terça-feira, 2 de outubro de 2012

Hobsbawm: “Diga ao Lula para seguir lutando pelo Brasil”


Lula: "Foi uma honra ser contemporâneo e conviver com Hobsbawm"


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou nesta segunda-feira (1º) uma mensagem a Marlene Schwartz, viúva do historiador Eric Hobsbawm, que morreu nesta segunda-feira em Londres, aos 95 anos. Um dos intelectuais mais influentes da segunda metade do século 20, Eric Hobsbawm elogiou e incentivou publicamente o governo Lula em várias ocasiões. Para o ex-presidente, o historiador foi “um dos mais lúcidos, brilhantes e corajosos intelectuais do século 20”.


Leia abaixo a mensagem na íntegra:
São Paulo, 1° de outubro de 2012

Prezada Senhora Marlene Schwartz

Acabo de receber, com profunda tristeza, a notícia do falecimento do seu marido, o querido amigo Eric Hobsbawm, um dos mais lúcidos, brilhantes e corajosos intelectuais do século 20.

Desde que o conheci pessoalmente, muitos anos atrás, recebi de Eric, como ele preferia que eu o tratasse, incontáveis manifestações de estímulo à implantação de políticas que incorporassem os trabalhadores aos benefícios e à riqueza produzidos pelo conjunto da sociedade brasileira.

Ao longo da última década, li com um sentimento de orgulho as entrevistas em que ele atribuía ao nosso governo a responsabilidade por “mudar o equilíbrio do mundo e levar os países em desenvolvimento para o centro da política internacional”.

Quatro meses atrás, poucos dias antes de completar 95 anos, Eric Hobsbawm enviou-me, por um amigo comum, uma carinhosa mensagem. “Diga ao Lula para seguir lutando pelo Brasil”, disse ele, “mas não se esquecer jamais da sofrida África”. A partir de agora meu comprometimento com os irmãos africanos passará a ser, também, uma homenagem à memória de seu marido.

Mais que um privilégio, foi uma honra ser contemporâneo e ter convivido com Eric Hobsbawm.

Receba e, por favor, transmita aos filhos, netos e bisnetos dele as minhas homenagens.

Luiz Inácio Lula da Silva


Jaime Sautchuk: Hobsbawm vive


Morreu hoje de manhã, (1 de outubro) em Londres, o genial historiador marxista britânico Eric Hobsbawm, aos 95 anos. Ele parte, mas sua importante obra viverá para sempre, influenciando gerações e gerações desde meados do século passado.
Por Jaime Sautchuk*


Filho de judeus britânicos, sua família tinha negócios na Áustria e Alemanha, mas teve de fugir do nazismo, indo para a Ing laterra, onde Eric estudou, filiou-se ao Partido Comunista e lutou na 2ª Guerra no front britânico. 

Ele teve forte influência no Brasil. A começar pelo seu primeiro livro (tese de doutorado), o Social Bandits(Bandidos Sociais), que é focado no bandido Juliano, da Itália, mas que trata também do nosso Lampião. 

Um discípulo seu, o norte-americano Billy Jayne Chandler, depois gastou oito anos em pesquisas para escrever Lampião, obra definitiva sobre o cangaço. 

Em A Era das Revoluções, Hobsbawm interpreta as mudanças no mundo da Revolução Francesa à Russa. Em A era dos Extremos, interpreta o que ocorreu da Revolução de 1917 ao fim da União Soviética. Sempre numa visão marxista. 

*Jornalista, escritor, colunista do Vermelho

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