PARMANU : A HISTÓRIA DE POKHRAN (filme indiano na Netflix)
ou COMO A ÍNDIA SE TORNOU UMA POTÊNCIA MUNDIAL DEPOIS QUE ENGANOU OS EUA E DETONOU CINCO BOMBAS ATÔMICAS.
“A
Índia precisa exigir respeito do mundo. Apenas a fôrça respeita a
fôrça.” Dr. Abdul Kalam – Presidente da Índia.
O filme indiano de Abhishek Sharma começa em 1995
: É um período de grande incerteza. Após o colapso da União
Soviética, a Índia fica sem grandes aliados poderosos. Na região o
Paquistão fortaleceu os laços com os EUA e a China para criar uma
potente ameaça militar. O mundo ocidental está constantemente
pressionando uma Índia isolada para assinar acordos unilaterais que
podem enfraquecê-la militar e financeiramente. Em meio a isso não
muito longe da fronteira indiana uma contagem nuclear começou.
Nesta mesma época a China faz o seu 43º teste nuclear…. Os EUA já
tinham testado mais de mil bombas…. Hoje são uma superpotência.
No
dia 11 de maio de 1998, a Índia testou uma bomba de fusão e duas de
fissão.
No
dia 13 de maio testou mais duas bombas de fissão…. Então a Índia
se tornou um estado nuclear.
Foram
as duas maiores falhas da inteligência americana e ainda é
considerada a maior operação secreta realizada por um país.
Devido
aos testes, conhecidos como operação Shakti, os EUA impuseram
sanções duras à Índia. A Índia fortaleceu sua segurança
nacional, a economia cresceu e o país se tornou uma potência
mundial. Hoje, o dia 11 de maio é o dia da Tecnologia Nacional. Em
memória aos testes nucleares de Pokhran.
O
filme dá destaque à fôrça do nacionalismo indiano….se não
fosse por este sentimento eles não teriam conseguido unir esforços
em prol deste empreendimento. A Índia se tornou uma potência
nuclear a partir de 1998 e desde então se tornou também uma
potência econômica. Adquirindo independência política e reduzindo
as interferências externas ela pôde enfim investir e crescer
economicamente. Não é à toa que a política externa americana
tenta há décadas detonar governos nacionalistas, porque sabem que
mais do que qualquer movimento político, o nacionalismo une fôrças
contra os inimigos da nação…. Na América Latina, não foi
diferente, vários governos nacionalistas foram derrubados e em seus
lugares colocaram governos autoritários…. daí a perseguição à
Getúlio Vargas, o mais nacionalista dos estadistas brasileiros.
Noam Chomsky em seu livro “O que o Tio Sam realmente quer?”
coloca isso bem claro.
No
pós-guerra, os estrategistas norte-americanos expunham a visão de
que a principal ameaça à nova ordem mundial, liderada pelos EUA,
era o nacionalismo do Terceiro Mundo - algumas vezes chamado de
ultranacionalismo. As metas básicas dos estrategistas,
insistentemente repetidas, eram evitar que os ultranacionalistas
tomassem o poder, se por um golpe de sorte eles chegassem ao poder,
retirá-los e instalar ali governos que favorecessem os
investimentos privados do capital interno e externo, a produção
para exportação e o direito de remessa de lucros para fora do país.
Essa estratégia funcionou e funciona muito bem na América Latina e
outros países pequenos do Terceiro Mundo….
A Índia é um país
grande e de cultura milenar tão forte que os americanos não
conseguiram implementar totalmente suas estratégias. Não
totalmente. Não conseguiram destruir o sentimento nacionalista
indiano, como conseguiram na América Latina; mas conseguiram
participação nos resultados econômicos. De qualquer forma a Índia só se tornou uma potência mundial depois que se tornou uma potência nuclear. Ela é dona de seu próprio nariz. Possui e controla a possibilidade de escolher o seu próprio caminho para o
desenvolvimento econômico e social….. possibilidade esta que nós,
latino-americanos não temos mais atualmente. Pois aqui, qualquer
desvio de conduta em relação aos valores estratégicos americanos,
como foram os governos Vargas, João Goulart, Lula e Dilma, viram
motivos fortes para intervenção política e econômica; pelos meios
mais perversos possíveis, via golpes
militares/políticos/parlamentares, com ajuda de políticos corruptos
anti-nacionalistas e ajuda americana com dinheiro, espionagem,
sabotagem,etc…. Para os americanos vale tudo para mudar a política
a favor deles e de suas grandes corporações.
Daniel Miranda Soares é economista, ex-professor universitário e mestre pela UFV.