sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

A “Fabricação do Consenso” segundo Noam Chomsky

A “Fabricação do Consenso”  segundo Noam Chomsky

O documentário “Chomsky & Cia” é de 2008 e explica como a mídia manipula a opinião pública via fabricação do consenso. Chomsky, considerado o intelectual mais popular e citado do mundo, também é um ativista. Para mostrar como funciona a fabricação de opinião, Chomsky dá exemplo de dois padres dissidentes da década de 80. O 1º, polonês, se tornou o símbolo mundial do terror soviético e o 2º, de El Salvador não teve tanta importância. Em 24 de março de 1980 em El Salvador, Oscar Romero foi assassinado enquanto rezava missa. Ele lutava contra a ditadura apoiada, armada e imposta ao seu país pelos EUA. Seu assassinato causou muito menos comoção que o de seu colega, o padre Popieluszko em 14 de outubro de 1984, na Polônia. O padre dissidente foi assassinado pela polícia do poder comunista. A emoção foi muito grande, a mídia se indignou, o assassinato chegou às manchetes 10 vezes na capa do The New York Times. Noam Chomky e  Edward Herman escreveram um livro em que estudam detalhadamente os dois assassinatos. Resultado: o padre dissidente do regime comunista da União Soviética recebe 100 vezes mais importância que o padre de El Salvador, vítima da ditadura apoiada pelos EUA.

Mas como essa manipulação se dá? Através de complô, serviço secreto? Não. Para Chomsky os EUA não são uma ditadura, a mídia é livre. Mas livre ? Os jornalistas como na França acham que são totalmente livres. Segundo Chomsky se você não satisfizer determinadas condições e requisitos você não será um jornalista de destaque. Isso ilustra a diferença entre estados totalitários e sociedades democráticas. No estado totalitário, o Estado produz e declara a política do partido, você tem que aderir. No estado democrático, a política do partido não é articulada, é pressuposta. Nesse pressuposto ela promove um debate ardente, mas dentro da estrutura do pressuposto. Ninguém questiona, é como o ar que respiramos. Ele penetra na política do partido dando a impressão que há um debate.  O termo “fabricação do consenso” aparece nos anos 1920 criado pelo jornalista Walter Lippman (1889-1974) : significa ganhar adesão e apoio da opinião pública criando “ilusões necessárias”. As ilusões podem ser de criação de necessidades artificiais ou ao contrário a criação do medo, insegurança ou até o terror ou seja a ilusão que cria a desilusão. Walter Lippman vê o povo como um rebanho que se perde facilmente por emoções, medo, incapaz de cuidar de suas coisas, e que deve ser enquadrado, controlado e guiado por uma elite de tomadores de decisões esclarecidos. As pessoas devem ser desviadas para ficarem inofensivas, é preciso submergí-las e atordoá-las com informações, para que não tenham tempo de refletir. Para Chomsky o triunfo da lavagem cerebral sobre os libertados da democracia liberal, é obter, sem violência, sem tortura, o que os totalitaristas conseguem com o uso das armas.
Perguntam ao Chomsky: como o governo influencia a mídia? Ele responde: o governo não influencia a mídia. É como perguntar: como o governo pode convencer a General Motors a aumentar os lucros ? Não faz sentido, a mídia é feita de grandes corporações que tem o mesmo interesse das empresas que dominam o governo.

Existe uma diferença entre a opinião pública e a opinião culta (das elites). A mídia é mais influente nos setores mais cultos e intelectuais, mas muito menos influente na opinião pública. P.ex. durante a campanha de adesão da França à União Européia, as elites e a mídia trabalharam pelo “sim”, enquanto que no referendo popular o povo foi contra. A opinião culta corresponde às políticas públicas.

