PORQUE
OS PAÍSES POBRES CONTINUAM POBRES ?
-
ou
como os paises imperialistas impedem o nosso desenvolvimento.
SABOTAGEM
EM ALCÂNTARA
FOTO
ACIMA:
Um soldado observa os destroços da plataforma de lançamento do
Veículo Lançador de Satélites (VLS) no Centro de Lançamento de
Alcântara, Maranhão. Em 26 de agosto de 2003, uma grande explosão
destruiu o foguete e sua plataforma, matando 21 engenheiros e
técnicos civis. ….especialistas em astronáutica apontaram
sabotagem como a causa mais provável do incidente. ….O incidente
causou um enorme retrocesso ao programa espacial brasileiro….Quase
duas décadas após a explosão na base de Alcântara, o programa
espacial brasileiro ainda não se recuperou das perdas ….Em março
de 2019, o presidente Jair Bolsonaro assinou com Donald Trump um novo
Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, transferindo o uso da base
aeroespacial de Alcântara para os Estados Unidos. (FHC já tinha
assinado este mesmíssimo acordo com os EUA em 2000, mas em 2003 Lula
desfez esse compromisso e prosseguiu com o programa espacial e logo
depois veio a sabotagem e a explosão)…. . O acordo já foi
aprovado pelo Congresso brasileiro e entrará em vigor a partir de
2022, dando aos estadunidenses o tão almejado controle exclusivo do
centro aeroespacial.
Este
é só um exemplo, aliás dos mais representativos, de como o IMPÉRIO
se comporta para manter os interesses de seus domínios e ao mesmo
tempo submissão das colônias aos seus desejos…..Não é permitido às
colônias alçar vôo próprio, se alguém tentar será punido…. e
a punição é severa, como se pôde ver acima.
O
QUE O TIO SAM REALMENTE QUER ?
“O
que o Tio Sam realmente quer?” é
o nome do livro de
Noam
Chomsky.
Os EUA desde que consolidaram o seu império como a maior potência
mundial, principalmente a partir da II GRANDE GUERRA MUNDIAL
começaram a estabelecer políticas externas de controle sobre os
seus supostos domínios mundiais. A elite americana representada
dentro do governo americano já tinham estabelecidos suas regras. Os
estrategistas norte-americanos - desde os ligados ao Departamento
de Estado
até os do Conselho
de Relações Exteriores (um
dos grandes canais pelos quais líderes empresariais influenciam a
política externa) - concordaram que o domínio dos Estados Unidos
tinha de ser mantido
Na
extrema linha dura, temos documentos como o Memorando 68 do Conselho
de Segurança Nacional (de
1950). O CSN 68 propunha uma "estratégia de empurrar para
trás", que "fomentaria
as sementes da destruição dentro do sistema soviético, para que
pudéssemos então negociar um pacto, em nossos termos, com a União
Soviética" (um Estado ou Estados sucessores)”.
Essas
políticas já estavam, de fato, sendo implementadas desde 1949,
quando a espionagem dos EUA na Europa Oriental foi transferida para
uma rede liderada por Reinhard Gehlen, que já havia dirigido a
inteligência militar nazista na Frente Leste da guerra. Essa rede
era parte da aliança EUA-nazistas,
que absorveu rapidamente muitos dos piores criminosos de guerra e
estendeu suas operações para a América Latina e para outras partes
do mundo. Essas operações incluíam um exército secreto,
patrocinado pela aliança EUA-nazistas, que se encarregava de
fornecer agentes e provisões militares a exércitos que tinham sido
criados por Hitler e que, no início da década de 1950, ainda
estavam operando na União Soviética e no Leste Europeu.
No
outro extremo: o grupo denominado "os pombos", onde o
principal pombo era, sem dúvida, George
Kennan,
que dirigiu a equipe de planejamento do Departamento de Estado até
1950. Kennan
também escreveu Estudo
de Planejamento Político 23, para a equipe de planejamento do
Departamento de Estado, em 1948.
Neste
documento ele diz: “Nós
temos cerca de 50% da riqueza mundial, mas somente 6,3% de sua
população... Nesta situação, não podemos deixar de ser alvo de
inveja e ressentimento. Nossa verdadeira tarefa, na próxima fase, é
planejar um padrão de relações que nos permitirá manter esta
posição de desigualdade... Para agir assim, teremos de dispensar
todo sentimentalismo e devaneio; nossa atenção deve concentrar-se
em toda parte, em nossos objetivos nacionais imediatos... Precisamos
parar de falar de vagos e irreais objetivos, tais como direitos
humanos, elevação do padrão de vida e democratização. Não está
longe o dia em que teremos de lidar com conceitos de poder direto.
Então, quanto menos impedidos formos por slogans idealistas,
melhor.”
…
Kennan
observou que a maior preocupação da política externa
norte-americana deve ser "a proteção das nossas (isto é, da
América Latina) matérias-primas". Devemos, portanto, combater
a perigosa heresia que, segundo informava a Inteligência americana,
estava se espalhando pela América Latina: "A
idéia de que o 'governo tem responsabilidade direta pelo bem do
povo"
Os estrategistas americanos chamam essa idéia de comunismo,
seja qual for a real opinião das pessoas que a defendem. Essa
posição é também clara nos arquivos públicos. Por exemplo, um
grupo de estudos de alto nível declarou, em 1955, que a ameaça
principal das potências comunistas
(o verdadeiro sentido do termo comunismo na prática) é
a recusa em exercer seu papel serviçal,
isto é, o de "complementar
as economias industriais do Ocidente".
