domingo, 22 de setembro de 2013

Veja derrotada: não tem preço

bruxas

Veja derrotada: não tem preço

21 de setembro de 2013 | 16:25
A revista Veja também assinou recibo de sua derrota. A decisão do decano do STF, Celso de Mello, de manter uma secular garantia individual devida a todo e qualquer brasileiro, petista ou não petista, entristeceu a revista que simboliza o lado mais podre do reacionarismo tupinambá. Ponto para a democracia!
Abaixo, texto de Maurício Dias, colunista da Carta Capital, sobre a derrota da mídia.

A pressão perdeu
O resultado da votação dos embargos infringentes, com resultado apertado, expressa a derrota da imprensa que sempre tentou pautar o julgamento.
Valendo-se de espaço farto na mídia, os arautos do apocalipse do Supremo Tribunal Federal, o fim da credibilidade da Corte, quebraram a cara. Anunciaram que, vitoriosa a aceitação dos embargos divergentes benéfica a 12 réus da Ação Penal 470, a Justiça estaria desmoralizada perante a opinião pública.
A decisão sobre a inclusão dos embargos chegou a uma dramática situação de empate: cinco juízes contra e cinco a favor dos embargos. O ministro Celso de Mello estava com o voto de desempate. Indicado no governo Sarney, ele é o mais antigo ministro da Corte.
Sem nenhum constrangimento, o ministro Marco Aurélio Mello, que votou contra o uso desse recurso, botou a faca no pescoço do decano e alertou publicamente: “As pessoas podem ficar decepcionadas, e isso pode levar a atos”.
E, de fato, levou. No dia da decisão, um braço do que os jornais consideram opinião pública chegou às portas do STF. Houve tentativas de bombardear o prédio com fatias de pizza, gritando palavras de ordem contra a possível aceitação do embargo.

Visto pela tevê, fica a desconfiança de que havia mais pizza do que manifestantes. A imprensa não deu destaque. Os manifestantes não saíram na foto. Não era aquela multidão esperada e cultivada no imaginário de alguns.
A mídia, como nunca antes em qualquer país do mundo, tentou pautar o julgamento na Justiça. Nos Estados Unidos, há pelo menos um caso que, por essa razão, levou o juiz a anular o julgamento.

Mas é possível tirar daí uma lição. Pressionar o Supremo Tribunal Federal, como fez a mídia, pode ser o começo de um processo capaz de criar instabilidade jurídica. Nesse episódio a pressão perdeu. Uma derrota com placar apertado. 

Com decisões desmedidas, estimuladas pela atenção espetaculosa da imprensa, o julgamento do chamado “mensalão” sempre esteve um tom acima do objetivo natural de fazer justiça, de punir os envolvidos nos delitos cometidos.
Há 25 réus condenados com penas que variam de 2 a 40 anos. Por que tanta resistência com os embargos infringentes que poderão somente alterar, para menos, algumas penas? Não se pode dizer que a Justiça não deixou de cumprir seu papel em razão da cor do colarinho dos réus. Não só cumpriu, como exagerou.

É nesse ponto que se vê o outro lado da Ação Penal 470: a face política que, a partir de certo ponto, transformou o “mensalão” em julgamento de exceção. Construíram, sem constrangimentos, pontes e escadas, e abriram trilhas imaginárias, fosse o que fosse, para punir aqueles réus com “notória exacerbação”, como anotou o ministro Teori Zavascki.

O “mensalão” foi uma rara oportunidade de se tentar provar que, no Brasil, os privilegiados também são punidos quando erram. Quem quiser que se embale nessa fantasia. Ela insinua que, a partir de agora, as celas das cadeias vão ser divididas por pobres e ricos, pretos e brancos.
Por: Miguel do Rosário

Privacidade e internet estão cada vez mais em risco

Privacidade e internet estão cada vez mais em risco

Julian Assange participou através de videoconferência de um debate no Brasil. Para ele, com a internet derrubando as fronteiras entre os países, uma série de questões, em especial de natureza legal, surge. E por isso mesmo, Assange afirma que, hoje, o Brasil está submetido a leis estadunidenses. Por Rodrigo Mendes, de São Paulo

Rodrigo Mendes
São Paulo – Aconteceu nesta quarta-feira (18), no Centro Cultural São Paulo, o ciclo de debates “Liberdade, privacidade e o futuro da internet”, que culminou com a participação do fundador do Wikileaks, Julian Assange. Mesmo que a participação de Assange estivesse agendada para acontecer, via internet, apenas às 19h30 da noite, a partir das 14h o auditório já estava lotado, sinal de que o tema é alvo de muita curiosidade e preocupação.

