participação de 46,3% do total mundial e o mais baixo custo por tonelada (US$ 550). No Brasil este custo é de US$1,8 mil. O câmbio chinês é superdesvalorizado. No ano passado, a siderurgia americana cresceu 2,5% e atingiu 88,6 milhões de toneladas de aço bruto. O país vem se recuperando gradualmente após a crise de 2008. Na União Europeia, afetada pela crise econômica e financeira, houve retração de 4,7% na produção de aço. A produção asiática somou 1,012 bilhão de toneladas, mostrando expansão de 2,6% em relação a 2011. O peso da região no cenário mundial da siderurgia cresceu um ponto percentual, para 65,4% — quase dois terços do montante global. Com esse desempenho, em 2012, segundo a entidade World Steel Association (WSA), entidade que representa as siderúrgicas em 62 países no mundo, o volume de aço bruto produzido mundialmente ficou em 1,548 bilhão de toneladas, o equivalente a crescimento de 1,2% ante o registrado em 2011.
Com a alta capacidade ociosa, o setor de siderurgia e metalurgia tem retirado o foco da produção de aço para maiores investimentos em minério de ferro, explica Mauricio Canedo, pesquisador da Economia Aplicada do Ibre-FGV. "A CSN, a Gerdau e a Vale colocaram em seus planos de negócio a previsão de entrar mais pesado no minério de ferro, que é o que tem dado mais retorno que a produção de aço, o que tem a ver com competição feroz no setor", explica. Segundo ele, a entrada dos chineses na produção de aço foi crucial nessa crise. "Só nos últimos anos, o incremento de oferta de aço dos chineses é maior que a capacidade instalada no Brasil. O fluxo da China é maior que o estoque no Brasil." De acordo com Aguiar (da Vale) a atuação da empresa em minério de ferro continuaria no mesmo ritmo, apesar de ter que enfrentar solavancos da desaceleração da demanda pelo aço. José Carlos Martins, diretor-executivo de ferrosos e estratégia da Vale, concorda. "O mercado de minério de ferro continua crescendo, o que tem é a oferta que pressionou os preços para baixo. Se tivesse mais minério para vender, venderíamos", disse.
As exportações brasileiras estão caindo e as importações aumentando. As exportações em 2012 totalizaram 9,7 milhões de toneladas (-10,4% ante 2011) e US$ 7,0 bilhões (-16,8%). O Decom (Dep. Defesa Comercial do Min. do Desenvolvimento) encontrou um aumento expressivo das importações, cuja participação no consumo do País saltou de apenas 4,5% em 2006 pra 36,6% em 2010. A indústria brasileira de aço sofre forte impacto do cenário mundial que acumula excedentes de produção de 500 milhões de toneladas. Com as economias do Primeiro Mundo em retração, os produtores tentam escoar sua produção nas economias emergentes. A concorrência é grande e o dumping impera. Produtores brasileiros brigam para defender seu espaço interno. A América Latina se tornou o segundo maior destino das exportações chinesas (9% destas) de produtos siderúrgicos em 2012. Para a Associação Latino Americana de Aço, a chegada "agressiva" de tais exportações é uma ameaça "real" para a indústria da América Latina.
O Decom (MDIC) publicou em 1/10/2012, no "Diário Oficial da União", uma lista com cem  produtos que terão o imposto de importação elevado em até 25% de forma temporária. O objetivo da medida é incentivar a produção nacional num momento de acirramento da disputa com os importados por conta da crise internacional. Estão sendo beneficiados com a medida 10 produtos siderúrgicos, entre os 100, tais como chapas, folhas e tiras . Várias investigações foram realizadas pelo CADE (Cons. Adm. Def. Econômica do MDIC) e outras estão em andamento.

Mas as siderúrgicas querem proteger seu aço revestido das importações da China e encontram uma forte barreira: as montadoras de veículos. O Decom negou pedido das siderúrgicas CSN, Usiminas e Arcelor Mittal para adotar uma tarifa antidumping contra a importação de aço revestido, o mais utilizado por fabricantes de veículos e eletrodomésticos, vindo, principalmente da China e concluiu que ocorreu um surto de importações de aço com dumping (a preços abaixo dos praticados no mercado de origem) mas que isso não provocou dano para as siderúrgicas nacionais. 'Não adianta uma margem de dumping elevada se falta o dano. Os indicadores mostram uma recuperação do setor no período', disse Felipe Hees, diretor do Decom. O órgão encontrou margens de dumping que variavam de US$ 77 a US$ 412 por tonelada. A CSN, presidida pelo empresário Benjamin Steinbruch, foi surpreendida com a decisão e, vai fazer de tudo para reverter o resultado. A empresa entrou com um recurso, que está sendo analisado pelo ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel.

O aço revestido custa hoje entre 15% e 20% mais caro que o tradicional. É, portanto, o produto que as siderúrgicas mais querem vender. Mas é também a principal matéria-prima de empresas poderosas.
No processo antidumping, aparecem como importadoras as montadoras Fiat, Ford, Volks e Renault, além de empresas de outros setores como Electrolux e Samsung. Está em jogo um mercado estimado em mais de R$ 4 bilhões por ano, que são as vendas de aço laminado plano revestido. Esse tipo de aço recebe um revestimento de zinco, pode ser vendido até pré pintado e, entre outras funções, é utilizado para fabricar carros e eletrodomésticos, como geladeiras. As montadoras alegam que o aço brasileiro “é um dos mais caros do mundo”. Embora estejam brigando para manter as tarifas de importação estáveis, as montadoras compram um volume pequeno de aço revestido fora do País. Essas empresas optam pelo produto local, porque precisam do aço em depósitos próximos de suas fábricas. A questão é que o valor do aço importado funciona como referência no Brasil. As tarifas de importação, portanto, interferem diretamente nas negociações de preço entre siderúrgicas e montadoras. (com informações do Jornal Valor Econômico).

