sexta-feira, 26 de maio de 2023

A SAÍDA PARA ENFRENTAR O NEOLIBERALISMO É PELA INDÚSTRIA

 

A SAÍDA PARA ENFRENTAR O NEOLIBERALISMO É PELA INDÚSTRIA

Indústria é essencial para o desenvolvimento do Brasil, diz presidente da Fiesp

Josué Gomes da Silva afirmou que o setor é essencial para o país ser democrático, inclusivo e menos desigual. BNDES anunciou novas linhas de crédito para o segmento

BRASIL 247.....26 de maio de 2023.

 

(Josué Gomes da Silva está certíssimo. A saída é pela INDÚSTRIA, pelo capital produtivo.  O neoliberalismo é a predominância do capital improdutivo e da especulação financeira e rentismo tendo como guia o mercado “livre” com oligopólios, priorizando rendas de curto prazo em vez de lucros produtivos e  teve como resultado uma regressão social, concentração de renda,, aumento da miséria e da fome, diminuição da classe média em detrimento dos bilionários. Este sistema perverso ainda priorizou conflitos sociais e militares violentos, controle das big techs que propagaram o ódio, valores conservadores e políticas fascistas, incentivando guerras a favor da indústria bélica (a única que cresceu neste período).  A Ásia fez opção pelo capital produtivo e pela industrialização tendo como guia investimentos estatais e planejamento a longo prazo e o resultado nós estamos vendo agora, com a maior distribuição de renda, maior harmonia social sem violência, diminuição da pobreza e melhoria das condições de vida da população, além de maior avanço científico e tecnológico.).

VIDE “A era do capital improdutivo” (Autonomia Literária) de Ladislau Dowbor que diz que o mercado financeiro rende mais que o mercado produtivo e portanto o dinheiro flui para quem rende mais. Os  ganhos improdutivos rendem mais no capitalismo financeiro. Ver no blog :  https://blogdodamirso.blogspot.com/2023/02/a-perversidade-do-mercado-financeiro.html. 

 

 

Agência Fiesp - Em comemoração ao Dia da Indústria, em 25 de maio, a Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), realizaram evento para discutir os caminhos para a reindustrialização do país. A tônica da abertura foi a importância de ter uma indústria forte e pujante para o Brasil se tornar um país desenvolvido.

Em sua fala inicial, o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, fez uma conexão entre os questionamentos que a democracia vem sofrendo, no Brasil e no mundo, e o desalento no mundo ocidental. “Essas últimas três ou quatro décadas de neoliberalismo esgarçaram o tecido social e a classe média perdeu enormemente”, disse Josué, lembrando que o desenvolvimento (e a indústria) migrou para os países asiáticos.

“Só teremos um país democrático, inclusivo, crescendo e com menos desigualdades se recuperarmos a indústria de transformação”, pontuou Josué. Segundo ele, com a pandemia e a guerra da Rússia contra a Ucrânia, Estados Unidos e Europa agora disputam para ver quem vai se reindustrializar mais rápido e como. “O Brasil não pode ficar parado e para trás”, afirmou.

Para a indústria brasileira retomar o protagonismo de outrora, diz Josué, três fatores fundamentais precisam estar no ponto: o sistema tributário, que necessita de uma reforma simplificadora, com a adoção de um Imposto de Valor Agregado (IVA); o câmbio, que está ajustado; e a taxa juros, que está alta demais. Atualmente, está em 8% acima da inflação, mas a taxa é excessivamente elevada há décadas, o que tem inibido o crescimento do país e definhado a indústria de transformação. Para o presidente da Fiesp, esse nível de juros precisa ser “colocado no espelho retrovisor da nossa história”.

Segundo Josué, com o equacionamento dessas questões macroeconômicas, é preciso praticar políticas industriais ativas, como muitos países estão fazendo, para estimular o setor. Ele defende uma indústria digitalizada, baseada em tecnologia inovadora, descarbonizada e integrada às cadeias globais de valor.

