sexta-feira, 29 de maio de 2020

MARXISMO OCIDENTAL X MARXISMO ORIENTAL



MARXISMO OCIDENTAL X MARXISMO ORIENTAL.
Notas e comentários sobre o livro “O Marxismo Ocidental “ de Domenico Losurdo.


O MARXISMO OCIDENTAL ATACA E CONDENA O MARXISMO ORIENTAL.
O livro do cientista político historiador e filósofo italiano Domenico Losurdo (O Marxismo Ocidental – como nasceu, como morreu, como pode renascer. Boi Tempo. 2018) discute uma interessante abordagem entre os dois tipos de marxismo que deveriam ser um só. Ele critica os marxistas ocidentais por analisarem o mundo num tipo de abordagem eurocêntrica, centrada apenas na visão do desenvolvimento capitalista na Europa (feudalismo > capitalismo > socialismo > comunismo), diferente da abordagem do marxismo oriental, que sem esquecer a luta de classes centra sua abordagem na luta anti-colonial e anti-imperialista. O marxismo ocidental queria excomungar o marxismo oriental, mas acabou sendo excomungado. Ele mesmo se definha e praticamente morre absorvendo parte da doutrina burguesa liberal, se contradiz e acaba concordando com as críticas liberais burguesas ao analisarem as experiências orientais. Os marxistas ocidentais no pós-guerra fria abominaram as experiências soviéticas e chinesas e desta forma sucubem à sua própria interpretação, pois ficaram presos às suas críticas tipicamente liberais burguesas. Dentre estes intelectuais eurocêntricos, o autor cita Perry Anderson (trotskista contra a União Soviética), Hannah Arendt, Michel Foucault, Giorgio Agamben, Antonio Negri, Slavoj Zizek, Max Horkheimer, Althusser, Marcuse, Adorno, Bloch, etc. Perry Anderson foi o primeiro a separar os dois marxismos, ao publicar em 1976, o livro “Considerações sobre o marxismo ocidental” elogiando o ocidental e condenando o marxismo oriental, mas ao fazer isso estava premeditando o seu suicídio. Deve-se reconhecer ao filósofo francês Maurice Merleau Ponty o primeiro a estabelecer as diferenças principais entre os dois marxismos. No Oriente (e na prática em todos os países onde os comunistas conquistaram o poder) o problema prioritário para os dirigentes políticos não era promover a “desintegração do aparelho estatal”, mas outro bem diferente : como evitar o perigo da submissão colonial ou semicolonial e de que maneira superar o atraso em relação aos países industrialmente mais avançados.

O Ocidente ao ganhar a guerra fria, praticamente mata o marxismo ocidental. Existia a visão de que o Ocidente era livre e democrático e o Oriente dominado por ditaduras totalitárias e cruéis. Daí que os marxistas sumiram durante um bom tempo na Europa. E vários marxistas ocidentais assumiram esta visão condenando os regimes orientais. Só agora, os ocidentais estão percebendo as diferenças entre os dois e começando a entender que a luta deveria na verdade, ser uma só.


MARXISMO OCIDENTAL DEFENDE O IMPERIALISMO “DEMOCRÁTICO” QUE IMPÕE DITADURAS E ESCRAVIDÃO NO TERCEIRO MUNDO.
Acontece que os marxistas no Ocidente negaram em suas análises, que as potências capitalistas ocidentais na verdade colocavam em prática políticas discriminatórias imperialistas tão ou pior do que os regimes totalitários. Bastava analisar suas relações com o Terceiro Mundo, com as colônias e semi-colônias e até mesmo dentro de seus próprios países e continentes. Estes países praticavam a escravidão em suas colônias com a maior naturalidade e justificativas aceitáveis. E a escravidão durou séculos, até recentemente. A escravidão é uma prática dominadora repressiva extremamente cruel que discriminava os negros e até povos orientais como seres inferiores ou como animais sem alma ou dignidade. E fazia parte das engrenagens do capitalismo para desenvolver, arrancar mais-valia e lucros extraordinários que por sua vez proporcionava grande impulso à acumulação de capital. No centro do capitalismo, desenvolvimento econômico acelerado, inovações tecnológicas e melhoria das condições de vida da população com as “migalhas” que vinham do Terceiro Mundo; enquanto que na periferia deste a exploração era selvagem, ditatorial e sub-humana. Hitler não faria melhor.