Mas como mudar a opinião pública? Para Chomsky é muito fácil, é só provocar um incidente. Para provocar a guerra do Vietnã, o presidente Lyndon Johnson só declarou guerra, depois de dizer que o navio americano Maddox tinha sido atacado pelos comunistas em 1964. Um relatório oficial comprovou mais tarde que o navio não havia sido atacado. Outro exemplo: a guerra do Iraque. Aproveitou-se do 11 de setembro para atacar o Iraque, dizendo que eles possuiam armas de destruição em massa. Fizeram a guerra (a indústria bélica prosperou), logo depois descobriu-se que não havia aquelas armas. Nos dois casos, é bom que se diga, que o governo conseguiu o consenso (político) para iniciar as guerras, mas mais tarde houve protestos populares (1968 - Vietnã)) contra as duas guerras. No caso do Iraque, os americanos conseguiram a adesão de alguns países europeus, mas houve grandes protestos populares nestes países.

Em sociedades democráticas a mídia tem um papel: fazer com que a população absorva os valores, as formas de pensar e a visão do mundo que estão de acordo com os interesses das elites. O caso dos transgênicos. No final dos anos 90 os transgênicos eram mal vistos pela população. Agências foram contratadas para passar mensagens positivas e foi feito todo um trabalho sobre linguagem, escolhendo as palavras, como “natureza” e “natural”  e omitindo palavras proibidas de serem usadas. Assim a Monsanto foi aconselhada a usar uma linguagem positiva a favor dos transgênicos. Mas o caso foi abafado também em outras frentes: as empresas financiaram todo um complexo de ações para “liberar” os transgênicos, tais como: influenciar relatórios científicos (até adulterar alguns), participar de comissões de fiscalização dos governos, comprar políticos e a batalha judicial. Nesta última eles perderam em alguns campos em países da Europa, onde são proibidos. Podemos acrescentar que este caso também serve para diversos outros: o caso do “aspartame” (que chegou a ser proibido e depois liberado pela FDA, órgão que passou a ser controlado pela indústria farmacêutica) e no Brasil, o caso dos “agrotóxicos” (hoje vários movimentos sociais estão lutando pela proibição deles - pelo menos dos mais perigosos que já provocaram várias mortes, câncer e envenenamento).

Mudanças Climáticas. Matéria catastrófica foi publicada sobre o acidente da Exxon no mar, provocando mortes e poluição. A Exxon Mobil prometeu US$10 mil a cientistas que escrevessem artigos que diminuíssem a importância das mudanças climáticas. Patrick Michaels, prof. Phd começa a discordar dos cientistas que pregam o aquecimento global. Aparece em todos os jornais e manchetes. Ele diz que há um esfriamento e a mídia divulga que ele diz a verdade. Aquecimento global vira resfriamento global. Mas Patrick tem uma pequena ligação com a Exxon. A Exxon financiou 40 grupos de lobistas para pressionarem o domínio político, mídia e científico. E isso pode explicar porque Chomsky afirma que não há compatibilidade entre capitalismo e democracia. As corporações são tirânicas, anti-democráticas: são as instituições que mais se aproximam do estado totalitário, que não se sentem em obrigações com o povo. E são predadoras. Elas dominam a mídia e o Estado. Para o povo se defender destes predadores, o único instrumento que eles tem é o próprio Estado. Não é uma arma muito poderosa, porque o Estado é aliado destes predadores.

Chomsky prega a democracia industrial. Democracia industrial significa que os trabalhadores vão controlar as instituições, as fábricas, o comércio a distribuição e as comunidades. Associações voluntárias vão substituir o Estado no futuro. São os sovietes ? (pergunta do repórter): Eram os sovietes, mas temos de lembrar que a primeira coisa que Lenin e Trotsky fizeram foi destruir os sovietes e os conselhos dos trabalhadores. E todas as instituições democráticas onde estavam as pessoas.
Para Jean Bricmont, professor da Universidade de Louvain, é difícil classificar Chomsky, ele é muito original, não se classifica nas correntes tradicionais (marxista, leninista, trotskista, esquerdista, socialista, não é liberal, nem Nietszche, nem Heidegger) suas raízes se encontram no Iluminismo, no positivismo lógico do sec. 20, na obra de Russell, no trabalho dos anarquistas pouco conhecidos (Roquere, Abad, Santillán), nos marxistas antileninistas dos conselhos, mas como grande pensador seu pensamento é original. Não podemos reduzi-lo a uma corrente apenas. Ele se diz “anarcossocialista”.