Mas segundo Germano Mendes de Paula, especialista em Siderurgia (pós-doutor pela Oxford University) o novo eixo da produção de aço no mundo será a Ásia. Os Estados Unidos e a Europa deixaram de ser protagonistas nesse setor e o Brasil, devido ao impacto crescente de sua matriz de custos, perdeu a competitividade para ser um grande “player” global. Para Mendes, (Valor, 22/06/12) a competitividade da siderurgia brasileira depende de vários fatores, tais como: taxa cambial, preços das matérias-primas, vantagens logísticas, como proximidade das minas de ferro, custos de energia e custos de investimento. Para ele, o setor, no país, com isso, deve se voltar principalmente para atender ao mercado doméstico. Como podemos ver, no entanto ainda dá tempo de corrigir algumas distorções apontadas pelo professor, quando deu a entrevista. A partir de então a taxa cambial desvalorizou um pouco (o que é bom para o setor, embora precisasse desvalorizar mais), preço das matérias-primas continua elevado, vantagens logísticas tende a melhorar com os investimentos em infra-estrutura, altos custos de energia elétrica (recentemente o governo obrigou as concessionárias de energia a baixar preços, na indústria a redução foi maior a partir de fevereiro de 2013) e alto custos dos investimentos ( ano passado o governo obrigou os bancos a reduzir juros; hoje os juros são os menores em décadas ). Estes novos fatores já devem estar beneficiando o setor siderúrgico.

Daniel Miranda Soares é economista e mestre pela UFV. 

Obs: artigo publicado originalmente no Jornal Diário do Aço em 23/02/2013 e ampliado aqui neste blog. 


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Três derrotas da mídia servil aos EUA

Três derrotas da mídia servil aos EUA

21.02.2013

Pravda.ru

 
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Por Altamiro Borges

A mídia colonizada do Brasil, que mais parece uma sucursal rastaquera do Departamento de Estado dos EUA, sofreu três duras derrotas neste início de semana. O presidente Hugo Chávez, que os abutres da velha imprensa já davam como morto, retornou à Venezuela e foi saudado por milhares de pessoas. Rafael Correa, outro satanizado pela mídia, foi reeleito com folga no Equador. Por último, a "blogueira" cubana Yoani Sánchez, marionete dos EUA, chegou ao Brasil e foi desmascarada nas ruas e nas redes sociais.

A volta de Hugo Chávez, após dois meses de tratamento do seu câncer em Cuba, frustrou os barões da mídia. Eles juravam que o líder bolivariano não retornaria ao país. Acreditaram piamente nas informações dos agentes da sinistra CIA de que o presidente venezuelano sobrevivia apenas por aparelhos. A grotesca foto do jornal espanhol El País, com Hugo Chávez entubado, foi replicada pela mídia nativa. Merval Pereira, o "imortal", já havia anunciado a sua morte no ano passado, antes das eleições presidenciais de outubro.
Com base nessas informações falsas e macabras, a mídia mundial e nacional fez intensa campanha para anular o resultado do pleito de outubro passado, que garantiu mais um mandato para Hugo Chávez de forma consagradora. O intento era criar o clima para uma nova tentativa de golpe na Venezuela. A iniciativa não vingou graças ao apoio de milhões de venezuelanos, que lotaram as ruas de Caracas no dia da posse. "O povo tomou posse" no lugar de Hugo Chávez, que agora volta ao país para se recuperar do tratamento.

Por sua vez, a vitória de Rafael Correa era esperada pela mídia colonizada. Todas as pesquisas apontavam que ele venceria facilmente o ex-banqueiro Guillermo Lasso, da seita fascista Opus Dei, e os outros sete concorrentes. Tanto que a imprensa, sempre seletiva, evitou dar destaque para a eleição no Equador - como se o país vizinho não existisse. Com a conquista de quase 58% dos votos e a reeleição já no primeiro turno, a mídia servil apenas lamentou a vitória do "inimigo" dos EUA e da "liberdade de imprensa".
O bombardeio contra Rafael Correa deve se intensificar agora. Com a fácil reeleição e a conquista da maioria no Congresso Nacional, o líder equatoriano já anunciou que a sua prioridade é a aprovação da "Ley de Medios" no país. Nas suas primeiras entrevistas, ele fez questão de afirmar que os maiores derrotados nas eleições foram "a oligarquia financeira e os donos dos meios de comunicação". O projeto de regulação democrática da mídia, antes barrado, agora deve ser aprovado pelo parlamento. A gritaria midiática será infernal.

Por último, no que se refere à visita ao Brasil da "blogueira" Yoani Sánchez, o show armado pelo império e por sua mídia servil não deu os melhores frutos. O script previa que a diretora "imposta" pelo antro patronal da Sociedade Interamericana de Prensa (SIP), com um salário de US$ 6 mil, fosse a estrela da campanha mundial contra a revolução cubana. Os jornalões garantiram generosos espaços; as revistonas, em especial a Veja, não param de falar na "blogueira independente"; e as emissoras de tevê a seguem por todos os cantos.
Mas o show midiático, que esconde as origens e as ideias da "principal dissidente cubana", foi ofuscado nas redes sociais e nas ruas. De forma legítima, grupos de manifestantes protestaram contra Yoani Sánchez na sua chegada ao Recife, no seu deslocamento para Salvador e na sua viagem ao interior da Bahia. A mesma mídia colonizada, que já estimulou protestos contra líderes mundiais desafetos dos EUA, agora censurou as legítimas manifestações contra a "blogueira" financiada e manietada pelo império.
Com mais essas três derrotas na América Latina, a mídia servil aos EUA só tem a apresentar como trunfos aos seus ingênuos seguidores os golpes em Honduras e no Paraguai, a eleição fraudulenta no México e a manutenção do governo terrorista da Colômbia. A região continua se movendo de forma progressista, apesar de todos os percalços e dificuldades. Ela se firma como polo contra-hegemônico ao neoliberalismo e ao imperialismo ianque, o que causa desespero nos barões da mídia.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Por que eles sempre fazem o que a Veja manda?