Em sua exposição, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, defendeu o papel do banco como indutor do desenvolvimento destacando que a instituição apoiará fortemente a indústria. Ele anunciou que o banco de fomento vai liberar R$ 20 bilhões em crédito para investimentos em inovação no país, com uma taxa de juros de 1,7% ao ano, com dois anos de carência.

Foram anunciadas a abertura de novas linhas de crédito para o segmento. Entre elas, uma de R$ 2 bilhões voltados à exportação, com redução de 61% do spread do banco, e outra de R$ 2 bilhões, que pode chegar a R$ 4 bilhões, para a indústria exportadora ter as mesmas condições de financiamento da agricultura: 7,5% ao ano, com taxa fixa em dólar e dois anos de carência.

O presidente do BNDES afirmou ainda que será disponibilizado para as micro e pequenas empresas, via Sebrae, crédito de R$ 5 bilhões a 6 bilhões com fundo garantidor. “O Brasil precisa baixar o custo do capital” afirmou Mercadante. “O caminho é o BNDES e nós só teremos força se estivermos juntos”, disse.

Já o presidente do Ciesp, Rafael Cervone, destacou em sua fala os entraves estruturais e macroeconômicos que afetam a indústria brasileira, impactam a competitividade e restringem a capacidade de investimento. “O Brasil teimosamente tem perdido oportunidades que precisam ser aproveitadas pelas cadeias produtivas brasileiras”, afirmou.

Para ele, é essencial implementar políticas que favoreçam a competitividade do ambiente de negócios a fim de fazer frente às políticas que vêm sendo adotadas pela União Europeia, Estados Unidos e Ásia. Ele defendeu que a reindustrialização do país seja baseada em tecnologias avançadas em seus processos industriais, transição para a economia verde, alinhada às tendências globais, capacitação, P&D e inovação, além de previsibilidade e segurança jurídica.

 

FONTE:    https://www.brasil247.com/reindustrializacao/industria-e-essencial-para-o-desenvolvimento-do-brasil-diz-presidente-da-fiesp

domingo, 21 de maio de 2023

DISCURSO HISTÓRICO DE LULA NO G-7 EM HIROSHIMA

 

DISCURSO HISTÓRICO PROFERIDO POR LULA NO G-7 EM HIROSHIMA EM 21.05.2023.

 

BRASIL 247.  O presidente Luiz Inácio Lula da Silva proferiu um discurso histórico em Hiroshima, neste domingo, cujos principais pontos abordados foram a reflexão sobre as consequências catastróficas de todos os tipos de conflito, com Hiroshima sendo um cenário propício para essa reflexão, a urgência e necessidade de refletir sobre o risco atual de uma guerra nuclear, que está no nível mais alto desde a Guerra Fria, a constatação de que os mecanismos multilaterais de prevenção e resolução de conflitos já não funcionam como antigamente, a visão de que as armas nucleares não são fonte de segurança, o engajamento ativo do Brasil nas negociações do Tratado para a Proibição de Armas Nucleares, o repúdio veemente ao uso da força, a necessidade de falar da paz e basear soluções duradouras no diálogo, a crítica ao Conselho de Segurança que está paralisado, o destaque para a posição pacífica do Brasil em relação aos seus vizinhos há mais de 150 anos, o reconhecimento da emergência de uma ordem multipolar e a rejeição da ideia de reeditar a Guerra Fria e de dividir o mundo entre Leste/Oeste ou Norte/Sul.

