sábado, 12 de agosto de 2023

A monstruosidade do imperialismo francês na África atual

 

COMO A FRANÇA AINDA MANTÉM 14 COLÔNIAS NA ÁFRICA ?

A monstruosidade do imperialismo francês na África atual

Transcrevemos a seguir texto do documentário “Como a França mantém 14 colônias na África?” do H1 Capital, divulgado nas redes sociais. Como podemos ver pelo texto, o imperialismo francês não fica devendo nada ao imperialismo americano e ao imperialismo britânico em termos de crueldade, assassinatos, golpes militares, discriminação racial, escravidão e desrespeito aos direitos humanos.

Os autores do documentário se surpreendem com a crueldade e monstruosidade com que a França ainda mantém 14 nações africanas da zona do Sahel, desde a década de 1960 (quando Charles de Gaulle oferece “independência” às suas colônias africanas) em troca do controle econômico político e social total, ganhando com isso lucros exorbitantes sob este domínio e como este domínio representa muito para a economia francesa, estimando-se que cerca de metade do PIB francês atual tem origem nestas explorações. Sem estas colônias a França seria a 15ª economia mundial ao invés de ser a segunda da Europa. Uma em cada três lâmpadas da França vem da energia do urânio explorado nestas colônias, para gerar energia nuclear que representa 75% de sua energia total. Também controla o sistema monetário destes países que não possuem moeda própria – a França gerencia e controla o Franco CFA, moeda colonial que criou para controlar a economia destas pobres nações e assim retém 70% das reservas internacionais destas ex colônias, cerceando a soberania nacional destes países.   Todo este esquema de dominação que existe desde a década de 1960 é mantido com muita repressão, perseguição política, assassinatos e golpes de Estado. Portanto neste texto, damos conta de como o imperialismo francês não é muito  diferente do imperialismo americano e inglês  que possuiam desde o séc. XIX mais poder econômico-militar-político que os países mais fracos do Terceiro Mundo sendo capaz de sugar suas riquezas e impedir o desenvolvimento destes. Pode-se considerá-lo  um dos mais cruéis da história. Veja o texto original a seguir.

 



 

 A França tem um dos maiores impérios que o mundo já viu. Em seu auge dominou cerca de 10% da área terrestre do planeta. Mas aqui na África algo muito mais diabólico ocorre até os dias de hoje. Estas 14 nações africanas ainda permanecem presas à um tipo de neocolonialismo francês e compartilham entre si uma moeda do período colonial conhecida como Franco CFA, sistema monetário no qual a França mantém total controle. Mas como funciona este poder de influência que a França utiliza para explorar estas nações africanas e porque é tão difícil estas nações se libertarem deste domínio?  Em meados da década de 1950 e 60 a África e a Ásia estavam passando por movimentos anti-imperialistas. A França pós-guerra sofria com um império decadente.  O então presidente da França  Charles de Gaulle concedeu a independência às suas colônias africanas a partir de 1959. Mas para que cada colônia pudesse conquistar sua independência de forma amigável a França exigiu acordos de cooperação. Em troca da ajuda francesa nas áreas militar educação e economia, estas nações deveriam ceder à França o direito sobre seus recursos naturais, permitir a presença de tropas militares francesas e manter o Franco CFA como moeda corrente.  Na época esta moeda era atrelada ao franco francês e hoje ao euro e é uma moeda estável. Na teoria parecia ótimo pois permitiria a estabilidade econômica destas humildes nações, mas por trás desta benevolência francesa permitiria uma armadilha que iria perpetuar sobre elas o domínio imperialista  francês.  Neste jogo de interesses seria impossível que os países africanos fossem beneficiados, pois o esquema foi pensado de forma detalhada para manter as ex-colônias num sistema neocolonialista parasitário que até aqui tem se mostrado muito lucrativo para a França. Como parte do acordo os países do franco cfa são obrigados a depositar 50% de suas reservas internacionais no Tesouro Nacional Francês e mais 20% em passivos financeiros franceses e apenas 30% de suas reservas permanecem em seus domínios. Ou seja os países do Franco CFA só tem acesso a apenas 30% de seu próprio dinheiro. A exploração francesa sobre suas ex-colônias da África ficou mais evidente com as declarações do ex-presidente francês Jacques Chirac, que disse: “Temos que ser honestos e reconhecer que grande parte do dinheiro em nossos bancos, vem justamente da exploração do continente africano.”  Outro ex-presidente da França, François Mitterrand  acrescentou: “Sem a África, a França não teria história no século XXI.”.

