COMO O DÓLAR ACELEROU A HEGEMONIA ECONÔMICA E MILITAR DOS EUA COM O RESTO DO MUNDO.
Textos do documentário “1971: o ano em que os EUA escravizaram a humanidade”.
Excelente documentário, em linguagem simples e fácil de entender ele explica como os EUA, aproveitando e abusando de sua situação econômica vantajosa depois da 2ª GM, quando detinha metade do PIB do planeta, impõe regras ao mercado financeiro mundial e a partir daí controla a sua moeda de forma a direcionar o mercado internacional a seu favor, concentrando riqueza econômica, poder político e a geopolítica mundial , na chamada “era de ouro do capitalismo” (1945-1970), e aumentando bastante o seu poderio militar. É claro que este período termina, mas a partir dos anos 1980 o império continua dominando o mundo e aumentando suas contradições internas e externas. Veja o documentário “1971: O Ano em que os EUA Escravizaram a Humanidade” produzido pelo site Inteligência Visionária no Youtube, no seguinte endereço
Fonte : https://www.youtube.com/watch?v=sDCzp6HoWV4
1971 não foi apenas mais um ano, foi o ano em que correntes invisíveis prenderam a humanidade, eu e você. E ainda estamos acorrentados num sistema de servidão imperceptível e que impacta nossas vidas até hoje. Naquele ano aconteceu uma mudança completa no funcionamento da sociedade. Fomos escravizados e sequer percebemos que um único país sempre esteve por trás de tudo isso. Para entender como tudo começou precisamos voltar um pouquinho no tempo.
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1945 o mundo estava em ruínas físicas morais econômicas. Depois do fim da Segunda Guerra Mundial a Europa estava devastada e endividada. Era preciso reconstruir tudo. Enquanto isso, muito graças à proteção dos oceanos, os Estados Unidos era o maior credor do mundo e estava sentado no trono de país mais rico e poderoso de todos os tempos, metade do PIB mundial, metade da riqueza do planeta estava em suas mãos. Eles possuíam 75% das reservas de ouro do mundo. Só que antes mesmo de acabar a guerra em 1944, 44 países se reuniram numa pequena cidade dos Estados Unidos, Bretton Woods , ali nasceu uma Nova Ordem Mundial, um sistema que parecia prometer estabilidade, mas que já carregava em seu DNA um germe de dominação.
As moedas do mundo seriam atreladas ao dólar a uma taxa de câmbio fixa e o dólar ao ouro sob um lastro fixo de 35 dólares por onça Troy. Na teoria isso garantiria confiança e equilíbrio no sistema financeiro internacional. E por um tempo funcionou durante os 30 anos seguinte que ficaram conhecidos como “a era de ouro do capitalismo”. Crescimento econômico, emprego, desenvolvimento massivo de novas tecnologias, dos Estados Unidos à Europa Ocidental passando até por partes da América Latina e do Leste asiático. O mundo prosperava sob as regras de Bretton Woods..
Mas havia uma rachadura invisível nesse sistema, um vício de origem que o economista belga Robert Triffin foi um dos primeiros a prever. Sua descoberta ficou conhecida como dilema de Triffing em uma aula feita para o Congresso americano, ele profetizou que o sistema tinha uma falha..... “se você quer crescimento do comercio e da produção para evitar o desemprego e tudo o mais você tambem precisa do crescimento da oferta de dinheiro. Para haver mais comercio voce precisa de mais dinheiro e para que haja mais comercio internacional voce precisa de mais dinheiro internacional. E se as reservas globais nâo continuassem crescendo com base no déficit dos EUA o mundo enfrentaria uma deflação global, esse era um lado do dilema. O outro lado do dilema era se o crescimento das reservas globais dependesse de um volume adequado de deficit dos EUA o dólar começaria a enfrentar uma serie de problemas e os EUA não seria mais capazes de converter as crescentes pilhas de dolares estrangeiros em pilhas cada vez menores de ouro em Fort Knox.”
Então uma armadilha estrutural do sistema Breton Woods foi exposta, era um jogo impossível: ou os Estados Unidos salvavam o sistema ou salvavam a si mesmos e eles é claro escolheram a segunda opção. O ex-presidente da França, Charles de Gaulle, fez um discurso indignado, chamando o sistema de um escândalo, um país que podia comprar o mundo imprimindo papel Um privilégio exorbitante que transformou os Estados Unidos em deuses monetários e o resto do planeta em reféns da sua dívida externa.
Eu sei que parece confuso entender tudo isso mas para compreender melhor esse privilégio exorbitante é necessário entender como funciona a conta corrente de um país, a conta corrente é o registro de todas as transações financeiras que um país realiza com os demais. Tirando os detalhes, basicamente mede o quanto o país importou e exportou no geral. Países que tem déficit na conta corrente, via de regra são pobres ou considerados em desenvolvimento justamente porque o país tem que se endividar para cobrir os déficits. A exceção à regra é justamente os Estados Unidos eles podem possuir uma base de déficits astronômicos e mesmo assim manter a saúde econômica do país firme e forte.