Confira a íntegra:

Hiroshima é o cenário propício para uma reflexão sobre as catastróficas consequências de todos os tipos de conflito. Essa reflexão é urgente e necessária. Hoje, o risco de uma guerra nuclear está no nível mais alto desde o auge da Guerra Fria.; 

Em 1945, a ONU foi fundada para evitar uma nova Guerra Mundial. Mas os mecanismos multilaterais de prevenção e resolução de conflitos já não funcionam.;  O mundo já não é o mesmo. Guerras nos moldes tradicionais continuam eclodindo, e vemos retrocessos preocupantes no regime de não-proliferação nuclear, que necessariamente terá que incluir a dimensão do desarmamento.;

As armas nucleares não são fonte de segurança, mas instrumento de extermínio em massa que nega nossa humanidade e ameaça a continuidade da vida na Terra.;  Enquanto existirem armas nucleares, sempre haverá a possibilidade de seu uso.;

Foi por essa razão que o Brasil se engajou ativamente nas negociações do Tratado para a Proibição de Armas Nucleares, que esperamos poder ratificar em breve. Em linha com a Carta das Nações Unidas, repudiamos veementemente o uso da força como meio de resolver disputas. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia.;  o mesmo tempo, a cada dia em que os combates prosseguem, aumentam o sofrimento humano, a perda de vidas e a destruição de lares.

Tenho repetido quase à exaustão que é preciso falar da paz. Nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo. Precisamos trabalhar para criar o espaço para negociações.;

Também não podemos perder de vista que os desafios à paz e à segurança que atualmente afligem o mundo vão muito além da Europa. Israelenses e palestinos, armênios e azéris, cossovares e sérvios precisam de paz. Yemenitas, sírios, líbios e sudaneses, todos merecem viver em paz. Esses conflitos deveriam receber o mesmo grau de mobilização internacional. ; No Haiti, precisamos agir com rapidez para aliviar o sofrimento de uma população dilacerada pela tragédia. O flagelo a que está submetido o povo haitiano é consequência de décadas de indiferença quanto às reais necessidades do país. Há anos o Brasil vem dizendo que o problema do Haiti não é só de segurança, mas, sobretudo, de desenvolvimento.

O hiato entre esses desafios e a governança global que temos continua crescendo. A falta de reforma do Conselho de Segurança é o componente incontornável do problema.;  O Conselho encontra-se mais paralisado do que nunca. Membros permanentes continuam a longa tradição de travar guerras não autorizadas pelo órgão, seja em busca de expansão territorial, seja em busca de mudança de regime. Mesmo sem conseguir prevenir ou resolver conflitos através do órgão, alguns países insistem em ampliar a agenda do Conselho cada vez mais, trazendo novos temas que deveriam ser tratados em outros espaços do sistema ONU. O resultado é que hoje temos um Conselho que não dá conta nem dos problemas antigos, nem dos atuais, muito menos dos futuros.; 

O Brasil vive em paz com seus vizinhos há mais de 150 anos. Fizemos da América Latina uma região sem armas nucleares. Também nos orgulhamos de ter construído, junto com vizinhos africanos, uma zona de paz e não proliferação nuclear no Atlântico Sul.

Testemunhamos a emergência de uma ordem multipolar que, se for bem recebida e cultivada, pode beneficiar a todos.

A multipolaridade que o Brasil almeja é baseada na primazia do direito internacional e na promoção do multilateralismo.

Reeditar a Guerra Fria seria uma insensatez.

Dividir o mundo entre Leste e Oeste ou Norte e Sul seria tão anacrônico quanto inócuo.

É preciso romper com a lógica de alianças excludentes e de falsos conflitos entre civilizações.

É inadiável reforçar a ideia de que a cooperação, que respeite as diferenças, é o caminho correto a seguir.

Muito obrigado.   

 

FONTE:  https://www.brasil247.com/poder/lula-faz-discurso-historico-pela-paz-mundial-em-hiroshima

 

sexta-feira, 19 de maio de 2023

PATRIOT CONTRA KINJAL

 

PATRIOT  CONTRA   KINJAL. 

A SUPERIORIDADE MILITAR RUSSA (MÍSSEIS HIPERSÔNICOS KINJAL) CONTRA OS EUA (MÍSSEIS PATRIOT) FOI PROVADA AGORA (EM 16 DE MAIO DE 2023) NA BASE ANTI-AÉREA DA OTAN EM KIEV, UCRÂNIA.

