domingo, 6 de fevereiro de 2011

EUA sempre apoiaram ditaduras como a do Egito

EUA sempre apoiaram ditaduras como a do Egito

Em nome de seus interesses, americanos usaram regimes autoritários para liderar

Osmar Freitas Jr., do R7 em Nova York

- Os Estados Unidos não têm amigos. Têm interesses.

Com esta sentença de brutal sinceridade, o ex-secretário de Estado americano, Henry Kissinger, resumiu a “ópera” da política externa de seu país. O ditador egípcio Hosni Mubarak é exemplo ainda vivo dessa filosofia.

Mubarak foi apoiado como faraó supremo pelos governos americanos dos últimos 30 anos. Entrou em 1981 no palácio de governo com suporte entusiasmado do presidente Ronald Reagan (dois mandatos), passou por George H. Bush, Bill Clinton (dois mandatos) e George W. Bush (dois mandatos).

Durante todo esse tempo, Hosni “era o cara”, pelo menos no Oriente Médio.Mas passou dessa condição à de incomodo infeccioso, agora, durante a administração Barack Obama. Já não é amigo: faz mal aos interesses dos EUA.

É importante lembrar que o presidente Barack Obama escolheu justamente o Egito para fazer, em 2009, seu importante discurso de conciliação com os muçulmanos do mundo. Era, então, hospedado por um ditador que, como seus pares no resto da região, alimenta ódios , miséria, ignorância e radicalismo político na população.

Medo é repetir os erros do passado

Nem dois anos se passaram desde a fala de Obama, e a preocupação com a imagem - e os interesses - americanos junto às populações árabes forçam pedidos de renúncia ao ditado ex-amigo.

A secretária de Estado Hillary Clinton pede, em tom cada vez mais aflito, que "seja feita uma transição pacífica, ordeira, respeitando princípios de autodeterminação e que levem à democracia".

O medo é o de que se repitam os desastres do passado, quando ditadores amigos dos americanos, foram depostos na marra e substituídos por gente definitivamente contra os interesses do país.

O xá do Irã, Reza Pahlavi, vem à mente. Ele caiu em 1979 e deu lugar ao regime dos aiatolás islâmicos, que governam o país até hoje e têm os EUA como inimigos.

Mas como o xá iraniano, há uma fileira enorme de semelhantes. Um deles foi Anastásio Somoza – “dono” da Nicarágua, de 1967 a 1979 até que uma revolta socialista o colocou para correr e trancou as portas para os americanos. Outro, mais famoso, foi Fulgencio Batista, o ditador de Cuba, derrubado em 1959 por Fidel Castro e sua revolução, que ainda vivem às turras com Washington.

E a lista de tiranos apoiados ou colocados no poder pelos EUA - alguns retirados sem muitos desastres, como o regime militar brasileiro, que recebeu sinal verde americano em 1964 - é muito extensa e vergonhosa para caber nesse espaço.


Veja os regimes autoritários apoiados pelo EUA

05/02/2011 atualizado em 05/02/2011, R7.COM

IRAQUE. O ditador iraquiano Sadam Husseim foi difamado, caçado e até derrubado pelos EUA, mas no passado os arqui-rivais foram parceiros, uma vez que os americanos temiam as a ascensão da Revolução Islâmica na região, que acabaria derrubando a monarquia autocrática pró-Ocidente. Saddam também era a favor do antigo regime iraniano

IRÃ. Com apoio americano e britânico, o xá do Irã, Reza Pahlavi, foi progressivamente se tornando um governante tirano. Os EUA fechavam os olhos para sua ação implacável contra a oposição do clero xiita e dos defensores da democracia, até que islamitas, comunistas e liberais promoveram a Revolução Iraniana de 1979, expulsando Pahlavi. Na foto, o xá (direita) aparece com o presidente americano Richard M. Nixon (esquerda)

EGITO. Hoje os EUA pressionam para que o presidente egípcio Hosni Mubarak (na foto com George W. Bush) deixe o poder, após 30 anos, mas até pouco tempo o líder contava com o total apoio americano. O regime Mubarak é sinônimo ao combate contra o islamismo radical na região, apoio à Israel e controle do Canal do Suez (importante para o escoamento de petróleo)