Os próprios liberais burgueses denunciavam esta situação ao longo dos séculos e descobriram as situações mais cruéis e terroristas do mundo. Um deles dizia que o imperialismo britânico mandava para a linha de frente de suas batalhas e guerras, servos e escravos numa quantidade enorme, para servir de contenção das linhas inimigas. Cerca de 50 milhões de africanos e 250 milhões de indianos morreram nessas lutas imperialistas, segundo um historiador britânico conservador A.J.P. Taylor, citado por Losurdo (p.197). Na Bélgica liberal os colonizadores reduziram a população indígena do Congo, de 20-40 milhões em 1890 para 8 milhões em 1911. Porque tratavam as populações de suas colônias como sendo inferiores ou de raças inferiores, portanto sujeitas a qualquer tipo de exploração, com total decisão sobre suas vidas e mortes…. Quando um povo possui a decisão de controlar vida e morte de seus subjugados, é claro que é uma decisão extrema, de controle total….ou seja totalitário, onde se elimina qualquer tipo de liberdade. É O PODER DA ESCRAVIDÃO….

O genocídio americano é considerado o Holocausto mais longo da história da humanidade, também conhecido como “os quinhentos anos de guerra”, quando foram dizimados 95% dos 114 milhões de indígenas americanos do atual território dos EUA e do Canadá. Hitler é um filhote de cachorro em comparação com os "conquistadores da América”. Os americanos usaram de tudo para destruir os nativos americanos : destruição em massa, guerra biológica (disseminando varíola nas roupas dos índios), matando dezenas de milhões de búfalos (base alimentar dos índios), esterilizando as mulheres indígenas (esterilização cirúrgica forçada), proibição de realização de serviços religiosos, etc…. A “solução final” do problema dos índios da América do Norte se tornou modelo para os posteriores Holocausto judeu (Hitler) e o apartheid sul-africano. Hitler se propunha imitar a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, pois pretendia estabelecer as “Índias alemãs” na Europa oriental e promover ali uma expansão colonial semelhante àquela do Faroeste da República norte-americana. Foi ao longo da opressão colonial e racial posta em prática justamente pelos EUA contra os nativos e negros que vieram à tona as palavras que depois se tornariam as palavras chaves da ideologia nazista : ultimate solution/endlosung, (solução final). O império colonial germânico devia ser construído graças ao trabalho forçado dos “indígenas”, dos eslavos praticamente reduzidos à condição de escravos, obrigados a trabalhar para manter o aparato produtivo necessário para a condução da guerra. Com o fim da Guerra de Secessão, os escravos negros foram substituídos pelos coolies, isto é, semi-escravos “amarelos”, provenientes da Índia e China. O expansionismo colonial, conduzido pelos países liberais, implicou a imposição de formas modernas de escravidão ou semiescravidão em detrimento dos povos dominados. Foi por isso que Lênin se referia ao conflito entre as grandes potências capitalistas e colonialistas da Primeira Guerra Mundial como guerra “entre proprietários de escravos para a consolidação e o fortalecimento da escravidão”. Se o que define a escravidão é o poder de vida e de morte exercido pelo patrão, a definição de Lênin mostra-se oportuna: as grandes potências coloniais se atribuíam o poder de vida e de morte sobre os povos que dominavam!

O horror do sistema colonialista decerto não termina com a derrota do Terceiro Reich e de seus aliados. Em vez de citar Argélia e o Vietnã, o autor cita duas tragédias menos conhecidas : Quênia (colônia britânica) e América Latina (quintal dos EUA). Na primeira ele se refere à Revolta dos Mau Mau, nos anos 50 no Quênia, onde o governo de Londres emprega métodos bárbaros para restabelecer a ordem na colônia , tipo campo de concentração de mulheres em Kamiti onde eram chicoteadas, interrogadas, reduzidas à inanição e trabalho forçado que incluia construção de valas comuns para enterrar cadáveres de outros campos de concentração. Na segunda, o autor se refere à América Latina, onde nesta época (anos 1950) se via os EUA instaurando ferozes ditaduras militares, mas também promovendo atos de genocídio, p.ex. como o citado pela Comissão da Verdade da Guatemala se referindo ao destino dos índios Maya, culpados por simpatizarem com opositores do regime apoiado por Washington.


