quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O menor índice de desigualdade da história documentada


Cândido Vaccarezza: Já não somos mais apenas o País do futuro


Em artigo publicado nesta terça-feira (2), no jornal Brasil Econômico, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) faz uma análise do estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) intitulado “A Década Inclusiva (2001-2011)” e que mostra que o Brasil começou a superar a condição de ser um dos países mais desiguais do planeta.

Por Cândido Vaccarezza*


“E, se continuada, a política de crescimento econômico associada à distribuição de renda iniciada no governo Lula, poderemos alcançar, em pouco tempo, um novo patamar de desenvolvimento social no País”, afirma Vaccarezza.

Recente estudo divulgado pelo IPEA intitulado A Década Inclusiva (2001-2011) mostra que o Brasil começou a superar a condição de ser um dos países mais desiguais do planeta, e, se continuada, a política de crescimento econômico associada à distribuição de renda iniciada no governo Lula, poderemos alcançar, em pouco tempo, um novo patamar de desenvolvimento social no país.

Segundo o IPEA, nestes dez anos, cerca de 40 milhões de pessoas foram incorporadas ao mercado de consumo. A desigualdade, medida pelo índice Gini, caiu em todas as Pnads (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) de 0,59 em 2001 para 0,53 em 2011. E, ao contrário do que ocorreu em outros países emergentes, onde o crescimento econômico reduziu a pobreza, mas aumentou a desigualdade, no Brasil a renda dos 10% mais pobres cresceu 91,2%, enquanto que a dos 10% mais ricos acumulou um crescimento de 16,6%. Entre 2001 e 2011 conseguimos reduzir em 55% o contingente de pobres do país.

A renda dos segmentos étnicos historicamente excluídos também aumentou no período. Os negros tiveram aumento de 66,3%; os pardos, 85,5%, enquanto que a renda dos brancos cresceu apenas 47,6%. A mudança também atingiu as regiões do país, com a renda do Nordeste crescendo 72,8%, contra 45,8% do Sudeste. E cresceu 85,5% nas cidades rurais pobres, contra 40,5% nas metrópoles e 57,5% nas demais cidades.

Vários fatores permitiram esta revolução: o aumento do trabalho formal (58%), a Previdência (19%); o Programa Bolsa Família (13%), entre outros. O aumento de renda pela valorização do salário real foi consequência da criação de empregos e da política econômica. E é notável que isso tenha ocorrido num cenário de crescimento econômico muito menos acelerado do que o da China, Índia e Rússia.

Essa transformação foi resultado de uma escolha política, feita a partir do governo Lula, de buscar o caminho do crescimento econômico, ampliação do mercado interno e inclusão social. Setores conservadores dizem que a redistribuição de renda só foi possível graças à estabilidade trazida pelo Plano Real. Ora, pegamos o país em 2002 num quadro de crise do real com riscos sérios de grande retrocesso. A meta de inflação foi de 3,5% e ela bateu em 12,5%, projetada para 40% para 2003; havia uma profunda crise energética que, além de puxar para cima a inflação, funcionava como um freio ao crescimento; uma dívida externa escorchante, que impedia o país ter política econômica própria devido ao monitoramento do FMI; e um desequilíbrio cambial que à época prenunciava um quadro sombrio para economia brasileira. Se fosse mantida a opção do governo FHC por políticas de baixo crescimento, aumento de taxa de juros, privatizações à custa do patrimônio público e alinhamento automático às políticas dos EUA, jamais teríamos dado esse gigantesco salto social que o estudo do IPEA constatou.
As políticas inclusivas do governo Lula estão tendo continuidade e aprofundamento com a presidenta Dilma Rousseff, mesmo sob o impacto da crise econômica mundial. O governo adotou medidas ousadas como o fortalecimento da indústria nacional e queda sustentável dos juros. Agora, precisamos avançar nesse caminho, investindo cada vez mais em educação, ciência e inovação tecnológica.

*Cândido Vaccarezza é deputado Federal (PT-SP).

Fonte: Portal do PT na Câmara

Pnad  2011 confirma década inclusiva, diz  presidente do Ipea


Os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/2011) confirmam que a primeira década do século 21 no Brasil foi “inclusiva” do ponto de vista social, com robusta diminuição da desigualdade e redução da pobreza, na avaliação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).



O período guarda os melhores resultados desde quando o país produz estatísticas sobre distribuição de renda. “O Brasil está hoje no menor nível de desigualdade da história documentada”, disse o economista Marcelo Neri, recém-empossado presidente do Ipea. Segundo ele, o Índice de Gini (indicador que mede a desigualdade) foi 0,527 em 2011 - o menor desde 1960 (0,535) - quanto mais próximo de zero menor é a desigualdade.

Segundo Neri, a redução tem a ver com o crescimento da renda per capita nos diferentes estratos sociais. Entre 2001 e 2011, o crescimento real da renda dos 10% mais pobres foi 91,2%. Enquanto os 10% mais ricos, o crescimento foi 16,6%. Na opinião de Neri, a melhoria da renda na base da pirâmide relativiza o tímido desempenho das contas nacionais (medido pelo Produto Interno Bruto – PIB).

Na opinião de Neri, os programas sociais estão bem focados e beneficiando os mais “pobres dos pobres”. Nas contas do Ipea, as transferências do Programa Bolsa Família são responsáveis por 13% da redução da desigualdadeDe acordo com ele, o efeito é que a renda cresce mais entre os menos escolarizados, os pretos e pardos, as crianças de até 4 anos, a população do Nordeste e os residentes em áreas rurais – historicamente os setores mais pobres da sociedade brasileira.

Para Marcelo Neri, as transferências são necessárias. “Não dá para o Brasil crescer deixando 70% do país para trás”. Ele pondera que, apesar da dependência das políticas sociais, 58% da queda da desigualdade são causadas pela renda do trabalho, em especial do emprego formal (que dobrou desde 2004) - o que permite sustentabilidade para a queda da desigualdade. “O trunfo é o trabalho. Tem colchão e o mercado está aquecido”, disse, ao lembrar que as pessoas formalmente empregadas têm direito ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), seguro-desemprego e aviso prévio.

Fonte: Agência Brasil

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