segunda-feira, 25 de março de 2013

Por que a direita perde no Brasil?

Por que a direita perde no Brasil?

A direita esgotou suas distintas modalidades de governo – ditadura militar, governos neoliberais – entre 1964 e 2002, ficou esvaziada de alternativas e tem que ver, passivamente, governos pós-neoliberais derrotá-la – de 2002 a 2010, muito provavelmente 2014, completando, pelo menos, 16 anos fora do governo.

Por que isso acontece? Em primeiro lugar, porque se equivoca nos diagnósticos dos problemas brasileiros e coloca em prática soluções equivocadas, sem capacidade de fazer autocritica e emendar seus caminhos.

Prévio ao golpe de 1964, o diagnóstico se voltava contra “a subversão”, acusando complôs internacionais que buscaria implantar no Brasil “o comunismo”. O Estadão, por exemplo, chamava, nos seus vetustos editoriais, o moderado governo Jango de governo “petebo-castro-comunista”.

Daí que o centro do regime militar foi a repressão, para extirpar todos os vírus da subversão, limpando o organismo brasileiro dos elementos infiltrados. Nasceu de um golpe apoiado consensualmente pelo bloco dominante – grande empresariado, imprensa, Igreja católica, governo dos EUA, FFAA.

Passada a euforia inicial, o regime se estabilizou apoiado sempre na repressão, mas também numa política econômica, em que o santo do “milagre” foi o arrocho salarial, que permitiu o crescimento exponencial da exploração dos trabalhadores e dos lucros das grandes empresas nacionais e estrangeiras.

A retomada do crescimento econômico se baseou num modelo com um marco classista evidente: se baseava no consumo das esferas altas do mercado e na exportação, relegando a grande massa da população, afetada pelo arrocho salarial. Foi uma lua de mel idílica para o grande capital, que recebia todo o apoio governamental e não encontrava resistência nos sindicatos – todos sob intervenção militar.

Foi um sucesso que, assentado também nos empréstimos externos – especialmente quando o capitalismo internacional passou do seu ciclo longo expansivo do segundo pós-guerra a seu ciclo longo recessivo, iniciado em 1973 –, o que fez com que o modelo se esgotasse com a crise da divida – na virada dos anos 1970 à década seguinte.

Passou-se a apostar na democracia como a solução de tantos problemas acumulados no Brasil. O bloco dominante fez uma tortuosa transição da passagem do apoio à ditadura para a democracia, ajudado pela fundação do PFL e pela aliança, pela derrota da campanha das diretas e pela eleição do novo presidente pelo Colégio Eleitoral, que consagrou a aliança entre o velho e o novo – este na sua modalidade mais moderada, com Tancredo Neves.

O governo Sarney funcionou como transição entre a temática ditadura/democracia para a temática Estado/mercado. A democratização reduziu-se ao restabelecimento formal dos direitos políticos, sem democratizar nenhuma outra estrutura da sociedade: nem as grandes corporações privadas, nem os bancos, a terra, a mídia.

Com Collor introduziu-se no Brasil o diagnóstico neoliberal: a economia não voltava a crescer por excesso de regulamentação. E, no seu bojo, vieram as privatizações, o Estado mínimo, a precarização laboral, a abertura do mercado. A queda do Collor deixou essas bandeiras disponíveis, que encontraram em FHC sua reformulação – naquela que passou, até hoje, a ser o diagnóstico da direita sobre os problemas do Brasil, resumidos num tema: o Estado não é a solução, mas o problema – como enunciado por Ronald Reagan há já mais de 30 anos.

Lula veio para desmontar esses diagnósticos. O Estado mínimo favoreceu a centralidade do mercado e, com ela, a exclusão social e a concentração de renda, pela falta de proteção que politicas sociais levadas a cabo pelo Estado poderiam levar adiante.

O sucesso dos governos Lula e Dilma deixa desarmados e desconcertados os próceres – partidários e midiáticos – da direita. A crise do capitalismo iniciada em 2008 e que segue sem hora para acabar, gerou um novo consenso na necessidade de intervenção anticíclica do Estado. A capacidade de resistência dos governos progressistas da América Latina pela prioridade das politicas sociais, dos processos de integração regional e dos intercâmbios Sul-Sul, e pela recuperação do Estado como indutor do crescimento econômico e garantia das dos direitos sociais da maioria – terminou de desarvorar a direita e deixá-la sem plataforma e sem alternativas.

Os candidatos que buscam uma brecha para se projetar – sejam Serra, Heloisa Helena, Alckmin, Marina, Plínio, Aécio, Eduardo Campos – se situam à direita do governo. Não conseguem reconhecer o extraordinário processo de democratização social que o pais vive há mais de 10 anos. Ou tentam aparecer como seus continuadores – como na primeira parte da campanha do Serra em 2010 –, ou desconhecem o novo panorama social brasileiro e atacam o Estado – de forma direta, como o Alckmin em 2006, ou de forma indireta, com a centralidade do combate à corrupção, outra forma do diagnostico de que o problema do Brasil é o Estado ou ainda na temática ecológica com a visão de que a “sociedade civil” é alternativa ao Estado, como a Marina.

Assim, a direita perdeu em 2002, 2006, 2010, e tem todas as possibilidades de seguir perdendo em 2014 e depois também. Porque não entende o Brasil contemporâneo, seu diagnóstico ainda é o neoliberal.


 
Postado por Emir Sader

domingo, 24 de março de 2013

Marco Feliciano: a Bíblia é a única fonte da ética ?


