domingo, 15 de novembro de 2020

AS EXPERIÊNCIAS SOCIALISTAS DA CHINA, VIETNÃ E CUBA

 A QUE RUPTURA NOS CONVOCA A CRISE ATUAL DO CAPITALISMO?

Postado em 11/11/2020 9:21 por Rémy Herrera - Economista, investigador do CNRS. Transcrição da videoconferência de 6 de Novembro de 2020 no debate organizado para o centenário do PCF.


As três questões inicialmente colocadas foram:
– Porquê uma ruptura com o capitalismo?
– Porquê a escolha de uma alternativa socialista?
– Que lições podem ser aprendidas da China, Vietnã, Cuba?


Quero agradecer aos organizadores desta iniciativa pelo seu convite para falar, para falar outra vez de socialismo. Trata-se de algo feliz, pois fazem lustros que o PCF renunciou a falar e, na realidade, renunciou de todo ao socialismo. E, pessoalmente, penso que é nomeadamente por causa desta renúncia que o Partido está onde está, ou seja, no ponto mais baixo.


O problema é que, ao abandonar o socialismo – que é uma via, que é uma transição –, o Partido abandonou também a busca do ideal comunista. Daí este estado actual de deriva, ou esta impressão de perdição.

Portanto, confesso que – estou certamente muito satisfeito com esta iniciativa, mas que – me sinto um pouco como padre operário convidado a um concílio do Vaticano, ou um membros dos alcoólicos anónimos convidado a um salão de vinhos e bebidas espirituosas para dizer: “é preciso parar de beber!”. Permitam-me dizer isto a brincar para não ser demasiado desagradável.

Aceitei estar aqui e participar deste debate, não para dividir, mas para contribuir, modestamente, para a unidade daquelas e daqueles que querem falar de socialismo para iniciar uma transição socialista, em ruptura com o sistema no qual vivemos, e no qual vivemos cada vez mais mal.

Este sistema está em crise. Esta crise não data de ontem, ela remonta a pelo menos um meio século, ela é estrutural, grave, mesmo gravíssima, ela é multidimensional. Ela é sistémica, o que quer dizer que o sistema não encontrará solução por si mesmo. O capitalismo declina, o capitalismo degenera e se não se afunda rapidamente é porque o seu Estado o sustém com grande esforço; como foi o caso em 2008 quando a vertente financeira do sistema entrou em colapso, e como ainda hoje acontece com a chamada crise dita “sanitária” e uma economia que vive sob perfusão.

O que estou a dizer é que não haverá saída para o problema sanitário com pessoas que destroem o hospital público; nem saída para o problema financeiro com bancos que continuam a especular. Não haverá solução para o problema ambiental com ecologistas uns mais neoliberais do que outros, tal como não houve solução para os problemas sociais com os social-liberais do PS. E acrescentarei que tão pouco haverá saída para o terrorismo religioso com os mercadores do templo que enfraqueceram a educação nacional e a laicidade, vendendo-a ao sector privado, que além disso é confessional.

O capital jamais encontrará uma solução através da sua lógica interna do lucro, por razões profundas e múltiplas, nomeadamente porque as suas novas tecnologias tendem a poupar muito trabalho humano e a minar a criação de valor, porque o trabalho improdutivo está a ganhar terreno ao trabalho produtivo, porque as contradições do capital exigem uma intervenção estatal que custa cada vez mais caro, mas também porque a acumulação excessiva provém agora sobretudo do capital fictício e porque as finanças encerram todo o sistema numa espiral de destruições, conflitos e guerras que acabam por nos ameaçar a todos com a morte.

É por isso que querer embarcar numa transição socialista não é apenas responder a um espírito de justiça, é responder ao apelo da razão, é mesmo uma questão de sobrevivência para a humanidade, para a ida. E é aí que estamos, camaradas

O socialismo não é apenas uma palavra, é uma luta. Não é um fim, mas um processo de transição, longo, difícil, que pode tomar mil formas no caminho da emancipação, no caminho da libertação do trabalho da dominação do capital. Porque isso é que é o capitalismo, a dominação do capital sobre o trabalho.