E já de cara, durante a primeira mesa, que tinha como tema “Arquitetura e Governança na Internet”, a preocupação ficou ainda maior. Os debatedores, Tereza Cristina Carvalho, professora da Escola Politécnica da USP, e Sérgio Amadeu, professor da UFABC e membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil.

Tereza Cristina foi taxativa ao afirmar que “nossa privacidade já se foi faz tempo” e que “precisamos governar nossa própria rede, nossa própria vida”. Sérgio Amadeu tocou em pontos sensíveis, como a proposta de Marco Civil da internet que tramita atualmente no Congresso e que, segundo ele, foi construída pela sociedade. Ambas as falas trouxeram diversos elementos de alerta, de que a internet, hoje um espaço ainda livre, corre sérios riscos de se tornar cada vez mais ditatorial.

Julian Assange falou diretamente da embaixada do Equador em Londres, de onde está impedido de sair desde junho de 2012. Com a internet derrubando as fronteiras entre os países, uma série de questões, em especial de natureza legal, surge. E por isso mesmo, Assange afirma que, hoje, o Brasil está submetido a leis estadunidenses. Para ele, os EUA fazem valer a lei deles no território brasileiro.
Esse foi outro ponto que perpassou todos os debates, o fato de os EUA usarem a “desculpa” do combate ao terrorismo, em especial o seu Patriot Act, promulgado depois do 11 de setembro de 2001, para espionar todo tipo de gente, no mundo todo. O problema é que isso se transformou em espionagem industrial, e como disseram vários dos participantes, os EUA usam as informações coletadas para dar vantagens econômicas às suas empresas no mercado mundial.
Para Assange, estamos vivendo um colapso do estado democrático de direito e dos direitos humanos. Além da vigilância massiva, há inúmeros casos de violações de tratados internacionais, crimes contra a humanidade, todos cometidos pelos EUA e aliados, em nome do combate ao terror.

Demonstrando conhecimento sobre o Brasil e a América Latina, Assange explicou que quase toda a comunicação eletrônica daqui passa pelos EUA. Por outro lado, ele exaltou a comunicação eletrônica, dizendo que é graças a ela que ele estava participando daquele debate.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Mídia "joga decano contra a parede"

Kotscho: mídia "joga decano contra a parede"

Ricardo Kotscho
A decisão do presidente Joaquim Barbosa de suspender a sessão do STF, na semana passada, quando faltava apenas um voto, o do ministro Celso de Mello, para definir os rumos do julgamento do mensalão, tem suas explicações e alcançou plenamente seus objetivos para colocar em campo o trator da "opinião pública" contra a aceitação dos embargos infringentes.

Há quase uma semana não se fala de outro assunto em editoriais, colunas e blogs dos aliados de Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes, seus heróis. "Opinião pública", no caso, foi o papel assumido por amplos setores da mídia nacional reunidos no Instituto Millenium para jogar contra a parede o decano Celso de Mello e obrigá-lo a mudar seu voto a favor dos infringentes, como vem defendendo desde agosto do ano passado.

Como se imaginasse a manobra, o decano Mello foi até Barbosa, na última quinta-feira (12), para lhe informar que seu voto já estava pronto e não levaria mais de cinco minutos para fazer a sua leitura. O presidente do STF, no entanto, sempre tão apressado nas votações, desta vez foi irredutível: não poderia prolongar a sessão porque começaria outra em seguida, no  Tribunal Superior Eleitoral, do qual vários ministros participam. O TSE não poderia esperar mais cinco minutos?