O problema não é o Marco Feliciano e sim uma cultura que tenta fazer da Bíblia a fonte das verdades éticas e políticas de uma sociedade


por Paulo Jonas de Lima Piva
O pastor Marco Feliciano é apenas um sintoma, apenas a ponta de um iceberg ameaçador para o futuro do Estado democrático de direito no Brasil. Do ponto de vista da democracia, dos direitos humanos, da laicidade do Estado brasileiro, Marco Feliciano é de fato um problema, um alerta, um lamentável retrocesso em potência e em andamento. Entretanto, o problema que o gerou e, ao que tudo indica,  o problema que gerará pela frente muitos Marcos Feliciano, é ainda maior, e se protege atrás de um maciço tabu da nossa cultura hegemonicamente cristã: o de não se discutir no Brasil, de evitar a todo custo, uma reflexão mais pública e ampla sobre as bases da fé religiosa no país, mais exatamente, um debate sobre a veracidade dos livros que lhe servem de fundamento e justificação. Cientistas, pensadores e estudiosos para isso não faltam. Trata-se do tabu de que "religião não se discute", de que tolerância significa calar-se diante de absurdos e truculências cometidas em nome de uma fé. Mas pelo andar da carruagem, com a explosão de fé que contagiou o país nos últimos anos e com o aumento significativo da presença dos religiosos no cenário político nacional, lotando parlamentos e acumulando grandes meios de comunicação de massa, o futuro da laicidade do Estado brasileiro e da ampliação dos direitos humanos no Brasil exige com urgência tal discussão pública e ampla. 
A Bíblia
Inspirando o fanatismo, a intolerância e o obscurantismo dos discursos e das práticas desse deputado eleito com mais de 200 mil votos e alimentando ideologicamente o seu projeto político de transformar o país numa "Jesuscracia" está um livro, a Bíblia. Para Marco Feliciano e para os milhares de cristãos que ele representa no Congresso Nacional, a Bíblia é um escrito sagrado, isto é, portador de explicações, valores e normas de conduta dados ao homem por uma divindade. Portanto, esse livro é por eles considerado uma obra oracular, concentradora de todas as verdades absolutas e únicas sobre o universo, o tempo, sobre a condição humana, sobre o certo e o errado, o permitido e o proibido, a vida e a morte. Assim sendo, não restaria outra alternativa ao ser humano senão submeter-se aos seus ditames e estórias, vinculando-se a ela sobretudo pela fé. Pensar, agir e viver fora dos padrões bíblicos seria viver em desacordo com as verdades com vê maiúsculo, por conseguinte, contra as vontades do deus no qual acreditam e a ele se dedicam e temem. Este seria o tal do "pecado". 
Ora, o que está fazendo Marco Feliciano no Congresso Nacional? Marco Feliciano está apenas sendo coerente com o seu credo e leal ao eleitorado que o elegeu. Como deputado federal Marco Feliciano está sendo evangélico, seguidor do que ele acredita serem as palavras de um deus. Marco Feliciano está combatendo o mal, lutando contra o "pecado" na sociedade brasileira. Ao desqualificar eticamente os homossexuais em seu discurso e no seu engajamento homofóbico, Marco Feliciano mostra simplesmente que respeita e cumpre rigorosamente o que está escrito no seu livro sagrado. Ele segue à risca, por exemplo,  Levítico 18:22: “Não te deitarás com varão, como se fosse mulher; é abominação.” Ele segue também Romanos 1:26-27: “Pelo que Deus os entregou a paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à natureza; semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro”.  Ou ainda 1 Coríntios 6:9: “Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas”. Sua misoginia também encontra fundamento claro na sua Bíblia, em 1 Coríntios 11:3, por exemplo: "Quero, porém, que entendam que o cabeça de todo homem é Cristo, e o cabeça da mulher é o homem, e o cabeça de Cristo é Deus". Também em Efésios 5:22-24: "Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos".
Portanto, a atuação parlamentar de Marco Feliciano é digna de orgulho para os cristãos que compartilham da sua fé. Trata-se de uma conduta politica absolutamente coerente com uma ideologia misógina, homofóbica e autoritária, de uma representação que reage e age, de maneira automática, em conformidade com as fábulas do livro no qual ele e seus milhares de eleitores cegamente acreditam. E por mais que muitos  religiosos discordem do cristianismo expresso por Marco Feliciano e pelos seus milhares de eleitores, por mais que muitos teólogos façam contorcionismos lógicos e malabarismos retóricos mil para tentarem mostram que a Bíblia não diz o que realmente diz, quando abrimos as páginas enfadonhas, absurdas, ora assustadoras, ora risíveis, desse livro de mitologia, de contos da carochinha e de máximas bárbaras que tantas desgraças já causou ao mundo, o que encontramos lá? Como vimos acima, encontramos exatamente o que Marco Feliciano defende: passagens machistas, misóginas e homofóbicas aos montes, personagens autoritários, intolerantes e megalomaníacos que se apresentam como porta-vozes de um deus, que se dizem filho de um deus e, o que é pior, que se colocam como a encarnação da Verdade, sem contar as inúmeras atrocidades cometidas contra animais inocentes e alheios ao fanatismo dos personagens, animais estes condenados a rituais estúpidos de sacrifício. E é em coerência com esse livro digno de um Steven Spielberg sem inspiração que Marco Feliciano sustenta a sua homofobia, o seu machismo, o seu racismo, a sua intolerância, enfim, o seu desrespeito aos direitos humanos e à diversidade que caracteriza ainda o nosso ambiente democrático.
Resumindo e deixando mais claro, o problema central revelado pela eleição do presidente da Comissão de Direitos Humanos do Congresso Nacional não é o Marco Feliciano em si, que desfruta de um mandato legitimado por 200 mil eleitores seguidores da Bíblia, mas a nossa cultura de ainda levar a sério e de tomar como bússola existencial e moral um livro tão misógino, tão homofóbico, tão intolerante e autoritário como a Bíblia, onde o "amar ao próximo como a si mesmo", máxima que não é uma exclusividade evangélica, torna-se nota de rodapé em meio a tanta violência, sofrimento, crueldades, truculências e absurdos de suas "verdades" e personagens.