 

O IMPÉRIO TENTA, DESESPERADAMENTE, ABAFAR O INADIÁVEL: A PERCEPÇÃO PÚBLICA DA MANIFESTA INFERIORIDADE DA TECNOLOGIA MILITAR DOS EUA FACE À DOS INATINGÍVEIS HIPERSÓNICOS RUSSOS ... as consequências são devastadoras para o império. Lá se vai a supremacia que permitia manter o império sob coação ... é o momento dos povos se libertarem !

As balas de alta velocidade atingem cerca de 1000m por segundo ... pense numa tecnologia para interceptar uma dessas balas ... parece difícil ? Agora imagine como será possível interceptar um míssil hipersónico russo, que possui capacidade defensiva para alterar a sua trajetória balística e que viaja a velocidades maiores que 2500m por segundo, várias vezes superior à das balas de alta velocidade ... Parece muito, muito mais difícil fazer a intercepção ... ESTA É A ACTUAL VANTAGEM MILITAR RUSSA QUE INIBE O IMPÉRIO DE EXECUTAR UM ATAQUE DIRECTO À FEDERAÇÃO RUSSA OU AOS SEUS ALIADOS.

Esta é a principal vantagem que permitiu a Federação Russa terminar com a ofensiva do império na Ucrânia, a partir de 2014, cuja proximidade de Moscovo (centro de decisão política) tornava-se um perigo de morte, inaceitável para uma potência nuclear como a Rússia.

Tal como na história da humanidade, esta alteração da vantagem militar corresponde à queda de impérios, o que aconteceu, por exemplo, entre a idade do cobre e a idade do ferro.

O fim do império está mais que determinado ... a referida vantagem militar já está presente nos principais actores do mundo multipolar: China, Federação Russa, Irão ... (e até a Coreia do Norte já dispõe desta tecnologia).

Cada vez que o império sair em defesa das suas possessões abusivas irá assistir a derrotas estrondosas ... O medo mantinha o império e esse medo agora esfuma-se ... iremos assistir, cada vez mais, aos actuais vergonhosos vassalos (como a França e a Alemanha) a "roerem a corda" aos EUA e a fazerem acordos com o mundo multipolar.

A mudança será extremamente rápida.

Então manifestar-se-á o principal problema dos EUA, o problema interno ...

 

FONTE:  Francisco Salpico que publicou em sua página do Facebook, citando um artigo da revista francesa Reseau Internacional.     VEJA EM BAIXO A REPORTAGEM DA REVISTA.

 

PATRIOT CONTRA KINJAL DE ACORDO COM IZVESTIA

por Izvestia

 

As forças armadas russas destruíram o complexo antiaéreo americano Patriot em Kiev com o impacto de um míssil hipersônico "Kinjal".

Durante o ataque, a defesa aérea ucraniana usou várias dezenas de mísseis Patriot, SAMP-T, IRIS, NASAMS e S-300, mas não conseguiu impedir o ataque russo.

Além da Divisão Patriot, várias posições de outros sistemas de defesa aérea foram destruídas.

Especialistas observam que as forças armadas de RF usaram táticas de combate aos sistemas de defesa aérea americanos, desenvolvidos nos anos 90. Depois de muitos anos, eles provaram sua eficácia no campo de batalha.

O Patriot System, que foi entregue à Ucrânia, é uma das primeiras versões transportadas em caminhões-reboque, disse o especialista militar Alexei Leonkov ao Izvestia . – Sua peculiaridade é que ocupa uma determinada área de posição de cerca de dois por dois quilômetros. Outra característica é que tinha oito lançadores, embora geralmente fossem dois ou três por bateria. Vimos uma tentativa desesperada do Patriot de abater o "Kinjal", que voava em sua direção. Eles usaram toda a sua munição. 32 mísseis voaram, mas não atingiram o alvo. Como resultado, o “Kinjal” destruiu o coração deste Patriot – o radar e o centro de controle. E tornou-se inútil.