MARXISMO ORIENTAL COMEÇA A INFLUENCIAR POSITIVAMENTE MOVIMENTOS DENTRO DO CAMPO DO MARXISMO OCIDENTAL.
Esse mundo, feito de escravidão, semiescravidão, relações servis de trabalho, formas monstruosas de sujeição, discriminações gritantes e terríveis cláusulas de exclusão ratificadas ou toleradas também no plano legal, depois de ter sofrido os primeiros duros golpes por obra dos jacobinos de
Paris e, sobretudo dos jacobinos negros de São Domingos (onde os escravos tomaram o poder), foi posto em crise apenas pelo movimento comunista, graças à sua ação direta e à influência por ele exercida. É uma influência que se fez sentir no próprio coração da metrópole capitalista, como é o caso dos afro-americanos. Eles eram oprimidos por um regime de white supremacy terrorista no momento em que eclodia a Revolução de Outubro, difusora de um espírito novo entre os povos de origem colonial. Os negros decididos a se libertar do jugo colonial e racial foram se filiando ao Partido Comunista formando um componente essencial deste. Durante os anos da Grande Depressão, do desemprego e da miséria em massa, aumentava a luta contra o regime de white supremacy. A absurda perseguição e discriminação racial contra os negros na América, mobilizou nos anos 1950 um movimento para que a Corte Suprema acabasse com a discriminação. O ministro da Justiça do governo escreveu uma carta à Corte: “A discriminação racial leva água para o moinho da propaganda comunista e suscita dúvidas também entre as nações amigas quanto à intensidade da nossa devoção à fé democrática.” Foi movida por tais preocupações que a Corte Suprema declarou inconstitucional a segregação racial nas escolas públicas. CONCLUSÂO : não é possível compreender o desmantelamento nos EUA do regime de white supremacy (herança tenaz do sistema colonialista-escravista mundial) sem o desafio da Revolução de Outubro e do movimento comunista.

DIFERENÇAS BÁSICAS ENTRE OS DOIS MARXISMOS.
O autor, Domenico Losurdo, também distingue duas diferenças importantes entre os dois marxismos, mas não necessariamente contraditórias. O marxismo oriental tem o foco mais voltado para o futuro em curso ou futuro próximo, mais imediato, na transição pós-capitalista a curto prazo ; enquanto que o marxismo ocidental tem o foco mais importante voltado para o futuro mais remoto e utópico, portanto mais distante no futuro, na concepção mais final do comunismo a longo prazo. Marx e Engels já haviam previsto estes dois aspectos da transição pós-capitalista ou destas duas definições do “comunismo”, que na verdade, são duas fases. Uma fase de curto prazo , intermediária ou “socialista” e uma fase mais avançada ou fase final ou “comunista”. É como se fosse construída uma ponte entre futuro em curso e futuro remoto. Segundo o autor, o marxismo ocidental, se quiser renascer, deve saber construir esta ponte entre estas duas diferentes temporalidades.

Os países que adotaram o marxismo oriental, como a China p.ex., ainda não concluíram a etapa do futuro próximo, ou seja, basicamente a revolução anti-colonial e a destruição do sistema colonialista-escravista mundial. Países centrais desenvolvidos que na verdade são países imperialistas desencadeiam guerras em todos os cantos do mundo, reabilitando explicitamente o colonialismo e o imperialismo e invocando de antemão guerras desnecessárias para silenciar os que ousam desafiar a pax americana. Guerras encadeadas, recentemente contra : Iraque, Afeganistão, Iugoslávia, Síria, inclusive a Palestina, etc. Vários intelectuais do marxismo ocidental apoiavam estas guerras, ao mesmo tempo que proclamavam a realização da utopia de um mundo sem guerras ? Até Zizek faz desdém pela luta anti-imperialista.