CUBA. A benção americana ao cubano Fulgencio Batista aconteceu em um clássico contexto de Guerra Fria: um governante tirânico e corrupto, contra o terrível comunismo, e benevolente com os planos capitalistas americanos para a ilha. Mal imaginavam que o período de abundância fosse acabar, justamente, pelas mãos de dois revolucionários comunistas

BRASIL. Telegramas trocados entre a embaixada brasileira em Washington e a Casa Branca na véspera do golpe militar, em 30 de março, mostram que o governo norte-americano estava disposto a intervir em auxílio às forças amigas no Brasil; John Kennedy chegou a financiar campanhas de candidatos governistas brasileiros

CHILE. Em 1973, as Forças Armadas do Chile - com expressivo apoio dos EUA - organizaram um golpe para depor o presidente com aspirações socialista, Salvador Allende. Em seguida, Augusto Pinochet estabeleceu um dos mais violentos regimes ditatoriais latino-americanos. Na foto, o presidente George H. W. Bush cumprimenta Pinochet em Santiago

NICARÁGUA. Anastásio Somoza Debayle, o “dono” da Nicarágua de 1967 a 1979, sucedeu seu pai , que foi o fundador de uma dinastia de ditadores, com o apoio dos EUA, que dominou a Nicarágua durante 43 anos. Na foto, Debayle estava no exílio em Miami

ARÁBIA SAUDITA. O relacionamento mais próximo dos EUA com a Arábia Saudita começou após a Guerra do Golfo, em 1991, quando se instalaram militarmente no país islâmico para monitorar uma zona de exclusão do Iraque. Os sauditas vivem em um sistema monárquico, sem espaço oposição política, onde as mulheres são submetidas a limitações para viajar, trabalhar e até estudar. Na foto, rei Abdullah bin Abdul Aziz se trata em hospital de Nova York

Berlusconi apóia Mubarak.

Tags: Julian Assange, Hosni Mubarak, Nobel da Paz, Praça Tahrir, Vladimir Putin, Wikileaks, Silvio Berlusconi, Egito

Por: Flavio Aguiar

Em meio a rumores, dúvidas e gente indecisa sobre que rumo tomar na crise, afinal surgiu um líder de visão clara e afinada com princípios e fins: numa reunião de cúpula da União Européia, na sexta-feira passada, 4 de fevereiro, em Burxelas, o primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi reafirmou sua confiança em Hosni Mubarak, seja para continuar no poder até setembro, seja para até lá conduzir uma transição democrática. Chamando o ditador egípcio de "homem sábio", Berlusconi foi mais longe. Para não correr o risco de ser mal interpretado, deixou claro que suas palavras não implicavam necessariamente o desejo de que Mubarak se eternizasse no poder, mas sim incluíam a possibilidade de que seu sucessor fosse "alguém como ele".

Noam Chomsky em entrevista a Página 12
Los Estados Unidos están siguiendo su libreto habitual. Ha habido muchas veces en las que un dictador “cercano” perdió el control o estuvo en peligro de hacerlo. Hay como una rutina estándar: seguir apoyándolo tanto tiempo como se pueda; cuando se vuelva insostenible –especialmente, si el ejército se cambia de bando–, dar un giro de 180 grados y decir que siempre estuvieron del lado de la gente, borrar el pasado y después hacer todas las maniobras necesarias para restaurar el viejo sistema pero con un nuevo nombre. Presumo que eso es lo que está pasando ahora. Están viendo si Mubarak se puede quedar. Si no aguanta, pondrán en práctica el libreto.

Mubarak es uno de los dictadores más brutales del mundo. No sé cómo después de esto alguien pudo haberse tomado en serio los comentarios de Obama sobre los derechos humanos. Pero el apoyo ha sido muy grande. Los aviones que están sobrevolando la plaza Tahrir son por supuesto estadounidenses. EE.UU. es el principal sostén del régimen egipcio. No es como en Túnez, donde el principal apoyo era Francia. Los Estados Unidos son los principales culpables en Egipto y también Israel, que junto con Arabia Saudita fueron los que prestaron apoyo al régimen cairota. De hecho, los israelíes estaban furiosos porque Obama no sostuvo más firmemente a su amigo Mubarak.

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