“ Não vou entrar em detalhes, mas forçamos o Patriot a entrar em ação ”, explicou. “ Assim, a área de posicionamento onde o Patriot estava localizado foi descoberta e um ataque Kinjal foi lançado sobre ela. »

Isso prova que o radar Patriot foi incapaz de determinar a aproximação do Kinjal. E foi só quando ficou claro que o Kinjal já estava indo na direção deles, que eles começaram a revidar.

Mas o Patriot não pode derrubar um Kinjal. 32 mísseis é uma despesa muito grande. Isso indica a total ineficácia do Patriot americano em comparação com o complexo hipersônico russo.

 

Fonte: Izvestia via Bruno Bertez

 

https://reseauinternational.net/patriot-contre-kinjal-selon-izvestia/?fbclid=IwAR0zZGkv1QuLj_iG6G2IsNXGVHfDOuWSZ6ss4_XgkbCgtKs20HxRjjBJExc

 

 


 

quarta-feira, 17 de maio de 2023

POLÍTICAS SOCIAIS NÃO MUDAM A CABEÇA DO POVO. Frei Betto

 POLÍTICAS SOCIAIS MUDAM A CABEÇA DO POVO?
 
Frei Betto
Le Monde Diplomatique
Maio 2023


       Minha resposta à pergunta acima é não. Em setenta anos de União Soviética, o povo foi beneficiado com direitos que o Ocidente ainda não conquistara. Homens e mulheres desempenhavam os mesmos trabalhos e tinham igual remuneração. Já na década de 1920, 600 mulheres ocupavam cargos similares ao de prefeita, enquanto na maioria dos países ocidentais elas nem tinham direito a voto.
       A União Soviética foi o primeiro país da Europa a apoiar direitos reprodutivos, em 1920. As mulheres detinham plena autoridade sobre seu corpo.[1] O ensino escolar era gratuito, inclusive a pós-graduação. Os estudantes recebiam do poder público livros didáticos e material escolar.[2] Também o sistema de saúde era inteiramente gratuito. O número de usuários de drogas era extremamente baixo e os poucos que conseguiam entorpecentes o faziam através de turistas que contrabandeavam para dentro do bloco.[3] Foram os soldados que ocuparam o Afeganistão, no fim da década de 1980, que infestaram de drogas os países do bloco soviético.
       Apesar de tudo, a União Soviética colapsou sem que fosse disparado um único tiro. O povo deu boas-vindas ao capitalismo. Hoje, a Rússia é um dos países onde a desigualdade social é mais alarmante.
       O socialismo soviético não fez a cabeça do povo em prol de uma sociedade solidária. Do mesmo modo, o Estado de bem-estar social, predominante na Europa “cristã” até ruir o Muro de Berlim, não fez a cabeça do povo.

      Antonio Candido dizia que a maior conquista do socialismo não se deu nos países que o adotaram, e sim na Europa Ocidental, onde o medo do comunismo levou a burguesia a ceder os anéis para não perder os dedos.
     Findo o socialismo, a burguesia ergueu os punhos e revelou sua verdadeira face: prevalência dos privilégios do capital sobre os direitos humanos; repúdio aos refugiados; privatização dos serviços públicos; alinhamento à política belicista dos EUA.
 
Governos do PT
 
       O Brasil conheceu 13 anos de governos do PT que asseguraram à população de baixa renda vários benefícios: Bolsa Família; salário mínimo corrigido anualmente acima da inflação; Luz para Todos; Minha casa, Minha vida; Fies; cota nas universidades; redução drástica da miséria, da pobreza e do desemprego; aumento da escolaridade etc.
       No entanto, Dilma Rousseff foi derrubada sem que o povo fosse às ruas defender o governo. E Bolsonaro foi eleito presidente em 2018. Em 2022, perdeu para Lula pela diferença de apenas 2 milhões de votos, de um total de 156 milhões de eleitores.
 