Assim
a
cúpula
do governo americano já tinham decidido no clima da guerra fria que
não iriam permitir que os países sob seu jugo poderiam alçar
caminhos independentes de suas diretrizes imperiais: seja
no caminho do NACIONALISMO
ou de uma via SOCIALISTA,.
não
permitiriam nem mesmo um desenvolvimento que pudesse melhorar o bem
estar social destas populaçôes….
Chomsky
cita textos oficiais, baseado nos arquivos secretos sigilosos, já
liberados pelo governo: “O
problema com as democracias verdadeiras e que elas podem fazer seus
governantes caírem na heresia de responderem às necessidades de sua
própria população, em vez das dos investidores norte americanos.
(p.09)
…..”o
que os EUA querem é "estabilidade", quer dizer, segurança
para "as classes dominantes e liberdade para as empresas
estrangeiras". Se isso pode ser obtido com métodos democráticos
formais, OK. Se não, a ameaça à "estabilidade" causada
pelo bom
exemplo
tem de ser destruída, antes que o vírus infecte os outros.
(p.11)
….”É
melhor ter um regime forte no poder do que um governo liberal,
indulgente, brando e infiltrado de comunistas” (p.5)
….”Ao Terceiro Mundo cabia “executar sua principal função de
fonte de matérias –primas e de mercado” para as sociedades
industriais capitalistas, como dizia um memorando do Departamento de
Estado, de 1949, p.5)”…. “Com um documento de alto nível atrás
do outro, os estrategistas norte-americanos expunham a visão de que
a principal ameaça à nova ordem mundial, liderada pelos EUA, era o
nacionalismo
do Terceiro Mundo -
algumas vezes chamado de ultranacionalismo….se por um golpe de
sorte eles chegassem ao poder, retirá-los e instalar ali governos
que favorecessem os investimentos privados do capital interno e
externo, a produção para exportação e o direito de remessa de
lucros para fora do país. (p.8)….
.
(“Exposto
tudo isso, é fácil entender a política dos EUA para o Terceiro
Mundo. Somos
radicalmente opostos à democracia se seus resultados não podem ser
controlados”.
p.9)).
Governos
parlamentaristas foram derrubados com o apoio dos EUA e, algumas
vezes, com intervenção direta. No Irã, em 1953; na Guatemala, em
1954 (e em 1963, quando Kennedy apoiou o golpe militar para evitar a
ameaça do retorno à democracia); na República Dominicana, em 1963
e 1965; no Brasil, em 1964; no Chile, em 1973, e freqüentemente em
outros lugares (p.10)………...
assim todos os governos que tentaram estas vias foram derrubados pelo
IMPÉRIO de uma forma violenta (p.ex. via golpes de Estado ou
ditaduras militares) ou mesmo de outra forma subsidiada via
lideranças locais (financiando grupos de direita locais).... Os
exemplos são vários; 1) ditadura militar do governo Pinochet, no
Chile, que substitui um governo socialista que ganhou eleições
legítimas; 2) o nacionalismo de Getúlio Vargas é combatido com
financiamento a grupos direitistas até o seu suicídio; 3) ditadura
militar de 1964 no Brasil para substituir o governo democrático de
João Goulart que caminhava aos moldes do getulismo…..vários
outros exemplos em toda a América Latina….e no MUNDO….
O
MÉTODO JACARTA
é
o nome do livro de
Vincent
Bevins - é
um
método de massacres sanguinários usado como exemplo a partir do
massacre na Indonésia de mais de um milhão de pessoas ligadas ao
Partido Comunista da Indonésia que foram assassinadas para que
regimes ditatoriais de direita, servis ao Império, fossem
implantados. O
massacre dos comunistas na Indonésia por parte do regime Suharto
(ditadura militar), com o apoio e a tolerância dos imperialistas
anglo-americanos, consiste em uma das páginas mais negras do século
XX..Consiste em um holocausto
deliberadamente “esquecido”
que a propaganda burguesa tenta rebaixar como um “dano colateral”
da Guerra Fria. Eles tentam diminuir o significado histórico do
massacre dos comunistas da Indonésia em 1965-66 porque é mais um
exemplo que expõe a brutalidade imperialista.
Porque
o governo Sukarno foi derrubado pelo Imperialismo ? Sukarno
foi eleito presidente em 1945, junto com a proclamação da
Independência da Indonésia, Ele
liderou os indonésios na resistência
contra
as forças coloniais, por meios diplomáticos e militares, até que a
independência do país foi reconhecida em 1949. Mas
após vários conflitos e instabilidade do governo parlamentar, ele
estabeleceu um regime chamado de “democracia
guiada”
que acabou por resolver aqueles conflitos, unificando grupos étnicos,
culturais e religiosos diferentes. No
começo da década de 1960, Sukarno deu uma guinada na política
nacional em direção a esquerda
ao
apoiar e proteger o Partido
Comunista da Indonésia (PKI).
Estes movimentos irritaram os militares
e
os islamitas.
Ele também embarcou em uma série de políticas externas agressivas
sob a rubrica de "anti-imperialismo",
com ajuda da União
Soviética e
da China
.
BALAS
DE WASHINGTON – é
o livro do historiador marxista indiano Vijay
Prashad.
O
indiano Vijay Prashad enumera inúmeros golpes, massacres e
assassinatos promovidos pelos EUA ao redor do mundo.