Por que eles sempre fazem o que Veja manda?

Apanhar a bola-la, estender a pata-ta, sempre em equilíbrio-bro, sempre em exercício-cio… misteriosamente, há alguns políticos que, embora não sejam cães (longe disso, são todos homens honrados), obedecem sempre, de maneira quase pavloviana, ao comando da Editora Abril; neste sábado, Veja criou uma crise artificial em torno da blogueira Yoani Sanchez; uma tremenda bobagem, mas, como a Abril pediu, lá estão Álvaro Dias (PSDB-PR), Agripino Maia (DEM/RN) e Roberto Freire sempre de prontidão; será que é para isso que os saltimbancos da oposição foram eleitos?

17 de Fevereiro de 2013.    http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/93751/Por-que-eles-sempre-fazem-o-que-Veja-manda.htm
247 - Eles não se chamam Bobby, Lulu, Snoopy, Rocky, Rex ou Rintintin. Evidentemente, não são cães. São todos homens honrados, representantes do povo brasileiro. Mas há um traço intrigante no comportamento de certos políticos. Por que será que estão sempre de prontidão para obedecer ao comando da Editora Abril? É o caso, por exemplo, de três autênticos representantes da oposição: Álvaro Dias (PSDB-PR), Agripino Maia (DEM/RN) e Roberto Freire, do PPS.

Neste sábado, por exemplo, Veja criou um factóide, ao acusar o PT, o ministro Gilberto Carvalho e o governo cubano de organizarem uma campanha difamatória contra a blogueira Yoani Sanchez, que chega ao Brasil amanhã e será recebida com tapete vermelho por todos os veículos de comunicação que fazem parte da Sociedade Interamericana de Imprensa, a SIP. Em seguida, Reinaldo Azevedo, no seu cada vez mais monótono mimimi, cobrou uma resposta à altura. "Com a palavra, a presidente da República. Com a palavra, o Ministério da Justiça. Com a palavra, o Senado Federal. Com a palavra, a Polícia Federal. Com a palavra, a Abin. Com a palavra, o Ministério Público Federal. Com a palavra, os líderes das oposições".

E, da maneira mais previsível, os líderes da oposição apareceram.
Agripino Maia: "É um assunto muito grave. É um 'mal combinemos' para evitar a liberdade de expressão e de manifestação da cubana. Fere totalmente o princípio da convivência democrática. Se for o caso, eu mesmo vou levar ao plenário a discussão sobre um pedido de informações ao ministro".
Alvaro Dias: "O uso de dossiês tem sido recorrente no governo do PT. Agora há uma conspiração cubana em território nacional com a participação de agentes públicos instalados no Palácio do Planalto".
Roberto Freire: "O Gilberto Carvalho tem tantas explicações para dar, inclusive para a própria Justiça, que essa é só mais uma. Infelizmente, falta de compromisso democrático é proverbial nesse governo".

Será que foi para isso mesmo que os nobres representantes da oposição, à exceção de Freire, que já não têm mais mandato, foram eleitos? Será que assim honram os votos que receberam?

Para que reflitam a respeito, segue abaixo, um vídeo dos Saltimbancos:
E também a letra da canção "Um dia de cão":
Um Dia De Cão
Os Saltimbancos
Apanhar a bola-la
Estender a pata-ta
Sempre em equilíbrio-brio
Sempre em exercício-cio
Corre, cão de raça
Corre, cão de caça
Corre, cão chacal
Sim, senhor
Cão policial
Sempre estou
Às ordens, sim, senhor
Bobby, Lulu,
Lulu, Bobby
Snoopy, Rocky
Rex, Rintintin
Lealdade eterna-na
Não fazer baderna-na
Entrar na caserna-na
O rabo entre as pernas-nas
Volta, cão de raça
Volta, cão de caça
Volta, cão chacal
Sim, senhor
Cão policial
Sempre estou
Às ordens, sim, senhor
Bobby, Lulu
Lulu, Bobby
Snoopy, Rocky
Rex, Rintintin
Bobby, Lulu
Lulu, Bobby
Snoopy, Rocky
Estou às ordens
Sempre, sim, senhor
Fidelidade
À minha farda
Sempre na guarda
Do seu portão
Fidelidade
À minha fome
Sempre mordomo
E cada vez mais cão

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

EUA foram contrários aos programas espaciais do Brasil

EUA foram contrários aos programas espaciais do Brasil

Enviado por luisnassif, ter, 12/02/2013 - 09:50 Por Marco Antonio L.
Do blog Democracia & Política
1º SATÉLITE BRASILEIRO COMPLETA 20 ANOS EM ÓRBITA
COMPLEMENTAÇÃO DESTE BLOG ‘democracia&política’: 

A POSIÇÃO NORTE-AMERICANA CONTRA PROJETOS ESPACIAIS BRASILEIROS   ou de como os governos demo-tucanos aceitaram a pressão americana e quase que destruiram o programa espacial brasileiro.

“No final dos anos 80 e na década de 90, a crescente e forte pressão do exterior, especialmente dos EUA, contra projetos espaciais do Centro Técnico Aeroespacial (DCTA/FAB) era fato concreto, claro, documentado. 

Os Estados Unidos, por diversos meios, já haviam explicitado, escrito, assinado e carimbado que não aprovavam o desenvolvimento espacial brasileiro quanto a foguetes de sondagem científicos e a lançadores de satélites. Documentos formais do Departamento de Estado daquele país isso claramente manifestavam. Até mesmo, aqueles que nos foram enviados justificando como “razões de Segurança Nacional” (sic) deles as suas negações aos pedidos do CTA de importação de rudimentares e inofensivos componentes de uso comum, “de prateleira”, que o CTA pretendia aplicar em produto espacial.
Quando esses e outros itens embargados eram conseguidos pelo CTA correta e oficialmente, em outros países, alguns políticos brasileiros da base do governo demotucano, bem como a nossa americanófila “grande” imprensa, diziam, errada, acusativa e pejorativamente, e em estranha coincidência com a posição norte-americana, que a Aeronáutica estava “comprando no mercado negro”.