Freud e Chomsky
 
       Segundo Freud, “a massa é extraordinariamente influenciável e crédula, é acrítica, o improvável não existe para ela. (...) Os sentimentos da massa são sempre muito simples e muito exaltados. Ela não conhece dúvida nem incerteza. Vai prontamente a extremos; a suspeita exteriorizada se transforma de imediato em certeza indiscutível, um germe de antipatia se torna um ódio selvagem. Quem quiser influir, não necessita medir logicamente os argumentos; deve pintar com imagens mais fortes, exagerar e sempre repetir a mesma fala. (...) Ela respeita a força, e deixa-se influenciar apenas moderadamente pela bondade, que considera uma espécie de fraqueza. Exige de seus heróis fortaleza, até mesmo violência. Quer ser dominada e oprimida, quer temer os seus senhores. No fundo, inteiramente conservadora, tem profunda aversão a todos os progressos e inovações, e ilimitada reverência pela tradição.”[4]
       Quem faz a cabeça do povo é o capitalismo, que exacerba nosso lado mais individualista e narcisista. E promove 24h por dia a deseducação da sociedade ao estimular o consumismo, a competitividade, a ambição de riqueza, o “salve-se quem puder”.
       Noam Chomsky[5] enumera os recursos do sistema para evitar a consciência crítica: o entretenimento constante (vide a programação de TV); disfarçar os abusos como necessidades, como o aumento das tarifas dos transportes (“Medidas que são, na verdade, prejudiciais à população por favorecer os interesses escondidos de uma minoria, passam a ser implantados como se fossem garantir benefícios em comum”); tratar o público como criança e manter a consciência infantilizada; fazer a emoção prevalecer sobre a razão; manter o público na ignorância e na mediocridade, como a linguagem cifrada utilizada nas matérias sobre economia; autoculpabilização (sou o único responsável por meu fracasso ou sucesso); convencer que a grande mídia sabe mais do que qualquer pessoa etc. São o que Chomsky denomina as “armas silenciosas para guerras tranquilas”.

 
       O PT governou por quatro vezes os municípios de Maricá (RJ) e Ipatinga (MG), assegurando grandes benefícios às suas populações. Em 2022, Bolsonaro venceu nos dois turnos nas duas cidades.
       Isso significa que é real o risco de a direita voltar à presidência da República em 2026. Por mais benefícios que o governo Lula venha a garantir ao povo brasileiro. Qual é, então, a saída? Como evitar que isso venha a ocorrer?

 
Educação política

 
        Só há uma alternativa: intenso e imenso trabalho de educação popular, pelo método Paulo Freire, utilizando dois recursos preciosos que o governo dispõe, a capilaridade e o sistema de comunicação. Capilaridade seria adotar a pedagogia paulofreiriana na formação dos agentes federais em contato com os segmentos mais vulneráveis da população, como saúde, IBGE, Embrapa etc. Por que não incluir no Bolsa Família, que atende mais de 21 milhões de famílias, uma terceira condicionalidade, além da escolaridade e da vacina? Seria a capacitação profissional. Além de propiciar qualificação aos beneficiários, de modo a que possam produzir a própria renda, as oficinas de capacitação seriam pelo método Paulo Freire. Mulheres que se inscreverem para se capacitarem em oficinas de culinária e costura, por exemplo, aprenderiam esses ofícios segundo o método que desperta consciência crítica.