Daniel Miranda Soares é economista e administrador público aposentado, ex-professor universitário.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

IBGE explica por que a elite odeia tanto o Lula

IBGE explica por que a elite odeia Lula

Posted by  on 04/05/11
Foi uma luta para encontrar dados que mostrassem a evolução do índice de Gini do Brasil entre 1995 e 2010. A mídia esconde esses dados porque mostram um fato que destrói a versão que vem sendo alardeada após a divulgação da maior queda de concentração de renda no Brasil durante os últimos 50 anos, de que ocorreu nos governos FHC e Lula.
Em primeiro lugar, o noticiário deixa claro um fato sobre o qual pouco se fala: a ditadura militar (1964-1985) foi implantada para concentrar renda, ou seja, para tornar os ricos mais ricos e os pobres, mais pobres. Em 1960, antes da ditadura, o índice de Gini era de 0,537 e, em 1995, estava em 0,600. A concentração de renda foi brutal, no período.
Mas o fato mais contemporâneo também é surpreendente e pode ser bem constatado no gráfico acima: durante o primeiro mandato de FHC, a desigualdade permaneceu praticamente intocada e só caiu um pouco a partir do segundo mandato. Já no governo Lula, a queda foi impressionante, fazendo o índice de Gini cair a 0,530 – quanto mais próxima de zero, menor é a concentração de renda.
O IBGE também explica por que os estratos superiores da pirâmide social odeiam tanto Lula. Entre os 20% mais ricos, que se concentram no Sul e no Sudeste, a escolaridade aumentou 8,1% e a renda cresceu 8,9%. No recorte dos 20% mais pobres, que ficam no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, a escolaridade aumentou 55,6%, e foi acompanhada de um aumento de renda de 49,5%.
Por etnia, os negros também experimentaram aumento de renda muito maior do que os brancos, vale dizer. Sobretudo porque negros e descendentes de negros são muito mais numerosos no Norte e no Nordeste.
O governo FHC é tão defendido pelos ricos, que também são donos da mídia, porque foi o que puderam conseguir em termos de, se não aumentar a concentração de renda, ao menos retardar a sua queda. Lula virou as costas para a elite e promoveu a maior distribuição de renda da história deste país. Por isso a elite branca do Sul e do Sudeste o odeia com tanto fervor.
COMENTÁRIO   DE   INTERNAUTA
Fernando
04/05/2011
Análise PERFEITA.
Não é só o fato de ser operário, nordestino ou analfabeto que a elite odeia o Lula , é o caminho que ele optou por trilhar, é pelo fato de dar esperança, trabalho , dignidade e cidadania a uma massa monumental de brasileiros que sempre ficaram a margem dos benefícios dos eventuais crescimento da nação nos diversos momentos históricos em que esse fato ocorreu.
Fazem de tudo para esconder tal feito, mas a internet esta aí para divulgar e nos manter informados, sem dúvida o melhor retrato do que foi o governo Lula , um resumo do que de melhor esse governo deixou de legado para esse país, que a Dilma continue trilhando esse caminho para erradicarmos os 16 milhões de miseráveis restantes no país.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Direita faz festas com quatro factóides da semana

DIREITA FAZ FESTAS COM QUATRO  FACTOIDES

1)Deserção da médica cubana, 2) prisão de Pizzolato na Itália; 3) Apagão energético; e 4) Queda das ações da Petrobrás. 

OS QUATRO SÃO FACTÓIDES, pseudo-escândalos, porque não representam repercussões negativas para o governo e não prejudicam a população. Mas representam para a oposição direitista e a mídia conservadora a possibilidade de desgastar a imagem do governo, tendo em vista que este ano é ano eleitoral.