(Publicado em partes no jornal A Gazeta Itapirense, edição 407, 23 de março de 2013)

sábado, 16 de março de 2013

POR QUE A DIREITA ODEIA A AMÉRICA LATINA

POR QUE A DIREITA ODEIA A AMÉRICA LATINA


Por Emir Sader
“A direita odeia a América Latina. Antes de tudo porque sua mentalidade colonial e seus interesses a vinculam aos países do centro do capitalismo, aos Estados Unidos em particular, que têm uma relação histórica de conflitos com o nosso continente. A direita nunca esconde sua posição subserviente em relação aos EUA. Adorava quando os países latino-americanos eram quintal traseiro do império, quando, por exemplo, na década de 90 do século passado, não expressavam nenhum interesse diferente dos de Washington e buscavam reproduzir suas políticas.

A direita não entende a América Latina, nem pode entender, porque sua cabeça é a da anulação diante do que as potências imperiais enviam para nossos países, de aceitação resignada e feliz aos interesses dessas potências.

Para começar, compreender a América Latina como continente é entender o que a unifica como continente: o fenômeno histórico de ter sido colonizada pelas potências europeias e ter sido transformada posteriormente em região de dominação privilegiada dos EUA.

Daí a incapacidade da direita de entender o significado do nacionalismo e dos líderes nacionais, porque, para a direita, não há dominação e exploração imperialista, menos ainda o conceito de nação. Esses líderes seriam, então, demagogos populistas, que se valeriam de visões fictícias para fabricar sua liderança carismática, fundada no apoio popular.

A própria existência da América Latina como continente é questionada pela direita. Ressalta as diferenças entre o México e o Uruguai, o Brasil e o Haiti, a Argentina e a Guatemala, para tentar passar a ideia de que se trata de um agregado de países sem características comuns.

Não mencionam as diferenças entre a Inglaterra e a Grécia, Portugal e a Alemanha, Suécia e Espanha que, no entanto, compõem um continente comum. Por quê? Porque tiveram e têm um lugar comum no sistema capitalista mundial: foram colonizadores, hoje são imperialistas. Enquanto que os países latino-americanos, tendo diferenças culturais muito menores do que os países europeus entre si, fomos colonizados e hoje sofremos a dominação imperialista.

Esses elementos de caracterização são desconhecidos pela direita, para a qual o mundo é composto por países modernos e países atrasados, sem articulação como sistema, entre centro e periferia, entre dominadores e dominados.

Assim a direita nunca entendeu e se opôs sempre tenazmente aos maiores líderes populares do continente, como Getúlio, Perón, Lazaro Cárdenas e, hoje, se opõe frontalmente a Hugo Chávez, a Lula, aos Kirchner, a Mujica, a Evo, a Rafael Correa, a Dilma, a Maduro, além, é claro, a Fidel e a Che. Não compreendem por que foram e são os dirigentes políticos mais importantes do continente, porque têm o apoio popular que os políticos da direita nunca tiveram.

Ainda mais agora, quando a América Latina consegue resistir à crise, não entrar em recessão, continuar diminuindo a desigualdade e projetar líderes como Chávez, Lula, Evo, Rafael Correa, Mujica, Dilma, a incapacidade de dar conta do continente aumenta por parte da velha mídia. Sua ignorância, seus clichês, seus preconceitos a impedem de entender essa dinâmica própria do continente.

Só resta à direita odiar a América Latina, porque odeia os movimentos populares, os líderes de esquerda, a luta anti-imperialista, a crítica ao capitalismo. Odeiam o que não podem entender, mas, principalmente, odeiam porque a América Latina protagoniza um movimento que se choca frontalmente com tudo o que a direita representa.”
FONTE: escrito pelo cientista político Emir Sader no site “Carta Maior” (http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=1204). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

quinta-feira, 14 de março de 2013

Vozes contra a Petrobrás

Base aliada reage a críticas de 'vozes do além' contra Petrobras

Para senador Inácio Arruda (PCdoB), única crise da estatal ocorreu durante tentativa de privatização por FHC; líder do PT lamenta que 'vozes do além' tentem desestabilizar empresa 
 

São Paulo – A reação de políticos do PT e dos partidos da base aliada às críticas formuladas pelo PSDB contra a queda no desempenho econômico-financeiro da Petrobras em 2012 veio com força hoje (13), um dia depois do debate promovido pelos tucanos no Congresso.
Para o senador Inácio Arruda (PCdoB), desde que foi criada, em 1953, o único momento em que a empresa viveu uma crise foi durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando passou por um processo de abertura de capital e esteve no projeto de privatizações no mesmo momento em que se quebrou o monopólio da estatal na exploração de petróleo.
“A Petrobras está completando 60 anos desde sua homologação e o maior risco que teve foi nos governos neoliberais", disse o senador. Segundo ele, as críticas sobre aparelhamento e má gestão têm mais objetivos políticos e eleitorais do que preocupação genuína com a saúde econômica da estatal. “Os diretores da empresa são funcionários de carreira e têm feito uma gestão responsável. A Petrobras não é a única empresa do setor que teve quedas nos últimos anos por conta da crise internacional. Outras grandes empresas tiveram quedas maiores.”