O que aconteceu em seguida não foi apenas a orquestrada pressão de ministros do STF sobre o decano, manifestada em várias entrevistas, e a histeria da imprensa que quer ver logo os condenados na cadeia, mas um verdadeiro massacre contra a posição já manifestada por Celso de Mello, colocando nos seus ombros o futuro da Justiça no País.
"O Supremo decide amanhã o destino de 12 réus e o seu próprio destino", escreveu minha amiga Eliane Cantanhêde em sua coluna desta terça-feira na Folha, resumindo o que já publicaram seus colegas nestes últimos dias nos grandes jornais nacionais. Ou seja: ou Celso de Mello dá um cavalo de pau em suas convicções jurídicas e vota contra os infringentes ou será execrado pelo resto da vida como responsável pela desmoralização do Judiciário.

Nem se entra mais no mérito da questão jurídica, agora transformada em mera "tecnicalidade" a serviço da impunidade. Como se tivesse procuração para falar em nome do povo brasileiro, a imprensa acumula as funções de promotor e juiz, transformando o Supremo Tribunal Federal em mero executor das suas decisões editoriais. Como vimos há pouco, depois pode levar até 50 anos para que se arrependam delas, mas o importante agora é colocar José Dirceu e "a turma do PT" atrás das grades.

Desesperados diante da iminência de mais uma derrota, os porta-vozes da "opinião pública" não se importam em mandar às favas quaisquer escrúpulos. Como numa guerra sem quartel, o importante é vencer o inimigo, quer dizer, o partido que está há quase 11 anos no poder, contra a vontade desta mídia, que assumiu, por contra própria, o comando da oposição.
Nestas horas, a Constituição, as leis emanadas do Congresso Nacional e o regimento interno do STF, que embasam o voto de Celso de Mello, são apenas detalhes que podem atrapalhar a heroica cruzada midiática para atender aos anseios da "opinião pública", as duas palavras mágicas ressuscitadas para justificar os desatinos da rapaziada que não se conforma com o resultado previamente conhecido.

A manobra de Joaquim Barbosa, ao que tudo indica, serviu apenas para alimentar o barulho e adiar a frustração dos que passaram mais de um ano batalhando todos os dias para ver os réus petistas algemados, já que as urnas insistem em lhes ser madrastas.
É o que dá politizar a Justiça e judicializar a Política na tentativa de retomar o poder por outros meios. E confundir "opinião pública" com opinião publicada nos jornais.
Vida que segue.

 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Chicana de Joaquim Barbosa

Chicana de Joaquim Barbosa - mensalão como trunfo da imprensa e do PSDB.

DAVIS SENA FILHO 13 de Setembro de 2013. 

Publicado no blog Brasil247.com

 