1)A médica cubana, deserdora, só queria ir para Miami encontrar o namorado e deu corda pra direita aprontar um escândalo.  Dos 5.500 médicos cubanos do programa Mais Médicos,apenas 17 voltaram para casa,o índice de deserção de médicos cubanos é de apenas 0,1% do total. Logo que um desiste ele pode ser substituito imediatamente. Portanto não representa danos à população. Mas a direita faz festa e o Jornal Nacional coloca 10 minutos no ar só sobre o caso, dando voz ao deputado do DEM, Ronaldo Caiado para falar mal do Programa.

2)Pizzolato não deve ser extraditado e poderá ter julgamento na Itália, quando terá chances de expor as fraudes de seu pseudo-julgamento aqui no Brasil, quando foi condenado sem provas pelo STF no famoso e midiático "mensalão", o maior julgamento do século. Pseudo maior julgamento do século, pois o valor envolvido o colocaria bem abaixo de outros mensalões que ainda não foram julgados, porque a justiça blinda o tucanato. 

3)O Apagão energético só durou 30 minutos e foi só uma interrupção em uma linha de transmissão - não representou nenhuma crise de energia nem racionamento, pois não há falta de energia, mesmo com falta de chuva, pois ainda temos as termoelétricas. O Brasil só usa 84 mil megawatt de seu potencial de 127 mil megawatts.

4) A queda das ações da Petrobrás é um caso interessante que engana parte da própria Mídia e outra parte só faz isso para queimar o governo. As análises são enviesadas de propósito.

Jornais derrubam Petrobras. E a turma da bufunfa lambe os beiços com o que vai ganhar. É ISSO O QUE ACONTECEU, JORNAIS ESPINAFRAM A PETROBRÁS começando com análises do Bank of América/Merryl Linch que em setembro do ano passado divulgava boatos sobre a Petrobrás. A Mídia brasileira, submissa e colonizada cai na jogada e repercute. LOGO, as ações caem,e continuam a cair. Em Janeiro deste ano atingem um ponto bem baixo, R$15,00. Entre 20 e 23 de janeiro o banco americano compra 16 milhões de ações da Petrobrás. Ora, mas a empresa não estava quebrando? Com isso, é lógico, o valor de mercado do patrimônio da empresa cai bastante e vira manchete na Globo. Mas como é jogo de mercado,logo, logo, a empresa recupera seu valor verdadeiro, depois que passar o boato, daqui a alguns meses.

DESENHANDO PRA ENTENDER MELHOR. O velho jogo do mercado financeiro, você espalha boatos, as ações caem de preço, aí você compra ações na BAIXA. E ESPERA. Quando elas valorizarem novamente você vende na ALTA. SIMPLES não?  E A GLOBO FAZ O JOGO DO MERCADO, MAS APROVEITA PRA DESGASTAR O GOVERNO.

As manchetes tentam faturar contra o governo. Vejam esta do 247, site do Daniel Dantas. Diz o blog : "Além da deserção da médica cubana Ramona Rodriguez e da prisão do petista de carteirinha Henrique Pizzolato, na Itália, queda de ações da Petrobras na Bolsa e repercussões do apagão energético em seis Estados esboçaram quadro de inferno astral para partido e o governo"  http://www.brasil247.com/pt/247/poder/129293/Direita-em-festa-com-apag%C3%A3o-cubana-e-Pizzolato.htm
Como diz o próprio jornal eletrônico :  "no ano eleitoral, más notícias para a esquerda fazem a festa da direita".  Resta saber se o povo vai acreditar nestes factóides da mídia e dos partidos de oposição. Sabe-se que o povo hoje acessa mais a internet do que a televisão e que cerca de 70% dos brasileiros não acreditam no que a mídia diz, principalmente a TV.

Daniel Miranda Soares é economista e administrador público aposentado, ex-professor de Economia.