A Comissão de Minas e Energia da Câmara aprovou ontem um requerimento convocando a presidenta da Petrotras, Maria das Graças Foster, a prestar informações no Congresso sobre o desempenho econômico-financeiro da estatal em 2012, quando teve queda no lucro em relação aos três anos anteriores, e sobre a construção da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco. Esta refinaria é um projeto da Petrobras e a Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA), a estatal venezuelana de petróleo.
O líder do PT na Câmara, José Guimarães, afirmou hoje que não há sinal de crise. “É conversa para boi dormir. São as vozes do além, que no passado queriam privatizar a Petrobras. É inacreditável, uma empresa que defende o Brasil e eles entram numa estratégia de desgastá-la. É para atingir as ações da Petrobras, aqui, e lá fora”, disse o deputado.
Segundo ele, o debate sobre a Petrobras com partidos da oposição é importante para o PT. “Vamos comparar quem quis vender a Petrobras e aqueles que a patrocinam.Vamos para cima. Para defender a Petrobras e mostrar que não há nenhuma crise na empresa”, disse.

O coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antonio de Moraes, afirmou hoje (13) que o PSDB não tem “moral” para fazer nenhuma avaliação sobre a Petrobras. “Esta é a primeira ironia deste debate”, disse. Segundo Moraes, no período em que o PSDB esteve à frente do governo federal (1995-2002) houve um “esvaziamento” da empresa. “Naquela época, não só a Petrobras, mas quase todas empresas estatais foram esvaziadas para depois serem privatizadas.” 
Segundo o coordenador da FUP, nos últimos anos houve um grande investimento por parte da empresa e um crescimento das operações da Petrobras. “Hoje, pode haver um problema aqui, outro ali, mas dizer que ela está em crise é demais. No ano passado, o lucro da Petrobras foi de R$ 21,8 bilhões. Poucas empresas no mundo tiveram um desempenho semelhante”, disse.

Em seu Twitter, o ex-presidente da Petrobras José Eduardo Dutra (2003 – 2005) postou mensagens contestando as denúncias de má gestão e aparelhamento na Petrobras. Dutra foi nomeado para a presidência da estatal pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Quando cheguei na Petrobras em 2003 havia três ex-deputados do PSDB ocupando cargos. Não vou dizer os nomes em respeito a eles”, afirmou na rede social.
Dutra também apresentou informações comparando a produção e o lucro da estatal durante os governo tucano e petista e sobre as denúncias feitas pelo PSDB de que o PT teria “quebrado” a Petrobras. “PSDB diz que PT quebrou a Petrobras, mas só compara 2012 com 2010. Por que não comparam com 2002?”, escreveu. “Produção de Óleo no Brasil: 2012 – 1,5 milhões de barris; 2002 – 1,98 milhões de barris. Investimento: 2002 – R$ 19 bi; 2012 R$ 84,1, Lucro: 2002 – R$ 8 bi; 2012 – R$ 21 bi. Valor de Mercado: 2002 – US$ 15 bi, 15ª (empresa) do mundo; 2012 US$ 113bi, 8ª (empresa ) do mundo”.

A Petrobras respondeu hoje (13), por meio de nota divulgada pela assessoria de imprensa, as críticas feitas ontem pelos tucanos à gestão da companhia feitos durante o ato político "Recuperar a Petrobras é o nosso desafio – a favor do Brasil, a favor da Petrobras", realizado na Câmara dos Deputados.
Lideranças do PSDB acusam o governo de gerir a Petrobras de maneira partidarizada e aparelhada pelo PT. Os tucanos afirmam que o aumento do investimento no refino de petróleo causa prejuízo. “A Petrobras enterra em refino um terço de seu orçamento. Em 2012, foram R$ 32 bilhões. Mas a contribuição da área de refino nos resultados da empresa tem sido negativa”, afirmam, também em nota.

A Petrobras afirma que a equação tucana não leva em consideração a economia do país como um todo e o crescimento da economia verificado nos últimos 12 anos. “Entre os anos de 2000 e 2012 o consumo de gasolina no país cresceu 68%, o de diesel, 46%, e o de querosene de aviação (QAV), 58%, reflexo evidente do crescimento da economia, da melhora das condições de emprego e renda da população e da ascensão das classes sociais”, afirma. “Diante de um mercado que cresce muito mais do que a média mundial, fica clara a necessidade de ampliação do parque de refino, retomando os investimentos em novas unidades, o que não era feito desde 1980, 33 anos atrás”, afirma a companhia.

Segundo a Petrobras, a eficiência de sua gestão nos últimos dez anos se revela no fato de que “o Brasil atingiu a autossuficiência em petróleo em 2006 e a produção de petróleo no país equiparou-se ao volume de derivados consumidos à época”.
A empresa reconhece, porém, que houve um descompasso entre a demanda por derivados e a produção no país. “Entre 2007 e 2012, no entanto, a demanda por derivados cresceu 4,9% no Brasil, contra um crescimento de 3,4% na produção de petróleo”, esclarece a nota. A companhia prevê que a partir de 2014 a produção de petróleo no Brasil voltará a "atingir a autossuficiência volumétrica, ou seja, volumes iguais de petróleo produzido e de derivados consumidos, contando a produção da Petrobras + parceiros + terceiros”.