Sei que dirão: já se tentou e correu mal. Mas quando exactamente foi tentado o socialismo neste país? Em 1981? Em 1981, o que tivemos foi o mitterrandismo e “a invenção do neoliberalismo de estado”, mas não o socialismo. É o que explico no meu último livro, En Lutte !

E a URSS e a Europa de Leste, não será isso um fracasso? O que vos direi acerca deste assunto é que o capitalismo levou séculos a emergir e a libertar-se do feudalismo, então porque não deveria o socialismo, com uma ambição muito mais bela e muito mais justa, ter direito a um tempo longo? E além disso, será o socialismo o mesmo por toda a parte? Se assim fosse, então teria falhado por toda a parte. Ora, isto não é o caso, não é de todo o caso. Faz-se crer que o socialismo por toda a parte para que os trabalhadores abandonem a luta e se submetam, para que os povos do Norte e do Sul acreditem que não há mais alternativa.



É aqui que as experiências da China, Vietname e Cuba são interessantes para as nossas lutas.

A China é a maior história de êxito econômico do mundo e mesmo da história mundial. Nossos inimigos dizem: China? É o capitalismo! Então deveríamos acreditar neles, repetir isso e atribuir o êxito chinês ao capitalismo? Mas o capitalismo não merece tal elogio! Não, este êxito chinês deve-se principalmente, essencialmente, ao socialismo. Nenhum dos recentes êxitos chineses teria sido possível sem uma luta encarniçada contra o capitalismo, sem um controlo rigoroso por parte dos capitalistas, sem a revolução socialista que começou em 1949, que tirou o povo chinês da miséria e da guerra e que lhe trouxe o progresso social, a educação, a saúde, as infra-estruturas públicas, a independência, a dignidade.

Portanto, permaneçamos modestos – mas não submissos. Os chineses dizem: explora-se uma transição longa ao socialismo. Procuremos compreender, aprendamos, sejamos respeitosos.

Que não haja aqui mal-entendido: a China está longe, muito longe, do ideal comunista; há demasiada desigualdade, demasiados defeitos nesta etapa da transição, que é uma etapa inicial do socialismo. Mas o que é certo é que o povo chinês e seus dirigentes estão lançados na batalha da transição socialista. Como isso acabará? Não sei. Mas é impossível negar sua vontade. A história não está acabada.

Além disso, camaradas, imaginem por um momento a França com propriedade colectiva do solo e subsolo; com a maior parte das grandes empresas industriais como sociedades de estado; com todas as infra-estruturas nacionalizadas; com moeda, bancos, finanças controladas pelo Estado; controlando também o comportamento das transnacionais estrangeiras no território nacional; mais a planificação e, no topo do poder, para supervisionar um Estado super-poderoso, quem? Um Partido Comunista! Imaginem o nosso país organizado dessa forma, ou seja, como a China está agora. Então, o que é que se diria? Que é capitalismo? Estão a brincar! Dir-se-ia: é o socialismo. Nossos inimigos capitalistas diriam mesmo: é o comunismo! Digamos antes que é uma forma de socialismo de mercado, com capitalistas, claro, mas capitalistas estritamente controlados pelo poder político de um Partido Comunista.

A China certamente não é comunista, mas ela está em luta com o capitalismo para tentar dominá-lo. É preciso tentar compreender tudo isso, pensar por nós mesmos e, em primeiro lugar, libertar-se da ideologia dominante, da opressão dos media dominantes, que se tornaram entre nós o primeiro obstáculo à liberdade de expressão.