…..
o
livro do historiador
Vijay Prashad
é uma síntese da longa história de lutas dos povos do Terceiro
Mundo pela libertação e por sua própria independência, mas que
foram impedidos por golpes, assassinatos e massacres promovidos pelos
EUA para que estes povos continuassem sob seu jugo
imperialista….”queriam conter a onda que varreu a Revolução de
Outubro de 1917 e as muitas ondas que açoitaram o mundo para formar
o movimento anticolonial”....”As balas de Washington que
apontavam para a URSS permaneceram sem uso, mas foram disparadas no
coração do Sul. Foi nos campos de batalha do Sul que Washington
pressionou contra a influência soviética e contra os projetos de
libertação nacional, contra a esperança e a favor do lucro das
empresas imperialistas”. Juan
Jacobo Arbenz Guzmán
(presidente
da Guatemala entre 1951 e 1954), tentou realizar uma reforma agrária,
entrando em choque com o monopólio das empresas dos Estados Unidos
nas terras da Guatemala, sobretudo a
United
Fruit Company.
Em resposta seu governo foi alvo de golpe de Estado organizado pela
CIA que instalou uma ditadura militar no país. Este foi o primeiro
golpe de Estado promovido pela CIA na América Latina, durante a
Guerra Fria.
O
século 20 viu uma onda de movimentos anticoloniais,
anti-imperialistas e de libertação nacional transformar o mundo,
muitas vezes com a ajuda de comunistas soviéticos, do Leste Europeu
e cubanos. Com a mesma frequência, essas revoltas contra o velho
mundo – o mundo racista e sexista de subjugação e opressão de
povos inteiros – foram reprimidas com violência. Balas
de Washington,
de Prashad, não remete apenas ao passado distante. Ele trata
brevemente da invasão do Iraque e do Afeganistão, das Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), do Partido dos
Trabalhadores do Curdistão e, mais recentemente, das tentativas de
derrubada dos governos da Venezuela, Bolívia e Brasil (lawfare
de
Dilma, que deu certo).. Ele discute “guerra híbrida”, o uso de
ONGs, sanções e, sim, o uso contínuo de balas de Washington.
IMPERIALISMO
MATA. Reportagem
de Juan
Manuel Dominguez,
publicada no Brasil 247 em 8
de janeiro de 2020,
afirma que de forma direta ou indireta, os Estados Unidos impõe sua
supremacia em todos os países. Seu potencial bélico é uma
ferramenta de pressão na hora de aplicar sansões econômicas a
países (...) Total
de mortos promovidos pelos EUA atingiram 110 milhões de pessoas
direto ou indireto,
sem ser denunciados em tribunais internacionais
Cita
pesquisa do
jornalista e ex-professor Urias Rocha, de Mato Grosso do Sul que
realizou uma breve cronologia das invasões e ataques dos Estados
Unidos ao redor do mundo nos últimos 150 anos – de 1846 a 2020. A
quantidade de mortes pelas quais são responsáveis é de
aproximadamente 110 milhões de pessoas. Nunca foram denunciados
formalmente ante tribunais internacionais.
Algumas delas: México (1846-48 – anexação do Texas); Chile
(1891); Haiti (1891); Havaí (1893); Nicarágua (1894); China
(1894-95); Coréia,Panamá, China, Filipinas, Cuba, Porto Rico,
Espanha, Nicarágua, Samoa, Nicarágua e Panamá (alguns várias
vezes,até 1901); Honduras, República Dominicana, Coréia, Cuba,
Nicarágua, Honduras, China (até 1912); mesmos países da AL até 1ª
GM (EUA participam da guerra, morrem 114 mil soldados); Rússia
(tropas contra a revolução bolchevique em 1918-1922, sendo
derrotados); Turquia (1922); II GM; Irã (1946); Iugoslávia. Grécia
(1946/47); Venezuela (1947); Porto Rico (1950); Coréia (1951-53. 3
milhões de pessoas morreram); Guatemala (1954); Egito (1956,
Nasser); Líbano (1958); Vietnã (1961-1975, 3 milhões de
vietnamitas morreram e 60 mil soldados americanos. A partir daí, os
EUA decidem não participar diretamente de conflitos armados e devido
à derrota contra guerrilhas); Laos (1972); Camboja, Laos, Irã
(1980); vários países AL; Libéria (1990); Iraque (1990/91, Guerra
do Golfo); Somália (1992/94); Zaire (1996/97); Albânia, Colômbia,
Afeganistão (2001-….); Iraque (2003); ….. ENTRE 2014/2016 esteve
por trás do golpe que derrubou a nossa PRESIDENTA DILMA e claro com
o objetivo de roubar o nosso Petróleo.
IMPERIALISMO
BRITÂNICO.
Fora estas intervenções diretas e indiretas do governo Imperialista
dos EUA, ainda existe as intervenções de outros governos
imperialistas como o Reino
Unido
– sendo o maior império do mundo em dimensões territoriais, o
primeiro Império capitalista que desde o século XIX até a II GGM
também promoveu massacres, golpes, etc. Este Império também
provocou a morte de milhões de pessoas na África e Ásia. Na Índia
os britânicos destruiram a indústria têxtil original do país
(aliás de melhor qualidade que a dos britânicos) desempregando
milhões de pessoas que voltaram à zona rural e a grande maioria
morreram de fome. Saquearam, depredaram e destruiram culturas e povos
no continente Africano, roubando jóias, diamantes, ouro, etc..Só 22
países no mundo não foram invadidos pelo Império Britânico.
GENOCÍDIO
AMERICANO.
Além destas intervenções imperialistas, não podemos esquecer que
a expansão capitalista, desde a acumulação primitiva do capital, a
partir do século XVI, provocou a morte e o extermínio de milhões
de povos indígenas originários das Américas, resultando no
“genocídio
americano”,
como é o caso dos índios mais primitivos do território dos EUA e
do Brasil, que foram praticamente dizimados (hoje são minorias
ínfimas da população) com a propagação de doenças, destruição
de seus habitats e fontes de alimentos (matança de búfalos no
território da América do Norte simplesmente aniquilou a população
destes animais), perseguição e expulsão dos índios de seus
territórios originais, transformados em escravos
pelos colonizadores europeus e além, é claro, da matança
generalizada destes povos. Alguns dados indicam que havia cerca de
100 milhões destes índios originários antes dos europeus chegarem,
hoje representam pequenas minorias vivendo em reservas.