A nota explica ainda que o Brasil “nunca foi autossuficiente em derivados”, “sempre importou e continuará importando derivados até que entrem em operação as novas refinarias previstas no Plano de Negócios e Gestão 2012-16 da Petrobras”. De acordo com as previsões da companhia, sua curva de produção apresentará um crescimento contínuo, até atingir 2,5 milhões de barris por dia em 2016 e 4,2 milhões de barris por dia em 2020. “A produção de petróleo passará então a superar a produção de derivados, o que dará ao país, também, autossuficiência em derivados”. Em janeiro de 2013, a produção foi de 1,965 milhão de barris/dia.

Confiança e mercado

De acordo com os tucanos, a empresa perdeu em dois anos 47,7% do seu valor de mercado, e é vista, atualmente, com desconfiança por esse mesmo mercado. A companhia reconhece a queda, mas diz que o valor de mercado da Petrobras era de R$ 398 bilhões e, no último dia 11 (segunda-feira), de R$ 234 bilhões. A perda, portanto, foi de 41,2%, segundo os cálculos oficiais.
No seminário de Brasília, os tucanos disseram que a Petrobras, hoje, “é a imagem da desconfiança e de prejuízos".
“Não há desconfiança”, responde a companhia. “A Petrobras tem grande facilidade de acesso ao mercado de dívida, a baixos custos, por meio de diversas fontes. Portanto, são justamente estes investimentos elevados que irão gerar retornos para nossos acionistas. A Petrobras é hoje reconhecida pelo mercado como a empresa que dispõe do melhor portfólio de ativos de petróleo e gás dentre todas as companhias de capital aberto no mundo”. 
 

domingo, 10 de março de 2013

Provocar câncer em alguém é fácil

Provocar câncer em alguém é fácil como tirar doce de criança

Posted by on 07/03/13 

Pouco depois do anúncio oficial da morte de Hugo Chávez pelo presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, este acusou publicamente os Estados Unidos de estarem por trás do câncer que acometeu o ex-presidente e, en passant, aproveitou para atribuir à potência os cânceres que, quase simultaneamente, atingiram vários outros presidentes sul-americanos.

Esse boato encampado pelo provável novo presidente que os venezuelanos elegerão em semanas, porém, não é novo. Há cerca de dois anos, especulou-se largamente sobre a estranha “coincidência” de cinco líderes sul-americanos que não se alinham a Washington terem contraído câncer quase simultaneamente.
Detalhando: Dilma Rousseff, Lula, o ex-presidente paraguaio Fernando Lugo, a presidente argentina, Cristina Kirchner, e o próprio Chávez contraíram câncer quase todos ao mesmo tempo.
Não foi a primeira vez que os Estados Unidos foram acusados de cometer assassinatos políticos sem uso de violência, apelando para a tecnologia. O ex-presidente brasileiro Jango Goulart ou o líder palestino Yasser Arafat foram alguns entre tantos outros que se acredita que tenham sido assassinados pelos norte-americanos dessa forma.

Nesse aspecto, o leitor Carlos Alberto Rocha deixou comentário que, no mínimo, leva à reflexão:
“(…) O assassinato de Arafat foi abafado e contou com a ajuda da tradição muçulmana, que não procede a autópsia dos seus mortos. Mas a disposição de sua viúva Suha e uma criteriosa investigação da TV Al-Jazeera levaram à descoberta do assassinato e a um pedido formal da Autoridade Nacional Palestina para que um comitê patrocinado pela ONU proceda o desdobramento da investigação feita por médicos suíços, que já levou à exumação do corpo do líder palestino.
Após nove meses, um trabalho meticuloso dos especialistas suíços e exame de roupas e objetos que Arafat usou nos dias que antecederam sua morte – roupa, escova de dente e até seu icônico kefiyeh que não tirava da cabeça – revelaram uma quantidade anormal de polonium, um elemento radioativo raro ao qual poucos países têm acesso, ou seja, apenas os do restrito clube atômico (…)”

Os títeres dos EUA na imprensa e os admiradores da potência hegemônica na sociedade civil tratam de ridicularizar a suspeita. Sobre o câncer que acometeu um homem forte e sadio como Chávez, que jamais adoecera gravemente em mais de cinquenta anos de vida, apegam-se a excessos retóricos e generalizações para desmoralizar a teoria.
Nesse aspecto, os casos de Lula e Dilma são emblemáticos. Ela contraiu câncer antes de se tornar presidente e Lula teve a doença justamente na parte do corpo que ele mais forçou ao longo da vida de líder sindical e político, a garganta, sendo sua voz rouca indicativa de que pode até ter nascido com algum problema nela que se agravou pelo esforço repetitivo. Além disso, Lula e Dilma são moderados e mantiveram e mantêm relações civilizadas com os EUA.
Todavia, se isolarmos os casos em que os EUA teriam interesse real em exterminar os que supostamente quem exterminou foi o câncer, não há como descartar uma hipótese como essa.

Em primeiro lugar, alguém seria tão cínico a ponto de afirmar que os americanos não exterminariam um líder político que os confrontasse? Só pode ser uma piada.
Alguém se lembra do soldado americano Bradley Manning, que entregou documentos secretos ao WikiLeaks, sobretudo o vídeo que ficou conhecido como “Collateral Murder” [Assassinato Colateral], em que se veem militares americanos num helicóptero assassinando civis desarmados, dos quais dois eram jornalistas da Agência Reuters, e ferindo duas crianças?