O EXEMPLO DO COMBATE AO COVID-19. O combate ao Coronavírus, indica a nível mundial, a importância que cada país proporciona à saúde de sua população. Ficou claro que o Ocidente prefere privilegiar a economia em detrimento da saúde de seu povo – ou seja priorizam os empresários e não a população em geral. Os exemplos estão aí: Itália, EUA, países ocidentais em geral. Enquanto que no Oriente, especialmente os países comunistas como China, Vietnã, Coréia, incluindo Cuba, todos eles priorizaram a saúde da população em detrimento da economia. Também foram muito mais eficientes no combate à pandemia. Tomaram medidas super restritivas para controlar rapidamente a propagação do vírus. E quem dá aval à estas informações é a OMS, organismo da ONU que elogiou as medidas e os resultados dos países do Oriente. Não se pode dizer que eles foram parciais, porque usaram os mesmos critérios para analisar todos os países – China, EUA, França, Vietnã, etc.


OCIDENTE DEMOCRÁTICO E ORIENTE TOTALITÁRIO ?
Hoje seria um absurdo dizer que os países comunistas seriam totalmente autoritários e os países ocidentais seriam totalmente democráticos. Quem conhece a gestão dos países como China e Cuba, sabem que os governos possuem um grande feed back com a população, possuem comitês de bairros e comitês representativos dentro dos partidos...e a prova disso é que 80% da população aprovam as medidas populares de seus governos. Afinal quem tem os níveis mais elevados de educação são estes países e a prova são as avaliações internacionais (que são neutras), tipo PISA da OCDE (avaliam alunos de cursos básicos de 79 países) que colocam os alunos dos países orientais com as notas mais altas.Na última avaliação de 2019, a China está em primeiro lugar nos três níveis (leitura, matemática e ciência) com 555 pontos (leitura), 591 (matemática) e 590 (ciência); os EUA conseguiram 505 (leitura - 13º), 478 (matemática - 38º) e 502 (ciência -18º). A solidariedade entre as pessoas são mais elevadas nestes países e a pandemia do COVID provou isso – voluntários organizavam pessoas em cada conjunto de apartamentos para fazer compras e monitorar os doentes em isolamento. Enquanto que no Ocidente, o individualismo é preponderante. Países orientais ofereceram ajuda com médicos e equipamentos aos países ocidentais (China e Cuba enviaram ajuda à Itália; Vietnã enviou ajuda para a França - que colonizou o Vietnã), enquanto que os EUA confiscavam equipamentos médicos vindos da China que passavam em seu território.
E quem disse que os países ocidentais são totalmente democráticos ? Que democracia é essa em que os políticos são representantes de grandes corporações ? Em que as principais decisões dos governos atendem interesses destes grandes grupos corporativos ? O resultado disso está na distribuição de renda e poder destes países, altamente concentrada nas mãos de uma minoria que controla os governos e toda a economia. Nos países orientais a distribuição de renda é muito mais justa e igualitária e não existe discriminação quanto ao atendimento de serviços essenciais como educação e saúde que são socializados à população em geral, enquanto que nos países ocidentais boa parte da educação e saúde são privatizados e não atendem a maioria.
MAS AS PESSOAS SÃO LIVRES PARA COMPRAR O QUE QUISEREM E FAZER O QUE QUISEREM. SÃO MESMO ? São livres para comprar os produtos que grandes empresas interessadas em aumentar lucro oferecem para você num leque de opções manipuladas pelas grandes empresas de propaganda e publicidade, que também precisam vender. Empresas direcionam produtos com taxas maiores de lucro e boa parte destes produtos são supérfluos e/ou de luxo. As pessoas são estimuladas a consumir produtos que não precisam e não são as melhores opções para elas. Milhões de pessoas consomem produtos que prejudicam sua saúde, aumentam a obesidade e até provocam doenças crônicas. No Brasil a maioria dos alimentos que as pessoas consomem estão envenenados com agrotóxicos que provocam doenças e câncer. Então elas procuram os médicos que receitam remédios que não curam imediatamente mas que você tem que tomar o resto da vida. Farmacêuticas produzem remédios que dão lucro – determinados remédios os pacientes precisam tomar sempre, para manter o nível de vendas e de lucros das grandes farmacêuticas. Por que não produzem remédios que curam de uma vez ? Ou remédios para doenças crônicas que atingem minorias da população ? Por que não dão lucro. O sistema não está interessado em curar nem melhorar a saúde das pessoas – porque estas coisas não dão lucro. AS PESSOAS PODEM FAZER O QUE QUISEREM ? SIM, desde que não prejudiquem o lucro das empresas que dominam o mercado, elegem políticos e mandam no governo, protegidas por leis aprovadas por políticos que elas elegeram.