A AP 470 é um processo longo e complexo, que é usado de forma política por juízes, promotores, políticos e pela imprensa de mercado. A chicana, quem diria, veio do condestável juiz e presidente do STF, Joaquim Barbosa. Ao perceber que o juiz decano Celso de Mello estaria pronto para votar e desempatar o "jogo" a favor da admissibilidade dos embargos infringentes (recursos cabíveis contra acórdãos não unânimes proferidos pelo Tribunal) encaminhados pelos advogados de defesa de 11 acusados, JB não se fez de rogado e adiou a sessão e o voto do decano para o dia 18 de setembro.
Nada como um dia após o outro — reza o ditado popular —, pois salutar se torna lembrar que o juiz Ricardo Lewandowski foi acusado por Joaquim Barbosa de fazer chicana, com a finalidade de prolongar o processo do mensalão. A verdade é que Lewandowski estava apenas a realizar a leitura de sua revisão quanto aos processos relatados pelo relator do caso no STF, o juiz Joaquim Barbosa, presidente da mais importante Corte do Poder Judiciário deste País.
Lewandowski se sentiu desrespeitado, e reagiu com indignação ao furor tão comum ao presidente do STF. JB tem se mostrado um homem nervoso, agressivo e useiro e vezeiro em tratar com desdém, ferocidade e autoritarismo as pessoas que ele considere não estarem de acordo com a sua maneira de pensar e interpretar os códigos do Direito, as leis do País, a Constituição e o regimento interno do Supremo.
O magistrado dá a impressão ainda que os fatos, as realidades e as causas que envolvem seriamente as pessoas e que porventura tenham que passar pelo seu crivo são apenas meros acontecimentos originados dos autos de inquéritos repassados pela Procuradoria Geral da República. Entretanto, o processo mexe profundamente com as vidas dos cidadãos acusados de cometer crimes como formação de quadrilha e corrupção ativa. Esses fatos não podem ser tratados por um tribunal de um estado democrático de direito com interesse político e partidário e muito menos midiático.
Marco Aurélio de Mello, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Carmem Lúcia e Joaquim Barbosa se comportaram como um time de futebol que ao perceber que vai perder resolve fazer catimba e "melar" o jogo. O decano Celso de Mello disse que daria seu voto em cinco minutos sobre a questão da aceitação ou não dos embargos infringentes, que constam no regimento interno do STF e que tem força de lei, além de prever a possibilidade de condenados pelo Supremo recorram da decisão quando houver pelo menos quatro votos pela absolvição.
Celso de Mello disse em 2012 que era favorável aos embargos infringentes. Sua opinião consta em vídeos que circulam pela internet, bem como foi veiculada nos jornais televisivos e na mídia impressa. Sabedores dos votos favoráveis dos juízes Ricardo Lewandowski, Roberto Barroso, Dias Toffoli, Rosa Weber e Teori Zavascki, além de Celso de Mello aos embargos infringentes, o juiz Marco Aurélio leu o seu longo voto e depois passou a polemizar com o juiz Barroso, de forma açodada e até mesmo desdenhosa ao chamá-lo de "novato".
Joaquim Barbosa encerrou a sessão e deu como argumento a seguinte pérola ou chicana: "O ministro Celso de Mello disse que já tem seu voto pronto, mas como três ministros já se ausentaram por conta da sessão no TSE, declaro esta sessão encerrada". Volto a lembrar: Celso de Mello disse que pronunciaria seu voto em cinco minutos, e mesmo assim o juiz JB não lhe deu ouvidos e adiou a votação, que daria um placar de 6 a 5 para os magistrados favoráveis aos embargos infringentes, ou seja, a um novo julgamento de 11 dos acusados, conforme o regimento interno do STF.
Joaquim Barbosa prolongou o julgamento e não ouviu ninguém da imprensa inquisidora a chamá-lo de chicaneiro ou de usar seu cargo de presidente do STF a favor de pressões vindas da mídia de negócios privados, que quer porque quer a prisão dos envolvidos com o "mensalão". JB deu a oportunidade de a imprensa corporativa pressionar durante quase uma semana o decano Celso de Mello para que ele mude seu voto e opinião, bem como sua consciência no que concerne aos embargos infringentes dos quais é favorável.
Ora meça! Os réus têm direito ao contraditório e ao amplo direito de defesa. Ser acusado por meio de provas tênues como disse certa vez o ex-procurador Roberto Gurgel a respeito do ex-ministro José Dirceu é a desfaçatez em toda sua essência e amplitude. Ressalta-se ainda que julgar alguém pelo cargo que ocupou e supostamente por estar em tal posição ser obrigado a saber o que está acontecer em seus pormenores é um absurdo. Provas têm de ser colhidas, comprovadas e de forma inquestionável e absoluta, porque senão o julgamento se torna julgamento à moda Torquemada.