Chávez, não vamos nos esquecer, é o líder político que foi à tribuna da Assembleia Geral da ONU e, ali mesmo, declarou que o então presidente dos Estados Unidos, que acabara de precedê-lo, havia deixado, no local, cheiro de enxofre por ser a encarnação do diabo. E que vinha contrariando todos os interesses geopolíticos ianques, sobretudo no Oriente Médio.
Razões para matar Chávez não faltavam aos EUA. Se tivesse a tecnologia para instilar câncer em adversários, matando-os sem poder ser acusado de tê-lo feito, a potência certamente não hesitaria em usá-la.
Bem, se assim é então vou contar um segredinho a você, leitor: a tecnologia para causar câncer já existe, até porque não é tecnologia, mas um efeito físico advindo do contato humano com substâncias chamadas de cancerígenas.

Trocando em miúdos: basta bombardear o alvo por curto período com doses de intensidade controlada de radiação para ter quase certeza de que essa pessoa contrairá câncer. E o que é mais espantoso é que, aqui, não se faz revelação alguma, pois esse fato é conhecido por qualquer um.
Na mesma viagem aos Estados Unidos em que Chávez insultou o ex-presidente George Bush filho, por exemplo, equipamento colocado num quarto de hotel poderia bombardear o alvo por algumas horas com doses controladas de radiação e o efeito fatalmente poderia ser o câncer.
Dizer que uma potência que leva o homem ao espaço e que desenvolveu os drones, que lhe permitem matar populações inteiras à distância, não teria a tecnologia para induzir câncer em alguém, é piada. Tecnologia há. Motivação, no caso de Chávez, havia – e muita. Se isso de fato ocorreu, porém, é outra história.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Chávez e o ódio da direita midiática brasileira

Uma grande perda para a América Latina

 Mario Augusto Jakobskind

A Venezuela e toda a América Latina perderam a sua principal liderança surgida nos últimos anos: o Presidente Hugo Chávez Frias. Morreu vítima de câncer.
Desde sempre a direita venezuelana e latino-americana já tinha matado Chávez e em tempos mais recentes tentou de todas as formas agir para desestabilizar o país.
É neste contexto que deve ser entendida a viagem do Henrique Capriles Radowski aos Estados Unidos se entender com funcionários do Departamento de Estado.
A direita vai procurar de todas as formas possíveis a legitimidade de Capriles e querer tirar de foco suas ligações com os conspiradores com ramificações nos Estados Unidos.
Pela Constituição assume durante um mês Diosdado Cabello, até serem realizadas eleições presidenciais. Chávez já tinha passado o bastão a Nicolás Maduro, indicando-o como seu sucessor se algo lha acontecesse.

Os elitistas de sempre, como já tinha acontecido no Brasil depois da eleição do torneiro mecânico Luis Inácio Lula da Silva, nunca engoliram o fato de o sucessor de Chávez ter sido motorista de ônibus, sem título universitário. Uma típica bobagem elitista, como se um curso universitário fosse condição sine qua non para alguém ser Presidente da República. Os exemplos de presidentes letrados não são dos mais abonadores, Talvez só mesmo para as elites.
A direita, seja em Miami, na América Latina ou na Venezuela se desespera com o fato de o chavismo continuar sem o seu líder.

O provável candidato da oposição, atual governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles vai ter que explicar o que foi fazer em Miami, mais precisamente nos corredores do Departamento de Estado. Boa coisa de certo não foi.
Dois funcionários da embaixada norte-americana foram expulsos depois de terem sido descobertos, segundo o governo venezuelano, tentando obter informações juntos aos militares. Foram pegos em flagrante delito e não restou outra coisa a Nicolas Maduro se não anunciar a expulsão.
Poucas horas depois do anúncio oficial da morte de Chávez, a TV Globo acionou um de seus colunistas de sempre, exatamente para analisar de forma a comprometer o legado da revolução bolivariana.
Demétrio Magnoli ganhou muito espaço nos canais das Organizações Globo, destilando veneno com o objetivo de mostrar aos telespectadores perspectivas de mau agouro para a Venezuela. Magnoli está no seu papel de sempre. É um direito que o assiste, mas cabe aos observadores mostrarem a que veio.

Uma grande perda, sem dúvida, mas agora cabe aos defensores da revolução bolivariana continuar a levar adiante o que Chávez deixou.
Apesar das críticas contundentes da direita venezuelana e de todo o continente latino-americano, na Venezuelacom a ascensão de Chávez o número de pobres diminuiu, o analfabetismo foi erradicado e o desemprego caiu a cifras compatíveis.
Apesar dos analistas de sempre, a informação na Venezuela fluiu mais naturalmente com o crescimentos de mídias públicas e estatais. Mesmo assim, o maior percentual na mídia está nas mãos privadas com cerca de 80%. Mas os grandes proprietários midiáticos não aceitam o fato de terem aumentado os canais outros tipos de canais que não o privado. Na Sociedade Interamericana de Imprensa, que reúne o patronato midiático das Américas, a grita é do mesmo teor.

P.S: fiquei sabendo através de um espião benigno que a TV Globo as duas da tarde já sabia que Chávez tinha morrido. De onde ele obteve a informação? A resposta não é dificíl de saber, certamente a Rede Globo obteve a informação diretamente da CIA.
http://www.iranews.com.br/noticias.php?codnoticia=9496

Morto, Chávez é mais atacado do que quando estava vivo

Posted by on 06/03/13

Não se pode dizer que seja exatamente uma surpresa o fenômeno que passou a ser visto após o anúncio da morte de Hugo Chávez. Logo após esse anúncio, o título do texto aqui publicado já dizia que o venezuelano não morrera, mas que, antes, acabara de nascer – ou renascer –, agora como mito.
O fenômeno em tela é o de o ex-presidente, depois de morto, estar sofrendo um nível de ataques na mídia americanizada do Brasil – e nas de tantos outros países latino-americanos – que poucas vezes se viu quando estava vivo.
Foi surpreendente, porém, a virulência com que a edição do Jornal da Globo que foi ao ar entre a noite da última terça-feira e o começo da madrugada de quarta tratou o presidente recém-falecido.
O Jornal Nacional, poucas horas antes, fugiu de mostrar os avanços sociais na Venezuela durante a era Chávez, mas não enveredou pela hidrofobia sem limites que se viu no Jornal da Globo – telejornal destinado ao público que dorme e acorda mais tarde e que tem maior poder aquisitivo.