Pelo menos, os EUA não colocavam semelhantes obstáculos para o desenvolvimento brasileiro de satélites pelo INPE. Quiçá, porque já soubessem que ganhariam muito dinheiro com a colocação em órbita daqueles pequenos, leves, simples e inofensivos satélites destinados à coleta de dados ambientais (SCD) (os SCD-1 e 2 eram refletores de sinais desses dados ambientais enviados de pontos de medição em terra), cujos lançamentos para a órbita certamente seriam (como foram) comprados pelo Brasil (AEB) no exterior, na ausência do embargado lançador nacional VLS. Realmente, os EUA vieram a ganhar, e muito, no lançamento deles.

A suspeita de haver ações dos EUA, lícitas e ilícitas, contrárias aos nossos projetos de veículos espaciais fora reforçada, nos anos 80, por outro fato. Fora contratada pelo CTA uma empresa norte-americana para efetuar tratamento térmico em tubos-envelopes dos motores do primeiro estágio do foguete de sondagem científico suborbital Sonda IV. Aqueles tubos tinham sete metros de comprimento por um metro de diâmetro (tubos idênticos aos dos seis motores, de três dos quatro estágios do VLS).

Motor do Sonda IV e do VLS (que utiliza 6 deles)
Eram feitos com inovador aço especial de ultra-alta-resistência desenvolvido pelo CTA/FAB com apoio de indústria nacional. Aço que veio a ser comercializado pela empresa brasileira que participara do desenvolvimento. Foi exportado até para os EUA fazerem trens de pouso dos aviões Boeing. 

Após árduas gestões, que consumiram muitos meses, o governo dos EUA, finalmente, autorizou o embarque dos tubos do Sonda IV para aquele país. O tratamento térmico foi realizado e pago, mas o governo norte-americano não permitiu a restituição ao Brasil... Novamente, difíceis negociações, inclusive diplomáticas. Outros longos meses foram consumidos até a devolução.

Recebidos e testados em laboratório pelo CTA, foram descobertos defeitos elementares nos serviços feitos nos EUA no metal de relativamente muito fina espessura, defeitos que causariam explosão quando se lançasse os foguetes. Então, com o intelecto e os recursos do CTA/FAB, foi capacitada tecnológica e industrialmente uma empresa nacional para não mais dependermos dos EUA naqueles serviços. Foi projetado e construído o maior e mais moderno forno vertical do hemisfério sul para tratamento térmico em metais em atmosfera controlada. 

Aquele imprevisto e outros injustificáveis embargos dos EUA retardaram o programa espacial brasileiro completo (MECB) (satélite-lançador-centro de lançamento) em muitos anos. 

Infelizmente, por culpa nossa, ocorreu posteriormente outra oportunidade perdida pelo Brasil: o estratégico e avançado forno teve que ser desativado por falta de demanda causada pela restrição quase total de recursos financeiros e humanos para a área espacial nos dois governos FHC/PSDB/DEM.

Houve o doloso drástico estrangulamento orçamentário com a quase extinção do setor espacial brasileiro nos anos 90 (Collor e FHC/PSDB/PFL-DEM) por ordens de origem (interna ou externa) ainda desconhecida. A asfixia atingiu, especialmente, as áreas de lançadores de satélites, foguetes de sondagem científica e centros de lançamento. O governo FHC passou a direcionar os poucos recursos brasileiros restantes para o projeto norte-americano da estação ISS e para pequenos e relativamente simples satélites do INPE (SCD-1 e 2), lançados em órbita pelos EUA a preços abusivos. 

As saídas de pessoal dos projetos praticamente extintos chegou a quase um milhar. Grande parte dos poucos remanescentes engenheiros do projeto VLS (o governo proibia novas admissões) recebia congelados ínfimos salários. Os teoricamente 'estagiários' recebiam cerca de R$ 600 e, mesmo assim, era comum ficarem mais de seis meses sem receber. Os recursos governamentais foram, praticamente, zerados naquelas áreas (em 1999, o total do setor espacial no Brasil –INPE, CTA, CLA, CLBI etc--ficou abaixo de 10 milhões. Ver gráfico abaixo). Os projetos persistiam movidos com calote às indústrias fornecedoras e pelo patriotismo dos pesquisadores e técnicos que ainda sobreviviam ao caos no setor causado pelo governo. Cada um passou, também, a executar tarefas de outras especialidades onde surgiam as perdas de pessoal. Culminou com grave acidente. Em 2003, um explosivo incêndio na torre de lançamento, em Alcântara (MA), destruiu a estrutura do VLS, causando a morte de 21 técnicos e especialistas do IAE/FAB. O relatório da comissão da Câmara dos Deputados que investigou o acidente, relatado por deputado do próprio PSDB, concluiu que a causa do acidente e das mortes foi o drástico corte de recursos financeiros e humanos ocorrido nos anos anteriores (nos governos demotucanos).

Houve significativa recuperação dos investimentos a partir de 2003 (ver gráfico abaixo), porém não se forma em menos de dez, quinze anos novo quadro de cientistas especializados.
   