No Vietnã é aproximadamente a mesma coisa que na China desde o “Doi Moi”, ou seja a renovação do socialismo, um processo de economia de mercado socialista, principiado após os anos muito difíceis do pós-guerra, depois de o exército dos Estados Unidos ter despejado sobre o Vietnã três vezes mais bombas do que todos os beligerantes da Segundo Guerra Mundial somados. E muito recentemente, a maneira notável como o Vietnã soube enfrentar a pandemia do Covid-19 foi aqui, em França, completamente silenciada, com o pretexto de que não era possível, com o pretexto de que os vietnamitas mentem. Mas é o nosso governo que, submetido à finança e em guerra contra todo um povo, que nos mente!

Destas três experiências socialistas atuais, é Cuba que está mais afastada do capitalismo. É lógico portanto que seja contra Cuba que o imperialismo mais se encarniça – impondo-lhe o bloqueio. Sem o socialismo, Cuba jamais teria podido manter-se após a queda da União Soviética. Mas sem a resistência de Cuba, hoje não se falaria mais em socialismo na América Latina. Ora, por toda a parte neste continente latino-americano os povos estão de pé e lutam pelo socialismo. Olhem a Bolívia e a recente vitória do seu povo, magnífica! Dir-se-á: há penúria em Cuba. Mas é o bloqueio imperialista que cria a penúria em Cuba, não o socialismo. Havia de tudo em Cuba antes da queda da URSS. Agora, faltam muitas coisas em Cuba, materialmente, mas a ela não lhe falta certamente espírito de solidariedade. Os italianos sabem-no bem, todos os países africanos e quase todos os países do Sul também o sabem, os que recebem desde há muito tempo os cuidados das missões internacionalistas cubanas. Caros camaradas, Cuba é absolutamente fundamental para nós porque os cubanos provam que é possível resistir.



O que nos ensinam estes três países é portanto:

  • primeiro, que é preciso resistir, mesmo se o imperialismo impõe um bloqueio, mesmo se o imperialismo arrasou o vosso país;

  • a seguir, que há uma alternativa, que esta alternativa chama-se socialismo, que cabe aos Partidos Comunistas assumirem suas responsabilidades;

  • e finalmente que o socialismo permanece actual, que ele deve, que pode mesmo ultrapassar o capitalismo, que não é sinónimo de ineficácia e de penúria, mas de partilha, mesmo de opulência (uma certa opulência, como o desejava Marx, como o desejava Lenine).

Aquilo que é preciso compreender é que o capitalismo está a acabar, que o capitalismo agoniza, que ele vai desencadear uma violência extraordinária contra todos os povos antes de desaparecer e que é o socialismo, a solidariedade, que marcham com a história.

Mas além destas lições importantes, o que é que podemos extrair mais concretamente de tudo isto? As experiências socialistas cubana, vietnamita e chinesa são evidentemente inexportáveis, além de serem imensamente aperfeiçoáveis, em todos os domínios, mas elas nos interessam porque fundem três dimensões chave: a dimensão da emancipação social (anti-capitalista), a dimensão da independência nacional (anti-imperialista) e a dimensão do humanismo igualitário (anti-racista). É a articulação destas três dimensões que define sua respectiva transição socialista, que define seu “projeto comunista”. E mesmo se estas três revoluções, que estão sempre de pé neste momento, têm cada uma dela condições históricas, sócio-economicas e culturais singulares – o que significa que será preciso encontrar, nós, em França, nossas próprias formas de luta, renovadas, adaptadas para serem mais eficazes frente aos desafios atuais –, a análise das motivações profundas destas três revoluções é, a meu ver, útil para nós. As três são, como disse: 1. anti-racistas; 2. anti-imperialistas; 3. anti-capitalistas. O que é que isso significa para nós?



