sábado, 2 de abril de 2011

Bolsonaro: a cepa de 1964 segue viva em 2011

Bolsonaro: a cepa de 1964 segue viva em 2011



Não deve ser negligenciada a coincidência entre o aniversário dos 47 anos do golpe militar de 1964 e o vomitório homofóbico-racista despejado pelo deputado Jair Bolsonaro (PP), nas últimas semanas.


Em entrevistas e declarações a diferentes veículos, ele adicionou mais algumas pérolas a sua robusta coleção de ataques aos direitos humanos, cujo usufruto, na visão sombria de mundo desse ex-capitão reformado do Exército brasileiro, deveria ser vetado aos negros, aos homossexuais, os índios, os comunistas, socialistas, os pobres e, possivelmente, também, aos deficientes físicos.



Bolsonaro tinha apenas 12 anos de idade quando ocorreu o golpe que instaurou a ditadura militar de 1964. Mas sua formação na Academia de Agulhas Negras ocorreu exatamente durante os anos de chumbo, tendo deixado a carreira em 1988 (fim do regime) para se transformar no único parlamentar brasileiro que defende abertamente o golpe de abril de 1964.



Bolsonaro tem sido tratado pela mídia conservadora como uma excrescência. Um ponto fora da curva. Um excesso. Um palavrão deselegante na narrativa garbosa do conservadorismo nativo em nosso tempo. De fato, o deputado professa de forma desabrida e truculenta um relicário de anticomunismo, racismo, elitismo, defesa da tortura (hoje em interrogatório de presos comuns...) e mesmo da pena de morte.



Na campanha presidencial de 2010, certos alinhamentos ganharam vertiginosa transparência como acontece sempre que se decide o passo seguinte da história. Bolsonaro se alinhava ao pior da campanha do candidato Serra tentando sedimentar uma imagem de terrorista e abortista para a então candidata Dilma Rousseff. Num comício de Dilma no Rio, o homofóbico parlamentar pendurou três faixas em postes da Cinelândia. "Dilma, ficha suja de sangue"; "Dilma, cadê os 2,5 milhões de dólares roubados do cofre do Adhemar” e "Lula, vá para o Mobral. Dilma, para o Bangu Um".



Bolsonaros, Fleurys, Erasmos Dias, Curiós, Virgílios, Agripinos, Rodrigos Maia, ACMs netos, Índios da Costa e Carlos Lacerdas nunca prosperam num vazio de conteúdo histórico. Em certos momentos, como agora, incomodam à elite conservadora ao personificarem com alarido e crueza as linhas de passagem que promovem o aggiornamento, para os dias atuais, dos interesses e valores que fizeram o golpe de 32 em SP; o golpismo que levou Getúlio ao suicídio em 54, a tentativa de impedir a posse de JK em 56, a quartelada contra a posse de Jango em 62, a ditadura 64 e a tentativa de impeachment de Lula em 2005.



Saul Leblon - Carta Capital









Cresce a mobilização contra Bolsonaro na internet  (02/04/2011)

Petições on-line, páginas no Facebook e comentários no Twitter ganharam força e alimentam a polêmica em torno dos comentários racistas e homofóbicos feitos pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) em um programa de televisão. O deputado já ouviu críticas de líderes religiosos e políticos.

Por causa de suas declarações, cinco representações por quebra de decoro parlamentar já foram protocoladas na corregedoria-geral da Câmara. Hoje, a página no Facebook "Protesto contra Bolsonaro" tinha 25.858 membros às 12h45. Há 24 horas, eram cerca de 3 mil integrantes.



Já no Twitter, as hashtags #Bolsonaro e #forabolsonaro estavam no topo da lista dos trending topics Brasil, que cita os assuntos mais comentados na rede. Ontem, o assunto ficou entre os mais comentados do mundo no microblog.



Mino Carta: como os jornais imploraram pelo golpe militar de 64



O jornalista Mino Carta afirmou em entrevista ao programa "Provocações", da TV Cultura, que os donos de veículos de comunicação do país apoiaram o golpe militar de 1964. Em conversa com o apresentador Antônio Abujamra, na atração que foi exibida na noite desta terça-feira (29/3), o criador e diretor de redação da revista CartaCapital afirmou que a mídia impressa apoiou o golpe militar de 1964.

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