Os juízes conservadores do STF e que estão a fazer política partidária e ideológica há quase dez anos cometeram chicana e jogaram o decano Celso de Mello às aves de rapina da mídia comercial e privada, que, sistematicamente, tenta pautar o Governo Federal e as instituições republicanas, ao tempo que faz política no lugar dos derrotados PSDB, DEM e PPS. Joaquim Barbosa, Marco Aurélio de Mello e Gilmar Mendes, principalmente estes, são juízes que demonstraram, inequivocamente, seus compromissos com o lado reacionário dos conservadores deste País.
São inúmeros os atos e ações desses juízes em prol dos interesses do campo da direita brasileira. O voto de Gilmar Mendes, por exemplo, foi um jogral de ataques políticos ao PT. Com voz altissonante, tal juiz de ações jurídicas e pessoais bastante questionáveis, atacou um partido como se a maior agremiação política deste País e que mudou o Brasil em apenas 11 anos fosse composta por bandidos. Quando um juiz de direita, de conduta pessoal e profissional fortemente questionada por parte da sociedade se comporta dessa maneira é porque ele não respeita os milhões de cidadãos brasileiros que votaram no PT e nos seus aliados.
Gilmar Mendes é assíduo frequentador lugares públicos e privados onde circulam políticos tucanos e do DEM. Participa, inclusive, de reuniões sociais, de lançamentos de livros de ataques políticos e pessoais ao ex-presidente Lula, ao PT, ao José Dirceu, o que, indubitavelmente, não condiz com o cargo que ocupa, pois ele é um dos juízes que julgam o "mensalão". Todavia, este juiz autoritário e direitista não foi ao lançamento dos livros "A Privataria Tucana" e "O Príncipe da Privataria".
É público e notório seu preconceito pelo Partido dos Trabalhadores e por todo e qualquer movimento social e popular. Como também são bastante conhecidos seus habeas corpus concedidos ao banqueiro Daniel Dantas e ao médico Roger Abdelmassih, dentre muitos outros casos polêmicos e, irrefragavelmente, questionáveis pela sociedade brasileira e pelo mundo jurídico.
Gilmar Mendes passou a semana a ir ao gabinete do ministro Celso de Mello para tentar convencê-lo a votar contra o direito de os réus em ter ampla defesa, por intermédio também dos embargos infringentes. Tal juiz nunca se comportou como juiz, mas, evidentemente, como político tucano, ligado ao PSDB e nomeado pelo ex-presidente FHC — o Neoliberal I — que neste momento faz pressão para que o juiz Celso de Mello não vote a favor de conceder o direito aos embargos infringentes.
Somente um cidadão pateta, mesmo se fosse conservador, não perceberia que o "mensalão" é um processo e julgamento político. A mídia e os partidos de direita e a classe média coxinha e reacionária precisam da condenação de José Dirceu, de José Genoíno e de Delúbio Soares como os seres vivos necessitam de ar para viver. As eleições de 2014 vêm aí, e os adversários da direita são Dilma Rousseff e Lula, duas lideranças do PT muito fortes eleitoralmente. É preciso virar o jogo, e por isto não é à toa que Celso de Mello vai ficar uma semana sob pressão da mídia, principalmente das revistas Época, da família Marinho, e Veja, da família Civita.
Os tucanos nunca precisaram tanto de condenações para politicamente se fortalecer. Por sua vez, esquecem de seus golpes e falcatruas, escândalos e compra de votos, da Siemens e da Alstom — do mensalão tucano. Eles se arvoram de paladinos da justiça, da moral e dos bons costumes, mas se elencarmos seus escândalos e incompetências e colocarmos no papel, tais incongruências são materiais para a publicação de um livro grosso como um dicionário.
Merval Pereira, por exemplo, simboliza todo o ardor e desejo tucanos para prender petistas. O colunista de direita é autorizado pelos irmãos Marinho a ser suas vozes. Porém, perdeu o rumo e o prumo. Se os réus do "mensalão" puderem recorrer aos embargos infringentes, Merval é capaz de cortar os pulsos, não tanto por indignação, mas, sobretudo, por saber que neste País a Constituição e o estado democrático de direito ainda são respeitados. O que resta agora é esperar, no dia 18 de setembro, o voto do juiz severo e garantista Celso de Mello. É isso aí.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Mais Médicos e a aprovação do governo Dilma