 A rede de comunicação do governo federal
       O outro recurso é a EBC – Empresa Brasileira de Comunicação -, poderoso sistema de comunicação em mãos do governo federal, desde a “Voz do Brasil”, ouvida diariamente por 70 milhões de pessoas.
       A TV Brasil, Canal 2, rede de televisão pública, conta com 50 afiliadas em 21 estados. Em 2021, ficou entre as 10 emissoras mais assistidas do país. O sistema de rádio EBC engloba 9 emissoras próprias em 2 estados e no Distrito Federal. A EBC dispõe do maior sistema de cobertura nacional de rádio, com 14 rádios afiliadas. A Rádio Nacional é uma rede de emissoras da EBC. É formada pelas seguintes emissoras: Rádio Nacional do Rio de Janeiro (alcance em todo o território nacional por transmissão via satélite); Rádio Nacional de Brasília; Nacional FM (Brasília); Rádio Nacional da Amazônia (sede em Brasília, mas programação voltada para a região Norte); Rádio Nacional do Alto Solimões (Tabatinga, AM); e as Rádios MEC e MEC FM (Rio de Janeiro).
       A comunicação do governo federal dispõe ainda da Radioagência Nacional, agência de notícias que distribui áudios produzidos pelas emissoras próprias da EBC e emissoras parceiras. Segundo a estatal, mais de 4.500 emissoras de rádios utilizam os conteúdos da Radioagência. E a Agência Brasil, focada em atos e fatos relacionados a governo, Estado e cidadania, alcança 9,19 milhões de usuários por mês.
       Há ainda o Portal EBC, plataforma na internet que integra conteúdos dos veículos (Agência Brasil, Radioagência Nacional, Rádios EBC, TV Brasil, TV Brasil Internacional) da Empresa Brasil de Comunicação e da sociedade em um único local.
       A EBC, além de gerenciar as emissoras públicas federais, também é responsável pela formação da Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP). A RNCP visa estabelecer a cooperação técnica com as iniciativas pública e privada que explorem os serviços de radiodifusão pública. Atualmente, a rede conta com 38 emissoras espalhadas por todo o país.  
    Dentro da política da RNCP, a EBC pode solicitar a qualquer tempo canais para execução de serviços de radiodifusão sonora (rádio FM), de sons e imagens (televisão) e retransmissão de televisão por ela própria ou por seus parceiros. São as chamadas Consignações da União. Atualmente, 13 veículos são operados dessa forma em todo o país: TV Brasil Maranhão, com o Instituto Federal do Maranhão; TV UFAL, com a Universidade Federal de Alagoas; TV UFPB, com a Universidade Federal da Paraíba; TV UFSC, com a Universidade Federal de Santa Catarina; TV Universidade, com a Universidade Federal do Mato Grosso; e TV Universitária, com a Universidade Federal de Roraima.
       Imagina o leitor ou a leitora toda essa rede voltada para o despertar da consciência crítica do público. Basta para isso mudar a chave epistemológica, passar da lógica analógica, que apenas se foca nos efeitos dos problemas sociais, à lógica dialética, centrada nas causas dos problemas sociais.
       Quando vemos na TV campanhas em favor de quem tem fome, em geral aparecem indicações de locais de coleta de alimentos e doações de cestas básicas. Em nenhum momento o noticiário levanta as perguntas: por que há pessoas com fome? Por que não têm acesso aos alimentos? É natural que haja abastados e famintos? Como superar essa desigualdade?
       Há muito a fazer para conscientizar, organizar e mobilizar o povo brasileiro.
Recursos existem. E há vontade política por parte de Lula e da Secretaria Geral da Presidência da República, monitorada pelo ministro Márcio Macedo. Faltam apenas maior empenho, produção de material para os veículos de comunicação social e verba para que o governo disponha de uma rede de educadores populares de, no mínimo, 50 mil pessoas!

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       Frei Betto é escritor e educador popular, autor de “Por uma educação crítica e participativa” (Rocco) e, com Paulo Freire, “Essa escola chamada vida” (Ática), entre outros livros. Livraria virtual: freibetto.org
 

REFERÊNCIAS:
[1] Abortion, Contraception, and Population Policy in the Soviet Union, David M. Heer.
[2] A Geography of Russia and its Neighbors", do geógrafo Mikhail S. Blinnikov
[3] Arquivo da CIA: The USSR and Illicit Drugs: Facing Up to the Problem.
[4] Psicologia das massas e análise do eu, 1921.
[5] Mídia – propaganda política e manipulação, São Paulo, Martins Fontes, 2013.