Gráfico dos recursos totais aplicados no setor espacial brasileiro (picos máximos em 1984 e 2010 e pico mínimo em 1999) 
Mesmo com o significativo aumento nos investimentos desde 2003, o Brasil ainda despende valores muito baixos em comparação com outros países de porte semelhante (China, Índia) ou até mesmo de economias bem menores:

INVESTIMENTO ESPACIAL NO MUNDO (2010)

PAÍS - ORÇAMENTO ANUAL (em US$ milhões)

EUA - 17.600 
Europa - 5.350 
França - 2.590 
Rússia - 2.400 
Japão - 2.100 
China - 1.300 
Índia - 1.010 
Irã - 400 
Brasil - 343 

FONTE DA COMPLEMENTAÇÃO: este blog ‘democracia&política’  (http://democraciapolitica.blogspot.com.br/2011/10/eua-boicotaram-e-boicotam-o-programa.html) e (http://democraciapolitica.blogspot.com.br/2012/04/politica-espacial-recebera-r-22-bilhoes.html).

domingo, 10 de fevereiro de 2013

O INTERESSE POLÍTICO EM DESVALORIZAR A PETROBRAS

O INTERESSE POLÍTICO EM DESVALORIZAR A PETROBRAS

Há interesses políticos em desvalorizar a Petrobras”, diz consultor

Por Ivo Pugnaloni, no “Jornal do Brasil”

Existe interesse político, de quem já quis privatizar a Petrobras, de diminuir os investimentos na empresa e assim, enfraquecê-la, mas há também vontade de quem quer comprar ações mais baratas. Sempre vão ter aqueles que vão acreditar nesse discurso, de que a Petrobras está indo mal, e vender seus papéis”.

A análise, na contramão de tudo o que vem sendo falado com relação à estatal brasileira do petróleo, é do engenheiro Ivo Pugnaloni, investidor na empresa e consultor da “Enercons” para o setor de energia.

A empresa fechou o ano de 2012 com lucro de R$ 21,18 bilhões, o menor dos últimos oito anos. Com isso, os investidores viram os dividendos serem reduzidos em 3%. Se não bastasse, a própria presidente, Graça Foster, em entrevista admitiu que o ano de 2013 ainda será de dificuldades. Tudo junto fez com que as ações da estatal atingissem, na terça-feira (5) o seu menor patamar desde 2005, fechando o pregão em queda de mais de 8,29%. Na quarta-feira (6) a queda continuou: 2,65%.

PROCESSO DE DESVALORIZAR A EMPRESA

Nada disso, porém, assusta Pugnaloni. Para ele, o corte de dividendos servirá para melhorar a capitalização da Petrobrás.

A empresa tem demanda de investimento muito grande para os próximos anos, tanto para o fornecimento de gás, por exemplo, que em momentos de insegurança energética como o que aconteceu agora pode ser fundamental, mas também para o desenvolvimento de energias renováveis, de exploração do pré-sal. A importância da Petrobras para o Brasil é inegável”, lembra o especialista.

Para ele, o desespero dos acionistas é exagerado e desnecessário, pois o processo atual, de corte no lucro dos acionistas para aumentar a capitalização, é natural e importante para a Petrobras. Pugnaloni detecta movimento para tentar diminuir o valor e a imagem da estatal e assim, lucrar na compra das ações a preços mais baixos.

IMPORTÂNCIA INDISCUTÍVEL

A importância da Petrobras na economia brasileira, segundo o engenheiro, é fundamental. "A Petrobras é tudo, por isso que, para quem não pensa no Brasil, ela precisa ‘ser destruída’. Não só na questão energética, que a sua presença é indiscutível, mas também na produção de tecnologia, projetos, energia e pesquisa, não tem como discutir”, destaca.

O especialista aproveitou, ainda, para criticar a ANEEL, por atrasar a liberação de obras de infraestrutura energética, como a construção de novas hidrelétricas. “Se a gente depender deles, não construiremos nada. Mais um motivo para apoiarmos a capitalização da Petrobras”, conclui.”

FONTE: escrito Por Ivo Pugnaloni, no “Jornal do Brasil”. Transcrito no portal “Viomundo”  (http://www.viomundo.com.br/denuncias/ivo-pugnaloni-o-interesse-politico-em-desvalorizar-a-petrobras.html).

Golpe contra o Senado Federal

Golpe contra o Senado Federal chega às redes sociais

Blog do Esmael          

http://www.esmaelmorais.com.br/2013/02/golpe-contra-o-senado-federal-chega-as-redes-sociais/

Velha mídia golpista perdeu no voto, sendo chifrada inclusive pelos tucanos, agora quer revanche puxando o tapete do presidente do Senado. Pode isso, Arnaldo?
A cultura golpista, infelizmente, chegou com força às redes sociais brasileiras nesta semana. Circula na internet uma petição online para seja aberto um processo de impeachment contra o recém-eleito presidente do Senado da República, Renan Calheiros (PMDB-AL). Até o presente momento desta postagem, mais de 600 mil assinaturas eletrônicas faziam coro à degola do parlamentar.

É bom lembrar que a campanha pela defenestração de Calheiros começou pela velha mídia bem antes da eleição no 1º de fevereiro. Chifrado até pelos tucanos, o consórcio Veja, Estadão, Folha, Globo, etc., perdeu no Senado pelo placar de 56 votos a 18. Agora tenta reeditar o golpismo contra o Senado valendo-se do “efeito manada” a partir de alguns desavisados festivos.
“Povo Brasileiro! Acabamos de ser chamados de Palhaços!!! O Senador Renan Calheiros acaba de ser eleito Presidente do Senado com 56 votos secretos!! Isso é um absurdo! E não podemos ficar calados diante de tal ATROCIDADE!!! Não podemos ficar de mãos atadas!”, esbraveja o comunicado na petição amplificada pela mídia golpista.
A iniciativa do impeachment eletrônico a Renan Calheiros, segundo o Partido da Imprensa Golpista (PiG), seria de um cidadão chamado Emiliano Magalhaes N. Brasil. No santo Google, não há registro da existência desse moço, a não ser as notícias espalhadas pela própria velha mídia.

Calheiros é um anjo? Evidentemente que não, mas daí concordar com golpe contra as instituições democráticas há uma distância enorme. O Congresso Nacional é o espelho da sociedade, portanto, você aí indignado, nas próximas eleições vote com mais cuidado. Não se pode abrir precedentes a golpismos. A democracia não permite isso. Nem para direita, nem para a esquerda.

A cultura golpista é típica de países sul-americanos. Já experimentamos regimes de exceção no Brasil, Argentina, Peru, Chile, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Venezuela, dentre outros. A experiência não foi nada boa. É uma pena que a internet, espaço mormente identificado com a democracia, seja usado para o tapetão e tentativas de golpes.
Portanto, eu sou contra essa petição patrocinada pela velha mídia. Sou mais democracia.