1. O anti-racismo, naturalmente, porque combater o racismo da extrema-direita e do sistema tornou-se uma prioridade absoluta. Mas não ao modo da direita, que ergue comunitarismo hostis entre si; nem como o faz a “nova direita” social-liberal do PS, anti-racista em palavras, mas cuja ações visam neutralizar as lutas populares, sobretudo na cidades, nos bairros. Não, nosso combate contra o racismo não é societal, ele é político, é socio-económico. E passa-se o mesmo com outros combates fundamentais e conexos, o combate pela democracia, pela igualdade homens-mulheres, pela protecção ambiental, que também devem ser colocados no cerne das nossas lutas comuns pelo socialismo. A este respeito, o Islão político, como todos os outros fascismos, não quer de modo algum romper com o capitalismo; pelo contrário, é um aliado e cúmplice do imperialismo. Por isso, também aqui, a escolha do socialismo será para nós o baluarte mais seguro contra todos os fascismos, inclusive o fascismo do islamismo político.

2. O anti-imperialismo, o que quer dizer não só pôr fim à lógica das guerras da OTAN sob a hegemonia dos EUA, mas também libertar-se do jugo europeu. Desejo de todo o coração boa sorte a Fabien Roussel no PCF se ele quiser falar de socialismo permanecendo na zona euro. A União Europeia foi construída precisamente para impedir o socialismo, este era mesmo o seu objetivo primordial. Boa sorte também para Laurent Brun na CGT se ele quiser permanecer na Confederação Europeia de Sindicatos, que é euro-liberal, social-liberal, inteiramente submissa ao capital. Realmente muito boa sorte para ambos se quiserem reformar o irreformável. Enquanto se espera por Godot – esta Europa social que nunca irá acontecer, pela razão de que o quadro europeu tal como existe o proíbe – é a direita e a extrema-direita que ocupam o terreno da contestação que nós decidimos desertar. Pois recordo-vos que o conceito de soberania nacional nasceu nas nossas fileiras (em Valmy). Na verdade, a censura do debate sobre o euro não é apenas antidemocrática, ela é simplesmente suicida. Não reconstruiremos uma perspectiva socialista, ou mesmo moderadamente socialista, sem radicalmente por o euro em causa.

3. O anti-capitalismo. Isso significa a necessidade de romper com o sistema de dominação do capital em última análise, ultrapassada, tornada quase unicamente destrutiva, assassina, mesmo criminosa. A alternativa anti-capitalista é a transição socialista. É a única alternativa razoável. O que quer dizer isto, para nós? Isso quer dizer, mais concretamente:

= serviços públicos fortes, concebidos como condições de cidadania;

    = a planificação, pela aplicação de uma estratégia de desenvolvimento, socialista;

    = o controle da moeda, da banca e dos sectores estratégicos da economia, o que implica portanto nacionalizações, a repensar totalmente em relação às experiências passadas;

    = uma propriedade dos recursos naturais coletiva e a urgência de uma proteção da natureza;

    = formas de propriedade certamente diversas, mas orientadas para a socialização das forças produtivas;

    = uma elevação muito forte dos rendimentos do trabalho, muito mais rápida, com um objectivo de justiça social, uma óptica igualitária;

    = relações exteriores garantindo a troca ganhador-ganhador e fundamentadas sobre a paz;

    = e, naturalmente, uma forma de democracia política ampliada, não fictícia como hoje, mas autêntica, amplamente participativa, tornando possíveis e concretizando as escolhas colectivas estratégicas.

Portanto, juntos, vamos deslegitimar o capitalismo, que promete abundância, mas generaliza a penúria (vê-se o que isso provoca em plena pandemia!). Vamos descredibilizar este sistema capitalista que nos vende felicidade na publicidade, mas que nos empurra para a pior crise desde 1945; que sacraliza a liberdade individual, mas desmantela os nossos direitos, destrói os nossos serviços públicos, empobrece cada vez mais os seres humanos. Desmascaremos este sistema arcaico que fala de democracia mas impõe a ditadura da finança. Camaradas, não se adapta a uma ditadura, combate-se contra ela. A ordem que nos impõe o capital financeiro é, hoje em dia, uma ditadura. Nosso dever imediato de toda e de todos é unirmo-nos para lhe pôr fim.


domingo, 1 de novembro de 2020

 PT  ENVELHECE E ENFRENTA ELEIÇÕES SEM VOTOS E SEM RUMO (Kotscho).