Com Mais Médicos, Padilha silencia oposição

Blog da Dilma - Top Blog 2012: Aprovação do programa Mais Médicos sobe para 73,9%, segundo pesquisa CNT/MDA; persistência do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, venceu críticas de diferentes lados; sucesso popular do programa, ainda em fase de implantação, subtrai do PSDB bandeira de maior atenção à área de saúde; governador Geraldo Alckmin
ficou falando sozinho


247 - A oposição está mordendo a língua. O programa Mais Médicos, atacado por diversas frente, das entidades médicas aos políticos, já é um sucesso popular. Pesquisa divulgada hoje, do instituto MDA, aponta uma grande elevação na aprovação ao programa, de 49% em julho para 73% agora. Não se tem notícia de outra iniciativa oficial com tamanho índice de aceitação. A persistência do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tem a ver com o resultado. Ao manter intacta a espinha dorsal do Mais Médicos, com a contratação de profissionais estrangeiros, apesar de toda a gritaria contra, ele findou por subtrair uma bandeira da oposição. Até aqui, afinal, era José Serra, do PSDB, o nome reconhecido como o melhor ministro da área. Agora, Padilha passou a ser forte candidato a tomar esse estandarte. O governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, forte crítico do programa, é outro que perde.

74% da população é favorável a vinda de médicos estrangeiros, diz pesquisa


Blog da Dilma - Top Blog 2012: Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulga nesta terça-feira (10) de setembro, em Brasília, mostra que 73,9% da população é a favor da vinda de médicos estrangeiros ao país no programa Mais Médicos, do governo federal. A pesquisa apontou ainda que pelo menos 49,6% dos brasileiros acreditam que o programa Mais Médicos, do governo federal, será capaz de solucionar problemas graves de saúde . A pesquisa tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
Ainda de acordo com a pesquisa, 62,4% da população pesquisada utiliza o serviço público de saúde, 20,8% o serviço privado e 16,5% usam ambos. A pesquisa aponta também a avaliação dos usuários dos dois sistemas. Sobre o sistema público, 2,7% consideram ótimo, 18% bom, 37,4% regular, 18,6% ruim e 22,9% péssimo.A avaliação do sistema privado tem índices melhores: 13% consideram ótimo, 45% bom, 34,5% regular, 4% ruim e 2,5% péssimo. A pesquisa indicará ainda a avaliação dos índices de popularidade do governo da presidente Dilma Rousseff.
Foram entrevistadas 2.002 pessoas, em 135 municípios de 21 unidades da federação, das cinco regiões, entre os dias 31 de agosto e 4 de setembro de 2013. A 115ª Pesquisa CNT/MDA questionou também a opinião da população sobre o momento atual da economia brasileira e a percepção a respeito da inflação. A nova rodada apresenta a imagem pública de instituições como Justiça, governo, imprensa, Congresso Nacional, entre outras. Fonte: UOL.

 

Aprovação a Dilma sobe para 58%, diz CNT

247 – O governo da presidente Dilma Rousseff está mesmo consolidando sua recuperação nas pesquisas de opinião. Levantamento CNT/MDA que acaba de ser divulgado mostra que o índice dos que aprovam o desempenho pessoal da presidente no cargo subiu de 49,3% para 58%. Caiu a taxa dos que consideram a administração ruim, de 29,5% para 21,9% agora. O parâmetro de "ótimo/bom" para julgar o governo subiu de 31,3% para 38,1%. Para 42,6% do universo da pesquisa, que é de âmbito nacional, o pais melhorou depois das manifestações populares de junho. Para 54%, porém, não houve mudanças significativas.

 

Nova pesquisa do Vox Populi dá Dilma no 1º turno

Publicado em Sexta, 06 Setembro 2013.   Escrito por Daniel Pearl 
 
Reproduzindo Balaio do Kotscho:

Publicado em 06/09/13 

 Nem o julgamento do mensalão, nem as manifestações de junho. Falharam os dois canhões utilizados pela oposição e a mídia aliada para derrubar a candidatura de Dilma Rousseff à reeleição em 2014. No cenário mais provável da nova pesquisa Vox Populi, divulgada nesta sexta-feira pela revista Carta Capital, Dilma tem 38%, mais do que a soma dos seus principais adversários, que alcançam 36%, o que indicaria vitória já no primeiro turno. 
No último Datafolha, divulgado no começo de agosto. Dilma tinha 35% e a soma dos adversários dava 47%. Agora, no Vox Populi, ela tem 38% contra 36%.