Abaixo, o texto hidrófobo lido pelo âncora do Jornal da Globo Willian Waack sobre um ser humano que acabara de perder a vida. Um texto desrespeitoso à Venezuela e à parcela esmagadora de seu povo que apoiou o ex-presidente até seu último suspiro e que continua apoiando, agora na figura de Nicolás Maduro, provável herdeiro político de Chávez.
—–
JORNAL DA GLOBO
http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2013/03/hugo-chavez-morre-aos-58-anos.html


Um aspecto interessante desse texto lido por Waack no ar é que, a certa altura, parece lamentar o insucesso da tentativa de golpe de Estado contra Chávez em 2002 ao dizer que ele “Quase foi derrubado em 2002 por um mal-articulado golpe militar no qual ele identificou a mão do império, a mão dos Estados Unidos”.
A quantidade de distorções dos fatos contida na cobertura da Globo e do resto da grande mídia sobre o que foi o governo Chávez, é imensurável. Essa afirmação de que foi o venezuelano que “identificou” a interferência dos EUA na tentativa de golpe que sofreu, é hilária.
A tentativa de golpe contra Chávez em 2002 foi publicamente condenada pelas nações latino-americanas (os presidentes do Grupo do Rio se reuniram em San José, Costa Rica, na época, e emitiram um comunicado conjunto de repúdio ao golpe) e pelas organizações internacionais.
Apenas os Estados Unidos e a Espanha rapidamente reconheceram o governo de facto da Venezuela, agora presidido pelo rico empresário Pedro Carmona, presidente da Fiesp venezuelana, a “Fedecámaras”.
Como primeira medida, o “presidente” Carmona fechou o Congresso e a Suprema Corte de Justiça do país e reprimiu, com tropas leais, as manifestações pró-Chávez que tomaram Caracas, com a população descendo dos morros que circundam a cidade para irem protestar diante do Palácio Miraflores, sede do governo venezuelano.
E para que fique absolutamente claro que a participação dos EUA no golpe não foi uma invenção de Chávez, basta ver notícia que o portal da mesma Globo na internet, o G1, publicou em 2009. Leia, abaixo, trecho da matéria.
—–
Jimmy Carter diz que EUA sabiam de golpe contra Hugo Chávez em 2002
G1
20 de setembro de 2009
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1311305-5602,00-JIMMY+CARTER+DIZ+QUE+EUA+SABIAM+DE+GOLPE+CONTRA+HUGO+CHAVEZ+EM.html
Os Estados Unidos estavam sabendo do golpe que quase derrubou o presidente venezuelano Hugo Chávez em 2002, e talvez tenham até apoiado a frustrada tentativa, declarou o ex-presidente americano Jimmy Carter em entrevista publicada neste domingo (20) pelo jornal colombiano “El Tiempo”.
“Acho que não há dúvidas sobre o fato de que em 2002 os Estados Unidos estavam sabendo, ou tiveram participação direta, no golpe de Estado”, disse Carter ao jornal. Assim, as críticas de Chávez contra os Estados Unidos “são legítimas”, destacou o ex-dirigente democrata, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2002.
(…)

Parece-me material suficiente para que, ao menos, a Globo não atribuísse só a Chávez a acusação de que os Estados Unidos foram parte integrante da tentativa fracassada de golpe em 2002 na Venezuela, certo?
É claro que o que o Jornal da Globo apresentou não foi uma reportagem, mas um editorial capenga, cheio de furos e que, se fosse publicado em uma televisão norte-americana, seria passível de ser contestado no ar por qualquer cidadão que se sentisse prejudicado, como determina o Federal Communications Commision (FCC), órgão regulador das comunicações eletrônicas naquele país.
Mas isso é nos EUA, que, como todos sabem, é um país “marxista”…
Voltando à dura realidade brasileira, no mesmo Jornal da Globo ainda tivemos Arnaldo Jabor com mais opinião e ainda menos fatos, vociferando sem parar contra Chávez, omitindo, distorcendo, inventando etc.

Nos blogs e sites, os antichavistas pareceram ter enlouquecido com a imortalidade recém-adquirida por Chávez. Virulentos, pornográficos, hidrófobos ao impensável, mentecaptos de todas as idades e de todas as regiões do país tentavam se superar em palavrões, insultos e praguejamentos diversos contra um ser humano que acabara de falecer e que, segundo informações minimizadas e distorcidas da Folha de São Paulo do dia seguinte, reduziu a pobreza na Venezuela de 20% para 7%.

Tanto o telejornalismo da Globo quanto os grandes jornais impressos do dia seguinte simplesmente não deram uma linha sobre o fato de que Chávez conseguiu os maiores avanços em termos de redução da pobreza, da miséria e de distribuição de renda na América Latina, sem falar do feito histórico de ter acabado com o analfabetismo em seu país, conforme referendo público da Unesco.
A impressão que o noticiário sobre a morte de Chávez deu a qualquer um que assistiu ou leu – mesmo às pessoas despolitizadas –, foi de surpresa. Muitos não conseguiram entender a razão de tanto ódio contra alguém que acabara de deixar a vida para entrar na história.