Excelente artigo de Ricardo Kotscho, pequeno, didático e resume tudo em poucas palavras. Explica porque o PT envelheceu e não renovou os seus métodos, sendo engolido por novas tecnologias digitais perversas que dominam eleições em vários países. PT também não renovou suas lideranças e agora enfrenta estas eleições praticamente destruído, sem votos e sem rumo. 

 Abaixo, o artigo de Ricardo Kotscho, publicado em sua coluna do UOL em 30/10/2020.

 

Aos 40 anos, PT chega às eleições envelhecido, sem votos e sem  rumo 

A bordo de velhos nomes e velhas propostas, o Partido dos Trabalhadores chega às urnas em 2020 com remotas chances de eleger prefeitos nas principais capitais do país, como mostram todas as pesquisas. Não dá para brigar com os fatos. Aos 40 anos, o PT envelheceu e está sem rumo, apenas tentando acertar as contas com o passado e glorificar as conquistas dos seus períodos de governo....


Cheguei a essa triste conclusão assistindo terça-feira ao programa produzido pelo partido e exibido nas redes sociais para celebrar os 75 anos de Lula, seu fundador e ainda a principal liderança. Fora os filhos e netos do ex-presidente, a maioria dos personagens que desfilaram na tela está na minha faixa etária, ou seja, não têm muito futuro pela frente. Quem não ficou careca está de cabelos brancos ou grisalhos.... -


A maior prova de que o discurso petista já não empolga é que, ao longo de mais de uma hora de programa, em nenhum momento a audiência chegou a 400 pessoas assistindo no YouTube. Apenas 400 pessoas! Dá para acreditar? Já na eleição municipal de 2016, o PT perdeu dois terços das suas prefeituras e só elegeu o prefeito de uma capital, Rio Branco, no Acre....


Não houve uma renovação de lideranças e de propostas, nada mudou no comando do partido, que só teve dois presidentes nos últimos muitos anos, e hoje lidera as pesquisas apenas em Vitória, no Espírito Santo. Para um partido que venceu quatro eleições presidenciais consecutivas neste século, não basta colocar a culpa na mídia, na Lava Jato e nos adversários para justificar a derrocada....


Algo se rompeu na relação do PT com o seu eleitorado. Os tempos mudaram e as receitas usadas nas antigas campanhas eleitorais também envelheceram, já não empolgam mais.…


Foi-se o tempo dos grandes comícios (e não só por conta da pandemia) e da militância aguerrida, que fazia campanha de porta em porta, carregando suas bandeiras com a estrela por todos as esquinas e grotões do país. Ninguém mais vende a bicicleta, empresta o carro ou falta no emprego para fazer campanha pelo PT.…


Como vimos em 2018, as eleições agora se decidem nos algoritmos da internet, e não mais nos programas na TV; nos memes e nas fake news, e não mais nas propostas de governo; apenas nas altas rodas do poder econômico e não em assembleias de operários e estudantes....


Numa democracia em que os partidos perderam a importância e o respeito, com a multiplicação de siglas de aluguel que têm donos, assim como as novas igrejas, que brotam por toda parte, a sociedade civil cedeu lugar às corporações militares e religiosas, abrindo espaço para as milícias e o crime organizado, cada vez mais influentes....


Esta é a nova realidade da política brasileira, gostemos dela ou não. 

Dia 15 de novembro, as urnas vão provar. 

Vida que segue....


FONTE:......https://noticias.uol.com.br/colunas/balaio-do-kotscho/2020/10/30/aos-40-anos-pt-chega-as-eleicoes-envelhecido-sem-votos-e-sem-rumo.htm?cmpid=copiaecola&fbclid=IwAR2Lvo_OulXfKGBbnBtaU_0O12D0t2kGz67dXMgegQHM5tqYRp-g2-9x428