CAPITALISMO
MATA.
Assim, se somarmos todos estes fatores, podemos afirmar que o
Capitalismo
Mata. Segundo
fontes do próprio sistema, tais como organismos da ONU (Fome
e Pobreza Mundial. Fontes:Programa
Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM), Oxfam
e UNICEF)
; e o próprio
Banco
Mundial,
estima-se que 711 milhões de pessoas viviam em extrema pobreza –
definida como sobrevivendo com menos de US$ 1,90 por dia – em 2021,
o que equivale a cerca de 10% da população global. Se somarmos à
estes órgãos, a UNWATER (desenvolve programa para saneamento de
água) da ONU, podemos afirmar que, baseados nestes dados oficiais,
que O
CUSTO HUMANO ANUAL DO CAPITALISMO tem
como consequências: 8 milhões de pessoas morrem por falta de água;
7.665.000 morrem de fome; 3 milhões de pessoas morrem de doenças
curáveis; 500.000 morrem de malária. Em outras palavras cerca de 20
milhões de mortes anuais facilmente evitáveis. Estas pessoas não
morrem por falta de meios para resolver esses problemas, mas porque
solucioná-los não é lucrativo.
O
CAPITALISMO MATA 100 MILHÕES DE PESSOAS A CADA CINCO ANOS, portanto
mais do que os golpes, massacres, genocídios, intervenções,
assassinatos do próprio Imperialismo em geral.
DEVIDO
AO SUCESSO DESTAS POLÍTICAS IMPERIALISTAS POUQUÍSSIMOS PAÍSES DO
TERCEIRO MUNDO CONSEGUIRAM SUA LIBERTAÇÃO NACIONAL E
DESENVOLVIMENTO.
Pode-se
perceber facilmente que poucos ou pouquíssimos países conseguiram
passar para o lado de lá - ou seja para o lado dos soviéticos, na
guerra fria que se tratava entre EUA
X URSS
e muito menos se tornarem países independentes e desenvolvidos….
estes poucos que conseguiam mudar de regime ainda eram boicotados
pelo Império, como foi o caso de Cuba…. Assim se pensarmos em
termos gerais, desde o pós-guerra praticamente nenhum país do
TERCEIRO
MUNDO
conseguiu
se desenvolver ou se tornar um país desenvolvido, em termos de nível
de condições de vida, como os países europeus conseguiram… Com
exceção da Coréia do Sul, que foi uma concessão geopolítica do
Império, por causa da guerra da Coréia….. nenhum outro país
conseguiu ultrapassar as barreiras do subdesenvolvimento, os que
tentaram sofriam golpes direcionados de fora pelo imperialismo como
foi o exemplo clássico do Brasil, que continuou subdesenvolvido. Os
países imperialistas boicotaram e derrubaram governos de esquerda e
progressistas, (alguns chegaram a iniciar seus programas, mas a
maioria foi interrompida pelas operações de fora) que colocavam em
prática programas de desenvolvimento econômico e de melhoria das
condições de vida da maioria da população, programas sociais de
distribuição de renda. Portanto se conseguissem levar a cabo seus
programas por vários governos, provavelmente teriam conseguido
superar as barreiras do subdesenvolvimento. Assim, todos os países
imperialistas (EUA,
Europa e Japão)
que conseguiram evoluir para países super desenvolvidos, o fizeram
às custas das riquezas minerais, agrícolas e de commodities (é só
ver os ciclos de exportações do Brasil, desde 1500 até II G.G.M :
pau-brasil, açúcar, ouro, diamantes,, café e cacau, borracha,
matérias-primas, etc.) arrancadas da periferia via relações de
dominação e dependência criadas com estes países, e assim
transformaram os países do Terceiro Mundo em meros exportadores de
matérias-primas, alimentos e commodities. Estes produtos possuem
baixo valor agregado, estão sujeitos à concorrência internacional
e portanto seus preços são baixos e não tendem a subir, enquanto
que os produtos exportados pelo países desenvolvidos são produtos
industriais e serviços de alto valor agregado, tendem a subir e são
controlados por oligopólios e monopólios que influenciam os preços.
Portanto
as relações de troca internacionais entre países centrais e
periféricos favoreceram e favorecem amplamente os primeiros, com
enormes transferências de renda do Sul para o Norte em forma de
lucros, dividendos, juros, pagamentos de royalties, patentes e usos
de serviços especializados, etc (enfim MAIS-VALIA). Daí o interesse
dos países centrais em proteger suas grandes empresas monopolistas e
evitar o desenvolvimento dos países periféricos que ao se
desenvolverem certamente cortariam a maior parte destas explorações
e dependências externas que com certeza impediriam o caminho para o
desenvolvimento.
PORQUE
OS PAÍSES DO TERCEIRO MUNDO NÃO CONSEGUIRAM SE DESENVOLVER ? (De
quase 200 países só 1 conseguiu passar para o Primeiro Mundo (mesmo
assim com muita ajuda dos EUA e Japão)…Um
número maior de países conseguiram passar para o Segundo Mundo,
melhorando bastante seus indicadores sociais, mas não conseguiram
tomar impulso para o seu auto-desenvolvimento, alguns voltaram para o
capitalismo, outros estão se aproximando do modelo chinês, como
veremos mais adiante com Samir
Amin).
.