OBS do blog:  
Primeiro, eu desconfio desta ONG que está recolhendo as assinaturas, a tal de AVAAZ. No sítio dela, não há nenhuma justificativa plausível para condenar o senador Renan Calheiros. Sabemos que existe processo contra ele, mas até agora não houve condenação em última instância. A ONG só caça petistas e políticos no campo de apoio do governo petista. E os tucanos ? Nada contra os tucanos.
Segundo, não existe lista para condenar ou cassar políticos da oposição tucanófila, como Álvaro Dias, réu de um processo de sonegação de impostos. Afinal Luiz Estêvão foi condenado à prisão pelo mesmo motivo. Ou lista para condenar Roberto Gurgel, o procurador geral, claramente tucanófilo, que só condena petistas.
 

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Bolsa Família reduz miséria em 80%

Após 10 anos, Bolsa Família reduz miséria em 80%


Aliado a outras iniciativas do governo Lula, programa lançado em 3 de fevereiro de 2003 tira quase 23 milhões de pessoas da pobreza extrema
Por: Lucas Rodrigues, da EBC

Guaribas (PI) - Lançado no dia 3 de fevereiro de 2003, no município com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, o Programa Fome Zero foi criado com o objetivo de erradicar a miséria, com a transferência de renda e garantindo o alimento para as famílias que viviam na extrema pobreza. Hoje, o Brasil ainda tem pelo menos 5,3 milhões de pessoas sobrevivendo com menos de R$ 70 por mês, diferentemente do início dos anos 2000, quando eram 28 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza. Nos último dez anos, esse número vem diminuindo. Em parte, por causa de políticas públicas de ampliação do trabalho formal, do apoio à agricultura e da transferência de renda. Hoje, a iniciativa, que ganhou o nome de Bolsa Família, chega a quase 14 milhões de lares. Ela nasceu do Programa Fome Zero, criado para garantir no mínimo três refeições por dia a todos os brasileiros. E foi do interior do Nordeste que essa iniciativa partiu para o restante do país. 

Depois de dez anos, a Agência Brasil voltou a Guaribas, no sul do Piauí, escolhida como a primeira beneficiária do programa de transferência de renda. Localizada a 600 quilômetros ao sul da capital, Teresina, Guaribas não oferecia condições básicas para uma vida digna de sua população: faltava comida no prato das famílias, que, na maioria das vezes, só tinham feijão para comer. Não havia rede elétrica e poucas casas tinham fogão a gás. Mulheres e crianças andavam quilômetros para conseguir um pouco de água e essa busca, às vezes, durava o dia inteiro. A dona de casa Gilsa Alves lembra que, naquela época, “era difícil encontrar água para lavar roupa”, no período de seca. “Às vezes, até para tomar banho era com dificuldade". O aposentado Eurípedes Correa da Silva não se esquece daquele tempo, quando chegou a trabalhar até de vigia das poucas fontes que eram verdadeiros tesouros durante os longos períodos de seca, com água racionada. Hoje, a água chega, encanada, à casa dele. Pai de sete filhos, Eurípedes tem televisão e geladeira. Além do dinheiro da lavoura e da aposentadoria, ele recebia o benefício do Fome Zero e agora conta com o Bolsa Família. O benefício chega a 1,5 mil lares e a meta é alcançar 2 mil neste ano, o que representa oito em cada dez moradores da cidade. A coordenadora do programa em Guaribas, Raimunda Correia Maia, diz que “o dinheiro que gira no município, das compras, da sustentação dos filhos, gera desenvolvimento"

A energia elétrica também chegou a Guaribas e trouxe com ela internet e os telefones celulares. No centro da cidade, há uma praça com ruas calçadas e uma delegacia, além de agências bancárias, dos Correios e escolas. A frota de veículos cresceu e, hoje, o que se vê são motos, em vez de jegues. O município conquistou o principal objetivo: acabar com a miséria. Mesmo assim, ainda está entre os mais pobres do país e enfrenta o êxodo dos jovens em busca de emprego em grandes cidades. Segundo o IBGE, entre 2000 e 2007, quase 10% dos moradores deixaram Guaribas. Alan e Rosângela podem ser os próximos. O Bolsa Família e as melhorias na cidade não foram suficientes para manter o casal no município, já que ali os dois não encontram trabalho. Os irmãos já foram para São Paulo e é impossível sustentar a família de oito pessoas com um cartão (do Bolsa Família) de R$ 130. Quem escolheu ficar na cidade sabe que muita coisa tem que melhorar. O esgoto ainda não é tratado; algumas obras não saíram do lugar, como a do mercado municipal. Até o memorial erguido em homenagem ao Fome Zero está abandonado há anos. Longe de Teresina, os moradores se sentem isolados, principalmente por causa da dificuldade de chegar à cidade mais próxima: são 54 quilômetros de estrada de terra, em péssimo estado, até Caracol. Isso torna difícil escoar a produção de feijão e milho e faz com que todos os produtos cheguem mais caros. A dificuldade de acesso também prejudica uma das conquistas da região: a unidade de saúde. A doméstica Betânia Andrade Dias Silva levou o filho de 5 anos para uma consulta e não encontrou médico. Ela desabafa: “É ruim né?! Principalmente numa cidade pequena, na qual você precisa de um atendimento melhor, tem que sair para ir para outra cidade, Caracol, São Raimundo, que fica longe daqui. Por exemplo, caso de urgência, se você estiver à beira da morte, acaba morrendo na estrada… Então, é difícil". Há mais de um mês, o atendimento é feito apenas por enfermeiras e por um dentista. Mesmo oferecendo um salário que chega a R$ 20 mil, a prefeitura diz que não consegue contratar médicos. O jeito é mandar os pacientes mais graves para as cidades vizinhas. Mas essa situação pode começar a mudar ainda neste ano. Segundo informou a Secretaria de Transportes do Piauí, o trecho da BR-235 que liga Guaribas a Caracol deve começar a ser asfaltado em outubro. Por enquanto, está sendo asfaltado outro trecho da rodovia, entre Gilbués e Santa Filomena. O casal Irineu e Eldiene saiu de Guaribas para procurar trabalho em outras cidades, mas voltou. Agora eles levantam, pouco a pouco, uma pousada no centro da cidade. Irineu diz que a obra que está fazendo não é “nem tanto pensando no agora”, é para o futuro. “Estou vendo que a cada ano que está passando, Guaribas está desenvolvendo mais”. A expectativa de Irineu e Edilene é resultado da mudança dessa que já foi a cidade mais pobre do país. Mesmo com dificuldades, os moradores de Guaribas, agora, olham para o futuro com mais esperança e otimismo. Eldiene garante que vai ficar e ver a pousada cheia de clientes. 

