A
CHINA
ESTÁ SE TORNANDO A MAIOR POTÊNCIA
ECONÔMICA DO MUNDO.
Este
artigo da BBC News Brasil faz uma análise ligeira de como a China
será a maior potência do planeta dentro de poucos anos. Os dados
são corretos embora no final o autor tendeu a simplificar bastante
os aspectos políticos chineses, relacionados à revolução
comunista, impregnados de preconceitos ocidentais. Merecia uma
análise melhor mas dá uma boa idéia dos aspectos sócio-econômicos.
70 Anos da Revolução Comunista na China: como país pobre e rural se tornou potência mundial em 4 décadas (título original).
Redação
BBC
News Mundo
Quando
Mao Tsé Tung (ou Zedong) chegou ao poder em 1949, a China estava
dominada pela pobreza e devastada pela guerra.
Nesta
terça-feira (1º), quando se completam 70 anos do triunfo dos
comunistas, o país está radicalmente diferente: é uma potência
mundial de primeira grandeza e aspira chegar ao topo da economia
global.
Mas
seu "milagre econômico", único na história, não se deve
necessariamente ao "Grande Timoneiro", mas a uma campanha
impulsionada por outro líder comunista, Deng Xiaoping.
A
chamada "Reforma e Abertura" conseguiu tirar 740 milhões
de pessoas da pobreza, segundo dados oficiais.
Sob
a ideia de um "socialismo com traços chineses", Xiaoping
rompeu com o status quo e implementou uma série de reformas
econômicas, centradas na agricultura, num ambiente liberal para o
setor privado, na modernização da indústria e na abertura da China
para o comércio exterior.
Esse
percurso afastou o país do comunismo de Mao Tsé Tung e "rompia
as correntes" do passado, nas palavras do atual presidente
chinês, Xi Jinping.
Um país pobre
A
mudança de curso começou em 1978.
À
época, a China era uma nação bastante diferente do que vemos hoje,
em que equipara-se ao nível dos Estados Unidos e da União Europeia.
Era
um país pobre, com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 150 bilhões
e uma população de 800 milhões de pessoas. Hoje, são 1,38 bilhão
de habitantes e um PIB de US$ 12 trilhões, segundo dados da
Organização das Nações Unidas (ONU).
Mao,
o histórico fundador da República Popular da China, havia morrido
anos antes das mudanças de Xiaoping, deixando um controverso legado.
Entre
seus grandes projetos estão o Grande Salto Adiante (1958-62), que
buscava transformar a economia agrária do país e provocou uma
escassez de alimentos que levou à morte de ao menos 10 milhões de
pessoas (fontes independentes falam em até 45 milhões de mortos); e
a Revolução Cultural (1966-76), uma campanha de Mao contra os
partidários do "capitalismo", que também levou a milhões
de mortos e paralisou a economia nacional.
Foi nesse cenário de pobreza e fome que Deng Xiaoping, então secretário-geral do Partido Comunista da China), propôs suas reformas.
Nova fórmula
Xiaoping
optou pelas chamadas "quatro modernizações" e uma
evolução da economia na qual o mercado teria um protagonismo
crescente.
Para
ele, não importava se o sistema econômico chinês era comunista ou
capitalista, mas sim se funcionava. "Não importa se o gato é
preto ou branco desde que cace ratos", afirmou o chinês em um
discurso na conferência da Liga da Juventude Comunista da China.
Seu
programa foi ratificado em 18 de dezembro de 1978 por parte do comitê
central do Partido Comunista da China e tornou a modernização
econômica sua principal prioridade.
Nos
anos seguintes, foram colocadas em prática mudanças que até então
eram consideradas bastante ambiciosas e enfrentaram resistência da
ala mais conservadora do partido no poder.
O
setor agrícola, por exemplo, abandonou progressivamente o sistema
maoísta de economia rural planificada, que permitiu incrementar a
produtividade e tirar regiões do país da pobreza, fomentando a
migração de mão de obra para zonas urbanas.
Também
floresceram as cadeias do setor privado e, pela primeira vez desde a
criação da República Popular em 1949, o país se abriu para
investimentos estrangeiros.
Se
na economia planificada o Estado determina o tipo, a quantidade e o
preço das mercadorias que serão produzidas, na economia de mercado
são as forças da oferta e da demanda que estabelecem o que é
comprado e vendido.
Em
sua cruzada para modernizar e fazer crescer a economia, o líder
chinês incentivou sua equipe a aprender com as potências
ocidentais.
Foram
criadas também zonas econômicas especiais, como a da cidade de
Shenzhen, que sofreu uma transformação incrível e hoje é
conhecida como o Vale do Silício chinês.
Essa
abertura ao exterior contribuiu para aumentar a capacidade produtiva
da China e fomentar novos métodos de gestão.
Depois
de um longo processo, as mudanças permitiram que a China conseguisse
entrar na Organização Mundial do Comércio em 2001, ingresso que
lhe abriu definitivamente as portas para a globalização e catalisou
seu progresso econômico.
Assim,
em 2008, quando a crise econômica global estourou e o Ocidente saiu
em busca de novos mercados, a China conseguiu se destacar entre todos
os outros e se converteu na "fábrica do mundo".
Apesar
do boom econômico, a China luta agora para se descolar dessa função:
quer deixar a manufatura para trás e se tornar um país conhecido
pela inovação.
À
medida que o gigante asiático amadureceu, o crescimento do seu PIB
desacelerou significativamente.
Se
em 2007 era de 14,2%, em 2018 esse percentual de expansão foi
reduzido para 6,6%.
Mas
se olharmos mais para trás, desde 1980, o tamanho da economia
chinesa foi multiplicado por 42.
Até
2030, os economistas estimam que o crescimento do país será
reduzido a aproximadamente um terço do percentual atual.
Mas
ainda assim seria suficiente para superar os Estados Unidos como a
maior economia do mundo.
E as mudanças políticas?
A
despeito do progresso econômico, as reformas trouxeram também
consequências negativas para o país, como a alta desigualdade
social e a grave contaminação do ar em diversas cidades chinesas.
Mas,
segue intacto o rígido sistema de governo de partido único no país
inaugurado com a revolução.
Críticos
e ativistas denunciam uma crescente repressão dos direitos humanos e
uma concentração de poder ainda maior em torno do atual presidente
Xi Jinping, responsável por restringir ainda mais as liberdades da
população.
Desde
que ele aboliu o limite temporal de sua Presidência, no ano passado,
as notícias sobre descontentamentos com o governo cruzaram as
fronteiras chinesas.
Seus
críticos o acusam de concentrar ainda mais o poder e de promover uma
campanha de culto a sua personalidade em nível inédito desde os
tempos de Mao.
O
mandatário também tem estado sob a mira da comunidade internacional
por conta das denúncias sobre sistemas de vigilância massiva da
população, de queixas de trabalhadores por jornadas laborais
desmedidas e de detenções de membros da minoria muçulmana em
campos de detenção na região de Xinjiang.
No
aniversário de 40 anos da "Reforma e Abertura", em
dezembro passado, o mandatário chinês enfatizou a importância da
"liderança" do Partido Comunista Chinês em seu discurso
no Grande Palácio do Povo de Tiananmen, praça de Pequim onde o
Exército reprimiu com violência manifestações a favor de reformas
políticas, deixando um número desconhecido de mortos.
Esse
obscuro capítulo da história recente da China segue sendo um tabu,
como qualquer crítica ao sistema político chinês.
Fonte:
BBC NEWS BRASIL.
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