O
norueguês Erik
S. Reinert (“Como
os países ricos ficaram ricos e Porque os países pobres continuam
pobres”)
e
o
professor
Ha-Joon
Chang
(“Chutando
a escada”)
da
Universidade de Cambridge, escreveram dois livros, muito citados, que
oferecem uma análise interessante do ponto de vista do pensamento
econômico e políticas públicas que, embora verdadeiras, não são
suficientes para explicar todo o contexto. Estes
autores afirmam que os países ricos só se tornaram ricos porque
aplicaram na prática, políticas protecionistas de intervenção
estatal que protegiam suas indústrias nascentes e continuam
protegendo e nunca aplicaram políticas liberais de total abertura ao
mercado livre mundial, enquanto se tornavam países desenvolvidos.
EXEMPLOS
CLÁSSICOS DA EUROPA, EUA E JAPÃO.
Enquanto que os países pobres nunca seguiram estas medidas e foram
fortemente influenciados e controlados pelos organismos econômicos
internacionais (tais
como FMI,
Banco
Mundial e
Organização
Mundial do Comércio,
etc - praticamente exigências do neoliberalismo do Consenso de
Washington, pós-queda do Muro de Berlim, para implantar a hegemonia
dos EUA, no mundo UNIPOLAR)
que pregavam o livre comércio, a privatização plena e liberdade
total para investimentos estrangeiros. Daí que nunca conseguiram
proteger seus próprios empreendimentos e se deixaram dominar por
empresas estrangeiras. O problema maior desta abordagem é que elas
não explicam porque alguns países periféricos que mesmo protegendo
seu mercado nunca conseguiram ultrapassar as barreiras do
subdesenvolvimento. Países como Brasil e México conseguiram atingir
estágios avançados em seu processo industrial e econômico mas
continuaram pobres.
Por
isso que este tipo de abordagem é limitada, ela não explica que
quando estes países tentaram avançar mais em seu desenvolvimento,
eles foram impedidos pelo imperialismo.
Por
exemplo, criando estatais
(os
imperialistas sempre foram contra criar estatais nestes países, só
era permitido nos países deles ) e investindo mais em ciência
e tecnologia.
Mesmo investindo mais em Ciência e Tecnologia, os limites eram
profundos porque as empresas estrangeiras importavam suas tecnologias
das matrizes e estes países continuavam dependentes. Até mesmo
empresas brasileiras privadas como a FNM e a GURGEL
foram boicotadas aqui dentro do mercado interno protegido, porque
estavam concorrendo com empresas estrangeiras que tinham mais
influência sobre o governo brasileiro. A Gurgel
foi à falência porque foi perseguida e boicotada por medidas do
próprio governo que deveria protegê-la, mas preferiu proteger a
indústria estrangeira. Completamente diferente do Modelo Oriental
(Coréia
do Sul)
que protegeu suas empresas e deu todo o apoio para que elas se
desenvolvessem, eliminando a concorrência externa. Países que
fizeram como a Coréia conseguiram dar sua arrancada para o
desenvolvimento pleno e se tornarem desenvolvidos.
Assim
quando aparecia um governo procurando mais independência, ele era
sabotado, pressionado pelos países centrais ou mesmo derrubado por
golpes militares ou governos de direita. No Brasil, é o caso grave
da sabotagem do programa
espacial
(citado acima) brasileiro que atrasou e continua atrasando todo o
programa até hoje. Também o caso da Usina
Nuclear de Angra dos Reis,
amplamente sabotada pelos imperialistas… ou mesmo o caso do
Submarino
Nuclear
brasileiro que estava indo bem no governo Dilma, aí veio a Lava Jato
e o golpe que derrubou o governo Dilma e o programa foi abandonado.
Mas muito antes disso, quando o governo Getúlio Vargas criou a
Petrobrás
em
1953, as reações americanas foram imediatas, os EUA fizeram muita
pressão e esta pressão foi tão grande que resultou no suicídio de
Vargas em 1954…
O
governo LULA desenvolveu bastante o setor de infra-estrutura e
construção civil, as empresas chegaram a investir no exterior…
Mas Sérgio Moro, lacaio do imperialismo americano, inventou a Lava
Jato para destruir quase que completamente este setor, criando mais
de 4 milhões de desempregados, privatizar e entregar para o capital
estrangeiro (depois do golpe contra Dilma), reduzindo o PIB
. Até hoje, criar estatais e apoiar os programas
delas é um tabú
na
elite brasileira e outras elites do mundo periférico (fizeram uma
lavagem cerebral nestas elites submissas ao capitalismo central)…
porque difundiu-se amplamente pela mídia burguesa e imperialista os
ideais hipócritas do neoliberalismo
-
que o melhor mundo é o mercado livre - e de que estes conceitos só
são válidos para o Terceiro Mundo, pros idiotas das elites
burguesas dos países periféricos, porque para eles do Primeiro
Mundo estas regras nunca foram válidas… eles continuam criando e
desenvolvendo estatais em seus países porque sabem que elas são
importantes para todo o sistema econômico.
EXISTEM
OUTROS LIVROS QUE EXPLICAM MELHOR E DE FORMA MAIS AMPLA o
porquê isso acontece no Terceiro Mundo. Os autores acima, Reinert e
Chang oferecem uma explicação simplificada do ponto de vista de
políticas econômicas, mas dentro do limite burguês, do pensamento
não marxista. Outros autores da linha marxista oferecem uma visão
mais geral, do ponto de vista político e econômico da situação
destes países.
MARXISMO
OCIDENTAL X MARXISMO ORIENTAL
(Domenico
Losurdo).