O EXEMPLO DA CHINA, HOJE O MAIOR PIB DO MUNDO
O Partido comunista chinês, com Mao, promovia uma leitura de “significação” do marxismo, para dar impulso à luta anti-colonial e para um desenvolvimento das fôrças produtivas capaz de possibilitar a realização da independência também no plano econômico e tecnológico, para o rejuvenescimento de uma nação submetida ao colonialismo e ao imperialismo por séculos de humilhações desde as guerras do ópio. Longe de ser negada, a perspectiva socialista e comunista é orgulhosamente proclamada pelos dirigentes da República Popular da China. Sua realização está ligada a um processo histórico muito longo, no decorrer do qual a emancipação social não pode ser separada da emancipação nacional. O marxismo ocidental ainda fustiga o marxismo oriental, não reconhecendo a dependência do condicionamento material (desenvolvimento das fôrças produtivas). Mesma coisa o marxismo ocidental fez com o Vietnã e Cuba. Cuba que hoje faz concessões ao mercado e à propriedade privada, inspirando-se de modo bastante cauteloso no modelo chinês. Cuba luta pela independência econômica e tecnológica e mesmo assim recebe o desdém dos marxistas ocidentais. O marxismo oriental não pode abrir mão de concluir, em todos os níveis, a revolução anticolonial, mesmo apesar dos contratempos e erros eventuais surgidos durante o processo.

A China era um país pobre, com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 150 bilhões e uma população de 800 milhões de pessoas, em 1978. Hoje, são 1,38 bilhão de habitantes e um PIB de US$ 12 trilhões, segundo dados da ONU. Segundo dados do FMI/BANCO MUNDIAL em 2018, a China tinha um PIB de US$13 trilhões e os EUA um PIB de US$20 trilhões. Mas em dólares PPC (paridade do poder de compra) que mede os reais valores das moedas locais (já que o dólar é uma medida cambial e altera os valores dos preços em cada país), a China teria um PIB de US$23 trilhões, o maior do mundo; e os EUA teria um PIB de US$19 trilhões. A partir de 1978, Deng Xiaoping, secretário do PCC inicia o processo de modernização econômica da China, abrindo o mercado para investimentos estrangeiros e permitindo a competição capitalista, aprendendo com as potências estrangeiras, abrindo para o exterior, fomentando novos métodos de gestão. A China desenvolveu aceleradamente suas fôrças produtivas, desde então, crescendo a taxas bem elevadas; no início 20% a.a., depois caindo para 15% e hoje continua crescendo a taxas de 6-8% a.a., ainda elevadas em termos ocidentais. Mas não devemos esquecer que o governo mantém o controle das regras do jogo econômico, possui grandes estatais, poder de polícia e promove investimentos importantes em educação, saúde, pesquisa e tecnologia, infra-estrutura, etc. No início das reformas, anos 1980, mais de 90% dos chineses viviam em condições de pobreza e miséria. Em 2017, apenas 2% dos chineses vivem nestas condições e o governo prometeu acabar com a pobreza neste ano de 2020. O desenvolvimento tecnológico também acelerou, hoje a China registra patentes em quantidade mais de duas vezes maior do que os EUA registram. Em 2014, a China havia alcançado o número extraordinário de 801 mil patentes, metade do total do planeta inteiro, contra apenas 285 mil dos americanos Possui mais pesquisadores PhD que os EUA. Em junho de 2020 a China lançará um foguete que colocará um rover em Marte, sendo o segundo país a fazer isso – os EUA já colocaram 4 rover neste planeta. Também colocou um satélite no lado oculto da lua, nenhum outro país tinham ousado fazer isso.

Obs: sobre a ascensão da China, era Colombiana, governos anti-coloniais e marxismo oriental, veja também o vídeo de Jones Manoel no Youtube:……e outros dele sobre o mesmo assunto.

Daniel Miranda Soares, economista pela UFMG, mestrado pela UFV, ex-professor universitário.