O Franco CFA é dividido em duas moedas intercambiáveis. O Franco CFA Ocidental  utilizado por 8 países: Benin, Burkina Fasso, Guiné Bissau, Costa do Marfim, Mali, Niger, Senegal e Togo.  Enquanto o Franco CFA Central é utilizado por 6 países: Gabão, Chade, Congo, Rep. Centro Africana, Guiné Equatorial e Camarões.

Apesar de ser moeda diferentes, possuem a mesma estrutura e o mesmo valor de câmbio e ambas são impressas e supervisionadas pelo Banco Nacional da França. Com a sua moeda atrelada ao Euro, os 14 países membros do Franco CFA não possuem autonomia e soberania sobre sua própria economia e suas políticas econômicas como taxa de juros por exemplo são conduzidas por decisões do Banco Central Europeu e isso gera enormes distorções macroeconômicas, pois a dinâmica da economia de nações tão humildes  é totalmente diferente da realidade das nações européias desenvolvidas.  Como resultado    os países da zona do franco CFA  encontram mais dificuldade para avançar em seus índices de desenvolvimento econômico e social. Desde 1994 o crescimento econômico dos países membros do franco CFA tem girado em torno de 1,5% a.a. Mesmo para os padrões africanos este desempenho econômico é considerado muito baixo, embora para os defensores do modelo isto ajuda a controlar os índices de inflação, o fato é que os países membro do franco CFA são mais pobres que seus vizinhos. A exploração monetária destas nações garantiu à França uma enorme vantagem estratégica para exercer o seu domínio e impor a sua influência. Mas isto não é o suficiente para os franceses pois a França tabalha diuturnamente para que suas ex colônias africanas sejam eternamente colônias. Este intenso instinto colonial francês sobre estas ações é conhecido como Françafrique que consiste em uma forma de influência altamente predatória da França sobre estes países da África. Mesmo sendo países independentes estão umbilicalmente ligados à França que se utiliza de seu poder com o mais puro estilo colonialista para explorar os recursos naturais destas nações e impedir qualquer possibilidade de rompimento.  A França vendo que não poderia evitar a independência destas nações estabeleceu acordos pacíficos de forma a não perder a sua influência  e principalmente não perder o acesso aos preciosos recursos naturais de suas colônias como o petróleo, urânio, diamantes, ouro, minério de ferro e muitos outros. O acordo proposto por Charles de Gaulle  proporcionou a independência das colônias francesas da África e visava formar um grupo de países  membros da comunidade francesa mas deixava claro sobre os riscos que cada colônia corria se tentasse contrariar os interesses da França. O então líder da república da Guiné Ahmed Sékou Touré disse que preferia que seu país fosse pobre na liberdade ao invés de rico na escravidão. O governo da França ficou ofendido com a audácia de Touré e fizeram tudo o que puderam para sabotar o governo da Guiné: primeiro canceleram a pensão dos veteranos de guerra que haviam lutado pela França, em seguida destruíram toda a infra estrutura do país  e depois inundaram toda a sua economia com notas falsas da moeda guineense e isto gerou uma catástrofe financeira na recém fundada nação da Guiné e provocou impasses econômicos que é refletido até hoje. Este era um claro recado da França a qualquer um dos países que quisessem seguir o seu próprio caminho iria enfrentar a fúria da França. Em 1963 Sylvanus Olympio primeiro ministro do Togo foi assassinado alguns dias antes de lançar uma moeda independente de seu país.  Outros assassinatos, golpes de Estado iriam se tornar quase que frequente em vários países da zona de influência da França.  Desde a década de 1960 a França já realizou mais de 40 intervenções militares em suas ex colônias africanas. Desta forma muitas das ex colônias da África ficaram presas ao imperialismo francês, pois a França treinou, instigou centenas de traidores e eles são ativados quando a França precisa promover outro golpe de Estado ou criar uma situação de instabilidade política na África. Assim que tem algum interesse seu ameaçado por algum líder de suas ex colônias a França se apressa em neutralizar a ameaça e na primeira oportunidade patrocina ditadores fantoches  intimamente familiarizados com as elites francesas e comprometidos a serem leais aos interesses da França. Com o apoio político a ditadores a França mantem o seu domínio colonial que garante lucros inestimáveis a empresas ligadas ao governo francês. Além disto  estatais francesas estão estrategicamente posicionadas para explorar os recursos energéticos que são fundamentais para a economia da França como o petróleo e o urânio. Como consequência em muitas ex colônias francesas todos os principais ativos econômicos estão nas mãos dos franceses, por exemplo na Costa do Marfim empresas francesas possuem e controlam todos os principais serviços públicos como água, eletricidade, telefone, transporte e grandes bancos. Todos estes setores estão fortemente dominadas por empresas privadas ou estatais francesas. Com boa parte de suas riquezas sendo saqueadas pela França, os problemas econômicos e sociais dos países do franco CFA são devastadores.  Este infinito ciclo de pobreza leva à fuga de cérebros que imigram para a França e outros países ricos. E mais uma vez isto impacta no desenvolvimento destes países pois nenhuma nação poderá prosperar se suas melhores mentes estiverem fugindo de sua pátria. Embora a França venha explorando a África por tanto tempo talvez este destino esteja reservando algo melhor para estas pobres nações africanas. Cada vez mais estes abusos estão sendo levados a público por pessoas influentes da política internacional .