Autores
como Domenico
Losurdo,
contrapõe o Marxismo
Ocidental X Marxismo Oriental,
fazem uma crítica aos marxistas do eurocentrismo social democrata
que elogiam o capitalismo e criticam as experiências do “socialismo
real”. O
marxismo ocidental queria excomungar o marxismo oriental, mas acabou
sendo excomungado. Ele mesmo se definha e praticamente morre
absorvendo parte da doutrina burguesa liberal, se contradiz e acaba
concordando com as críticas liberais burguesas ao analisarem as
experiências orientais. Os marxistas ocidentais no pós-guerra fria
abominaram as experiências soviéticas e chinesas e desta forma
sucubiram à sua própria interpretação, pois ficaram presos às
suas críticas tipicamente liberais burguesas. …. segundo Losurdo,
que diz que no entanto existe uma outra visão marxista do mundo, a
visão anti-colonial e anti-imperialista de autores sob a influência
do mundo oriental, maoísta. ….No Oriente (e na prática em todos
os países onde os comunistas conquistaram o poder) o problema
prioritário para os dirigentes políticos não era promover a
“desintegração do aparelho estatal”, mas outro bem diferente :
como evitar o perigo da submissão colonial ou semicolonial e de que
maneira superar o atraso em relação aos países industrialmente
mais avançados. …. as prioridades das periferias são diferentes
das prioridades do centro desenvolvido do capitalismo….O Ocidente
ao ganhar a guerra fria, praticamente mata o marxismo ocidental.
Existia
a visão de que o Ocidente era livre e democrático e o Oriente
dominado por ditaduras totalitárias e cruéis.
MARXISMO
OCIDENTAL DEFENDE O IMPERIALISMO “DEMOCRÁTICO” QUE IMPÕE
DITADURAS E ESCRAVIDÃO NO TERCEIRO MUNDO.
Acontece
que os marxistas no Ocidente negaram em suas análises, que as
potências capitalistas ocidentais na verdade colocavam em prática
políticas discriminatórias imperialistas tão ou pior do que os
regimes totalitários.
No
centro
do
capitalismo, desenvolvimento econômico acelerado, inovações
tecnológicas e melhoria das condições de vida da população com
as “migalhas” que vinham do Terceiro Mundo; enquanto que na
periferia
deste
a exploração era selvagem, ditatorial e sub-humana. Hitler
não faria melhor.
Os
próprios liberais burgueses denunciavam esta situação ao longo dos
séculos e descobriram as situações mais cruéis e terroristas do
mundo. Um deles dizia que o imperialismo britânico mandava para a
linha de frente de suas batalhas e guerras, servos e escravos numa
quantidade enorme, para servir de contenção das linhas inimigas.
Cerca
de 50 milhões de africanos e 250 milhões de indianos morreram
nessas lutas imperialistas,
segundo um historiador britânico conservador A.J.P. Taylor, citado
por Losurdo
(p.197).
Na
Bélgica liberal os colonizadores reduziram a população indígena
do Congo, de 20-40 milhões em 1890 para 8 milhões em 1911.
Porque tratavam as populações de suas colônias como sendo
inferiores ou de raças inferiores, portanto sujeitas a qualquer tipo
de exploração, com total decisão sobre suas vidas e mortes….
Quando um povo possui a decisão de controlar vida e morte de seus
subjugados, é claro que é uma decisão extrema, de controle
total….ou seja totalitário, onde se elimina qualquer tipo de
liberdade. É
O PODER DA ESCRAVIDÃO….
A
TEORIA MARXISTA DA DEPENDÊNCIA. (Samir Amin).
Os
intelectuais marxistas das periferias dão prioridade às lutas
anti-coloniais e anti-imperialistas Para
estes autores a revolução continua numa nova perspectiva dos países
periféricos. Outra corrente desta mesma linha são os autores
marxistas, de origem do Terceiro Mundo, que criaram a Teoria
da Dependência.
Nesta corrente se encontram autores indianos, latino americanos e um
egípcio famoso, Samir
Amin.
Este último afirma que os países da periferia capitalista mundial
nunca conseguirão superar seus atrasos sócio-econômicos se
continuarem dentro da linha de influência do imperialismo hegemônico
ocidental. Estes países só conseguirão se desenvolver plenamente
como nação e como força econômica se libertarem dos laços de
dependência do imperialismo ianque e se tornarem nações
independentes, ou seja, a emancipação destes países periféricos
passa por um movimento político anti-colonialista e
anti-imperialista.
O
Marxismo Ocidental tem ignorado a transformação decisiva
representada pela emergência do capitalismo monopolista
generalizado. Mudar o mundo, agora, significa mudar as condições de
vida de 80% da população mundial. Enquanto que eles imaginam um
impossível “outro capitalismo” com “face humana”, em
contrapartida Mao apresenta uma visão que era profundamente
revolucionária e realista (científica, lúcida), distinguindo e
conectando três dimensões da realidade: povos,
nações, Estados. A
menção às nações
refere-se
ao fato de que a dominação imperialista nega a dignidade das
“nações” forjada pela história das sociedades das periferias.
Tal dominação destruiu sistematicamente tudo o que dá às nações
sua originalidade – em nome da “ocidentalização” e a
proliferação de lixo barato. A libertação do povo portanto é
inseparável daquela das nações às quais ele pertence. Isso se
baseia na transformação radical do patrimônio histórico da nação,
em vez da importação artificial de uma falsa “modernidade”. A
referência ao Estado
é baseado no reconhecimento necessário da relativa autonomia de seu
poder em suas relações com o bloco hegemônico que é a base de sua
legitimidade. Essa autonomia relativa não pode ser ignorada enquanto
o Estado existir, ou seja pelo menos por toda a duração da
transição para o comunismo. É só depois disso que podemos pensar
em uma “sociedade sem Estado”. Isso
não é apenas porque os avanços populares e nacionais devem ser
protegidos da agressão permanente do imperialismo, mas também
porque avançar rumo à longa transição, também requer
“desenvolvimento das forças produtivas”.
