sábado, 22 de dezembro de 2012

O preço do imobilismo

O preço do imobilismo

Em artigo exclusivo para o 247, Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, denuncia a covardia da sociedade brasileira diante da escalada autoritária promovida por meios de comunicação, Poder Judiciário e oposição; Lula e Dilma são os alvos mais visíveis, mas todos estão em risco quando poucos se levantam contra o golpismo que está em marcha
22 de Dezembro de 2012  

Por Eduardo Guimarães, exclusivo para o Brasil 247
A cada dia diminui a margem de manobra para reagir ao avanço dessa direita latina cuja bocarra de presas afiadas e baba raivosa há muito entortou pelo uso crônico do mais escancarado golpismo. E é sob essa reflexão que, a convite do Brasil 247, escrevo este artigo exclusivamente para aquele que vem se revelando um dos espaços de notícias e debates políticos mais dinâmicos da internet. 

Vimos assistindo, impassíveis, a um tribunal de exceção se instalar e condenar políticos sem provas enquanto parte daquela Corte se desmanchava em discursos politizados – ou politiqueiros – com o objetivo escancarado de criminalizar um partido político, deixando no ar a impressão de que a qualquer momento pediriam que fosse colocado na ilegalidade.

Dia após dia, vemos o maior líder político do país – e um dos maiores do mundo –, o qual deixou seu governo de oito anos com aprovação vibrante da quase totalidade dos brasileiros, ser tratado pela grande imprensa como se fosse um criminoso condenado, com insultos pesados – não críticas, insultos – sendo publicadas por grandes meios de comunicação como se fossem receitas de bolo.

Em São Paulo, a direita midiática, encastelada no governo do Estado há quase 20 anos, monta um exército ensandecido que sai executando bandidos à vista de todos, praticamente institucionalizando a pena de morte no Brasil, e os criminosos decidem reagir. Eclode, então, uma guerra civil em que a população tomba como pinos de boliche enquanto o Estado mais rico da Federação mergulha em um virtual Estado de Sítio. E ninguém diz um A.

Por diferença de 1 voto, o Supremo Tribunal Federal manda a Constituição Federal para o inferno e invade as prerrogativas do Poder Legislativo. E essa maioria precária daquela Corte que comete esse feito se dá ao desfrute de fazer ameaças de prisão ao presidente da Câmara dos Deputados ao melhor estilo de qualquer republiqueta ditatorial bananeira.

O governo federal anuncia uma medida cujo benefício para a sociedade ninguém de posse de suas faculdades mentais negaria, a redução da conta de luz para consumidores residenciais e empresas, e essa medida é sabotada pela oposição midiática, onerando em centenas de milhões de reais os cofres públicos. E ninguém faz nada contra essa agressão à sociedade.

Poderia ficar escrevendo uma lauda após a outra sem parar, mas nada do que estou dizendo é novidade para alguém. Nem, tampouco, o fato de que partidos, sindicatos, movimentos sociais e autoridades que se propõem a ser a voz da sociedade violam esse dever e se calam, calando, assim, a todos os que neles acreditaram quando esperaram, um dia, que fossem a sua voz.

Então você, reacionário distraído, perguntará como é que me arvoro em porta-voz da sociedade. Não me arvoro coisa nenhuma, a sociedade vem sendo sondada e os resultados dessas sondagens mostram que ela está desaprovando o processo totalitário que a cúpula do Judiciário e a mídia estão conduzindo de braços dados.

Ou você não se lembra de que, sob fogo cerrado, o PT, no processo eleitoral de 2012, tornou-se o partido que mais recebeu votos no Brasil? 
Ou você não se lembra de que, há menos de uma semana, dois dos quatro maiores institutos de pesquisa de opinião do país mostraram que Lula, o alvo principal dessa artilharia, enquanto é tratado pela mídia como criminoso condenado continua sendo apoiado por uma parcela esmagadoramente majoritária da sociedade que ignora escancaradamente a artilharia midiática?

Ou você não se lembra de que nessas mesmas pesquisas, em contraste com o aumento da popularidade de Lula, de Dilma e, consequentemente, do PT, o nível de desconfiança na imprensa disparou?

Eis por que, leitor, afirmo que a sociedade está indignada com mídia, oposição e Judiciário por conta do que essas forças hoje discricionárias estão perpetrando contra a democracia. E o que é que a sociedade recebe dos que prometeram representá-la? Deram vazão à sua voz? Não, acovardaram-se miseravelmente. E o pior é que não pagarão sozinhos um preço desse imobilismo que terá que ser pago.

 

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