Em 2019 o então vice primeiro ministro da Itália Luigi di Maio acusou a França de colonizar a África e criar refugiados. “Se a França não tivesse as suas colônias africanas, porque é assim que elas deveriam ser chamadas, seria a 15ª economia do mundo, ao invés disto  está entre as primeiras, precisamente por causa do que faz na África.”  

A atual primeira ministra da Itália, Giorgia Meloni, também fez críticas públicas aos problemas sociais que a França cria na África: “A solução não é levar africanos para a Europa, a solução é libertar a África de certos europeus que a exploram.”

Neste sentido a França vem perdendo espaço e estes exemplos expõem a França ao mundo que até a pouco tempo não tinha conhecimento desta monstruosidade. Como uma nação rica a França possui um Produto Interno Bruto de 3 trilhões de dólares e sua economia é a segunda mais importante da União Européia. Mas sem a exploração africana estima-se que a sua economia seria reduzida pela metade.  Ou seja a manutenção de sua economia como uma das mais importantes do mundo é fruto de ameaças, de ingerência política, golpes de Estado e escravidão de 14 nações pobres. Desde 1930 o franco CFA foi introduzida nas colônias francesas africanas e é a última moeda remanescente do período colonial, mas os países membros do Franco CFA  estão desenvolvendo uma moeda de nome ECO para substituir o franco CFA. A França deixará de gerir a moeda mas continuará a manter a conversibilidade para o euro como câmbio fixo. A nova moeda está sendo planejada para ser introduzida até o ano de 2027 . Porém como os franceses fazem parte desta nova construção monetária a grande dúvida que resta é porque não sabemos se a França está realmente interessada em proporcionar autonomia econômica pra estes países ou se esta é mais uma armadilha da França para continuar efetuando seu domínio colonial sobre estas pobres nações africanas.

 

FONTE: https://www.youtube.com/watch?v=dr3PUdSMPpQ

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