A
articulação correta da realidade nesses três níveis – povos,
nações e Estados – condiciona o sucesso do progresso no longo
caminho da transição.
É uma questão de reforçar a complementariedade dos avanços do
povo, da libertação da nação e das realizações do poder do
Estado.
Para
este autor Mao
entendeu
– melhor que Lenin
-
que o caminho para o capitalismo não leva a nada e que o
renascimento da China só poderia ser obra dos comunistas. O modelo
chinês não repete os erros da União
Soviética,
que apesar disso, conseguiu muitos avanços em vários setores
sociais e de ciência e tecnologia, embora ainda não suficientes
para avançarem em etapas mais significativas da economia O primeiro
Marx
estava certo porque não rejeitou a idéia de pular o estágio
capitalista, porque os povos não podem pular a sequência necessária
de etapas e que a China deve passar por um desenvolvimento
capitalista antes que um possível futuro socialista seja
considerado. Mao, um espírito marxista independente, entendeu isso.
Mao
entendeu o que é realmente o capitalismo e que ele estava fechado
para a China, desde longos tempos e que a Revolução de 1949 não
estava ainda vencida e que o conflito entre o compromisso com o longo
caminho para o socialismo, condição para o renascimento da China,
passava pelo retorno ao molde capitalista, para desenvolver suas
forças produtivas. Não
que o desenvolvimento das forças produtivas leve necessariamente ao
socialismo. Na verdade, essas forças produtivas devem ser
desenvolvidas desde o início com a perspectiva de construção do
socialismo.
A polarização criada pelo imperialismo, entre centro e periferia,
elimina a possibilidade de um país da periferia “sair do atraso”
dentro do contexto do capitalismo.
Sair do atraso em relação aos países opulentos é impossível e a
outra coisa a ser feita é seguir o caminho socialista. A China
desenvolveu um projeto soberano e coerente, adequado às suas
próprias necessidades. Isso certamente não é capitalismo, pois
suas terras agrícolas não são tratadas como mercadoria. E esse
projeto será soberano desde que a China permaneça fora da
globalização financeira contemporânea. O fato de o projeto chinês
não ser capitalista, não significa que “seja socialista”,
apenas que possibilita avançar no longo caminho para o socialismo.
CHINA
– DESENVOLVIMENTO ACELERADO.
O capitalismo de Estado chinês alcançou resultados incríveis:
construiu um sistema produtivo moderno, soberano e integrado, na
escala deste país gigantesco, só comparável aos EUA; conseguiu
deixar pra trás a forte dependência tecnológica desenvolvendo sua
capacidade de produzir invenções tecnológicas; o planejamento dos
Planos Quinquenais foram seguidos à risca. O “socialismo do
mercado” ou melhor ainda o “socialismo com o mercado” foi
amplamente justificado. Em
apenas algumas décadas, a China construiu uma urbanização
produtiva e industrial que reúne 600 milhões de pessoas. Isso se
deve ao Plano e não ao mercado.
Em apenas 40 anos (1980-2020) a China se transformou radicalmente de
uma economia pobre, atrasada e feudal para uma economia altamente
industrializada e com altos índices de crescimento do PIB (a maior
taxa de todos os tempos de todos os países, até então). China
hoje produz um terço da produção industrial mundial, seguida dos
EUA com 16% em 2020.
China agora tem um sistema produtivo verdadeiramente soberano, nenhum
outro país do Sul (exceto Coréia e Taiwan) teve êxito em fazer
isso. Na medida que a industrialização acelerava, com os estímulos
à produção e atração de grandes empresas estrangeiras, o Estado
estimulava a participação de trabalhadores e a abertura destas
empresas à compartilhar tecnologias avançadas. Assim aos poucos foi
crescendo o número de empresas genuinamente chinesas em todos os
ramos e hoje elas já são as maiores do mundo, competindo com as
estrangeiras. Também cresceu muito o número de empresas estatais em
ramos estratégicos e de infra estrutura. Este modelo é bem
diferente da industrialização
no Terceiro Mundo,
onde a desigualdade aumenta com a dominação das empresas
estrangeiras, que também não permitem o avanço científico e
tecnológico destes países. Mas a desigualdade econômica e social
está diminuindo e diminuiu bastante nas últimas décadas.
Paralelamente ao desenvolvimento econômico, o Estado implementou uma
dimensão social aos projetos, em resposta aos movimentos sociais:
erradicação do analfabetismo, cuidados básicos de saúde para
todos, educação universal (os alunos chineses conseguiram no PISA
INTERNACIONAL,
avaliação de alunos de 15 anos realizada pela OCDE, última em
2019, os primeiros lugares nas 3 avaliações : Matemática,
Conhecimentos Gerais e Ciências), moradia popular para 400 milhões
de novos habitantes urbanos, rede inédita de estradas, rodovias e
ferrovias (a maior extensão de redes de trens-bala do mundo),
represas e usinas de energia elétrica, eliminação da pobreza
(eliminou a pobreza absoluta em 2020), ciência e tecnologia (China
possui o maior número de arquivos
científicos publicados,
ultrapassando os EUA em 2020), etc.etc.etc. Os salários estão
subindo assim como a renda per capita com a distribuição de renda e
a melhoria das condições sociais da população. Certamente há
quarteirões “chiques” e outros que não são nada opulentos, mas
NÃO
HÁ FAVELAS,
que continuaram a se expandir em todas as outras cidades do Terceiro
Mundo.
DEMOCRACIA
NA CHINA X DEMOCRACIA OCIDENTAL.