A recuperação da popularidade da presidente, que antes dos protestos de junho ficava acima dos 50%, e o fato de seus adversários disputarem um mesmo eleitorado, podem explicar os ataques cada vez mais insanos e histéricos a seu governo desferidos principalmente por colunistas e blogueiros da grande mídia reunidos no Instituto Millenium, que ainda não encontraram um candidato viável para chamar de seu.
Escreve Marcos Coimbra em sua análise na Carta Capital:
"No fundo, é o que interessa no jogo político jogado neste momento, desde ao menos o instante em que ficou patente o fato de que o julgamento do chamado mensalão, por si só, seria insuficiente para provocar a derrota do "lulopetismo" na próxima eleição presidencial. Ou alguém acredita que a nossa oposição, com suas ramificações nos partidos e no Judiciário e, em especial, por meio do seu núcleo nas grandes corporações de mídia, esteve em algum momento de fato preocupada com a renovação moral da política brasileira?"

E faz outra pergunta, certamente dirigida aos que se arrependeram de ter apoiado o golpe de 1964, e estão pondo a cabeça de fora outra vez, agora com outras armas, já que mudar o poder pelo voto está difícil:
"Quais personagens que passaram os últimos 50 anos muito à vontade com nosso sistema de dominação descobriram de repente seu amor pelo povo e se tornaram democratas?”
Quem tiver respostas para estas perguntas de Coimbra pode colocar na área de comentários. O Balaio agradece.
Bom fim de semana a todos.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Cubanos no Brasil nos anos 90

A passagem dos médicos cubanos no Brasil nos anos 90, segundo uma testemunha

Kiko Nogueira 28 de agosto de 2013

Ex-secretário de Saúde de Palmas, atual diretor da Anvisa, Neilton Araújo de Oliveira conta o que viu.
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Neilton Araújo de Oliveira foi secretário de saúde de Palmas, capital do Tocantins, entre 1997 e 2000. Especialista em saúde pública, ele é professor da Universidade Federal, onde coordenou a criação do curso de medicina. Na secretaria, Neilton trabalhou diretamente com profissionais cubanos. Pouco mais de uma centena deles foi trabalhar no estado, graças a um convênio com o governo de Cuba. Atual diretor adjunto da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Neilton contou ao Diário como foi a passagem dos cubanos. 

A avaliação de todos os secretários dos municípios, não só a minha, é de que se tratou de algo muito positivo. Houve uma integração e uma identificação enormes com a população. O grosso do atendimento, em cidades do interior do país, é a atenção básica. Os cubanos eram profissionais dedicados e competentes e que faziam com que as pessoas se sentissem seguras e bem atendidas.
Havia, no começo, dificuldades com a língua, mas isso foi superado rapidamente. Pode acontecer com qualquer médico do Brasil. Eu mesmo, depois de me formar em Goiânia e ir  para o norte, tive de aprender a me referir às gestantes como “buchadas”. A barreira da linguagem é fácil de ser quebrada se você investe na integração com a comunidade.
A população gostava deles porque estavam presentes no dia a dia. Isso faz toda a diferença. São cidades totalmente abandonadas, que se transformam com médicos que passam a acompanhar os habitantes, vendo as crianças, cuidando dos doentes, estando presentes.

Isso faz muita falta no Brasil. Uma pesquisa que realizei para meu doutorado pelo Instituto Oswaldo Cruz revelava que só 5% dos formandos no Brasil desejam trabalhar em cidades pequenas do interior, onde a carência é bem maior. 60% deles querem ser especialistas.
Neilton
Neilton

Se o Mais Médicos cometeu um erro, foi envolver pouco as entidades do setor na formulação do programa. Isso acirrou o corporativismo da classe — que já é grande. As agressões, porém, não ajudam o debate. Isso não constrói nada.
O Mais Médicos propõe que os cubanos sejam acompanhados por tutores, o que é importante. O argumento de que o programa seja eleitoreiro é uma bobagem. Tudo o que qualquer governo faz pode ser interpretado desta forma. O que vale é se funciona.

As acusações de má formação dos cubanos são levianas. No Tocantins, não houve nenhum caso que permita afirmar isso. No Brasil, também temos bons cursos e outros muito ruins, privados ou públicos. A formação profissional nunca dependeu só disso.

Cidades pequenas não precisam de grandes instalações hospitalares. Não é necessário um hospital de transplante em cada lugar. A população pobre precisa de um médico por perto.
O Mais Médicos é uma oportunidade de ouro para discutir a saúde no país. Questões complexas exigem soluções complexas. Pena que esse tipo de debate seja contaminado pelas mesmas pessoas que falam em invasão comunista e outros absurdos.