 http://www.redebrasilatual.com.br/

Lula e o ódio das elites

Lula e o ódio das elites 

 "A elite dos nossos países não gosta de nós, não é pelos erros que cometemos, é pelos acertos que cometemos”, disse Lula em Havana.

 sábado, 2 de fevereiro de 2013

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Por Altamiro Borges
O discurso de Lula na 3ª Conferência Mundial pelo Equilíbrio do Mundo, ocorrida nesta semana em Havana, ajuda a entender porque as elites têm tanto ódio do ex-presidente e ex-líder operário. Ele tocou em vários pontos que incomodam a direita nativa e internacional. A reação da mídia privada foi sintomática. Parte dela preferiu omitir as suas palavras e ocultar Cuba, que sediou o evento patrocinado pela Unesco/ONU. Outra parte preferiu desqualificar o “último reduto do comunismo”, como noticiou a Folha, e satanizar Lula.
No que se refere à política externa, Lula fez questão de espinafrar a postura arrogante e imperial dos EUA. “Não existe mais nenhuma razão de se manter o bloqueio a Cuba a não ser a teimosia de quem não reconhece que perdeu a guerra, e perdeu a guerra para Cuba”, afirmou. Ele também conclamou o presidente reeleito Barack Obama “a ter a mesma ousadia que levou o seu povo a votar nele” e a mudar os rumos das relações políticas e econômicas dos EUA com Cuba e com o conjunto do continente latino-americano.
Após homenagear o presidente Hugo Chávez, que está internado em Havana para o tratamento de um câncer, Lula insistiu na urgência da integração soberana da América Latina. “Vocês não podem voltar para suas casas e simplesmente colocar isso [o evento] nas suas biografias. É necessário que vocês saiam daqui cúmplices e parceiros de uma coisa maior, de uma vontade de fazer alguma coisa juntos mesmo não estando reunidos [fisicamente]”. Para ele, a integração regional é decisiva para o futuro dos povos do continente.
O ex-presidente destacou os avanços promovidos pelos governos progressistas da região. “Quem imaginava que um índio, com cara de índio, jeito de índio, comportamento de índio, governaria um país e, mais do que isso, que seu governo daria certo?”, indagou Lula ao se referir a Evo Morales. Estes avanços, afirmou, despertam o ódio das elites reacionárias da região. Ele lembrou a pressão da direita brasileira para que “um ex-metalúrgico brigasse com um índio” quando o governo boliviano estatizou a empresa de petróleo.
Lula também criticou a mídia partidarizada do continente. Irônico, afirmou: “Eu nem reclamo, porque no Brasil a imprensa gosta muito de mim... Mas eu nasci assim, cresci assim e vou continuar assim, e isso os deixa [os veículos de imprensa] muito nervosos... Eles não gostam da esquerda, não gostam do Chávez, Correa, Mujica, Cristina [Kirchner] e do Evo Morales. E não gostam não por nossos erros, mas pelos nossos acertos”. Para ele, as elites não “gostam que pobre ande de avião, compre carro novo ou tenha conta bancária”.
Em Cuba, a ilha revolucionária que enfrenta o império há 53 anos, Lula enfatizou as teses progressistas que tanto incomodam a direita nativa e mundial. O jornal Estadão, que não esconde sua visão conservadora e colonizada, não vacilou em condenar as suas corajosas palavras. Em editorial raivoso nesta sexta-feira, o jornal confirmou o ódio das elites às forças de esquerda. Tratou o evento em Havana como “um daqueles convescotes ideológicos cheios de ar quente e vazios de ideias” e criticou os governos progressistas da região.
O que mais irritou o Estadão, porém, foram as críticas de Lula à imprensa partidarizada. “A mídia, a mesma que o ajudou a decolar do sindicalismo para a grande política - como certa vez, em um momento de franqueza, ele admitiu -, é o bode expiatório de há muito escolhido para livrar o PT do acerto de contas com seus próprios malfeitos”, atacou. O jornal só deixou de explicar que também ajudou a criar o clima para o golpe de 1964 e que elegeu Lula como o seu inimigo principal quando este não seguiu o seu enquadramento liberal.
 



"A elite dos nossos países não gosta de nós"

Ex-presidente Lula discursa durante o encerramento da III Conferência Internacional pelo Equilíbrio do Mundo e conclama a Améria Latina a "uma revolução na comunicação" por meio da internet. “A gente muitas vezes fica reclamando da imprensa. Ficamos reclamando e não fazemos o que está ao nosso alcance", disse. Mais cedo, ele encontrou Fidel Castro. 