Mao pregava o seguinte princípio para a China : reunir a esquerda,
neutralizar a direita (sem eliminá-la) e governar a partir da
centro-esquerda. Desta forma, Mao
deu um conteúdo positivo ao conceito de democratização da
sociedade combinada com o progresso social no longo caminho ao
socialismo.
A
questão da democracia
ligada
ao progresso social entra em contraste com a “democracia”
desconectada do progresso social (na verdade regresso social) que é
o caso das democracias ocidentais
. A
fórmula ocidental e da propaganda da mídia burguesa; de partidos
múltiplos e eleições deve ser rejeitada,
pois é um tipo de democracia que se transforma em farsa. A
“linha de massa” (método proposto por Mao) é um meio de
produzir consenso em torno de objetivos estratégicos e em constante
progresso. Esse método tem que ser reinventado constantemente para
evitar o avanço da direita. Esse método se opõe ao “consenso”
obtido nos países ocidentais por meio da manipulação da mídia e
da farsa eleitoral, que é nada mais nada menos do que o alinhamento
às demandas do capital.
A
VISÃO DO MUNDO MULTIPOLAR DE SAMIR AMIN É BASTANTE ATUAL
A
OTAN ainda fala hoje em nome da “comunidade internacional”,
manifestando o seu desprezo pelo princípio democrático que governa
essa comunidade por meio da ONU. Ainda assim, a Otan age somente para
servir aos objetivos de Washington – nem mais nem menos – como a
história da Guerra do Golfo e do Kosovo ilustram. A estratégia
empregada pela tríade, sob a direção dos EUA, tem como objetivo a
construção de um mundo UNIPOLAR
organizado
em dois princípios complementares : a
ditadura unilateral do capital transnacional dominante e o
desdobramento de um império militar estadunidense, ao qual todas as
nações devem ser obrigadas a se submeter.
Nessa perspectiva, nenhum outro projeto pode ser tolerado, nem mesmo
o projeto europeu de aliados subalternos da Otan e especialmente não
um projeto que envolve algum grau de autonomia, como o da China,
(podemos incluir hoje a Rússia de Putin, que Amin não incluiu por
não existir quando escreveu este artigo) que deve ser quebrado pela
força, se necessário. Essa visão de um mundo UNIPOLAR está sendo
cada vez mais contraposta a uma globalização MULTIPOLAR,
a
única estratégia que permitiria que diferentes regiões do mundo
atingissem níveis sociais de desenvolvimento aceitáveis e, assim,
promoveria a democratização social e a redução dos motivos de
conflito. A
estratégia hegemônica dos Estados Unidos e seus aliados da Otan é
hoje o principal inimigo do progresso social, da democracia e da paz.
SAMIR
AMIN PROFÉTICO…
O
século XXI não será o século da América, será de grandes
conflitos e do aumento de lutas sociais que questionam as ambições
de Washington e do capital. Já se pode discernir os primeiros
indícios de um conflito entre Estados (incluindo Japão e Austrália)
de um lado e China
e
outros países asiáticos de outro. Nem é difícil imaginar o
renascimento de um conflito entre os Estados Unidos e Rússia,
se esta última conseguir se libertar do pesadelo espiral de morte e
desintegração em que Boris Yeltsin e seus “conselheiros” dos
EUA a mergulharam. (Estas
duas previsões já aconteceram). E
se a esquerda européia puder se libertar da submissão aos ditames
duplos do capital e de Washington, seria possível imaginar que a
nova estratégia européia poderia estar interligada com a da Rússia,
China, Índia e do Terceiro Mundo em geral, em um necessário esforço
de construção multipolar. Se isso não acontecer, o projeto europeu
em si vai desaparecer.
Por
fim ele pergunta: as lutas sociais superarão sua autonomia e
forçarão as grandes potências a responder às suas demandas
urgentes ? E responde: as lutas sociais não produzirão um remake
do
século anterior. A história não se repete de acordo com um modelo
cíclico. As sociedades de hoje são confrontadas por novos desafios
em todos os níveis. Mas
precisamente porque as contradições imanentes do capitalismo são
mais acentuadas no final do século do que eram no início e porque
os meios de destruição também são muito maiores do que foram, as
alternativas para o século XXI são (mais que nunca) “socialismo
ou barbárie”.
OBRAS DE AUTORES CITADOS, por ordem de
apresentação no texto:
1)
CHOMSKY, Noam.
“O
que o Tio Sam realmente quer?”.
Brasília.
UnB,
1999.
2)
BEVINS,
Vincent. “O
Método Jacarta”. São
Paulo,
ed.
Autonomia Literária,
2022.
3)
PRASHAD,
Vijay. “As
balas de Washington: uma história da CIA, golpes e assassinatos”,
São
Paulo, ed. Expressão Popular, 2020.
4)
Dominguez, Juan Manuel. “Governos
dos EUA mataram 110 milhões de pessoas ao longo do século”. ….
https://www.brasil247.com/blog/governos-dos-eua-mataram-110-milhoes-de-pessoas-ao-longo-do-seculo.
5)
REINERT,
Erik S. “Como
os países ricos ficaram ricos… e porque os países pobres
continuam pobres”. Rio
de Janeiro, ed. Contraponto, 2016.
6)
CHANG,
Ha Joon. “Chutando
a Escada”
São Paulo, ed. Unesp, 2004.
7)
Banco Mundial. “Pobreza.”
https://www.worldbank.org/en/topic/poverty.
8)
LOSURDO,
Domenico. “O
Marxismo Ocidental”. São
Paulo, ed. Boitempo, 2018.
9)
AMIN,Samir.
“Somente
os Povos fazem sua própria história”. São
Paulo, ed. Expressão Popular, 2020.
Daniel
Miranda Soares é economista, mestre pela UFV e professor aposentado