“Na maioria dos paises pobres do Sul Global, o padrão de vida dos trabalhadores cai porque eles não conseguem mais pagar pelas importações então suas moedas se desvalorizam em relação ao dolar. Mas os EUA estão comprando suas importações em sua própria moeda. Se os EUA quisessem comprar carros estrangeiros, petróleo ou qualquer tecnologia que queiram agora , os EUA podem simplesmente imprimir dólares para importar esses produtos e então exportar inflação para o resto do mundo. Esse é o privilégio exorbitante do dólar americano”
Isso na prática mostra que a economia dos Estados Unidos viveu e está vivendo na verdade da riqueza produzida por outras economias ao redor do mundo. Esse foi um dos motivos que a partir dos anos 1980 levaram os Estados Unidos a se desindustrializar e exportar suas fábricas para o mundo. A ideia era produzir onde os salários eram mais baixos e consequentemente conseguir importar tudo que consumiam bem mais barato. Isso beneficiou muitos americanos e eles desfrutaram demais do seu privilégio exorbitante. Financiaram guerras, pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias militares e espacial que os empurraram para o topo dos países mais desenvolvidos do mundo. Tudo pelo privilégio de imprimir dinheiro e exportar inflação.
Só que em 1971 os Estados Unidos tinham reservas de ouro em Fort Knox equivalente a 10 bilhões de dólares, mas havia cerca de 60 bilhões de dólares circulando no mundo. isso quer dizer que o número de dólares em circulação era muito maior do que o equivalente em ouro, ou seja uma situação complicada e que colocaria em risco a existência do sistema que eles montaram em Bretton Woods e por consequência acabaria com seu privilégio exorbitante.
Só que os Estados Unidos tinham uma carta na manga para lidar com esse problema. Era 15 de agosto de 1971 e naquela noite de domingo o presidente Richard Nixon apareceu na televisão sem consultar aliados, sem aviso prévio, ele simplesmente quebrou o acordo de Bretton Woods, anunciou o fim da convertibilidade do dólar em ouro e ainda teve a cara de pau de chamar a medida de solução temporária contra especuladores.
Então o mundo acordou no dia seguinte sem padrão ouro sem âncora. Mas ao contrário do que se esperava o sistema não colapsou porque todos os países já estavam presos ao dólar como vicio em uma droga, sabiam que estavam sendo explorados mas não conseguiam se libertar, existe um truque ainda mais engenhoso quase invisível aos olhos da população, um truque que transforma até a exportação de petróleo brasileiro em uma máquina de financiar o império norte-americano. Funciona assim quando a Petrobras, para usar ela de exemplo, vende petróleo, ela recebe em dólares mas esses dólares não ficam com ela por muito tempo, pois para pagar salários fornecedores e impostos no Brasil ela precisa convertê-los em reais. É aí que o jogo começa, ela vende os dólares para um banco brasileiro, o que geraria uma tendência de valorização no real, esse banco por sua vez repassa os dólares ao Banco Central que não quer que o real se valorize demais pois isso prejudicaria as exportações brasileiras. Lembre-se quanto maior o dólar melhor é o cenário para exportadores brasileiros, então o Banco Central aplicando sua política monetária, compra esses dólares, mas ele também não vai deixá-los mofando em uma conta, então ele os reinveste, adivinha onde? nos títulos da dívida americana. Em outras palavras o Brasil vende petróleo e o dinheiro volta para financiar o governo dos Estados Unidos. É claro que isso foi um exemplo simplificado, mas isso realmente acontece, isso é o que o economista Michael Hudson chamou de sistema do almoço grátis.
Os Estados Unidos importam bens, exportam dólares e recebem de volta investimentos nos seus próprios títulos da dívida que servem dentre várias coisas para financiar seu altíssimo orçamento militar . Assim, segundo Michael Hudson, “havia um novo meio de controlar o mundo e abandonar o ouro, na verdade, consolidou o dominio americano, porque ao forçar outros Bancos Centrais a não comprarem mais ouro, o que restava para eles? Tudo o que podiam fazer era reciclar os excedentes de dólares que estavam recebendo, comprando títulos do Tesouro dos EUA porque é isso o que os Bancos Centrais compram. Eles compram títulos públicos.”
Eles fazem isso com o mundo inteiro especialmente com o Japão, porque todos os países estão presos nessa dependência do câmbio flutuante, um círculo vicioso que faz o resto do mundo trabalhar, exportar e suar para manter o privilégio de uma única nação e se você acha que o processo de dominação estadunidense resume a isso você está profundamente enganado .
A escravidão não atingiu só os países pobres apesar de até 1971 os Estados Unidos verem seu país progredir insanamente e formar uma classe média minimamente decente , mas atualmente o povo comum virou servo de um sistema invisível desde 1971, a produtividade disparou mas os salários estagnaram, o preço das casas subiram absurdamente, o 1% mais rico abocanhou quase todo o crescimento econômico enquanto o americano médio se afundava em dívidas , aluguel, planos de saúde e desesperança, apenas os ricos passaram a ficar mais ricos .
Thomas Piquet escreveu: "Quando a taxa de retorno do capital supera o crescimento da economia, a desigualdade aumenta inevitavelmente. “
E é exatamente isso que vemos, crescimento para poucos, estagnação para muitos, escravidão silenciosa.
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FONTE:
https://www.youtube.com/watch?v=sDCzp6HoWV4
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