Leia reportagem de Alexandre Haubrich, de Havana, especial para o 247
Alexandre Haubrich, de Havana, especial para o 247

- “Eu não reclamo, porque, no Brasil, a imprensa gosta muito de mim, só fala bem de mim... nasci assim, sou assim e vou morrer assim, irritando eles”. Foi nesse tom descontraído que o ex-presidente Lula discursou durante o encerramento da Terceira Conferência Internacional pelo Equilíbrio do Mundo, no Palácio de Convenções de Havana, nesta quarta-feira. Apesar das críticas à imprensa, lua evitou mencionar a Ley de Medios argentina ou à possibilidade de uma versão brasileira, preferindo convocar à integração entre os ativistas latino-americanos via internet. “A gente muitas vezes fica reclamando da imprensa. Ficamos reclamando e não fazemos o que está ao nosso alcance", disse. "Com a internet, se tivéssemos uma unidade na América Latina, com nossos blogs, Twitter, Facebook, faríamos uma revolução na comunicação, e não precisaríamos mais pedir que publicassem o que queríamos”, completou. 

Lula destacou ainda que os "ataques midiáticos" não acontecem apenas no Brasil, mas em todos os países com governos progressistas na América Latina: “A elite dos nossos países não gosta de nós, não é pelos erros que cometemos, é pelos acertos que cometemos”, disse. O evento em que o ex-presidente discursou foi dedicado ao 160º aniversário do nascimento do herói cubano José Martí e começou na segunda-feira. A reunião contou com debates sobre temas como meio ambiente e comunicação, passando por conferências de Ignácio Ramonet, Atílio Boron, Frei Betto, entre muitos outros intelectuais e políticos destacados dos mais diversos campos da esquerda mundial. 

Conferência 
A Conferência reuniu delegados de dezenas de países e os integrantes da Brigada Sulamericana de Solidariedade a Cuba, que inclui 80 brasileiros de diversos estados. Os brigadistas estão no país desde o dia 20 de janeiro para conhecer a realidade cubana. Na terça, antes do lançamento do livro de Fernando Morais, Lula recebeu um documento formulado pela Associação José Martí do Rio Grande do Sul e apoiado pela Brigada brasileira em defesa dos “Cinco Heróis”, cubanos que estão há 14 anos presos nos Estados Unidos depois de se infiltrarem em organizações terroristas anticubanas. A principal sala de conferência do Palácio de Convenções esteve lotada para ouvir Lula falar por cerca de uma hora, tocando principalmente na questão da integração latino-americana, antes de exaltar feitos de seu governo e convocar os países ricos a ajudar o continente africano – temática cada vez mais presente em todos os discursos de Lula pelo mundo. O ex-presidente começou sua fala explicando o pequeno atraso por estar com o líder histórico cubano Fidel Castro e haver almoçado com o atual presidente do país, Raul Castro. 
Ainda antes de apresentar o que havia preparado, pediu um minuto de silêncio pelos mortos na boate Kissi, de Santa Maria (RS), tema de total conhecimento e pêsames pelos cubanos. Lula também disse estar de camisa vermelha em homenagem a Hugo Chávez, antes de ser aplaudido de pé por todos os presentes. 

Críticas 
As críticas aos países ricos começaram pelos Estados Unidos. “Os americanos têm os ouvidos moucos quando algo se passa na América Latina. Só enxergaram a América Latina para favorecer os golpes militares”, disse, para em seguida criticar o bloqueio imposto a Cuba e lembrou que, além dos 160 anos de Martí, 2013 marca os 60 do Assalto ao Quartel Moncada, evento que deu início à Revolução Cubana, ainda antes da guerrilha que acabaria vitoriosa em 1959. Lula afirmou que recentemente fez uma reunião com 40 intelectuais para discutir a integração da América Latina, e falou da necessidade de criar-se “uma doutrina de integração”, com objetivos claros. Procurando pincelar sua fala com a temática do evento, o ex presidente brasileiro lembrou ideias de José Martí, herói da independência de Cuba: “Martí lutou pelas causas mais justas de seu tempo: a independência de Cuba e a libertação da América Latina. Seu pensamento e sua ação não conheciam fronteiras geográficas e políticas. ‘Pátria é humanidade’, ensinava o líder”. 

Durante mais da metade de sua fala, Lula manteve o foco em realizações de seu governo, especialmente no que se refere a políticas de incremento de renda. “Houve um tempo em que o pobre era o problema, e nós provamos que o pobre é parte da solução dos problemas do país”, disse. E garantiu que não é necessário diploma de economia para entender a equação: “É simples: se você tem um milhão de dólares e dá para um rico, ele vai botar na conta bancária. Se pega esse um milhão de dólares e distribuiu um pouquinho para mil pessoas, vai virar consumo de roupa, de comida, no dia seguinte, e a economia vai girar”. Depois de enumerar políticas nesse sentido, completou: “Todo esse conjunto de políticas causou uma pequena revolução”. Em relação a uma das principais críticas da esquerda a seu governo e a Dilma Roussef, defendeu-se: “Quando chegamos ao governo tínhamos também um compromisso com os movimentos sociais, que atuavam principalmente em relação a reforma agrária. Em 8 anos nós desapropriamos 56% de todas as terras brasileiras desapropriadas em 500 anos de história”. E completou: “Não que tenhamos nada contra os grandes, porque o agronegócio é muito importante para o Brasil, mas quando se trata de comer são os pequenos que colocam a maior parte da comida na nossa mesa”. 

Energia A “crise energética”, tema recorrente na mídia dominante nos últimos meses, também esteve presente no discurso de Lula: “Eu penso que logo a presidenta Dilma vai poder anunciar a universalização da energia elétrica no Brasil”. Ele também voltou a exaltar o fato de ser “o presidente que mais fez universidades na história do país” mesmo não tendo diploma universitário, e lembrou que “nos últimos 10 anos 28 milhões de brasileiros saíram da linha da miséria”. Ao fim de sua fala o ex-presidente tocou na questão da crise econômica e voltou a criticar os países ricos, agora pelos gastos “para salvar o sistema financeiro” e pela falta de ajuda à África: “Não podemos pagar em dinheiro a dívida que temos com os africanos, então temos que pagar com solidariedade”. Lula também convocou os países ricos a mudar essa atitude e derrubar as barreiras ao comércio com os africanos: “Os países africanos não querem nenhum favor, querem apenas o direito de vender o que produzem sem as barreiras protecionistas dos países ricos”.