segunda-feira, 22 de abril de 2013

Petrobrás no Vale do Aço


Petrobrás no Vale do Aço
Daniel Miranda Soares (*)

Publicado no Diário do Aço em 21/04/2013. Aqui revistado e ampliado.

A Petrobras é um orgulho para o cidadão brasileiro. A Petrobras nasceu de um movimento nacionalista muito legítimo, na década de 1950, chamado “o petróleo é nosso” que ganhou força com a criação da estatal por Getúlio Vargas, em 1953. Vargas suicidou em 1954, justamente num clima de pressões criadas contra a criação da Petrobras, instigada pelo governo americano com a ajuda da imprensa brasileira “entreguista”.

Parece que esta imprensa  é até hoje contra a Petrobras: a maior parte da grande imprensa brasileira e alguns políticos ligada a ela, como os tucanos que quase a privatizaram durante o governo FHC, quando as ações estatais da empresa correspondiam a apenas 1/3 do total. O governo Lula recuperou a empresa e seus investimentos e hoje estas ações já correspondem a mais da metade do capital da empresa.

A Petrobras no dia 17/03/2013 divulgou seu aguardado plano de negócios para o período 2013-2017, apontando manutenção do nível de investimentos e da produção de petróleo e gás, no valor total de US$ 236,7 bilhões. A Petrobras prevê ainda dobrar a produção interna das refinarias brasileiras (construindo mais três) até 2020. É um volume extraordinário de investimentos, um dos maiores do mundo e o maior do setor petroleiro.

A Petrobras anunciou (dez/2012) um novo modelo de indução ao desenvolvimento dos fornecedores do segmento de petróleo, gás natural e naval – os Arranjos Produtivos Locais (APLs), que preveem a concentração de indústrias no entorno dos empreendimentos da Petrobras – começará a ser implantado a partir de 2013, com a meta de apresentar os primeiros resultados concretos até o fim do atual governo. Este modelo, dos APLs,  tem eficácia comprovada há décadas em países como Cingapura, Malásia, Taiwan e Coréia do Sul.
O Prominp - Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural, foi criado em 2003 com o objetivo de maximizar a participação da indústria nacional fornecedora de bens e serviços, na implantação de projetos de investimentos do setor de petróleo e gás natural no Brasil e no exterior. O Prominp (Ministério das Minas e Energia), mostra aumento do conteúdo local médio no Brasil em 2012, para cerca de 77%. Em 2011, o índice ficou em 75,1%; em 2010, em 74,6% e, em 2009, em 74%. O ano de 2012, portanto, deve mostrar uma aceleração do índice, de acordo com o Prominp.
A meta principal do Plano de Desenvolvimento de APLs para o Setor de Petróleo, Gás e Naval é ampliar, a preços competitivos, a capacidade de oferta da indústria nacional frente às demandas da cadeia produtiva. Para isso, serão utilizados diversos instrumentos de apoio já existentes, como convênios ABDI-MDIC; programas da Petrobras, do BNDES (P&G, Inova-Petro e Política de Entornos) e outros instrumentos.

É aqui que entra o Vale do Aço. O projeto faz parte do Plano Brasil Maior e do Prominp e prevê a implantação, em até um ano e meio, de seis grandes fornecedores-âncora em torno de cada uma das cinco regiões precursoras definidas pelo governo: Rio Grande-São José do Norte (RS), Ipatinga-Vale do Aço (MG), Ipojuca-Suape Global (PE), Maragogipe-São Roque (BA) e Itaboraí-Conleste (RJ). O Prominp e o Plano Brasil Maior promoveram a oficina de trabalho de lançamento dos APLs para o Setor de Petróleo, Gás e Naval, no dia 26 de fevereiro, em Brasília, deste ano.

Em janeiro de 2013, o jornal Estado de Minas já anunciava a inclusão do Vale do Aço no Prominp: os investimentos para atender a indústria naval começaram quatro anos atrás, resultando num grupo de 10 empresas da cidade que passaram a abastecer os estaleiros de portas, calhas de amarras, mastros e balaustradas, etc. Agora, a intenção é ir além da cadeia naval, participando do fornecimento de equipamentos submarinos.

Segundo o Diário do Aço de 18/04/2013: foram assinados acordos entre o APL Vale do Aço e o NCE NODE, cluster norueguês (do setor naval) e entre o Senai Ipatinga e Nortran (centro de treinamento norueguês). O acordo tem apoio do MDIC e do Prominp. O presidente da Fiemg Regional Vale do Aço, Luciano Araújo, relatou que o lançamento do Plano de Desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local (APL) metalomecânico no Vale do Aço, em parceria com o Mdic, Prominp, Fiemg e Sindimiva é exatamente para reinventar e trazer um novo momento para a região. O convênio aproximará 230 indústrias da região de 58 empresas norueguesas para a troca de experiências e tecnologias, cujo objetivo é gerar novos negócios e mercados como fornecedores da cadeia produtiva da Petrobrás.

*Daniel Miranda Soares é economista e EPPGG, mestre pela UFV.

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