A explicação, porém, já foi dada aqui mesmo poucas horas após o falecimento de Hugo Rafael Chávez Frías: morto, está mais poderoso do que nunca. É relativamente simples destruir os vivos – ainda que, às vezes, como no caso de Chávez ou do próprio Lula, nem tanto. Mas é praticamente impossível destruir um mito.
O que se viu e ainda será visto nos próximos dias, semanas e até anos em termos de hidrofobia político-ideológica contra o falecido Chávez, portanto, não passa de um medo absolutamente visceral que a direita sente de um homem que ergueu a América Latina social e economicamente.


Hugo Chávez e o rola-bosta da Veja

http://satiro-hupper.blogspot.com.br/
Por Altamiro Borges
Os fascistas estão em festa! Macabros e patéticos, eles comemoram a morte de Hugo Chávez. Dão vivas aos EUA e à oligarquia racista da Venezuela. Na internet, uma via que aceita tudo, extravasam os piores instintos. Muitos destes seres medíocres se baseiam nos artigos de alguns “calunistas” da mídia colonizada e golpista. Reinaldo Azevedo, o pitbull da revista Veja, volta a ser a referência. Como bem definiu o teólogo Leonardo Boff, o jornalista é um autêntico “rola-bosta”, que empurra excrementos para os mais tacanhos.
Logo após o anúncio da morte do presidente venezuelano, Reinaldo Azevedo não conteve a sua alegria. Para ele, “Chávez, agora morto, foi vítima da própria farsa e não teve tempo de aprender com Lula”. O líder bolivariano optou pelo tratamento do seu câncer em Cuba, ao invés de fazer como o ex-presidente Lula, que tratou da sua doença num hospital privado. Morreu por sua opção ideológica, afirma o reacionário privatista, neoliberal e defensor dos genocídios imperialistas – que deveria tratar da sua saúde nos EUA.
Na sua visão delirante, a Venezuela não perdeu nada com o que ele chama de a morte do chavismo – “um misto de banditismo político com delírio ideológico retrô. É evidente que sérias turbulências virão pela frente porque o modo de governo inventado por Hugo Chávez, que morreu nesta terça, só funcionava com o carisma do caudilho. Agora morto, os gângsteres que o cercavam iniciarão a luta intestina pelo poder - ainda que a imagem do mártir garanta ao menos mais uma eleição para a turma”.
Reinaldo Azevedo trata o falecido Chávez como “bandido farsante”, “ditador”, “burro” e “bandoleiro”. Ele alimenta os pistoleiros da internet – que deveriam ser vigiados pela Polícia Federal em função do seu grau de violência. Como bem disse Leonardo Boff, indignado com as barbaridades do blogueiro da Veja quando da morte do Oscar Niemeyer, este sujeito se assemelha a um escaravelho, “popularmente chamado de besouro rola-bosta”. Um pena que ainda haja tantos leitores e assinantes da Veja. O boicote seria a melhor arma contra os seus rola-bostas!

terça-feira, 5 de março de 2013

Economia dá sinais de recuperação

Economia dá sinais de recuperação

Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

Mal deu tempo para a oposição tripudiar sobre o "pibinho" de 0,9% anunciado na semana passada, e a economia brasileira já começa a dar os primeiros sinais de recuperação neste início de ano.

Os últimos números são animadores. Por exemplo: depois de quatro trimestres seguidos de queda, os investimentos registraram um crescimento de 0,5% nos últimos três meses de 2012, o que o governo atribui aos cortes nas taxas de juros.

Outros indicadores importantes: com os cortes nas tarifas, o consumo de energia cresceu 4% em janeiro e, o de papel ondulado, 10%. A venda de caminhões e máquinas disparou no momento em que o País começa a colher a maior safra de grãos da sua história.

No mercado de trabalho, a renda aumentou e a taxa de desemprego, em 2012, segundo o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), ficou em 5,5%, a menor média anual dos últimos dez anos.

A inflação anual continua girando em torno de 6% ao ano, é verdade, bem acima da meta de 4,5%, mas vai registrar uma desaceleração de janeiro, quando chegou a 0,86%, para 0,4%,em fevereiro.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou animado com a receptividade que encontrou na viagem aos Estados Unidos, na semana passada, em que deu início ao "road-show" programado pelo governo para atrair investidores estrangeiros, em especial para a área de infraestrutura. E já pensa em agendar encontros também na Ásia.

Na contramão do noticiário negativo sobre as perspectivas da economia brasileira, que alimentam os discursos da oposição de olho nas eleições presidenciais, a Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais (Sobeet) divulgou nesta segunda-feira um estudo mostrando o acelerado aumento de investimentos estrangeiros diretos (IED) no país entre 2003 e 2012.

Nestes dez anos, o Brasil pulou do 15º pra o 4º lugar entre os países que mais atraíram investimentos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, da China e de Hong-Kong. Segundo a Agência Estado, a participação brasileira nos fluxos de investimento foi a que mais cresceu no mundo neste período, passando de 1,7%, em 2003, para 5%, em 2012.

Sempre que o caro leitor sentir o desânimo bater, depois de ler a opinião dos analistas econômicos e especialistas em geral na grande imprensa, vale a pena dar uma ligada para o Ministério da Fazenda e checar como andam as coisas.

Serve, pelo menos, para não perder as esperanças e começar a semana mais animado.