Eles formam uma força de trabalho fundamental. O Mais Médicos está ocupando um espaço vazio. Na política, não existe vácuo. A formação desses estrangeiros — e não só dos que vêm de Cuba, mas os espanhois, portugueses etc — vai no sentido de integrar e trabalhar perto de quem necessita. No Tocantins, eles ajudaram em algo fundamental: evitar que problemas simples se tornassem problemas graves.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Quem tem medo de mulheres negras de jaleco branco?

Quem tem medo de mulheres negras de jaleco branco?




Em seu texto sobre a polêmica dos médicos cubanos no Brasil e a reação de uma jornalista potiguar que escandalizou as redes sociais ao dizer que médicos cubanos pareciam “empregadas domésticas”, e que precisariam ter “postura de médico”, o que não acontecia com os profissionais cubanos, o professor Dennis de Oliveira sintetizou:
“(…) ela expressou claramente o que pensa parte significativa dos segmentos sociais dominantes e médios do Brasil: para eles, negros e negras são tolerados desde que em serviços subalternos. Esta é a “tolerância” racial brasileira.”
Essa mentalidade racista que sempre pressupôs o lugar do negro em nossa sociedade, contaminou milhares de jovens estudantes nas últimas muitas gerações. Isso somado ao descaso com a qualidade da educação pública faz com que, em sua grande maioria, jovens negros e/ou pobres sequer sonhem com universidades ou profissões “diferentes” daquelas nas quais percebem seus iguais.

HERDEIROS DE NINA RODRIGUES
A classe médica (e média) que hoje não se constrange em manifestar seu preconceito racial é herdeira de Nina Rodrigues. Racista confesso, o renomado médico baiano tentava dar cientificidade à sua tese sobre as raças inferiores. Acreditava ele que os negros tinham capacidade mental limitada e uma tendência natural à criminalidade.
No final do século XIX, Nina Rodrigues combatia a miscigenação por acreditar que qualquer mistura poderia degenerar a raça superior branca. Mais ainda, defendia a existência de dois códigos penais: uma para os brancos e outro para as raças inferiores. Esses e outros absurdos podem ser observados em seu livro “As Raças Humanas e a Responsabilidade Penal no Brasil’.
399362_342166102548032_1068443305_nA população negra perfaz mais de 50% da população brasileira, mas entre os formados em medicina o percentual foi de 2,66% em 2010. Na USP, por exemplo, são comuns listas de aprovados nos vestibulares mais concorridos sem sequer um único auto-declarado negro, como foi o caso deste ano de 2013. Isso se repete na Bahia, onde mais 70% da população é negra. Simbólica e triste a foto ao lado, que traz a turma de 2011 da Universidade Federal da Bahia. (OBS: eu contei 3 negros).

A DECLARAÇÃO DE CÍNTIA, DO CAPÃO
Cintia Santos Cunha foi uma exceção. E ao a ouvi-la falar, ao perceber a postura de dignidade que todo ser humano pode – se quiser, carregar, independente de sua profissão, é possível entender o porquê de tanta oposição por parte das classes dominantes em relação à presença dos doutores de pele preta: a descoberta de sua mediocridade.
Médicos, imprensa e Conselho Federal de Medicina corporativistas, reacionários, cínicos e racistas, é para vocês a grande lição deixada pela estudante de medicina em CUBA, Cíntia Santos Cunha, que retornou a Ilha para concluir o curso em Fevereiro de 2014.
É do povo que vocês tem medo! E devem mesmo ter medo! Toda sua riqueza não é suficiente para compensar os mais de 500 anos de opressão.
Assistam e assustem-se!    
http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=905669063311d8a17bd6958cd353eedd&cod=12364
“Eu já desde muito nova queria fazer Medicina… só que Medicina é um curso impensável para as pessoas de onde eu venho, para as pessoas como eu sou, negra, mulher, pobre, Capão Redondo. Ninguém sonha ser médico lá. Eu insisti que queria fazer medicina.” – Cintia Santos Cunha